Torre de Taymagos escrita por Kristain, Athos-kun


Capítulo 3
Capítulo 3 - Nova Era?!


Notas iniciais do capítulo

Bom, pessoal! Kristain na área! Como o Athos disse, não se acostumem com a velocidade da postagem! É só porque estamos animados mesmo e também porque estamos de férias, todavia, minhas aulas já irão começar, então podem imaginar o que irá acontecer!Viajei bastante nesse capítulo, mas espero que gostem! Deu para colocar a trama que eu queria, por isso ficou meio grande!Boa leitura!XD



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O jovem mago estava cansado, já podia ver a guarda da cidade vindo ao longe, apressou-se em carregar Nowa que estava todo surrado, havia apanhado muito. Layla olhava para o irmão, atônita, tinha o visto apanhar sem poder fazer absolutamente nada, se sentiu uma inútil na hora. No entanto Godric alertou-a para que procurasse alguma rota de fuga para eles, ela andou rapidamente pela frente de algumas casas, procurando algum beco com saída enquanto o irmão e o mago vinham ao seu encalço mancando até que se deparou com um largo o suficiente para eles passarem. Entretanto uma enxurrada de guardas emergiu por aquele beco, todos trajavam apenas o torso das armaduras, mas carregavam lanças feitas de prata. Um deles agarrou Layla, imobilizando-a e esta começou a gritar. Godric se jogou juntamente com Nowa para um beco mais estreito e este esperneou em revolta, mas o mago prendou sua boca e puxou o rapaz para se esconder no meio do entulho por ali.

- Permaneça em silêncio se quer salvar sua irmã mesmo. – murmurou o mago. – Não temos como vencer todos esses homens no estado em que nos encontramos.

Nowa pestanejou em fúria, ouvia os gritos de socorro da irmã, mas Godric apesar de parecer pequeno tinha lhe agarrado estrategicamente, também não fora nada difícil, já que o rapaz estava todo ferido pela briga com o algoz de outrora.

- Levem esta garota para o visconde Henri, ele saberá o que fazer com a mesma! – ordenou o capitão dos guardas.

Os soldados levaram Layla aos trancos e barrancos, a garota era baixinha e sua agilidade era superior, por vezes se desvencilhou dos guardas, mas eram muitos e estes a agarravam facilmente. Ela foi levada aos berros e quando não se via nenhum sinal de qualquer sujeito armado, Godric soltou Nowa que berrou em fúria:

- Você deixou minha irmã ser pega! – ele levantou correndo para a rua, tentando ver para onde tinham levada a morena.

- Agiremos estrategicamente para resgata-la. – respondeu o mago, já perto do rapaz.

- Seu idiota! – Nowa insultou o mago, coisa que fora o estopim para a paciência de Godric que lançou o garoto contra a parede, apontando o dedo na sua cara, ao lhe repreender:

- Cala-te, moleque! Você se mostra agradecido por eu ter lhe salvado?! Ou melhor, ao menos sabe por que salvei você e sua irmã?! Eu podia ter deixado muito bem aquele goblin matar vocês no beco! Mas não! Os salvei por um motivo, senti duas das sete virtudes emanando de vocês! A Diligência por sua parte, a sua determinação e perseverança em busca de comida pela sua irmã. E em Layla senti a Generosidade, ela deu a metade do pão a você mesmo ela estando morrendo de fome. Mas parece que isso não faz a mínima diferença para você, não é?! Deixou o pecado da Ira tomou seu corpo e usou o poder deste para lutar!

- Quem és tu para me falar isso?! – Nowa empurrou o mago. – Você lutou contra o deus do tempo em busca da imortalidade mesmo tendo tudo que um homem poderia querer em uma vida mortal! Você foi dominado pela a Avareza!

- E é por isso que estou dizendo para não cometer o mesmo erro que eu! – berrou Godric em toda sua fúria, calando qualquer réplica de Nowa. – Não seja dominado por nenhum pecado capital, não dependa da força deles, pois estes proferirão um anátema contra você!

Os dois se mantiveram calados por alguns segundos, até a tensão baixar. Então Nowa puxou sua adaga, apertando o punho da mesma, suspirando:

- Se você tivesse me deixado atacar com a Paratempo, talvez eu tivesse a salvado...

- “Paratempo”? – o mago arqueou uma sobrancelha.

