Edward POV

Isabella agora andava para todo lado com Jacob. Ela almoçava com meus amigos, na minha mesa e não olhava para minha cara nem por um segundo. Eu não sabia o que havia acontecido entre ela e Jacob que a fizera esquecer de mim tão rapidamente, mas eu estava disposto a descobrir.

Não havia graça alguma em odiar alguém que não falava com você, mas meus sentimentos por ela ainda eram muito intensos. Toda noite as memórias dos momentos que passamos juntos voltavam à minha cabeça vividamente e isso só fazia com que eu a odiasse mais. Eu tinha que tentar fazê-la falar comigo de novo, nem que fosse para voltarmos a discutir. Mas antes eu teria que acertar as contas com o traidor do Jacob. Esperei a Educação Física acabar para ficar sozinho com ele no vestiário.

– Oi Edward. – ele disse quando me viu. Ele estava de frente para o seu armário guardando suas roupas.

– Oi traidor. – Jacob me olhou com as sobrancelhas erguidas, mas não respondeu. – O que está rolando entre você e a Bella? – ele riu.

– Nada... Pelo menos nada que seja da sua conta.

Perdi a paciência e peguei-o pela gola da camisa.

– Você perdeu o juízo, Edward? – ele disse sério. – Sabe muito bem que não é uma briga que você pode ganhar.

– Por que você roubou minha namorada? Sabe como eu me sinto sobre ela! – eu estava furioso.

– Ela não é sua namorada cara! – ele tirou minhas mãos dele e me deu um soco no rosto. – E não importa como se sente, porque ela não sente o mesmo!

Não perdi tempo sentindo dor e revidei com um movimento rápido. Levantei-o pelo abdômen e bati suas costas contra os armários.

– Você não sabe disso! Não a conhece! – eu gritei. Ele se levantou devagar e me deu um chute na barriga. Cai com as mãos no estômago.

Ele me levantou pela gola da camisa e me deu alguns socos. Fiquei grogue, mas não por muito tempo. Tentei acertá-lo com chutes e socos, mas ele desviava mais rápido; quando ele ficou contra a parede eu finalmente acertei um soco na boca e outro no estômago. Ele me acertou com mais alguns golpes até que o técnico chegou e nos separou.

– Os dois para a coordenação, agora! – ele gritou.

– Isso não acabou, Black. – eu disse entre dentes.

Acabamos sendo suspensos por dois dias e sendo “condenados” à detenção por um mês. Minha boca estava sangrando e meu olho direito estava muito inchado para ficar aberto, mas mesmo assim a diretora Mary nos mandou direto para casa, sem direito aos cuidados da enfermeira da escola.

Quando cheguei em casa, Esme me olhou preocupada e depois furiosa.

– Edward! – ela se aproximou querendo me tocar, mas eu me esquivei. – O que aconteceu com você?

– Fui suspenso por dois dias. – eu disse e dei de ombros. Comecei a subir às escadas para meu quarto, mas ela me segurou.

– Por quê? – ela disse séria. Eu não fugiria dessa conversa.

– Jacob é um traidor filho da puta. – eu disse e dei um sorriso sarcástico. – Então nós tivemos uma briga boba. Só isso. A diretora Mary deve te ligar a qualquer momento.

– Briga boba? Você está horrível...

– Se me visse por dentro... – eu disse baixo demais para que ela ouvisse. – O que faz em casa tão cedo? – mudei de assunto.

– Estou resolvendo os últimos detalhes do casamento. – ela disse. – Já escreveu seu discurso? Acha que esse olho roxo vai sumir em duas semanas? – ela parecia preocupada.

– Sim para as duas perguntas. – menti. – Não se preocupe, tudo vai ser perfeito. – eu disse e fui para o meu quarto.

Peguei um caderno no fundo da mochila e comecei a escrever meu discurso de padrinho. Eu havia esquecido completamente. Minha letra estava levemente deformada, porque meus dedos estavam doendo um pouco e eu não estava em posse de cem por cento da minha visão. Os primeiros rabiscos eram trágicos. Meus rascunhos eram todos do tipo: “Bem vindo a família, Carlisle, espero que seja melhor do que sua filha louca e psicótica”, ou “Nunca pare de falar com a minha mãe do nada, caso contrário eu vou te esfaquear até a morte”.

