Coalescência escrita por Lany


Capítulo 15
Sufocante Liberdade


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, atrasado, mas, chegou.



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Já fazem nove dias, doze horas, vinte e sete minutos e quatro... cinco... seis... sete... oito... nove... segundos que venho me mantendo presa em minha própria casa, em meu próprio quarto.

No dia seguinte do meu pequeno ataque, recebi a “inesperada” visita do Doutor Cullen. Fui medicada e aconselhada a passar quinze dias em repouso. Aprendi com isso que meu caso é um mistério para a medicina, que Jasper é o companheiro mais fiel e romântico que alguém é capaz de desejar e que ele é a criatura mais superprotetora existente no universo. Aos poucos fui convencendo Liz a voltar para a escola, para minha vida, no entanto quando tive a menção de tocar no assunto com Jazz ele lançou-me um olhar incrédulo.

Suspirei desgostosa.

–Em que está pensando? –Jasper perguntou, levantando levemente meu rosto.

–Que já está mais do que na hora de retoma a vida real. –O mesmo olhar incrédulo tomou a face do louro a minha frente. -Você perguntou. –Acrescentei dando de ombros.

Jasper levantou-se, ficando sentado na cama que a pouco estávamos deitados. Encarou-me firmemente e –Infelizmente -docemente.

–Não faz assim vida. Estou preocupado com você. –Mordi o lábio inferior com a declaração.

–Eu estou bem Jazz e você sabe disso.

–Só mais alguns dias. –Acarinhou meu rosto. -Carlisle disse... –Engoli em seco. Pulei da cama irritada, não com ele, mas, comigo por não conseguir ficar chateada com ele.

–Jasper por favor. Eu não aguento mais ficar trancada aqui dentro. –Exasperei. -Você me trata como uma criança que não sabe o que faz, como se eu fosse uma irresponsável que não mede as consequências.

Ele fechou os olhos, absorvendo minhas palavras. Uma onda de calma emanou dele e circulou meu corpo como uma nevoa.

–Para. Você sabe que eu detesto quando você tenta me manipular.

Ele ponderou. Seus olhos continuavam fechados, trancados para mim.

–Não vou discutir. –Declarou.

Algo parecido com um rosnado escapou de minha garganta.

–Quando estiver mais calma conversamos. –Ele passou por mim, depositando um beijo em minha testa e saiu pela janela.

Desabei no chão. Por que ele não intende que eu sou como um pássaro e preciso de liberdade? Por que ele tem que ser tão perfeito? Por que ele não grita ou não briga comigo quando estou merecendo?

–Pensei que ele nunca sairia. –Seth berrou enquanto passava pelo mesmo espaço onde Jasper havia saído. Sacudiu com as mãos o cabelo que gotejava, abrindo um enorme sorriso e os braços como se esperasse um abraço.

Contive o impulso de correr e abraça-lo. Levantei calmamente, seus olhos fixos em mim. Cerrei os punhos e golpeei fortemente seu peito nu.

Com toda certeza doeu mais em mim, no entanto não parei, continuei batendo, esbravejando furiosamente. Seth levou alguns minutos pra se recuperar.

–Calma, calma gatinha. Você vai acabar se machucando. -Segurou meus pulsos, o sorriso bobo continuava moldando seu rosto.

Livrei-me irritada.

–Como você tem a cara de pau de aparecer aqui depois de mais de uma semana sem dar noticias. –Vociferei. -E ainda por cima espera um abraço? Você enlouqueceu? Por Deus você não tem uma camiseta? –Seu sorriso aumentou.

–Por que? Meu corpo te enlouquece? –Zombou ele, passando as próprias mãos pelo peitoral, descendo pelo abdome bem definido.

–Eu juro que se eu não tivesse tão preocupada e morrendo de vontade de te abraçar eu te expulsaria a vassouradas.

–Se você me abraçar agora... -Fez uma pausa, escondendo o rosto abatido. –Depois eu mesmo vou pegar a vassoura.

Cortei a distancia que nos separava e o abracei como se minha vida dependesse daquilo. Seth poderia ser irritante, chato e muitas vezes inoportuno, mas, ele é meu amigo.

–Como você está? –Perguntei.

Uma gargalhada sonora escapou entre seus lábios.

–Você quase morre e quer saber como eu estou?

–Ou... Que historia é essa de “Quase morre” ? –Fiz aspas com os dedos. Encarando-o curiosa.

–Foi isso que a garota de óculos disse. –Disse ele simplesmente. Mandison, pensei.

