Equalize escrita por Anny Taisho


Capítulo 1
Cinco anos depois




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Equalize

Capitulo I – Cinco anos depois

Novembro no Norte de Ametris é uma premissa do que vem nos próximos quatro meses seguintes de inverno rigoroso. As ruas ainda não estavam cobertas de neve, mas o frio já era figurinha conhecida, aquele típico vento cortante de inicio de inverno. Nas ruas, as pessoas passavam a andar mais agasalhadas e carregando sempre um suéter extra. As crianças contam os dias para poderem voltar a fazer suas guerras e anjos de neve... Sem contar a possibilidade das escolas entrarem em recesso para um dia de neve especial.

Dentro de um apartamento que ficava na rua Spring Street, prédio antigo de tijolos aparentes e bastante valorizado com a onda retro que invadiu o mundo imobiliário  e de não mais de sete andares, estava uma mulher de longos cabelos áureos deitada em sua confortável cama de casal sentindo seu estômago revirar.

Chegara de um treinamento com Leste a pouco mais de vinte e quatro horas e aquela altura já deveria estar de volta ao seu castelo, mas passara toda a viagem de trem e ultimas horas em casa colocando tudo para fora. Essas comidas de trem deveriam ser proibidas, algo parecido lhe aconteceu na ida, cerca de um mês e meio atrás, mas achou que não passava de uma virose.

Seu médico de confiança acabara de deixá-la deitada e falava com a única criada que Olivier mantinha para que o apartamento sempre estivesse limpo e organizado quando tivesse tempo de passar alguns dias ali. Não podia ouvir o que os dois falavam, mas também isso pouco lhe importava quando estava enjoada daquele jeito. Nunca mais comeria torta de chocolate. E também tinha aquela enxaqueca chatinha velha de guerra que conhecia desde a adolescência.

Nancy, sua criada há alguns anos, saiu do quarto por alguns minutos, mas logo voltou trazendo consigo uma bandeja com jogo de chá e algo comestível que só de imaginar enjoou mais o estômago já avariado de Olivier.

- Tire isso daqui, Nancy, ou vou colocar tudo que não tenho no estômago para fora. – disse meio que grunhidademente puxando as cobertas até a cabeça –

- Dr. O’Nell disse que precisa pôr algo no estômago para poder tomar o remédio. É apenas um chá de canela e algumas torradas.

- Mande Kennedy ir para o inferno com seus chazinhos e torradinhas! Eu não consigo comer nada, se ainda não notou! –

- Vamos senhorita Olivier, vai continuar enjoada se não tomar o remédio e não pode tomá-lo sem comer alguma coisa.

A loura ouviu o som da bandeja ser colocada sobre o criado mudo e os passos dos sapatos baterem sobre o taco do chão se afastando levemente da cama e logo após o som das cortinas serem abertas. O que aquela criatura estava querendo? Matá-la? Como se já não bastasse ter de ficar em casa quando tinha que trabalhar.

- Feche as cortinas, Nancy! – o som da voz da mulher não estava nada bonito –

- Ficar deitada no escuro não fará seu estômago melhorar, tente tomar um pouco do chá e comer pelo menos uma torrada, poderá tomar o remédio e isso vai passar! Sem contar que ficará presa em casa até melhorar e sei que não quer se afastar mais de Briggs.

- Você não vai desistir, não é? – a general empurrou as cobertas e sentou-se sentindo o estômago piorar consideravelmente – Se eu vomitar mais a culpa será sua!

- Estou aqui para servi-la, senhorita Olivier, e deixá-la passando mal sem fazer minha parte não é certo. Já liguei para Briggs e avisei que vai se ausentar por dois ou três dias mais.

- No mais tardar voltarei hoje a noite, não posso ficar mais tempo ausente. – suspirou fundo e levou a xícara de porcelana fina aos lábios rosados sentido que teria de se controlar para não rejeitar aquilo também –

- Ficará até Dr. O’Nell dizer que pode ir, ele comentou que a senhorita disse ter passado mal na ida também.

