Overated escrita por May_Harukinha


Capítulo 6
Uma unha quebrada não vai ferir meu orgulho




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-Tem certeza de que é uma boa idéia? –Perguntei enquanto dava passos silenciosos pelos corredores vazios do colégio. Tudo estava igual, exceto pelo fato de apenas eu, Kelly, Meggie e os membros do Grêmio estudantil estarem aqui.

-Claro que é. Eu não vou sossegar enquanto não tiver certeza de que a banda vai se apresentar no encerramento da feira cultural. Além do mais, a banda também é sua, devia estar mais preocupada. –Resmungou Kelly, levantando a sobrancelha.

-Ah, tá certo, tá certo. –Bufei e franzi o cenho.

-Onde fica a sala do grêmio mesmo? –Perguntou Meggie interrompendo nosso diálogo paralelo.

-É para aquele lado se não me engano. –Respondi.

-May, vai dizer que você está ficando com o presidente do grêmio e nem sabe onde fica a sala dele. Ai, que vergonha... –Disse Kelly numa tentativa de me provocar e fazendo gesto de vergonha com as mãos sobre o rosto.

-CALE-SE! –Disse, desferindo um soco na cabeça dela, fazendo um imenso galo brotar. –Bem, é para lá, tenho certeza. E eu não tenho nada com o Drew, por isso, fique de bico fechado sua imbecil. –Disse, esfregando uma mão na outra como se tirando sujeira e com ares de serviço completo e indo na frente.

Logo, estávamos diante do final do corredor, onde havia uma enorme porta de madeira com vidros bem no topo. Era uma porta alta e logo acima, havia uma placa escrito “Grêmio estudantil”.

-Olha, não é que você sabia mesmo onde era. Anda sabendo demais, hein May? Quem sabe você já não tenha vindo aqui, numa noite qualquer, descobrir tudo o que o presidente tinha a oferecer no quesito de idéias. E quem sabe, você trocou idéias brilhantes com ele. Talvez idéias bem quentes e...

-CALE A BOCA! –Urrei, lançando mais um soco onde estava aquele galo que eu fizera anteriormente e que ainda estava sobressaindo. Um segundo galo brotou da cabeça dela, sobre o primeiro. –Se abrir a boca para falar mais alguma merda, juro que vai ser bem pior. –Disse em tom ameaçador.

-O - Ok... –Ela gaguejou e sorriu assustada e envergonhada.

-Então, dá para ver alguma coisa? –Perguntei olhando para Meggie, que tentava espionar pela fechadura.

-Não dá, aposto que a cadela sarnenta da Brianna deixou a chave na fechadura. –Resmungou Meggie.

-Merda, essa cadela sempre atrapalha. –Bufou Kelly. –Ei, espera! E se espiarmos por ali? –Disse ela, apontando para o topo da porta, onde havia as pequenas janelinhas.

-É uma boa idéia. Mas, como vamos alcançar? –Perguntou Meggie. Então, nós duas nos entre olhamos e depois lançamos um olhar assustador para Kelly.

-E-Eu não falei nada agora...É, o que vão fazer? –Disse ela assustada enquanto nos aproximávamos como pessoas possuídas.

                Alguns minutos depois...

-Ei, o que você andam comendo hein? Vocês pesam uns duzentos quilos! –Bufou Kelly, de quatro no chão enquanto eu e Meggie estávamos com os pés nas costas dela, espionando pelas janelinhas. Era possível ouvir coisas sobre o encerramento e disposição das salas do colégio para as classes do Ginásio e do Médio.

-Ei, afinal, já que eu estou servindo de burro de carga, ao menos, me digam o que está acontecendo! –Bufou Kelly mais uma vez.

-Cale a boca! –Murmurou Meggie, lançando um chute contra a boca de Kelly. Ela gemeu e depois se calou, apenas gemendo de dor.

-Então, do que eles estão falando afinal? –Perguntou Meggie se voltando para mim.