–E por que você não veio perguntar pessoalmente?

–As rondas noturnas aumentaram e sempre que vinha aqui... –Ele pareceu escolher as palavras que usaria. –Seu Jazz –Fiz uma careta com a irritante imitação de minha voz. -estava por perto.

Girei os olhos.

–Você é meu amigo. Não precisa esperar o Jasper sair para entrar.

–Vamos dizer que esse é um cômodo muito pequeno para duas espécies tão diferentes quanto as nossas.

–Pensei que vocês fossem velhos amigos.

Seth riu.

–Eu gosto dos Cullen. –Afirmou.

–Mas...

–Exatamente. Mas, Jasper sabe dos sentimentos que tenho por você.

Corei instantaneamente.

Meus olhos viajaram atentamente por todo o quarto como se esperasse que uma resposta racional brotasse em algum lugar.

–E eu sei dos sentimentos que você tem por mim. –Seth levantou meu rosto, apenas o suficiente para encara-lo. -Agora vamos?

–O que você quer dizer com: Vamos?

–Como um ótimo amigo que sou, eu vim lhe libertar desses jogos maçados –Apontou para a pilha de jogos de cartas e tabuleiros que Jasper me presenteou ao longo desses nove dias.

–O que você está planejando? –Sorri por está prestes a sair daquelas quatro paredes.

–Apenas uma volta em uma certa praia.

–La Push?

–Pode imaginar algo melhor?

–E Liz? Acho que ela não...

–Vamos fazer assim. –Ele se animou em resposta a minha própria animação. –Você troca de roupa enquanto eu cuido de Liz. Ela gosta de mim. –Acrescentou com uma piscadela.

Entrei no banheiro pegando as roupas que usei no dia anterior. Troquei a calça de moletom por uma Jeans, à blusa de Jasper foi substituída por uma blusa de seda azul claro. Calcei as sapatinhas o mais rápido que pude. Dei um jeito no cabelo curto e em menos de quinze minutos já estava no topo da escada dando um nó no sobretudo cinza.

Toquei a testa indecisa, um arrependimento cruzando meus pensamentos. Jasper.

–Algum problema querida. –Liz indagou preocupada.

–Nem saiu pela porta e já esta arrependida. –Debochou Seth.

–Só um segundo.

Voltei correndo, peguei a primeira caneta que achei e rabisquei em um pedaço de papel.

Desculpe!


*.*.*.*


Respirei profundamente, inalando o ar gélido de La Push. A água fria molhava meus pés e a barra da calça jeans. Seth correu espalhando e jogando água por todos os lados.

Minha mão direita traçou um linha reta a minha frete, a medida que as grossas gota d´agua encostavam na linha invisível elas congelavam, transformando-se em pequenas pedras de gelo.

–Ah não, seus poderes novamente. –Seth cruzou os braços em volta do peito. –Não tem graça alguma brincar com você, sabia?

Gargalhei diante do ataque de infantilidade.

–Quantos anos você tem bebê? Três? –Provoquei.

–Muito engraçadinha você.

–Sabe de uma coisa? –Impossível não retribuir o sorriso que sempre estava lá, moldando o rosto de Seth. -Estava com tantas saudades que chega a doer.

O moreno apoiou as duas mãos sobre minha cintura.

–Eu sempre vou estar aqui pra você. Eu prometi lembra?

Assenti voltando a abraça-lo.

–Só queria que fosse um pouco mais fácil.

–Desculpe. –Ele negou com a cabeça. Seus dedos brincando com meu nariz me causaram cocegas.

–Não tem porquê se desculpar Allie. –De acordo que as ondas fortes chegavam até nós, oscilava-nos.

–Tenho sim Seth, -Sorrir sem humor algum. -Eu sou uma péssima amiga.

–Você não vai chorar. –Declarou com tanta firmeza, como se minhas lagrimas dependesse de seu consentimento. -Nós estamos aqui pra nos divertir e você está proibida de esquecer isso.

–Ok.

Incrível como mesmo inconscientemente machucamos e magoamos quem amamos.

–Olha quem encontramos por aqui. –Um moreno incrivelmente alto e musculoso –Que mais parecia um irmão mais velho de Seth- aproximou-se, carregando em suas costas, cuidadosamente uma garota de aproximadamente dezesseis anos. Ela era linda. A franja caia sobre os olhos de chocolate liquido; O cabelo ruivo chegava até o meio das costas; um sorriso aberto nos lábios rosados naturalmente moldava seu rosto perfeito.

