Youre My Soul escrita por BiiaahOShea, CaahOShea


Capítulo 21
Planos


Notas iniciais do capítulo

Heeey gente!!
Td bem?

Finalmente mais um cap. de YMS! Mtas coisas acontecerão, tentamos caprichar ao maximo!

Queria agradecer a Naty Silva, Paula, Anninha Marques, Flávia Romano, Thais, Irdelane Queiroz, suellen sz, allison e Ana Carolina pelos comentarios.

Gente, eu queria deixar bem claro que nós jamais abandonaremos YMS. Eu amo escrever essa fic, passo teempos pensando no roteiro, no que acontecerá e eu e a Caah sempre conversamos sobre as ideias. Eu sei que atraso bastante os capítulos, mas não é pq nao me preocupo ou pq tenho preguiça. Estou tentando há mto me organizar melhor, e peço desculpas por mtas vezes deixa-las frustradas ou ansiosas demais. Agradeço as criticas, pq sem elas eu nao imaginaria o qnto há para melhorar.

Agora chega de tanto falar, né? Esperamos que gostem!!



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(POV IAN)

- Doc acredita que sabe o que Peg tem.

- Que? – Exclamou surpresa Peg em um fio de voz.

- Sim – Doc confirmou. – Eu não tenho certeza, mas acredito que sei o que está acontecendo.

- Então diga logo! – Falei angustiado.

Ele suspirou e olhou para nós.

- Uma mutação.

- O quê? – Fiquei tão confuso que minha voz saiu mais alta do que eu planejei.

- Como assim? – Jared perguntou em um tom controlado.

- Que tipo de mutação, Doc? – Quis saber Melanie.

- Esperem! – Falou ele. – Se me deixarem explicar vão entender.

Todos se calaram.

- Demorei muito para entender, mesmo tendo pesquisado. Mas é obvio que eu não encontrei nada em meus livros porque os mesmos são antigos, desnecessários. O que Peg tem é uma mutação do vírus da gripe comum, que em uma fusão com o da gripe suína assumiu características próprias. Cheguei a estudar que houve um período que aconteceu algo parecido. O vírus se modificou formando a gripe suína. E baseado no conceito de que seja uma nova doença, está na cara do por que não conseguimos curá-la até agora. Precisaríamos saber qual remédio o faria.

Eu podia sentir a tensão de todos ali.

- E como você chegou a essa conclusão? – Jeb se pronunciou.

- Os sintomas são praticamente os mesmos. Febre, tosse, falta de apetite, insônia, manchas pelo corpo, calafrios, dores constantes... É só unir os pontos! Tudo que eu anotei faz sentido quando observado por esse ângulo. Se eu começar a explicar a teoria, irei confundir todos vocês. É complexo o modo de mutação de um vírus, mas acreditem em mim. Estou certo do que acabei de falar.

- Certo, mas digamos que isso acontecesse em uma época antes da invasão – Melanie apresentou.

- Daria no mesmo. A diferença é que teríamos recursos mais... Fortes. Vejam, é uma mutação como qualquer outra. O que muda é a nossa condição. Como quando Jamie teve uma infecção bacteriana...

- Certo, acho que já concluímos nossa pequena reunião. – Falei, ao olhar de relance para Peg. Todas aquelas discussões não fariam bem nenhum a ela. Como se entendesse minhas causas, ela revirou os olhos.

- Eu tenho direito de saber, Ian – Disse com a voz fraca. Tive de me esforçar para ouvi-la – Afinal sou eu que estou doente. Então, se é por isso que você...

- Não, não é por isso que acho que devemos acabar por aqui – menti – mas do que adianta ficarmos plantados aqui ouvindo Doc? O que importa é acharmos uma cura para isso. E há muita coisa para fazer na caverna. – Virei-me para Jeb - Eu estarei na plantação junto com Jared, se tiverem alguma informação importante ou alguma idéia, ou se acorrer algum problema, nos chame.

E saí do hospital.