-Parece que estão falando sobre a decoração e a recepção dos visitantes. Eles querem colocar os membros do grêmio do Ginásio na recepção junto com alguns membros do grêmio do Médio. –Respondi e mantive minha atenção presa em Drew. Ele tinha uma postura de tanta liderança, ele de estar lindo usando jeans, tênis e camiseta regata. –Ai, ai...

-Suspirando é?! –Kelly provocou e me lançou um olhar maldoso. Eu ia bater nela de novo, mas achei melhor não fazer isso, ela já apanhou muito por hoje.

-Fique quieta, não dá pra ouvir com essa sua voz de taquara rachada! –Bufou Meggie. Kelly tentou provocar, mas Meggie fuzilou-a com os olhos e ela sorriu sem graça.

O papo estava se arrastando rapidamente. Realmente, o grêmio estudantil parecia incrível, cheio de responsabilidades e ao mesmo tempo, cheio de pessoas repletas de inteligência. Me questionava agora porque sempre achei que o grêmio era sem graça. Não interessa, esse seria meu último ano de Ensino Médio mesmo...

-Hã, tem alguém aí? –Disse Drew olhando para o lado. Eu e Meggie nos abaixamos. Ele nos percebeu? Coloquei apenas uma fresta dos olhos para ver se ele tinha nos visto ou não. Ele deu um sorriso na direção da porta. Tinha nos visto, mas estava tranqüilo. Quis sorrir para ele, mas o cão de guarda olhou para ele e depois para a porta, mas eu já havia me escondido. Ela era esperta, mas eu era mais.

-Drew, sorrindo por quê? –Ouvi sua voz irritante perguntar e senti como se ela tivesse olhado para a porta, apesar de não ver.

-Por nada, é que acho que vi um passarinho batendo no vidro da porta, só isso. –Disse ele. Realmente um príncipe, pensei.

-Entendo. Bem, mas, o que você dizia quanto ao encerramento ser diferenciado esse ano? –Retomou Rafe, que era o vice-presidente do grêmio. Eu sei que ele também tinha nos visto, já que estava sorrindo e parecia se lembrar de nossas caras imaturas. Meggie deu um suspiro e saiu de cima de Kelly, sentando no chão.

-O que foi, viu passarinho verde? –Kelly provocou.

-Não, acho que só estou com dor nos pés. –Ela resmungou e ignorou a provocação de Kelly. Mas no fundo, eu vi um pouco de um brilho diferente nos olhos de Meggie. E depois, ela subiu novamente nas costas de Kelly e voltou a espiar, mas eu reparei que ela nem prestava atenção ao diálogo e sim, a um dos envolvidos. Seria Drew? Tentei acompanhar o caminho que ela fazia com o olhar e Drew não era o alvo. Era Rafe. “Meggie é apaixonada pelo Rafe”, presumi. Naquele momento, senti vontade de perguntar, mas quando Brianna se levantou e bateu na mesa, me mantive quieta.

-Senhor Drew, é uma excelente idéia! Um encerramento com uma banda seria perfeito! Mas, que banda o senhor trará? –Perguntou, e pude perceber chamas saírem dos olhos dela, como se esperasse alguém famoso. Pobre coitada, ingênua demais.

-Bem, a banda será uma banda de alguns alunos do Segundo Ano, eles conversaram comigo e até mostraram os ensaios. São bons, creio que todos gostarão deles. –Disse ele, dando uma olhada direta para mim como se dissesse “Ela seria contra se soubesse que você está na banda, mas na hora ela terá uma surpresa”. Corei e continuei olhando. Era a terceira vez que falávamos com os olhos e isso me deixava sem ar.

-Entendi. Se o senhor está dizendo, nem tenho que questionar. Diga a esses alunos que a proposta está aceita. Claro, se os demais membros aqui presentes concordarem... –Quando ela disparou essa frase final, me senti gelada. Os membros se fitavam como fossem devorar uns aos outros, então, de repente, o representante do grêmio do Ginásio se levantou. Gelei. Será que ele iria discordar?