Nancy era uma mulher de cinquenta anos, casada e com dois filhos que servia a família há muitos anos. Trouxera-a consigo quando saiu da casa dos pais e a mulher desempenhava quase um papel de mãe. Tinha os cabelos louro-cinzento curtos e vestia-se com roupa de criada enquanto estava no apartamento apesar da patroa ter dispensado o uso da peça.

Sentou-se a beirada na cama e ergueu os olhos verdes até a mulher deitada, ninguém que olhasse sua patroa diria que já tinha trinta e cinco anos. Os anos estavam sendo muito gentis com ela e também o fato de não ser casada ou ter filhos cooperou bastante.

- Comi qualquer coisa no trem e vinte minutos depois estava vomitando, foi horrível, mas nada parecido com o que estou sentindo. – tomar aquela coisa estava sendo uma missão impossível era bom aquele remédio valer a pena –

- Termine apenas essa xícara e coma uma torrada, é o suficiente para o remédio não fazer mal. Está sentindo-se mal há mais tempo?

- Eu ando com a imunidade meio baixa e você sabe que quando não tomo todas as vitaminas regularmente fico vulnerável a essas viroses bobas. – Olivier mordeu o pedaço de pão com má vontade –

- Claro, lembro-me de sua saúde frágil na infância. Como foi o treinamento militar conjunto? Produtivo?

- Como sempre. Apesar de eu ter de aturar a cara do Mustang quase todos os dias...

- Miles-san esteve lá?

- Rapidamente e eu também fui ver como está ficando Nova Ishival, por quê?

- Então quer dizer que por agora vocês não irão colocar a vida em ordem?

- Minha vida está em ordem, Nancy, apenas houve um pequeno imprevisto durante cinco anos.

A General afastou a bandeja do colo sob o risco de colocar o pouco que tinha posto para dentro para fora se tentasse ingerir mais alguma coisa. A criada levantou-se indo buscar o remédio e um copo com água. Ajeitou-se na cama de maneira mais confortável e tomou o tão falando remédio rezando para que fizesse efeito.

- Pequeno imprevisto... Entendo. Há alguma previsão da volta dele ao Norte ou esse imprevisto durará mais alguns anos?

- Andou falando com meus pais, Nancy? Não me diga que eles voltaram com essa história de casamento... – os olhos azuis rolaram nas órbitas – Faz vinte anos que eles tentam sem sucesso e não desistiram?

- Seus pais só querem o melhor para a senhorita, mas não se preocupe, não citei em momento algum seu relacionamento. Mas eles suspeitam de sua falta de vida pessoal.

- Eu sai de casa para que parassem mandar em mim, mas acho que eles não compreendem isso. E a missão dele tem uma previsão de durar mais alguns meses.

A loura recostou a cabeça na cabeceira da cama e colocou as castas da mão sobre os olhos. Céus, o que tinha feito de errado para merecer aquela porcaria de enjôo?

- Vou sair para que possa descansar, caso precise de algo é só chamar. – a mulher levantou e saiu do quarto deixando-a sozinha debaixo das cobertas –

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Olivier estava dentro de um carro a caminho de seu castelo, foram quatro dias de atraso, seu médico fizera um pedido de alguns exames que teve de fazer antes de voltar já que ficaria muito provavelmente dois ou três meses sem sair. Não que julgasse necessário, foi apenas um mal estar bobo. Durante aquele período recebeu algumas cartas de Miles contando como está tudo por lá e respondeu omitindo toda aquela novela.

Os resultados sairiam dentro de alguns dias e seriam mandados para a médica responsável por lá mesmo. Agora tudo o que queria era voltar para sua rotina de trabalho, se bem, que nesses novos tempos os ataques de Drachma eram quase inexistentes, tudo estava se resolvendo de maneira diplomática na maioria das vezes.