Meus pensamentos estavam confusos demais para que eu pudesse enxergar cada um deles com clareza. Tudo que Doc havia esclarecido e tudo que eu havia imaginado se embaraçavam de um modo insuportável, porque eu acreditava ser o único que via o que realmente estava acontecendo. A coisa evoluía rápido demais. Em cinco dias havia deixado Peg naquele estado... E se demorássemos para encontrar a cura para aquele vírus? E se fosse tarde demais? Aquela conversa não era um assunto saudável para ela, tampouco. Eu podia ver o esforço que ela fazia para se manter sentada ou para respirar. Nós precisávamos fazer alguma coisa logo.

Os poucos que trabalhavam na plantação estavam concentrados em um lado do campo. De uns tempos para cá Jeb mal controlava o nosso tempo. Antes, tudo tinha regras e elas deviam ser obedecidas com a maior eficiência. Escolhi uma picareta – o que, na maior parte das vezes era o meu instrumento de trabalho – e peguei um dos baldes cheios d’agua que estavam encostados em um canto. Jared me alcançou poucos minutos depois.

- Achei que demoraria mais para entender que precisava conversar com você – Ironizei.

- Não pude sair correndo. Ia ficar muito obvio a minha intenção – Respondeu quebrando o solo duro.

- Você entende o que está acontecendo, Jared?

Ele respirou fundo.

- Sim. E percebi que você também.

- Nós não podemos ficar aqui parados esperando um milagre acontecer! Se Jeb não tomar uma decisão eu juro que eu mesmo a tomo.

- Não adianta sair se não tivermos algo em mente. Acabaríamos sendo pegos. Precisamos pensar em alguma coisa.

- Eu não agüento mais esperar! Jared, a cada segundo que se passa ela está pior. Se nos demorarmos demais aqui...

- Não adiantar tomar decisões com a cabeça quente. – Ele disse com firmeza – Eu posso falar por experiência própria. Se você for pego, não poderá fazer nada para ajuda-la.

Ele tinha razão.  Mas eu não ia ceder. Precisava pensar em alguma coisa.

- Talvez se conseguíssemos encontrar o remédio certo... Se Doc descobrisse... – Jared começou.

- Existem milhões de remédios aí fora. E Doc já fez muito. Eu sei que ele é capaz e se esforça, mas não podemos cruzar os braços até que ele descubra mais alguma coisa.

Ele ficou em silencio durante alguns minutos.

- Vamos dar um jeito. – Disse por fim.

POV FERNANDA

Eu precisava de um grampo. E rápido. Era o único jeito. Se eu me demorasse mais, estaria correndo sérios riscos de ser pega.

Abri minha pequena mala de roupas e comecei a esvaziá-la, na busca de algo que me ajudasse a abrir a gaveta. Já havia feito isso antes. Não era de todo difícil, mas também não era simples. Meu coração batia rápido na expectativa de finalmente poder descobrir o que Lucas vinha me escondendo há tanto.

Finalmente, consegui encontrar um grampo de cabelo. Contorci-o até que ficasse retilíneo e corri para a gaveta, enfiando a ponta na fechadura. Minhas mãos trabalhavam rápido, e a cada cinco segundos virava minha cabeça para a porta lastimavelmente trancada com o auxilio de uma cadeira. Pude sentir que a ponta do grampo atingira o fecho. Girei com todo cuidado e quase gargalhei quando abri a gaveta. Eu havia conseguido! Sentia uma ansiedade crescente dentro de mim, um desejo intenso de vingança. Uma imagem nítida de seu rosto se formou em minha cabeça. Lucas, com seus olhos castanhos prateados, o rosto um tanto bronzeado, cabelos loiro escuros, sobrancelhas grossas e lábios firmes... Sua face contorcida pelo ódio de me ver ganhar.

Minhas mãos tremiam levemente. Peguei os papeis que nela se encontravam e comecei a analisá-los um por um. Quando cheguei à terceira pagina rabiscada pela letra de Lucas, tive de estancar um grito. Minha mão cobriu minha boca instintivamente e meus olhos correram pelos documentos, absorvendo cada palavra, cada idéia. Não podia ser verdade. Era impossível. Não podia ser verdade!

Eu precisava fugir dali. Se eu ficasse mais um segundo perto de Lucas seria suicídio. Ainda mais agora... Logo ele descobrirá que eu sei de seus planos. Eu, Ian, Peregrina... Todos nós inclusos em suas maldades... E o pior de tudo era que ele não estava sozinho. Mas eu não podia me preocupar com aqueles dois agora. Eu precisava escapar. Minha única chance estava a minha frente, e meu tempo se esvaindo.