-Bem... O Ginásio também tem alunos que tem uma banda. A idéia de colocar uma banda do Médio é boa, sim. Então, faremos o seguinte... O Ginásio apresentará uma peça de teatro falando sobre a música e depois, uma cortina estará atrás dos atores e eles anunciarão a banda. Depois, começa a parte do Médio. Feito? –Perguntou o garoto de olhos castanhos e franja, que não me lembro direito do nome, acho que era Kenny.

-Mais do que aceito! Esse será o combinado. Mas, não se esqueça de comunicar a todos os alunos do Ginásio, certo? –Disse Drew, dando um aperto de mão com Kenny e ao mesmo tempo, fazendo uma cobrança. Kenny sorriu como se dissesse que não esqueceria e eu me senti aliviada.

-Então, então, o que saiu, o que deu? –Perguntou Kelly, como uma criança cheia de dúvidas e intrigas.

-A idéia foi aceita. O Ginásio fará uma peça de teatro falando sobre música e depois, nos anunciará e será a nossa deixa. –Responde Meggie, descendo das costas de Kelly e logo em seguida, eu fiz o mesmo. Ela se levantou lentamente e espreguiçou.

-Ah, pelo menos esse meu trabalho de caixote de aumentar altura trouxe uma notícia boa... Ah, mal vejo a hora em que a feira cultural irá chegar e iremos nos apresentar diante de escola toda! Será nosso primeiro show! –Disse Kelly, dando mais uma espreguiçada. De repente, ouvimos barulho de cadeiras de se afastando e depois sendo colocadas rente a algo.

-O grêmio, eles estão saindo. –Disse Meggie com espanto. Ela pegou meu pulso direito com uma mão e o pulso esquerdo de Kelly com a outra e saiu pelo corredor. Entramos dentro da sala de limpeza, onde ficam os materiais de limpeza que as duas estavam acostumadas a ver, afinal, faltavam só dois dias para a punição delas terminar. Meggie fechou a porta, que antes estava aberta porque ela e Kelly haviam esquecido de fechar pois estavam com pressa para espionar a reunião do grêmio comigo.

Ouvimos os passos no corredor podiam ser ouvidos, mas nada de vozes. Kelly espionava pelo buraco da fechadura as pessoas passando, até que finalmente todos passaram. Porém, quando ela passou a mão pela maçaneta e abriu a porta, para nossa surpresa, Sra. Winnifred estava parada em frente à porta com uma cara emburrada e com as mãos na cintura. Nós três sorrimos sem graça.

-É, S-Senhora Winnifred... É, e-eu só estava pegando o limpa- vidros para limpar as janelas. –Disse Meggie, pegando um pano e o tal limpa- vidros e saindo correndo.

-E-Eu só estava achando o esfregão para limpar o chão... Ah, ele está bem aqui, b-bem, eu já vou indo. –Disse Kelly, pegando o esfregão rapidamente e saindo. Agora, eu estava a sós com aquela velha carrancuda e gorda que se inclinou e olhou diretamente nos meus olhos, me dando pavor.

-É...Eu vi aqui trazer o lanche delas que a mãe da Kelly me mandou e... Eu já vou indo. –Disse dando um passo para o lado e saindo correndo feito louca pelos corredores até a saída de funcionários. Dessa vez, não estava de bicicleta, mas corria tanto quanto se estivesse. No meio do caminho, acabei tropeçando e quebrei a unha do dedo indicador da mão esquerda. Peguei o pequeno pedaço e enfiei no bolso.

-Eu passo cola e coloco de volta quando chegar em casa, afinal, nada pode ferir o meu orgulho... –Disse em voz alta para mim mesma.

E eu estava certa. Hoje, nem mesmo uma unha quebrada poderia ferir o meu orgulho de cantora!

Continua...


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