No entanto, marcas de toda uma história de guerra não se apagavam tão facilmente e a proteção militar aquela área, de ambos os lados, não teria um fim tão cedo. Seriam muitos anos, talvez até mais do que os de guerra antes que uma confiança mútua fosse de fato alcançada. Sem contar que mesmo com as novas políticas de paz ainda haviam muitas revoltas, principalmente, internas a serem controladas da melhor maneira possível.

Ao chegar foi recebida com muitas continências de seus homens e foi diretamente para o escritório cuidar da papelada que deveria ter se acumulado por causa do atraso. Depois assistiria um treinamento de campo que testaria as novas maneiras de ataque. Era estranho, mesmo cinco anos depois, estar ali sem seus dois suportes que por tantos anos ajudaram-na a levar aquele lugar a excelência de proteção.

Buccaner provavelmente estaria entediado com tempos tão pacíficos em relação ao passado, talvez pedisse uma transferência para a região do sul onde estavam havendo as maiores intervenções militares. Um sorriso brotou no canto dos lábios da Comandante, seu soldado era muito forte e morreu com um sorriso no rosto, sua morte não fora em vão.

Miles não havia morrido, mas estava longe, muito longe cuidando das políticas com relação a Nova Ishival, uma maneira do governo passar uma imagem na qual os ishivalianos não tivesse muitas dúvidas. Não duvidava que o moreno no final decidisse ficar naquela região, afinal, a filha de quinze anos, vivia ali com a mãe que era casada. Olivier sabia que estar com a filha somente nas férias devido ao trabalho na muralha e a distância não era algo que o agradava.

Estando no Leste, podia buscá-la pelo menos um final de semana no mês no colégio interno em que estudava. Sem contar que o relacionamento dos dois não era convencional, nunca poderia ser o tipo de mulher que ficava em casa, não largaria a carreira e o Ishivaliano era um homem meio antiquado como a filha dizia para irritá-lo.

- General. – a voz de um soldado tirou-a de seus devaneios –

- Sim? – respondeu segurando a caneta que usava para assinar alguns papéis –

- A equipe antecipou o treinamento em campo devido a possibilidade de uma tempestade, irá acompanhá-los?

- Irei sim, mande selar meu cavalo.

- Hai. – o soldado saiu e a mulher voltou sua atenção aos papéis por alguns minutos antes de sair –

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Miles caminhava pelas ruas cheias da Cidade do Leste sem o uniforme militar, tinha vindo trazer os últimos relatórios sobre questões socioeconômicas da Nova Ishival e aproveitaria os dois dias livres antes de voltar para o acampamento para ir buscar a filha no internato. Quando Dominique tinha cinco anos, Anne sua primeira esposa casou-se novamente e mudou-se para o Leste, assim durante cinco anos via a pequena apenas nas férias quando ela ia ao norte passar alguns dias consigo, mas nos últimos anos devido a estar no Leste pôde conviver mais com sua prole. Seria uma pena voltar aos tempos de apenas poucas semanas no ano.

Mas também não podia deixar toda sua carreira que possuíam alicerces no Norte, e também tinha Olivier, não podia deixá-la lá sozinha. Realmente amava aquela mulher de gênio forte e era correspondido ao modo dela. Passaram alguns dias juntos no período em que ela esteve no quartel do Leste para o treinamento conjunto. Desde que se transferiu se viam apenas nesse período do ano.

Parou diante da construção imponente e foi a secretária se apresentar para pegar a filha. Dominique estudava em um dos melhores colégios da região, Saint Mary, um dos primeiros daquele tipo a serem instalados naquela região do país.

Após de apresentar e ter identidade confirmada não demorou muito para que a adolescente aparecesse. A filha tinha puxado completamente os traços da mãe que tinha ascendência Xinguelesa, olhos escuros e levemente puxados, cabelos pretos e lisos, pele clara, não tanto quanto a mãe, mas também não chegava nem perto da pele morena do pai, magra e alta – única característica paterna aparente.

A menina estava vestida com o uniforme padrão de saia de pregas, sapatos colegiais escuros, camisa branca e um suéter sem mangas com o emblema do colégio. Trazia consigo uma pequena mala e sorriu abertamente ao vê-lo.