- É o nome da adaga que você me deu.

- Ah sim, claro. – Axolote assentiu admirando a pouca criatividade do rapaz. – De qualquer forma, salvaremos sua irmã.

- Mas como?

- O visconde dessa cidade é Henri Vasconcelos, creio que Layla estará na mansão dele.

- E onde isso fica?

- Para o lado meridional da cidade.

- Tradução?

Godric lamentou-se pela pouca instrução do rapaz:

- Para o sul da cidade.

- Vamos para lá agora.

O mago sorriu novamente, já podia ver a Digilência voltando aos poucos para o rapaz e a Ira se dissipando.

OOOOOOO

Henri estava no seu escritório particular, no andar superior da sua mansão, rabiscava alguns papéis em agonia. O que diria a Ordem de Leomond? Afinal, Godric Axolote estava na sua cidade.

A lua irradiava seus feixes de luz sobre a sala, iluminando uma lustrosa mesa de carvalho, um lampião com a chama falhando e prateleiras abarrotadas de livros. Era um escritório comum, o visconde pairava a pena banhada em tinta preta sobre um pergaminho, ainda batendo a cabeça sobre o que dizer à ordem, quando sentiu uma repentina enxurrada de ventos adentrarem sua sala. Alguns papéis esvoaçaram da mesa, porém em frente desta Henri pode ver os dois mercenários que havia contratado. Eles ainda mantinham os rostos cobertos com as vestes totalmente negras, no entanto seus olhos se mantinham visíveis e ao redor destes, suor escorria. Os mercenários também arfavam por demais e o visconde logo pressentiu que isso não era um bom sinal.

- Não pudemos matar o alvo. – disse um dos homens de negro. – A guarda da cidade chegou e tivemos que recuar.

- E para quê estão aqui? – indagou Henri, áspero.

- Apenas para lhe deixar a par da situação. – disse o outro mercenário.

- E vós tendes a ousadia de vim a mim?! – o visconde berrou socando a mesa e se mantendo em pé. – Fracos inúteis! – o homem gritava já com sua paciência passando do limite.

- Algum problema? – uma voz sombria ecoou pela sala, tão fria que fez os dois mercenários arquejarem.

A porta se abriu vagarosamente, um homem se pôs a aparecer, mas só metade do seu corpo podia ser visto e o tal sujeito parecia se vestir devidamente formal, usava um terno em um tom acinzentado enquanto seu chapéu negro cobria seus olhos. Henri sorriu ao ver aquele homem e quando o indivíduo levantou a cabeça vagarosamente, seu olho vermelho pode ser presenciado. O visconde abriu mais ainda seu sorriso, o tornando malévolo quando ergueu suas mãos para os mercenários e ordenou:

- MATE-OS, ASMODEUS!

A porta da sala abriu com tudo, chocando contra a parede. O homem que estivera na porta minutos atrás transpassara a sala em um piscar de olhos. Sangue jorrou pelo chão ao mesmo tempo em que se ouviam os corpos dos mercenários caírem por terra. As costas dos dois homens haviam sido literalmente rasgadas e pelo tamanho dos ferimentos podia se julgar que foram por enormes guardas. No entanto nem se pode ver aquele tenebroso sujeito chamado Asmodeus, pois ele jazia nas sombras, na verdade só a metade do seu corpo, afinal a outra metade era clareada pela lua e pode-se ser novamente aquele homem estranhamente comum, exceto pelo olho rubro.

No momento seguinte o regente da mansão entra na sala e ao ver os corpos jogados ao chão, somente balança a cabeça como se já estivesse acostumado com aquilo. Por fim, pronunciou-se:

- Esta é a garota que estava com Godric Axolote, foi trazida pelos guardas. – o regente puxou Layla para sala que logo foi empurrada ao chão para se ajoelhar perante o visconde.

A garota gemeu, mas quando fitou o chão coberto de sangue e os cadáveres, gritou, colocando suas mãos sobre a boca.

- Ora, ora, se não temos uma bela moça aqui. – Henri encaminhou-se até Layla e tocou-lhe seu rosto, a pobre morena só conseguia tremer, ao ouvir a voz maligna daquele homem. - Tão jovem, mas já com o corpo todo formado. Suponho que seja virgem.

Asmodeus se pôs a fitar a garota e o visconde.