Seth apertou minha mão e caminhamos em encontro ao inusitado e inesperado casal.

A jovem saltou das costas do rapaz agilmente. A pele incrivelmente pálida e a beleza singular me eram familiar, se as maças do rosto da ruiva não tivessem acentuado um tom avermelhado eu poderia jurar que ela era uma... uma vampira.

–Alice! Conheça Jacob e Nessie. –Seth apresentava respeito, admiração e carinho ao proferir o nome do amigo. A jovem encava-me curiosa e inquieta.

–É um prazer conhecer a garota que povoa os pensamentos de Seth. –Não precisei de um espelho para ter a certeza que meu rosto estava em um tom de vermelho ofuscante.

–E os de meu tio. –Nessie completou.

–Tio? –Perguntei interrompendo o pedido de desculpas silencioso que a menina dedicava a Seth.

–Reneesme Cullen, é um prazer conhece-la Alice. –Apresentou-se formalmente. A simples menção do sobrenome Cullen fez o escudo se estendeu por meu corpo como um aliado fiel.

–Alice... Alice Brandon.

–Pensei que estivesse em repouso. –Jacob passou um dos grandes braços sobre os ombros da jovem de uma forma protetora.

–Eh... bom, eu... Eu, bem... Eu acho que deveria está.

Reneesme tentou esconder a gargalhada.

–Tio Jasper pode ser um chato superprotetor não é?

Aquela onde de remorso e culpa me atingiram como um golpe no estomago. Lembrei-me dos longos dias em que Jasper me ensinou Canastra, À pesca, Bisca, Buraco, Copas, Escopa, Paciência, Pôquer, Sete e meio, Uno, Tranca, Triunfo, Truco, entre diversos outros jogos de cartas. Alguns eu já conhecia, mas, sinceramente adorava a paciência com que ele me mostrava e explicava como se joga, adorava o modo que seus lábios se erguiam em um meio sorriso quando notava que eu começara pegar o jeito, adorava a forma que ele erguia as sobrancelhas demostrando –Uma falsa-surpresa quando me deixava ganhar.

–É! Mas, ele é o meu chato superprotetor.

Compartilhamos um sorriso cumplice e curioso.

–Estamos indo para casa de Emily, por que vocês não vêm conosco? –Jacob convidou e sinceramente fiquei tentada a aceitar. Gostaria mesmo de saber quem é Reneesme Cullen e sua ligação com a família.

–Desculpe. Mas, preciso voltar para casa.

Nessie me surpreendeu com um curto, porem, sincero abraço.

–Quem sabe em uma próxima vez? –Jacob propôs. Concordei agradecida.

Reneesme saltou se acomodando novamente nas costas do rapaz. Ela depositou um pequeno beijo em seus lábios e o moreno disparou em uma corrida silenciosa.

–Você só queria privacidade ou realmente já tem que voltar?

–É melhor não abusar não acha? –Pisquei discretamente.

Seth me entregou as sapatilhas que estava em seu bolso. As calcei. Cruzou nossos dedos e começamos uma caminhada lenta pela praia.

Em poucos estantes chegamos ao Fiat Spazio. Acomodei-me no banco de carona enquanto Seth dava a partida.

–Você parece ter ficado bem à vontade com Jacob e Nessie. –Observou Seth.

–Eles são ótimos!

–Sim, são sim.

O carro continuava a deslizar pela estrada escorregadia de Forks. Um trovão cortou o céu.

–Ela me deixou bem confusa, Quero dizer. Que historia é essa de “Tio Jasper” –Fiz aspas com os dedos. –Ela é uma Cullen, mas, como? Ela não é vampira, é? –Respirei rapidamente, apenas o suficiente para recuperar o folego e continuar com o turbilhão de perguntas. -E Jacob! Ele está sempre tão perto, envolta dela, como se estivessem ligados.

Seth fez um resumão; contou-me um pouco sobre a surpreendente historia de Edward, Bella e Jacob, o nascimento de Nessie, a origem do apelido, Falou sobre o Imprinting, sobre a volta dos Cullen à cidade e até sobre as gigantescas viagens que Jacob fazia para ficar perto da amada. Uma historia emocionante, memorável. No entanto, assim que o carro parou enfrente a minha casa tudo o que queria saber era:

–Seth? Você já sofreu imprinting por alguém? –Desviei a atenção de seu rosto e como se ele fosse capaz de ler pensamentos respondeu.