Fechei a gaveta novamente e enfiei um dos documentos em meu bolso. Abri a porta, espiando para fora a procura de Lucas e corri para a saída, silenciosamente, atenta a qualquer barulho. Quase esbarrei em Nátali. Peguei um carro e saí em disparada estrada a fora. Antes de qualquer coisa, precisaria visitar uma pessoa.

POV LUCAS

Eu tinha certeza de que aquela piranha estava tramando algo. Depois de me pegar completamente desprevenido no primeiro dia, ao me ver folheando aqueles papeis, tinha certeza de que Fernanda estava tentando abrir minha gaveta. E por esse motivo, passei dia e noite vigiando-a de perto.

Nate tinha posto todos para trabalhar. Ele era rígido quando a isso. Ninguém poderia largar seu dever sem antes lhe pedir permissão. Isso me deixou mais calmo. Ela agora estaria sendo vigiada por duas pessoas.

Perdi-me em meus pensamentos, trabalhando com afinco para tentar sair daquela chatice o mais rápido possível. Mas quando me virei novamente para espiar Fernanda, não a vi. Corri meus olhos por todo o lugar, sentindo raiva por ter sossegado ao invés de ficar atento. Cerrei a mandíbula e, fugindo dos olhos de Nate, corri para o meu quarto.

Abri a porta com um estrondo, acreditando que Fernanda estaria ali. Uma sensação de alivio tomou conta de mim quando percebi que estava sozinho, mas não por muito tempo. A gaveta, antes trancada, estava precariamente encostada.

 - maldição! – Gritei de fúria.

Ela havia escapado. Havia escapado por entre meus dedos. Mas se ela fugiu, a essa hora não poderia estar muito longe. E constatei isso ao ver que faltava um carro na nossa garagem improvisada. Sem pensar duas vezes, agarrei a chave do Sedan preto, dei a partida e ganhei a estrada.

POV IAN

Todos os dias eu ficava o máximo de tempo possível no hospital, que nunca estava vazio. Doc não nos deixava ficar muito, com medo de contrairmos a doença, mas eu não me importava. Só queria ficar ao lado dela.

O tempo parecia passar com uma rapidez fora do normal. E todos estávamos ardendo de preocupação. Perdi a conta de quantas idéias foram dadas, quantos planos negociados, mas todos sem fundamentos. E isso me corroia cada vez mais.

Doc estava chegando a seu limite. A idéia de passar por todos aqueles problemas novamente o aterrorizava, mas ele se mantinha forte em seu posto. Às vezes via Sharon no hospital, embora esteja crente de que a visita se devia mais a Doc do que a Peg. Truddy, Heath, Geoffrey, Aaron, Violetta e todos os outros deixaram as brincadeiras de lado há muito. Jeb parecia cansado. Todos preocupados, ansiosos pelo que viria a seguir. E eu tentava, assim como Doc, parecer forte, mas não era sempre que conseguia impedir meus pensamentos. Concentrava-me cada vez mais, junto com Jeb e Jared, pensar em uma solução. E quando não estava com eles, estava no hospital.

Há quatro dias Fernanda partira com a intenção de arrancar informações de Lucas. Se não estivesse tão esgotado mental e fisicamente provavelmente acharia estranho o decoro dele. Mas é claro que eu sabia que isso não estava acontecendo porque a maré tinha abaixado. É claro que tinha alguma coisa por trás de seu silencio.

Eu estava sentado na cozinha, tomando meu café da manha em silencio. Truddy me arrastara a força até lá, me obrigando a comer – coisa que eu estava fazendo mais automaticamente do que por necessidade. Era incrível como ela podia cuidar de todos nós como se fosse uma mãe. Eu a admirava imensamente, e nutria por ela um afeto que a poucos eu o concebia.

Então, de repente, Jeb adentra a cozinha, com um sorriso no rosto.

- Ian, acho que finalmente temos um plano.

- O que? – Levantei abruptamente.

- Cal deu a idéia. É perfeita e ao mesmo tempo surpreendentemente obvia. Vamos.

Corri para alcançá-lo. Ele me levou até seu escritório, onde Cal e Jared estavam. Jared, porem, não parecia muito satisfeito.