- Eu já sei, não precisa dizer coisa alguma. – sorriu Henri. – Vá preparar tudo lá em baixo.

O vulto daquele estranho homem passou pela sala. Os cabelos ruivos do visconde pendiam sobre seus olhos, mas ele ainda conseguia encarar Layla.

- Me deitarei com você. – afirmou o ruivo. – E tirarei sua pureza em um ritual para Asmodeus.

A morena esbugalhou os olhos em evidente terror e Henri gargalhou com gosto.

OOOOOOO

Do lado de fora da mansão, Godric e Nowa a encaravam admirados, realmente era um belo lugar de se viver. Havia um jardim particular na frente da casa, da onde emergiam densas árvores. Flores emolduravam a alameda que dava para frente da mansão e eram pertos desde lugar que estavam os dois rapazes, agachados atrás de um muro de arbustos. Fitavam a colossal mansão com doze janelas muito bem distribuídas ao redor da entrada de porta dupla, aonde dois guardas faziam a ronda noturna. Os dois homens se revezavam ora um ora outro para irem perambular os fundos da mansão, mas havia cerca de cinco minutos que os dois ficavam conversando na frente da mansão para poderem se dirigir aos fundos. E fora neste pequeno, mas essencial intervalo que Godric e Nowa partiram pelas sombras em direção aos fundos.

- Porque temos que entrar por trás? – perguntava Nowa aos sussurros.

- Porque pela frente nos atacariam. – explicou o mago.

- E isso é ruim?

- Eles tornar-te-ão um corpo banhado em sangue. É, na minha concepção isso é bem ruim. – Axolote respondeu sarcástico.

- Poderíamos atacar.

- Tolo.

Os dois chegaram aos fundos da mansão aonde não havia nenhum tipo de claridade, foram tateando a parede de tijolos ao seu lado, até sentirem uma porta. Godric tentou abri-la, mas lógico que a mesma estava trancada, então a parte pesada ficou com Nowa, o qual deu um poderoso baque com sua adaga, estraçalhando a trava da porta, abrindo-a lentamente.

Os dois adentraram o local com certa relutância.

Puderam ver inúmeros pontos de luzes que deviam ser tochas acessas, eles não tinham certeza, pois dezenas de panos translúcidos estavam pregadas no teto e no chão como se formassem pequenas tendas. Os panos levemente rosados rondavam algo sobre o chão, os garotos puderem ver vários lençóis e travesseiros brancos, aonde se debruçavam mulheres, algumas dormindo, outras acordadas e bastante entretidas com os poucos homens que residiam no local. Todos estavam nus e em todas as tendas que eles olhavam, todos faziam a mesma coisa.

Imediatamente Godric fitou o chão nitidamente iluminado pelas labaredas das tochas, havia rabiscos negros no local. Ele rondou toda a sala, seguido por Nowa e então confirmou suas suspeitas. Aquela imensa sala estava envolta de um círculo negro cheio de rabiscos sobrenaturais, um círculo de invocação. O garoto com a adaga apertou a arma com mais força e perguntou hesitante ao mago:

- Isso é um pecado capital?

- Luxúria.

No exato momento que o Axolote havia se pronunciado, um homem rompeu dentro de um dos panos rosados, ou melhor, apenas metade do sujeito, a outra metade se mantinha escondida. O olho rubro dele cintilou e o mago engoliu seco, dizendo a única coisa sensata naquele momento:

- Corre!

- O quê?! – Nowa não entendeu nada.

- CORRE! – Godric empurrou o garoto em direção a uma porta logo atrás dele e saíram em disparada para os corredores da mansão.

Os corredores do local eram bastante antiquados, todavia, muito bem iluminados por lamparinas que estavam suspendidas ao teto por adornos coloridos. Detalhe esse que nem pode ser notado pelos dois garotos que corriam desesperados pelo corredor e que ficaram mais assustados ainda quando ouviram portas serem lançadas atrás deles. Nowa tentou virar para olhar quem era, mas Godric ralhou:

- Não olhe, apenas corra!

- De quem estamos fugindo?!

- Asmodeus, o demônio da Luxúria!

Nowa nem precisou de maiores explicações e se pôs a correr.

- Temos que sair desse lugar! – gritou o mago.

- Isso é tudo que eu mais quero no momento! – retrucou o moreno.