–Não Allie! Eu não sofri imprinting por você.

A luz acesa em meu quarto me dizia que eu não havia chegado tão cedo quanto o esperado. Voltei a fita-lo.

–Agora você demostra alivio, diz que adorou o passeio, e sai do carro pra se desculpar com o Cullen. –Seus olhos sérios me causavam dor.

Passei as mãos sobre o cabelo curto, pondo em ordem meus pensamentos.

–Era brincadeira, e você? Deveria rir.

–Não era brincadeira.

–Para de levar tudo tão a sério. –Ele me puxou em um abraço terno.

–Vou aparecer com mais frequência, ok?

–Obrigado.

Seth suspirou, encarou o teto do carro e piscou algumas vezes. Forcei-me a acreditara que eram piscadelas casuais.

–Amigos são pra isso.

Sair do carro, e só comecei a seguir o caminho de pedras que me levavam a entrada da casa quando já não era mais possível ver o automóvel.

–Como foi seu dia querida? –Liz levantou os olhos do grosso livro encarando-me sugestivamente assim que a porta bateu atrás de mim.

–Ótimo! –Disse simplesmente já subindo as escadas.

–Apenas isso? O que vocês fizeram? Para onde foram? Não está com fome? –A curiosidade de Liz era quase palpável.

–Estou cansada. –Gritei do andar de cima. –Amanhã conversamos.

Hesitei por alguns instantes. Inalei profundamente, criei algo parecido com coragem e entrei.

Jasper era a imagem da perfeição. A luz fraca da lua iluminava parcialmente seu rosto, as costas repousavam na parede ao lado da janela, meu pedido de desculpas estavam preso entre seus dedos.

–Oi. –Não houve resposta.

–Como pode ver... –Retirei o grosso sobretudo estendendo os braços. –Estou ótima. Sem nem o mais leve dos arranhões, sem nenhum hematoma ou coisa do tipo.

Seus olhos se ergueram por uma fração de segundo, tempo suficiente para uma analise rápida.

–Vejo que encontrou meu pedido de desculpas. –Apontei para o pedacinho de papel sobre sua mão. Ele o largou deixando o pedaço de folha rasgada cair, em seguida cruzou os braços sobre o peito, encarando-me friamente.

Ele ao menos já olhava para mim, era um progresso. Eu acho.

–Olha, eu sinto muito mesmo. –Fui sincera em declarar. Me aproximei, ele nem se mexeu. -Mas, eu realmente precisava respirar.

–Eu te sufoco Alice? –Foi a primeira vez que ele falou naquela noite, e sinceramente eu preferiria o silencio.

–Não, Não é isso Jazz! Cada segundo que passo com você equivale a uma vida de sonhos. –Joguei meus braços em volta de seu pescoço. -Você me sufoca de sonhos e amor e disso eu gosto.

–Fiquei preocupado e tudo o que você me deixa é um pedaço de papel. –Alerta. O olhar incrédulo chegando em três, dois... Não disse!

–Detesto quando você me olha dessa forma. –Afirmei docemente, roçando meus lábios nos dele.

–Como se você fosse uma criança que não sabe o que faz? –Tudo bem, essa eu mereci!

–Exatamente. Como uma criança que não sabe o que faz, e talvez eu não saiba mesmo. No entanto, você pode me ensinar não pode?

–Você vai me obedecer? Seguir regras? Se cuidar e fazer o que é certo?

Mordi o lábio inferior na falhada tentativa de não gargalhar alto. Jasper balançou a cabeça, apoiou as mãos em minha cintura delicadamente e depositou um beijo no topo de minha cabeça.

–Você não vai não é? –Ele assim como eu tentou segurar o riso.

Neguei com a cabeça.

–Acho que podemos negociar.

–Negociar? –Indagou ele interessado.

–Negociar com você é sempre muito bom.

Me joguei por completo em seus braços. Jasper sorriu entre meus lábios.



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Notas finais do capítulo

Não me critiquem, julguem, briguem, discutam, ou me matem *Embora eu mereça* Já expliquei as razões de meus atrasos com as postagens, mas, por consideração volto a explicar: Curso pela manhã, Trabalho pela tarde e faculdade a noite. Realmente não tenho tempo pra escrever... Mas, digo & repito: NÃO VOU ABANDONAR A FIC.
Espero que tenham gostado do capítulo.
Ps: Se tiverem tempo deem uma olhadinha na minha mais nova fanfic.
Bjoksss e Obrigado pelo carinho.



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