Incoherents escrita por MayonakaTV


Capítulo 2
II- And now you wish that you mean something...


Notas iniciais do capítulo

... to somebody else.



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Kaya acordou, incomodado com os raios de sol que adentravam o quarto e batiam-lhe à face. Cobriu os olhos com o braço na intenção de protegê-los e quem sabe voltar a dormir, mas não obteve sucesso. Já estava acordado mesmo. Hora estava deitado ao seu lado, dormindo profundamente. Remexeu-se sem o menor cuidado puxando o lençol para cobrir seu corpo nu, pouco se importando se iria ou não acordá-lo. Esgueirou-se para a beira do colchão e dali se arrastou para o banheiro, a cabeça doía tanto que precisou apoiar-se na pia para conseguir ficar em pé. Ao olhar-se no espelho, ficou horrorizado com o estado deplorável de seu rosto, cuja maquiagem feita com tanto esmero na noite anterior estava totalmente borrada, aumentando as olheiras. O cheiro característico do álcool somado ao forte odor do sêmen de Hora impregnado em seu corpo o deixava nauseado... Precisava tomar um banho e deixar aquele lugar.

Largou o lençol no chão do banheiro e entrou no box, girando o registro. Encostou-se na parede, fechando os olhos enquanto a água quente caía-lhe sobre o corpo. A preguiça o dominou com tanta fúria que levantar o braço para alcançar o sabonete pareceu-lhe uma tarefa exageradamente árdua. O estômago se contorceu, não havia comido nada no outro dia... Não pediria a Hora que lhe comprasse algo, seria capaz de aguentar até chegar a sua casa. Devia ter algum pedaço de seu bolo favorito guardado na geladeira.

Algumas batidas na porta o fizeram sair de seus devaneios.

– Kaya?

– Eu.

– Quer que eu te deixe em casa?

– Não.

– Kaya – o tom de voz de Hora mudara. – Não vou te deixar sair daqui assim.

– Ah, me deixa, Hora – Resmungou. Podia muito bem voltar para casa sozinho... Uma tontura repentina deu-lhe a sensação de estar caindo. Apoiou-se com ambas as mãos na porta do box, abaixando a cabeça. O barulho instigou Hora a abrir a porta, adentrando o banheiro com visível preocupação.

– Deixe de ser tão pirracento, Kaya! – Um protesto ficou preso em sua garganta quando a água parou de cair, Hora havia desligado o chuveiro. O corpo do mais novo não fora capaz de resistir quando, envolvido por uma toalha, foi puxado para fora do box. – Eu vou te levar de volta.

Uma sensação ruim tomou conta de si. Um doloroso nó na garganta que deu início a um choro sofrido, obrigando-o a agarrar os ombros do maior, afundando o rosto em seu peito.

– Você pode ficar aqui se quiser – ofereceu Hora, acariciando-lhe os cabelos molhados. – Depois passo na sua casa e pego suas roupas.

– Me leva pra casa – gemeu o mais novo entre soluços. – Por favor...!

Os braços se fecharam em torno do corpo do menor, confortando-o num abraço protetor. Afinal, depois das noites como substituto de Kamijo, aquilo era tudo que ainda podia fazer... Vê-lo chorar e sentir o coração se partir em incontáveis pedaços. Se Kaya não fosse tão bobo, tão inocente... Se percebesse o quanto era amado por aquele que agora o carregava no colo para fora daquele banheiro...

– Shh... Vai passar, pequeno. Vamos vestir você, e te levar de volta pra casa.

Depois de uma noite tão agitada e de quase ter caído no banheiro, o mais óbvio era que Kaya lutasse com o sono durante a viagem, mesmo que esta não durasse mais do que vinte minutos. A cabeça desenvolveu um caso de amor com a janela, uma vez encostada ali, movia-se apenas pelo fato do carro também estar em movimento. Os olhos doloridos se recusaram a abrir por todo o percurso.

Sair do carro foi uma luta. Foram quase dez minutos tentando convencê-lo a desgrudar da cadeira do passageiro. Quando concordou em sair do carro, mesmo tendo o apoio de Hora, ainda conseguiu tropeçar nos próprios pés e quase cair no meio-fio. Não tinha ânimo para se segurar no ombro do maior, sendo praticamente arrastado até a porta da casa.

– Não queria ter que deixá-lo, mas é o jeito. – Resmungou Hora, ajudando-o a se recompor. – Vai ficar bem sozinho?

– Vou dormir o dia todo. Quando acordar, talvez saia para beber de novo ou sei lá.

– Kaya, você devia parar de tentar afogar todos os seus problemas no álcool.

O vocal deu de ombros, deixando que o olhar se perdesse nos sapatos de Hora.

– É a única coisa que faz efeito.

– E quando o álcool começar a perder o efeito? O que pretende fazer? Se matar?

Impossível descrever a fúria que o dominou naquele momento. Era um desafio? Sentiu as palavras se formarem no estômago, queimarem suas entranhas e subirem com um gosto horrível pela laringe, lutando para sair como se fossem vômito.

– É uma alternativa bem conveniente! – Gritou, batendo a porta com tal força que certamente chamara a atenção de boa parte da vizinhança. Hora pôde ouvir os saltos batendo nos degraus da escada, junto a soluços amargos. Ele saíra correndo, e estava chorando.

– Mas que droga, Kamijo... – Cerrou o punho direito, desferindo um violento soco contra a porta. – Você vai pagar por fazer isso com ele!

Voltou para o carro, pouco se importando com a dor na mão. Sentira a determinação nas palavras de Kaya, se ele quisesse, seria realmente capaz de tirar a própria vida. Aquilo tinha sido mais do que apenas impulso, era uma ameaça que podia ser cumprida a qualquer momento. Arrancou com o automóvel, sem ao menos se preocupar com cinto de segurança, fiscalização ou qualquer outra coisa. Quanto tempo tinha até que fosse tarde demais? Precisava voltar para casa e pensar num jeito de dar fim ao sofrimento de seu amado... Mesmo que isso significasse acabar com Yuuji Kamijo.


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