Isabella estava fazendo com que eu perdesse minha cabeça.

Eu havia sido dispensado do restante das aulas do dia, então Bella teria que vir até a minha casa por conta própria. Mas não seria tão diferente para ela, desde que ela não falava comigo de qualquer forma. Eu pedi que Augustina levasse minha comida até o meu quarto e pedisse que Bella subisse assim que chegasse.

Quando ela me viu pareceu um pouco chocada, mas não fez nenhum comentário. Eu ainda não tinha limpado o sangue nem lavado meu rosto. Ela desviou o olhar rapidamente.

– Eu acho que não precisamos fazer nenhuma alteração, só repassar algumas vezes. – ela disse olhando para o violão.

– Bella... – eu chamei. – Por que não fala mais comigo?

– Eu estou falando com você agora mesmo...

– Não é disso que eu estou falando! – disse nervoso. – A última vez que nos falamos de verdade você estava embaixo de mim dizendo que me amava!

Ela fechou os olhos e suspirou. Aproximei-me dela no sofá.

– Edward, as coisas mudaram... – ela disse calma demais.

– E por quê? – ela ainda não havia me olhado nos olhos. – Uma semana com Jacob e não quer mais saber de mim?

– É sobre isso que estamos falando? Está com ciúmes? – ela quase deixou de lado a fachada controlada, mas depois voltou ao seu olhar desanimado. – Não importa mais. Eu já disse tudo que eu queria dizer e agora eu quero que você viva a sua vida.

– Mas eu não quero viver assim... – Toquei o rosto dela, mas ela se afastou.

– É cedo demais para sermos apenas amigos. – ela olhou pra mim e vi que ela estava magoada.

Eu não iria me acostumar a vê-la daquele jeito. Aquela garota sem energia e mórbida não era a minha Bella.

– Bells, eu tenho sentimentos por você... – eu disse um pouco sufocado. Os olhos dela faiscaram por um segundo. – Eu não sei explicar o que é, mas... Acho que eu gosto de você. – disse hesitando. Ela riu sem humor.

– Então diga isso na frente de todos. – ela repetiu a minha frase de anos atrás. Meu coração murchou, mas antes que eu pudesse dizer algo ela começou a tocar, me deixando sem opções.

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Com apenas a alguns dias do casamento, eu me encontrava com Bella todos os dias depois da aula para ensaiarmos a música de homenagem. Depois de quase duas semanas sem nenhum contato considerável, ela finalmente falou comigo sobre um assunto que não fosse a música que tocaríamos no casamento.

– Ei Edward, - ela disse baixo na hora do intervalo – acha que sua mãe iria se importar se eu levasse o Jacob ao casamento?

Levei alguns segundos para processar as palavras. Eu sabia que eles estavam saindo, mas eu não podia imaginar que era sério o suficiente para que ela quisesse levá-lo ao casamento dos nossos pais.

– Acho que não... – respondi em seco. Ela nem ao menos fez menção de falar comigo novamente, só voltou a falar com Jacob e me ignorar, exatamente como antes.

Sai da mesa sem terminar de comer e fui direto para o prédio da minha próxima aula. Eu não podia aguentar mais sentir a indiferença dela por mim. Eu preferia ver o ódio dos meses anteriores ao vazio de agora. Ela sempre sentira algo por mim, em toda nossa vida ela sempre me tratou de um jeito diferente. E eu... Eu sempre senti algo por ela. Começou com rivalidade quando éramos crianças, depois passou para desprezo, raiva... E no último mês, algum outro sentimento tomou o lugar de todos os outros. Eu não sabia exatamente o que era, mas não era mais como antes. Eu passei a me preocupar com a sua saúde e felicidade,

Ela fez com que o jogo virasse. Eu me sentia um mero boneco em suas mãos. Enquanto eu me preocupava com seus desmaios e remédios ela me tratava com um objeto; eu não sabia se ela fazia isso por vingança ou prazer, mas ser desprezado por ela fez com que eu me sentisse um lixo. Mesmo assim, era melhor do que ser ignorado.