Acho que sei o seu lugar,

acho que é comigo.

Você não vê que eu sou

quem te entende?

Estive aqui o tempo todo,

então por que você não vê?

Você pertence a mim.

– Você não faz ideia do quanto Lily implorou pra que a trouxesse. – Ela riu. – Os garotos não queriam muito vir. Ouviram Harry comentar sobre o passado e a inimizade de vocês e não gostaram muito. Acho que isso não vai durar muito depois de te conhecerem porque– 

– Lily disse que você foi feita pra mim. – Disse baixinho e dei um sorriso bobo.

– Ela disse o que? – Ela perguntou assustada.

– Ela me chamou e sussurrou no meu ouvido. – Ri novamente, ela parecia chocada.

– Como... Como Lily... – Ela riu ficando menos tensa. – Ela é brilhante.

– Você acha que foi mesmo feita pra mim? – Disse erguendo o cenho e ela fez o mesmo.

– Não sei. Você acha?

– Acho sim. – Disse beijando seu nariz. – E logo depois perderam o jeito e nunca mais fizeram uma bruxa que me atrai tanto assim.

Ela ficou em silêncio e depois me beijou de novo.

– Eu já disse que te amo? – Ela perguntou sorrindo.

– Disse sim. – Ri. – Eu me lembro até da primeira vez.

– Sério?

– Você tinha se casado. – Eu disse torcendo os lábios em sinal de reprovação. – E então ficou uns meses sem vir aqui. E quando veio só sabia chorar e dizer que não devia estar aqui. Nós brigamos, porque eu estava morrendo de ciúmes. E então você disse “Eu te amo, Draco Malfoy. Não conseguir ser fiel à Ronald por sua culpa me mostrou isso.” E então foi a primeira vez de muitas.

Seus olhos estavam marejando. Ela sorriu.

– Eu também me lembro da primeira vez que disse que me amava. – Ela fez uma careta. – Semanas depois de eu ter dito que te amo, nós brigamos de novo. E eu tentei usar o feitiço obliviate em você. Mas você me desarmou antes. Me fez prometer que nunca mais faria aquilo e logo depois disse que me amava.

Agora quem estava emocionado era eu. A cena veio em flashes na minha cabeça.

Flashback

– Como assim você não quer mais? – Eu gritei irritado. – Você vem e diz que me ama e depois diz que não quer mais?

– Draco, você não entende. – Ela chorava muito.

– Sim, eu entendo! – Gritei de volta. – Você tem seu querido marido ruivo e não precisa mais de mim!

– Não é nada disso... – Ela chorava mais ainda. – Eu tenho que...

Então ela apontou sua varinha pra mim. Ainda soluçando e chorando muito.

– Eu te amo tanto, Draco. – Ela deu um breve sorriso. – Mas eu tenho que fazer isso.

Fiquei em silêncio e deduzi o que ela pretendia fazer. Saquei a varinha antes de ouvir sua voz cortando o silêncio.

– Obliviate.

– Expelliarmus. – Gritei junto com ela.

E então ela caiu de joelhos no chão. Sua varinha voou longe e eu corri até ela, abraçando-a.

– Nunca mais tente fazer isso! – Sussurrei. – Não ouse!

– Seria melhor pra nós.

– Não Mione, você está sendo egoísta! – Disse ainda baixinho. – Seria melhor pra você. Mas e eu?

– Você ficaria melhor sem mim.

– Nunca diga isso de novo. – Eu levantei seu queixo, fazendo-a olhar pra mim. – Nunca!

– É ver– 

– Hermione, mesmo que queira ser fiel ao Ronald. Mesmo que queira me esquecer, eu vou sobreviver. – Disse com a voz falhando, me perguntando se era verdade. – Mas não tente me fazer esquecer tudo isso. Por favor nunca mais faça isso. Se eu tiver que viver sem você, vou viver das nossas lembranças.

Ela chorava mais ainda.

– Eu nunca te disse isso mas... – Eu beijei a testa dela. – Hermione, eu te amo. Eu te amo mais do que qualquer coisa. Mais do que já amei alguém. Eu não ligo pro fato de você ter Weasley no seu nome, contanto que fique ao meu lado quando puder. Eu não ligo pra nada se tiver você por perto. Eu te amo tanto... Tanto... Tanto...

Então ela ficou sem palavras e nos beijamos, era a única coisa à ser feita naquela hora.

Flashback off

– Posso te contar um segredo? – Ela perguntou brincando com o meu cabelo.

– Claro.

– Eu sei que estava em lágrimas e muito confusa esse dia, mas eu penso em todas aquelas palavras que me disse pra conjurar meu patronum.

– Ah...  – Eu disse dando um sorriso. – Eu nunca conjurei um patronum.

– O que? – Ela riu. – Você nunca conseguiu ou você nunca tentou?

– Eu nunca tentei, na verdade.

– Tente. – Ela disse com um sorriso torto. – Eu quero ver seu patronum.

– Mas– 

– Tente. – Ela disse se sentando no sofá. – Vamos lá, Draco. É fácil. Pense no momento mais feliz da sua vida. Sua lembrança mais feliz... E depois é só conjurar.

– Eu vou... Vou tentar.

A única coisa que consegui pensar foi em Hermione. Me lembrei de quando a vi pela primeira vez. Então o tempo foi passando. Me lembrei do nosso primeiro beijo e uma felicidade enorme me invadiu. Ergui minha varinha.

– Expecto Patronum. – Girei-a no ar mas nada aconteceu.

– Vai precisar de uma lembrança mais feliz que isso, Draco.

– Tudo bem. – Disse tentando me concentrar.

Então fui buscando em minha memória. Fui até o dia em que ela disse que me amava. Me lembrei de como me senti, o calor invadindo todo o meu corpo enquanto ela dizia aquilo entre lágrimas. Então ergui a varinha novamente e a girei:

– Expecto Patronum. – Então eu consegui.

Fiquei bobo vendo uma luz em forma de lontra sair da ponta da minha varinha. Então olhei pra Hermione e seu rosto estava banhado em lágrimas. Soltei a varinha e corri até ela.

– Eu... Eu fiz algo errado? – Perguntei, mas ela não parava de chorar.

– Draco! – Ela se exaltou. – Eu... Uma lontra!

– O que tem? – Eu disse ainda preocupado. – Qual é o problema com a lontra?

Ela não disse nada. Só puxou sua varinha e a girou no ar, “Expecto Patronum”, e uma lontra idêntica à minha saiu da ponta de sua varinha. Depois de alguns segundos ela se acalmou.

– Nossas melhores memórias estão ligadas, Draco. – Ela emoldurou meu rosto com as mãos. – O patronum normalmente é ligado às pessoas que nós mais amamos na vida. Porque nossas melhores memórias são ligadas à essas pessoas.

– Os nossos estão ligados. – Dei um sorriso e ela afirmou com a cabeça.

Ficamos em silêncio, um olhando pro outro.

– Eu decidi uma coisa. – Ela ainda estava com as duas mãos segurando meu rosto. – E preciso te contar...

– Diga.

– Eu quero me divorciar. – Ela disse séria. – Meu casamento é uma farsa. Eu preciso me divorciar!