- Jeb... – Começou, mas ele o interrompeu.

- Espere um pouco, homem. Vamos ver primeiro o que o Ian acha.

- Eu pensei – Cal começou – que poderíamos precisar de ajuda de alguém especializado no assunto. Sem ser Doc, é claro. Acho que está claro para todos que o que está acontecendo vai muito alem de nossas possibilidades na caverna, o que torna o trabalho dele muito compactado. Se pudéssemos levá-la para fora, para um hospital, tenho certeza de que poderíamos salvá-la.

- E pensar que a solução estava na nossa frente! – Riu-se Jeb, com sua fé restabelecida – Parece até uma coisa obvia. Parabéns, garoto.

- Não sei se essa é a melhor solução. Pode ser arriscado para ela e para... – Jared abordou, mas eu o cortei.

- Não. É o melhor plano que temos. Vai ser assim, não podemos perder mais tempo. Acha que pode dar conta disso? – Perguntei a Cal.

- Certamente.

- ótimo. Então, quando saímos?

- Espera, você está pensando em ir junto? – Jared perguntou.

- Claro que sim – Respondi.

- Ian, isso não é uma boa idéia. Pode demorar – Jeb explicou.

- Eu consigo me virar. Se formos com o caminhão, posso ficar na parte de trás. E Cal precisará de alguém para revezar no volante. Não esperam ir para o hospital perto da área onde pegaram o corpo de Peg, não é?

- Ele está certo – Concordou Cal – Seria arriscado. E alem do mais, será uma longa viagem. Se não precisarmos parar para descansar, pouparemos tempo.

Jeb hesitou.

- Eu vou. – Confirmei com convicção.

- Está certo, está certo – suspirou – mas precisamos nos organizar. De nada adiantará fazer isso às pressas. Conversemos com Doc primeiro. E depois, tratem de arrumar tudo que precisarão, incluindo uma explicação. Peg não está numa situação nada boa, e chegar la assim, sendo que antes ela supostamente poderia ter ido ao hospital, atrairá olhares curiosos e desconfiados.

Assenti. Jeb emanava tanta confiança que as incertezas de Jared foram abafadas por seu humor. Ele sempre via o lado bom de tudo, e dessa vez eu sentia que as coisas milagrosamente dariam certo. Sorri de leve ao sair de sua sala e andei em direção ao hospital, com Cal ao meu lado.

Cumprimentei Doc rapidamente, deixando as explicações por conta de Cal e dirigi-me ao local onde Peg estava deitada, puxando uma cadeira para ficar ao seu lado. Ultimamente ficávamos assim, na companhia um do outro, mas em silencio. Não era ruim, mas havia tanta coisa que eu queria dizer a ela...

- Como se sente? – Perguntei acariciando sua mão de leve. Seus olhos me encaravam.

Eu já devia estar acostumado com a aparência que Peg vinha apresentando desde que ficou doente, há nove dias atrás. Mas me afligia demais vê-la daquele modo. Seu rosto antes corado estava pálido, com algumas manchas castanho-avermelhadas, assim como o resto de seu corpo, muito mais magro do que o normal graças a falta de apetite e dificuldade de engolir. Seus olhos estavam fundos e eu podia ver nitidamente a dificuldade que ela tinha para respirar. O que me acalmava era saber que em breve tudo isso iria passar, mas ainda assim meu peito ardia de preocupação e  angústia.

- Doc está fazendo o possível, sabe disso – Peg disse com a voz fraca, ignorando minha pergunta.

Assenti.

- Eu sei.

Decidi por hora não avisá-la sobre o que faríamos. Peg provavelmente tentaria convencer os outros a desistir, e eu achava melhor contar no momento em que tudo já estivesse organizado.

Passei um pano molhado em seu rosto. Peg suava por causa da febre. Embora Doc tentasse conte-la no inicio, identificava isso com uma boa coisa, um sinal de que seu organismo está reagindo e lutando contra o vírus.

Seus olhos encheram-se de lagrimas de repente e eu me levantei.

- Está sentindo dor?

Ela negou e virou o rosto, fitando o alto. Esperei.

- O que foi, então? – Perguntei suavemente, encostando meus dedos brevemente em seu rosto.