Os dois viraram em um corredor a esquerda e ouviram Asmodeus se chocar contra a parede atrás deles. Ele vinha em tamanha velocidade que nem tivera conseguido parar, por isso adentrava os quartos ao derrubar a parede. Mas infelizmente Godric teve o azar de pisar na aba da sua imensa capa, escorregou com tudo, indo de cara contra o chão. O pequeno deslize fora o tempo suficiente para o demônio se aproximar deles, o mago se levantava, podia se ouvir a fúria de Asmodeus no seu rosnado, ele vinha com sua mão erguida para atacar Godric, então Nowa agiu.

Ele brandiu a Paratempo na retaguarda do mago e pode ver tudo desacelerar ao redor. O demônio da Luxúria estava bem à sua frente, se mexendo tão lendo que parecia parado. A parte esquerda do corpo de Asmodeus era completamente humana, mas a direita era horrenda, era toda encouraçada por escamas negras que eram duras como ferro, seu olho direito era completamente vermelho a não ser por um fenda negra e seu braço era dono de uma monstruosa garra, duas vezes maior que uma mão humana.

Em meio aquela cena sinistra, Nowa só fincou sua adaga no peito do monstro, fazendo o tempo voltar ao normal quando sua voz ecoou em um grito de desespero:

- Ignis Erumpens!

Um círculo mágico de cor rubra formou-se sobre o tronco de Asmodeus, que urrou ao sentir as chamas jorrarem do meio da roda, aonde Nowa apontara a adaga. As labaredas jogaram o demônio longe e tomaram todo corredor como se tivessem vida própria, chamuscaram tudo ao seu alcance e o moreno rezou que até aquele monstro tivesse sido queimado. Godric se levantou ao lado de Nowa e fitou o fogo de onde se levantava o monstro coberto pelo fogo, o qual não parecia lhe incomodar nem um pouco, afinal era de se esperar, ele era do Inferno. Nowa praguejou, mas em uma última chance de escapar, o Axolote bateu suas mãos no chão, conjurando:

- Fluunt!

Do chão ergueu-se uma coluna de água tão alta que tocou o teto, o mago se manteve de pé e balançou seus braços como chicotes e a coluna d’água desabou sobre o corredor em chamas, formando uma poderosa onda que varreu tudo. O fogo sumira, as lamparinas no teto submergiram na correnteza e Asmodeus foi sobrepujado pela água. Momento esse que foi aproveitado na sua plenitude pelos dois garotos que continuaram a correr e saíram da casa pela porta da frente. Os guardas perguntaram quem eram os dois adolescentes, mas eles nada disseram, Nowa fechou a porta da casa e Godric o repreendeu:

- Isso não o impedira de passar!

- Pelo menos eu tentei! – o moreno voltou a correr com o mago e os dois se jogaram para os arbustos.

Os vigias na frente da mansão ficaram atordoados com aquela cena, mas então a porta atrás deles foi lançada aos ares e com um rápido movimento Asmodeus socou a barriga dos dois homens que voaram para longe. O monstro correu em direção aos garotos que ele podia ver por de atrás dos arbustos, mas chocou seu rosto com toda força em uma parede invisível. Ele rosnou e ficou ali, estático.

- O que aconteceu?! – espantou-se Nowa. - Isso foi alguma magia que você usou?!

- Não. – o mago suspirou fundo. – Asmodeus não pode se distanciar muito do local de sua invocação, ou seja, ele não pode ir muito longe do harém dentro daquela mansão.

- Ainda bem. Graças aos céus. – o moreno aliviou-se.

De repente os dois garotos ouviram o monstro cair no chão, quando o viram, puderam ver o demônio sendo tomado pelas escamas e em segundos depois, estas foram desaparecendo, dando lugar a uma linda mulher. Suas curvas eram evidentes no seu vestido vermelho completamente apertado, seus cabelos negros pendiam para o lado esquerdo da sua cabeça e seus olhos rubros chamuscavam como brasa.

- Venham até mim. – a mulher tinha o tom de voz sensual, capaz de seduzir até o mais íntegro dos homens. – Eu não mordo, a não ser que vocês queriam.

- Não a olhe nos olhos! – alertou Godric para o garoto ao seu lado. – Asmodeus é capaz de tomar qualquer forma para fazer um humano cair no pecado da luxúria.