- Papai! – ela foi o abraçar – Pensei que só viria semana que vem.

- Tive que vir antes e antecipei nosso fim de semana, sua mãe não ligou avisando?

- Não, não... Deve ter esquecido, ela está toda afobada por causa da possível gravidez.

- Anne está grávida? – o homem não pôde conter a surpresa –

- Parece que sim, ela já fez um exame de sangue que deu negativo, mas você sabe dos problemas da mamãe e o médico acha que pode ter sido um falso-negativo.

- Que bom, fico feliz por ela e o marido. Preparada para deixar de ser filha única?

Os dois chegaram a rua e tomaram um taxi para o apartamento que Miles alugava na cidade para poder ter a filha por perto.

- A essa altura nem faz tanta diferença mais, eu vou ser praticamente tia da criaturinha... – Dominique riu – Você mandou minha carta agradecendo o presente para Olivier-san?

- Mandei junto com a minha, não se preocupe.

- Eu realmente gostei do colar, ela tem bastante bom gosto, todas as minhas amigas ficaram cheias de vontade de saber onde ela comprou.

- Eu não sei, ela comprou e me pediu para te entregar quando esteve aqui.

- Finalmente você arrumou uma namorada legal, pai! Tipo, aquelas chatinhas com quem você saia que ficavam tentando me adular!!! Nojentas mentirosas! Eu gostei da Olivier-san desde a primeira vez que a vi, ela foi muito educada comigo e só passou a mostrar sentimentos por mim quando realmente me conheceu.

As sobrancelhas do Major se juntaram formando um olhar de reprovação, a filha era a única pessoa que tinha conhecimento do relacionamento e às vezes ela tinha a mania de falar demais.

- O que foi? Não tem ninguém aqui para sair espalhando! Mas a quantas anda as coisas? Você aqui, ela lá...? Relacionamento a distância é tão brega! – a menina riu –

- Não é questão de ser brega ou não, Dominique, é uma questão de necessidade. Recebi uma missão e isso forçou a situação atual. – Miles tinha bastante paciência para os vai e vem adolescentes –

- Mesmo assim não deixa de ser brega! É tão... Antiquado! Por que vocês não deram um tempo? Seria mais contemporâneo.

- Eu não conheço essas coisas de dar um tempo, nem a Olivier e você também não deveria ser adepta, um relacionamento com outra pessoa é importante demais para se “dar um tempo”.

- Você é velho, pai, está preso a antigas tradições pré-históricas!

- Eu acabei de fazer quarenta e um, não estou velho.

- Quarenta e um!!! Isso é... Não tenho palavras para descrever! – a menina sorriu – Se você não tivesse os cabelos brancos naturalmente, estaria todo grisalho... Já pensou em pintar o cabelo?

- Dominique?! – Miles disse em tom de repreensão – Você fala demais menina, e fala muita besteira! – o major já estava quase rindo –

- Credo, pai! Isso vai contra a liberdade de expressão!

- Eu não sei a quem você puxou, definitivamente...

- Você e a mamãe são chatos, tinha que sair alguém com algum senso de humor!

- Eu também achava meus pais chatos e antiquados e no final me fiquei muito parecido com eles.

- Eu não corro esse risco, não vou acabar antiquada e chata! Isso é muito piegas!

Miles rolou os olhos e passou a fitar a rua. Adolescentes seriam sempre adolescentes não importava a diferença de épocas.

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Os exames feitos pela General de Divisa chegaram cerca de dez dias depois  de terem sido feitos, mas somente quase dois meses depois teve tempo e vontade se apresentar ao corpo médico da muralha. E só o fez porque foi perseguida pelos malditos mal-estares mais algumas vezes durante aqueles dias.

Estava sentada diante da médica, Cornine, que olhava com atenção os exames recebidos. Já tinha ouvido uma bronca por ter esperado tanto tempo para levá-los até ela. Olhou para o teto, olhou para os lados, olhou para o chão... Chato, chato, chato! Será que aquilo iria demorar muito?

