Pov Bella

A dor foi interrompida na hora, e agora eu estava no colo de Edward, coberta por uma manta, no banco traseiro de seu Jaguar, enquanto o motorista nos levava até o aeroporto onde um jatinho de luxo estaria nos esperando para voltar pra casa.

Nada foi dito depois do ocorrido, os Mustash de Edward cuidaram do vampiro que me atacara e agora tudo parecia bem.

Mas para mim não estava.

Eu passei 2 anos fugindo e tentando levar uma vida quase normal, ignorando as abordagens de Edward atravéis de meus sonhos, para quando eu entrasse em algum problema, uma parte de mim simplesmente ignorasse minha aversão a ele e gritasse por ele.

Eu estava em contradissão e eu odiava isso.

E o silêncio de Edward era torturante, ele falara poucas vezes e apenas se dirigia a seus homens, mas agora, eu estava contente pelo simples fato de estar em seus braços.

Meu corpo estava feliz. Minha mente não.

A dor em meu braço quebrado começou a aparecer e eu resmunguei bem baixinho, mas é claro que ele ouviria.

Ele passou a mão em meu braço e a dor foi parando aos poucos. Era uma solução boa, mas que dava sono, eu apenas fechei os olhos e quando os abri...estava no nosso antigo quarto.

O quarto estava exatamente igual da ultima vez...mas eu não podia chamar aquilo de quarto, não quando tinha um enorme closet, um enorme banheiro, três varandas, um mini-bar, uma saleta com dois sofás e uma mesa de centro e uma porta que ligava ao escritório usual de Edward. Aquilo era muito mais que um quarto.

A cama tinha dossel, as colchas, cortinas, travesseiros e tapetes estavam sempre combinando e a cor da vez era dourado. As paredes tinha tons neutros que variam do bege ao salmão claro. Os armários, escrivaninhas, a cama, os guarda-roupas e as portas eram todas de uma madeira escura que devia pesar horrores.

A iluminação era clara e as luminárias ficavam escondidas em algumas bordas que ficavam no teto e o quarto era todo refrescado por um aparelho que filtrava, esquentava e esfriava o ar. Frescura de Edward, porque ele em si não necessitava daquilo.

- Como está se sentindo? - a voz dele me acordou dos pensamentos e eu me virei para vê-lo sentado em um dos sofás com um copo de uísque na mão.

- Bem. - eu disse rapidamente, e depois de uma olhada em meu corpo, meu braço estava enfaixada mas eu ja não sentia dor alguma.

Eu olhei para ele e capturei-o com os olhos presos em mim. Edward estava sério, chateado e pensativo. Mas como ele poderia não estar depois de 2 anos?

Eu baixei os olhos e fiquei mexendo no detalhe da colcha dourada, eu não tinha muito o que falar, pelo menos era o que eu achava.

Não durou muito e ele estava do meu lado, uma de suas mãos afastando o cabelo do meu pescoço.

- Ficou marca? - eu perguntei, imaginando que ele estaria vendo o estrago que James fizera.

- Óbvio que não, a única marca aqui é a que eu te dei a 4 anos atrás e que voce adora rejeitar.

Meu coração deu um solavanco e minha garganta se fechou ao ouvir ele proferir aquelas palavras, sua voz estava tensa e eu me senti mal por isso.

Eu ignorei a dor em meu peito e olhei no fundo de seus olhos verdes.

Eu sabia o que devia fazer ali. No meio do desespero eu prometi a Edward que não fugiria novamente, não com todas as palavras, mas ele sabia que eu havia prometido.

Eu era a Sgiah dele, não podia mais fugir de meu dever, por mais que eu não gostasse do que o destino fez comigo. Eu tinha que aceitar ou morreria na penúria.

Me aproximei mais dele, sentindo meu corpo reagir muito melhor e deixei todo o meu pescoço a mostra.

- Me morde. Ja faz 2 anos que voce não bebe do meu sangue, voce precisa dele.

Isso era verdade, como Sgiah de Edward, o meu sangue era único para ele, ele poderia beber qualquer sangue do mundo, mas nenhum o satisfazia mais e o dava mais força do que o meu, e eu era uma desgraçada por tê-lo feito isso.