- É um demônio nojento mesmo. – comentou Nowa que logo arregalou seus olhos ao notar um das janelas da mansão. – É ela! A Layla! – ele apontou para lá.

O jovem mago pôde ver Layla sendo empurrava pelos corredores pelo visconde de cabelos ruivos. Henri somente sorria malicioso, sempre fitando a garota. Asmodeus que também vira aqueles dois passando através, logo tomou sua forma original, ficou coberto de escamas negras e voltou ao normal, ou pelo menos o que era normal para ele, seu corpo metade homem metade monstro e então adentrou na mansão às pressas.

- Layla será usado em um ritual para Asmodeus. – afirmou Godric.

- É o quê?!

- Tirarão a virgindade dela para agradar aquele monstro.

- Temos que impedir! – Nowa mostrou novamente determinação nos seus olhos. – Adentraremos a mansão por trás, tal qual antes, onde sairemos logo no harém, resgataremos Layla e se for preciso usar força bruta, assim faremos! Vamos logo!

O mago nada disse, seguiu Nowa sem qualquer objeção em direção aos fundos da mansão novamente. Godric delimitou um sorriso nos seus lábios, pois estava maravilhado de como a virtude da Digilência podia ser impressionante, Nowa realmente a esbanjava como nenhum outro.

OOOOOOO

Todas as mulheres e homens tinham sido evacuados do harém, apenas os guardas se mantinham espalhados por aquela enorme sala. Haviam colocado também todos os lençóis e travesseiros no centro da sala, aonde residia Layla, preparada para o ritual. Ela estava assustada, olhava para cantos para ver uma brecha por onde fugir, mas não havia nenhuma, os guardas protegiam a sala estrategicamente e, além disso, ainda tinha Asmodeus que se mantinha rondando entre os panos rosados, sempre à espreita. Layla rezava, clamando para ser salva. O visconde já tinha acabado de acender todas as tochas e vinha a passos lentos enquanto desabotoava seu sobretudo.

Henri tinha um olhar perverso e acima de tudo, voluptuoso, chegava a ser nojento de tão lascivo. Ele se achegou, murmurando:

- Não tema. Sou bem gentil com as virgens. – ele riu como um patife.

- BOMBULUM!

Ouviu-se um grito e através dos panos emergiu uma cortina de fumaça verde-musgo que liberava um odor fétido, o ruivo cobriu o nariz com náuseas e Layla abriu um sorriso.

- IGNIS!

Outro grito foi ouvido e todos os panos que haviam sido impregnados com a fumaça de pum, inflamaram. Os tecidos rosados desabaram ruidosamente no chão, o crepitar das chamas em combustão soava por todo harém. Henri virou para a esquerda e viu a pessoa que tinha conjurado aquelas magias, o mago - que com certeza devia ser Axolote – respirava ofegante ao lado de mais um jovem. O visconde cerrou os dentes e estalou seus dedos, o guardas se mantiveram a postos, empunhando suas lanças e prontos para atacar com a ordem do seu senhor.

- Imaginei que viria, Godric Axolote! – conclamou o ruivo.

- Entregue a garota. – disse o mago.

- Ou o quê? – Henri riu. – Olhe para si mesmo! Está fungando! Conseguira conjurar outras magias? Ou pelo menos outra magia poderosa o suficiente para me subjugar? Suponho que não, então desista agora e se entregue!

- Devolve a minha irmã, seu canalha! – berrou Nowa.

- Ora, ora, se não temos uma criança enfurecida aqui.

- Não zombe de mim! Solte minha irmã agora! – o garoto mirou sua adaga para o visconde.

- Porque você se importa com sua irmã? Vocês viviam na rua, não era? Ela sempre ficava sozinha, sempre parada enquanto você roubava e se metia em perigo para alimentá-la! Você é melhor que ela, esqueça-a, abandone-a! Ela é inútil!

Godric franziu seu cenho em indignação, os olhos negros do visconde haviam penetrado Nowa facilmente e Henri pudera ver sua vida, sem dúvida devia ser alguma magia. O ruivo tentava persuadir o garoto.

- Eu nunca vou abandonar minha irmã. – sussurrou Nowa com um sorriso nos lábios. – Ela é tudo que eu tenho, ela é tudo que eu amo. Eu me metia em perigo por ela, eu roubava comida para dar somente a ela. Por que eu jurei proteger ela para todo sempre, pois ela é a minha irmã caçula que para sempre eu vou amar!