Ela ficou em silencio por um tempo.

- Ian... – Sua voz falhou – eu preciso te perguntar uma coisa. E preciso que diga a verdade. – Seu tom de voz estava tão baixo que tive de me esforçar para entendê-la.

- Claro... O que quiser.

- Naquela noite... O que aconteceu entre você e a Fernanda? Você pode me dizer, Ian, independentemente da resposta. Eu só quero a verdade.

Peg não me encarou nos olhos. Apenas fitou o teto enquanto eu via suas lagrimas transbordarem.

- Peg... Eu juro que nunca houve nada entre nós dois. Nada. Eu jamais ficaria com alguém senão você, porque eu te amo. Aquilo não passou de uma armação nojenta e sádica. Eu te amo. – Repeti. Ela ficou em silencio – Acredita em mim, por favor. – Murmurei.

Ela fungou. Seu peito subia e descia num ritmo irregular com seu pranto copioso.               

- Eu sabia que precisávamos conversar há muito tempo, mas eu não tive coragem de falar com você. E eu sinto muito por ter sido tão idiota a ponto de acreditar... Você não estaria fazendo tudo isso por mim se não me amasse – Ela me fitou – Mas tudo estava tão confuso, tão difícil... Eu precisava ouvir a verdade de você. E agora nada disso importa, porque não temos mais tempo. Eu sinto muito, Ian, sinto mais do que eu posso dizer. – Ela agarrou minha mão.

- Não diga isso. O tempo ainda não acabou, e nem irá acabar. Você vai ficar bem novamente, Peg, nós vamos dar um jeito.

- Eu posso ver o erro enorme que eu cometi. Eu acredito em você, Ian. Me desculpe. Eu te amo, jamais se esqueça disso. Aconteça o que acontecer.

- Nada vai acontecer, eu prometo. Você vai ficar comigo, minha Peregrina. – Senti meus olhos molhados. Acariciei seu rosto delicadamente e beijei sua testa.

Ao longe, ouvi um grito agudo, seguidos por palavra que eu não pude distinguir. Pareciam urgentes. Repousei a mão de Peg na maca.

- Eu volto logo - prometi.

Corri até a praça central, onde um aglomerado de pessoas observavam curiosas a cena que se desenrolava. Lucas prendia em seus braços Fernanda, que lutava e gritava para se soltar.

Abri caminho por entre os outros. Fernanda me lançou um olhar de pânico, e eu estava prestes a interferir quando Jeb bradou furioso:

- Que diabos está acontecendo aqui? – Ele mantinha segura sua espingarda, na altura da cintura. 

- Uma traíra, Jeb. – Lucas respondeu com satisfação – Há muito essa pilantra vem nos escondendo sua verdadeira identidade.

- Verdadeira identidade? E quem ela é então, uma buscadora disfarçada?

- Exatamente isso, Jeb. – Murmúrios de negação e surpresa ecoaram pela praça.

- É mentira! – Ela gritou.

- Eu tenho provas do que vou dizer agora, e quero que todos prestem atenção – Ele virou bruscamente Fernanda para os lados, de modo que todos a vissem. – Essa mulher é sim uma buscadora. Depois de manter a própria irmã refém e sob tortura, a denunciou para as almas. Durante muito tempo trabalhou para a nossa policia, assim como para a de vocês. E digo mais! Tenho certeza que conheceram sua chefe. Ela matou um dos membros do seu grupo, Jeb.

- Lacey? – Indagou surpreso.

- A Buscadora de Peg? – Perguntei.

- Sim. Depois que a Buscadora desapareceu a procura de Peregrina, Fernanda teve de se virar sozinha. E o fez com êxito, devo acrescentar. Achou um grupo resistente, ao qual eu me incluí tempos depois.

- É loucura! – Fernanda gritou – Se eu fosse mesmo uma buscadora acham que vocês ainda estariam vivos? Hein?!

- Está aí uma pergunta bem formulada, Lucas – Jeb disse sem se alterar. – Como explica o fato de estarmos todos aqui ainda, donos de nossas próprias mentes?

- Desvantagem. Se os buscadores simplesmente atacarem as resistências, perderão muitos dos seus. Os humanos são mais fortes que nós, mais resistentes e muito mais violentos. Não querem causar mortes de almas inocentes. Porem, se fizerem isso aos poucos, conquistando um de cada vez...