Ele segurou minha nuca com força e eu fechei os olhos me preparando para o ato, em instantes, eu senti seus caninos perfurarem a minha pele e meu sangue ser sugado.

Eu gemi de prazer e me aferrei mais a ele, sentindo sua outra mão contornar minha cintura e colocar-me sentada em seu colo.

Eu o abracei e deitei minha cabeça em seu ombro, para aproveitar melhor e dar mais espaço para ele me morder.

Meus pés estavam formigando e todo meu corpo aceso, e eu sentia que ja estava excitada para ele. Mas Edward não iria fazer sexo comigo. Ele estava com raiva e chateado, e no momento, tudo que ele precisava era do meu sangue.

As imagens de James me mordendo e provocando toda aquela dor foram desaparecendo, na medida em que Edward me mordia e me apertava com força contra si.

Só o Zarir podia morder sua Sgiah, se outro vampiro fizesse isso, ela sentiria uma dor terrível e todo o prazer sexual e espiritual que ela sentiria no ato da mordida de seu Zarir não existiria. Era por isso que doeu tanto quando James me mordeu, e era por isso que eu estava quase desfalecendo nos braços de Edward.

Eu arfei e gemi mais alto ainda em seu ouvido e senti ele retrair seus caninos e lamber o ferimento para cicatriza-lo. Segundos depois eu me afastei um pouco dele, ainda me recuperando das sensações anteriores.

- Se arrume, é aniversário de Emmet e estão todos la embaixo. - ele disse se levantando e indo em direção a porta.

- Edward...

- Nós conversamos mais tarde Isabella. - e então ele se foi.

Eu passei a mão em meus olhos e respirei fundo levantando-me da cama e indo até o closet onde tinha uma parte só com roupas minhas. Todas ainda estavam la.

Eu dei uma olhada pelas roupas e optei por um corpete cor de vinho e uma saia que ia até a metade de minhas pernas e tinha detalhes pretos e vermelhos. Eu coloquei uma meia-calça preta, vesti a saia e o corpete e calcei um par de botas pretas de couro, sem salto.

De frente ao espelho eu coloquei minha franja ja grande para trás e prendi com dois grampos, deixei os cabelos soltos e coloquei apenas um rimmel e lapis preto para destacarem meus olhos, mesmo que eu não visse nada de bonitos em meus olhos cor de chocolate, eu sabia que Edward os amava, ou pelo menos algum dia os amou.

Saí do quarto e desci as escadas em formato de caracol, vendo que toda a sala estava repleta de pessoas da realeza, todos muito bem vestidos e assim que pus os pés no piso de mármore da sala, todos os olhares voltaram-se para mim.

Fazia 2 anos que eu não era o centro das atenções, eu estava totalmente desacostumada.

Alguns rostos eu conhecia, e os olhares eram variados: desaprovação, raiva, surpresa, admiração e inveja.

Não era fácil ser a Sgiah de um dos reis mais importantes na comunidade vampírica, mas eu nunca pedi por isso.

- Bella! - escutei uma voz conhecida e vi Rosalie se aproximando de mim.

Eu sorri e abracei-a com força. Eu sentira saudades de Rose, o problema era que só agora eu me dera conta disso.

Rosalie Halle era minha prima, filha de Renata Drew, irmã de minha mãe Renée, e ela que me ajudara na minha fuga a dois anos atrás. Mesmo sendo muito diferentes fisicamente e até nas personalidades, eu e Rose sempre nos demos muito bem.

Minha ligação com os Halle vem desde que eu era um bebê e sendo 4 anos mais velha que eu, Rose só entrou para a sociedade, após o envolvimento com um homem da realeza e desde então ela está sempre presente nas festas, la no fundo eu achava que Rose doava sangue aos vampiros, uma espécie de meretriz, mas isso era um tabu e uma vergonha para algumas humanas, eu jamais perguntaria isso a ela e tambem nunca tive provas concretas.

Assim que nos soltamos eu olhei melhor para ela. Seus cabelos loiros e esbeltos estavam do mesmo modo que eu havia visto da ultima vez, ela usava um vestido vermelho bem justo ao corpo e um scarpin preto. Rose estava linda como sempre.

- Eu fiquei sabendo a pouco tempo que voce tinha voltado...precisamos conversar. - ela disse em meu ouvido e eu apenas acenti.