- Isso vai demorar, Corine? –

- Um pouquinho, são muitos exames...  Por que não vai até a salinha a direita colocar uma roupa mais adequada para um exame, general?

- Como? – uma das sobrancelhas se ergueram –

- Eu estou olhando seus exames, general, nada mais normal do que examiná-la antes que saia daqui.

- Não estou doente e você sabe que não gosto de médicos... Não me compreenda mal.

- É apenas um exame de rotina, vai ter que fazê-lo de qualquer jeito. Vamos aproveitar a situação para que não tenha que voltar.

- Que seja! Contanto que eu não tenha que colocar o pé aqui tão cedo de novo.

- Somente o ano que vem, no próximo check up.

Olivier se levantou e seguiu para uma pequena salinha dentro do consultório, retirou a pesada farda e colocou aquela horrível camisola médica verde. Odiava consultas médicas e odiava mais ainda ter que vestir aquela coisa. Estava consideravelmente frio ali dentro era bom aquilo não durar mais que o necessário. Descalça mesmo caminhou de volta a presença da médica loura de óculos e sentou-se sobre a maca esterilizada.

Aquele cheiro de éter não agradava ao olfato feminino que sentia o estômago embrulhar conforme ficava aspirando o cheiro. Os pés ficavam consideravelmente longe do chão, mas também não era exatamente alta, tinha apenas um e setenta de altura, balançava involuntariamente os pés enquanto olhava de esguelha para a mulher sentada atrás de uma mesa.

Não demorou muito para Corine se levantasse trazendo consigo uma prancheta e não retirava os olhos dali. Colocou a peça em uma mesa adjacente a maca e pegou um aparelho de pressão. Como o esperado tirou o pulso, mediu a pressão, ouviu o coração... Fez um exame de toque sobre o ventre e colo da paciente. Aquele silêncio médico era irritante demais.

- Pronto, agora suba na balança e o exame está terminado. – disse enquanto anotava alguma coisa na ficha da mulher –

Olivier obedeceu quieta sentindo um breve arrepio lhe subir ao pisar no chão muito frio. Subiu na tão temida balança que assombra todas as mulheres desde sempre, não era muito preocupada com peso, mas também devido a quantidade de exercício que fazia sempre não tinha muito com o que se preocupar, no entanto, notara que estava meio inchada nos últimos dias.

- Sessenta e um quilogramas... Dois quilos a mais desde a ultima medida. – disse quase que distraída a médica –

- A ida ao Leste quebrou minha rotina habitual de alimentação e exercícios. Posso me vestir, está frio.

- Oh claro, pode ir sim, já terminamos.

A primeira filha da casa Armstrong vestiu-se com rapidez, quanto mais rápido fizesse isso, mais rápido sairia daquele lugar fugindo daquele cheiro enjoativo. Voltou ao consultório e sentou-se novamente a frente de Corine.

- Posso ir agora?

- General, tem sentindo-se enjoada, tonta, sonolenta...?

Olivier pensou por um segundo antes de responder passando mentalmente os acontecimentos das ultimas semanas.

- Tonta não, mas enjoada e sonolenta consideravelmente. Foi esse o motivo de ter atrasado cinco dias para voltar a Briggs e por isso que meu médico pediu esses exames que trouxe. Por quê?

- Entendo... Ele não fez nenhuma colocação sobre o que a fez passar mal quando atendeu-a na Cidade?

- Disse que poderia ser estresse de viagem ou mesmo uma virose apesar de não ter febre ou tosse. Receitou para meu enjôo apenas um remédio porque não estava conseguindo comer nada.

- Esses enjôos continuaram depois que voltou?

A irmã de Alex já estava ficando irritada com todas aquelas perguntas chatas. Rolou os olhos azuis nas órbitas antes de responder com má vontade. Sua paciência andava consideravelmente mais curta nos últimos tempos. Ela tinha que trabalhar e Corine não parava com toda aquela chatisse.