Congelei. Seria aquilo realmente verdade? E se fosse, Fernanda estaria me usando como isca?

- Como você sabe de tudo isso? – Indagou uma voz masculina ao fundo.

- Simples. Eu tenho acesso aos documentos dos Buscadores. Minha família inteira ocupou esse cargo, e era de se esperar que eu o também o fizesse. Quando cheguei a Terra, trabalhei na captura de alguns humanos, mas minha lealdade pertencia a outros. Contudo, fui dado como morto cinco meses depois do meu ‘’desaparecimento’’, quando as almas desistiram de me procurar e aceitaram que eu havia morrido num afogamento. A questão é que eu ainda consigo acessar as informações com o uso de uma senha. Tudo que preciso fazer é entrar em uma casa e acessar a internet.

Todos ficaram em silencio. Por fim, Jeb declarou:

- Prove, então.

- Se puder mantê-la quieta, terei o prazer de lhe mostrar o que tenho.

Ele hesitou um momento e apontou a arma para Fernanda.

- Jeb, por favor, não acredite... – Começou ela desesperada.

- Rápido, garoto. – Interrompeu Jeb.

Lucas sacou de seu bolso uma quantidade considerável de papeis dobrados e o entregou a Jeb, que abaixou a arma no momento em que Lucas agarrou Fernanda.   

Minutos ansiosos se passaram enquanto cada uma das folhas era analisada.

- Não pode ser... – Jeb murmurou baixinho, terrificado. – Uma buscadora.

E então tudo aconteceu rápido demais. No momento em que Jeb erguia sua arma, Fernanda deu um golpe repentino no rosto de Lucas, que a soltou com o impacto. E começou a desordem. A última coisa que vi foi um vislumbre de Fernanda sendo seguida por Lucas.

POV FERNANDA

Eu fui pega. Lucas vai me entregar. Eu fui pega. 

Era tudo o que eu conseguia pensar quando vi Lucas me esperando na entrada da caverna. Depois de me esconder durante dois dias após abrir sua gaveta, eu retornara a caverna, mas sem imaginar que ele estaria a minha espera.

Eu não pude fazer mais nada. Estava acabado. Eu sabia que se ele revelasse o que sabia, Jeb me mataria sem pestanejar.

Dito e feito.

Minha ultima e desesperada tentativa de fugir por sorte dera certo, mas eu estava sendo seguida. Aonde quer que eu fosse podia ouvir o barulho de passos me seguindo, e embora tivesse acertado Lucas com toda minha força, podia jurar que era ele atrás de mim.

Jeb também deve ter organizado seu grupo na minha busca. Mas eu não ia desistir. Continuava a correr, e correr, e correr... Eu estava cansada, já que nas tentativas de me desvencilhar de Lucas eu gastara muita energia. O barulho de passos ressoava por todos os lugares, me deixando aflita. Eu estava com medo. Não podia morrer, não agora.

Finalmente alcancei o túnel no formato de Y que me levaria para fora dali. Os passos estavam mais próximos, mas em breve eu deixaria de ouvi-los.

A claridade ofuscante cegou meus olhos por um breve momento, e arranhei meu braço na parede na tentativa de protegê-los da luz. Ainda correndo, vasculhei meus bolsos a procura da chave do carro e a mantive segura firmemente entre os meus dedos até chegar ao carro. Arranquei com tudo, fugindo dos tiros de Jeb. 

Para meu desespero, logo atrás vinha um carro contendo uma alma vingativa me seguindo. 


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Notas finais do capítulo

E então, oq acharam?
FINALMENTE a Peg e o Ian estão juntos novamente, né hahaha
Foi bem rapidinha essa cena, pq do jeito que as coisas andam na caverna ta complicado até namorar ;P
Mas a ação nao parou por aí!
Gente, agora que o sistema de MPs mudou, vai ser dificil eu avisar vcs sobre a atualização da fic. Recomendo que, a quem nao acompanha pelo sistema, faze-lo caso queira continuar a ler a fic.
Gente, esperamos que vcs comentem. Isso nos faz mtoo feliz, e msmo que seja para reclamar, nao deixe de dar sua opinião.
Beijoooooooosss!! xD