Dando uma rápida olhada pela sala, vislumbrei Edward ao lado de seu irmão, Emmet, do outro lado, perto de uma coluna, ele me olhava intensamente e era claro a sua desaprovação com a cena que via.

Eu sabia que ele sabia que fora Rose que me ajudara a fugir.

Mas pelo visto, ele nunca dirigiu-se a Rose sobre isso, e nem expulsou-a da nossa sociedade, a prova disso era ela estar bem aqui do meu lado.

Rose acompanhou meu olhar e estalou a língua me fazendo olhar para ela.

- O que foi?

- Amanhã eu vou mexer uns pauzinhos e vou te levar para almoçar num restaurante de um amigo meu, aí nós conversamos.

Eu acenti e nos separamos, eu fui em direção a Edward e cumprimentei seu irmão.

- Olá Emmet.

- Seja bem-vinda de volta Bella. - ele disse sorrindo para mim. - Bom, eu vou atrás de Mike, até logo. - e então ele se foi.

E eu fiquei olhando para Edward.

Edward Cullen tinha sangue real desde os primórdios dos vampiros, e com isso, veio seus poderes, ele era capaz de hipnotizar, escutar pensamentos, ver o passado das pessoas e até movimentar os objetos com a mente. Mas seus poderes eram limitados e ele não gostava de ficar fazendo demonstração pública de tudo isso.

O único poder que Edward podia usar em qualquer momento, era sua telepatia, os outros ele conseguia apenas quando estivesse muito forte, ou seja, tivesse bebido do meu sangue.

Imaginei os problemas que eu havia causado durante esses dois anos de ausência.

Nossa ligação permitia que ele sentisse as coisas que eu sentia e falasse comigo mentalmente e entrasse em meus sonhos, apenas por alguns instantes.

Ja eu, poderia utilizar parcialmente seus poderes e filtrar sua energia para quando eu precisasse. Se Edward morresse, eu morria tambem. Se eu morresse, o laço entre nós seria desfeito e se ele quisesse, poderia se ligar a outra humana.

É...destino cruel o meu.

- Seu braço ja está melhor?

- Sim, bem melhor. - eu murmurei bem baixo.

Ele continuou me olhando, e eu estava tão constrangida que desviei o olhar, me distraindo com as pessoas ao nosso redor. A maioria eram vampiros, mas podia-se ver a presença de humanos, Sgiahs, e algumas meretrizes...

- Eu nem desejei feliz aniversário para seu irmão.

- Voce vai ter tempo para isso, a festa está só no começo.

Sua mão fechou-se na minha e eu senti aquele calor familiar percorrer meu braço.

- Venha, Esme e Alice querem te ver.

Eu sorri pela segunda vez no dia e o acompanhei, passamos por alguns círculos de pessoas e Edward os cumprimentou de forma educada como sempre, andamos até chegarmos numa saleta privatizada, onde eu vi Alice e Esme conversando com Carlisle Cullen.

- Bella! - Alice gritou, vindo me abraçar.

- Olá Alice...

Carlisle e Esme eram casados a muito tempo, e tiveram Emmet e Alice, pouco tempo depois, os pais de Edward morreram, e como Esme era sua familiar mais próxima, ele passou a estar nas guardas dela. Uma responsabilidade muito grande, ja que ele era o herdeiro do trono e ela ficara como assumista, até Edward ter idade legal para governar.

Ele sempre se considerou irmão de Alice e Emmet, e isso nunca foi contestado.

Alice e Emmet só eram parecidos na cor do cabelo e nos olhos claros de Carlisle, mas enquanto Emmet era alto e de porte atlético, Alice era de aspectos miúdos e bem baixinha. Um charme a parte.

- Desse jeito voce irá machucá-la querida! - eu ouvi Esme falar e Alice me soltou.

- Desculpe Bella. – Alice disse me soltando. – Olha, o que você acha de amanhã irmos ao shopping, ter um dia de mulheres?

Eu já ia responder, quando Edward respondeu por mim:

- Amanhã não vai dar Alice, eu tenho assuntos a tratar e Isabella irá me acompanhar.

- Ah...então, pode ser outro dia não é? No shopping da cidade abriu uma filial da Gucci, to doida pra ir!

- Claro Alice. – eu respondi, sem muita vontade.