- Talvez, não sei... Eu passei um pouco mal ontem, mas foi porque tomei café demais. O que está acontecendo afinal? Acha que estou doente?

Corine suspirou profundamente pensando nas palavras que usaria para falar com a mulher a sua frente. Após analisar aqueles exames e a dona deles só duas possibilidades lhe pareciam plausíveis e uma delas parecia extremamente absurda considerando que quem estava a sua frente tinha a alcunha de Muralha de Briggs.

- Vou ser direta, General, pelo que analisei só existem duas possibilidades, ou a senhora está com uma grave disfunção hormonal, ou está grávida. Os níveis de estrogênio e progesterona estão altos demais para qualquer mulher que não possua nenhuma das duas coisas. – a médica levou os olhos novamente a prancheta – Seu médico pediu um hemograma completo, e pude notar que além dessa disfunção, está com necessidade de mais cálcio e ferro. Vou fazer um pedido de alguns exames mais específicos para vermos o que pode estar causando essa alta taxa de hormônios e baixa de vitaminas.

Olivier nem se quer piscou ao ouvir a possibilidade numero dois que foi colocada em cheque. A palavra gravidez na mesma frase que seu nome sem um nunca entre elas era realmente assombrosa. Tanto que nem chegou a ouvir o resto do que foi dito. Era uma possibilidade absurda, para estar grávida era preciso fazer sexo e seu namorado estava do outro lado do país.

- Corine, acho que não entendi bem o que disse.

- Não se preocupe, talvez não seja nada demais, nada que um tratamento para controle de hormônios e uma boa alimentação não resolva. São exames só para que saibamos exatamente como lidar com isso, é uma mulher com boa alimentação, bons hábitos, que não bebe, não fuma, dorme razoavelmente bem.

- Está descartando então a possibilidade de que eu esteja grávida? – perguntou ansiosa – Você disse que poderia ser duas coisas.

- Bem, levando em conta que a senhora... Bem... Que senhora... – a médica estava passando por uma saia justa e tanto, falar sobre aquele assunto era constrangedor – A senhora sabe.

Como iria virar e dizer para ‘a muralha de Briggs’ que não achava plausível que ela tivesse alguma espécie de envolvimento fraterno, amoroso ou sexual. Afinal de contas, que homem em sã consciência se envolveria com uma mulher com a segunda maior patente do exército com uma família longe de ser convencional e que possui um gênio capaz de concorrer com um urso da montanha de Briggs faminto??

Por mais respeito que qualquer soldado daquela muralha tivesse por sua Comandante nenhum deles conseguia imaginá-la em um relacionamento, o inferno congelaria caso ela realmente estivesse grávida. Se qualquer pessoa do exercito fosse indaga a respeito de Olivier, a resposta seria: Virgem, frigida e mal-amada.

- E se, isso é só uma suposição, houver uma chance de as duas possibilidades serem possíveis?

O inferno congelaria, em primeiro lugar.

- Bem general... Caso haja possibilidade de uma gestação, não acho possível que seja outra coisa.

- Mas a chance existe, certo?

- Sua menstruação está em dia?

Olivier nunca fora muito ligada nessas coisas, pois desde a adolescência tomava anticoncepcionais que ajudavam a natureza a manter um ciclo bem pontual, nunca teve tempo de sofrer com incidentes dessa natureza. E agora, parando para pensar...

- Não.

- Então não há o que pensar, está esperando um filho, general.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Eu sei que esse é um casal incomum, mas vocês deveriam dar uma chance e ajudar a auto-estima dessa adorável autora quequer apenas a importante opinião de vocês. Sei também que parece deveras impróvavel a Olivier grávida, mas pensem comigo, quem tem um sistema digestivo está sujeito a senir fome, e quem é mulher e tem um sistema reprodutor sem quaisquer problemas pode ter um filho!!!!
Adoro vocês e logo vou postar as continuações das fics Royai!!!!
kiss kiss



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