Um ar cândido envolveu Nowa, dos seus pés se levantaram feixes luminosos e esbranquiçados, rondavam o garoto com leveza, enquanto este mostrava seu olhar determinado para salvar sua querida irmã, a qual chorava por ter ouvido aquela palavras de amor e carinho. Godric arregalou os olhos, estupefato, ao acentuar:

- Não pode ser...

- Uma invocação! – rosnou Henri.

Nas costas de Nowa os feixes luminosos se encontraram liberando um brilho alvo que inundou toda sala. Em um piscar de olhos o clarão cessou, atrás do garoto pairava um ser alado, um anjo. Seu par de asas tão alvas como a neve batia, o mantendo no ar para que não tocasse o chão. O anjo vestia uma armadura leve por debaixo de uma túnica branca, seus cabelos eram loiros resplandecentes e seus olhos eram da cor do céu. Ele desembainhou sua espada de ouro celestial e a mirou para o visconde.

- Miguel, o anjo da Diligência. – sorriu Godric, maravilhado.

- Ataquem! – ordenou Henri aos guardas.

Os soldados avançaram aos gritos, Miguel brandiu sua espada na frente do seu corpo e bateu as asas. Uma colossal onda de ar propagou-se pela sala, cessando todas as chamas e imobilizando os guardas que não conseguiam avançar pela força dos ventos. Nowa aproveitou o momento e investiu com Paratempo, com sua alta velocidade atacou todos os soldados no peitoral ou na barriga e quando voltou ao normal, todos estes desabaram no chão. Entretanto, o garoto continuou correndo em direção ao visconde, Miguel bateu as asas saltando contra o visconde também. O anjo sobrevoou Nowa e iria atacar Henri primeiro para poder o garoto dar o golpe final, todavia, quando Miguel brandiu sua espada contra o ruivo, Asmodeus apareceu na mesma hora, defendendo seu mestre com a garra encouraçada.

Nowa recuou por um momento, vendo aqueles dois seres sobrenaturais se encarando como verdadeiros rivais. Miguel começou a investir velozmente contra o demônio. Asmodeus usava sua garra como escudo e por vezes usava-a como porrete, quando fechava o punho e tentava esmurrar o anjo. Os dois seres ficaram digladiando com ferocidade e destreza sem sequer um intervalo. E foi nesse momento que Nowa aproveitou para atacar o visconde sorrateiramente, gritou e correu para ele.

Henri sorriu ao ver que o garoto era ingênuo, tinha gritado anunciando seu ataque. Mesmo com o efeito de Paratempo sendo ativado e o garoto ter ficado mais rápido por um breve momento, o visconde percebeu facilmente seus movimentos e apertou o pulso da mão que segurava a adaga, deixando esta tinir no chão. Com a outra mão o visconde agarrou o pescoço de Nowa, o estrangulando. Henri sorriu malicioso e fitou profundamente os olhos do garoto.

- Quanta ingenuidade ao pensar que poderia me vencer. – o ruivo sorriu e no segundo seguinte seus cabelos arderam em chamas, seus olhos ficaram completamente negros e então ele adentrou na mente do garoto.

O pobre Nowa tremia, sentiu tudo ao seu redor ficar negro, Henri havia sumido, todos haviam sumido. Só se viu em um plano negro e sem fim. Quando de repente Layla apareceu ao seu lado direito, insultando-o:

- Inútil! Nem pôde me salvar das garras daquele visconde.

Então Godric apareceu do lado esquerdo do rapaz, dizendo:

- Acreditei muito em você. Porém não passa de uma criança tola!

- Não... – Nowa tentava se defender.

- Idiota! Você me deixou morrer! – berrou Layla.

- É um garoto miserável que não presta para nada! – disse o mago.

- NÃO! – gritou Nowa aos prantos.

Os dois continuaram a lhe acusar mais ainda, falavam as piores coisas que podiam, dilacerando o coração do garoto em angústia. O moreno jogou-se ao chão, ainda ouvindo Godric e sua irmã gritarem com ele, mas não conseguia revidar, se sentia inútil, incapaz.

Na realidade, Layla cerrava os punhos por nada poder fazer, via seu irmão chorando e ser estrangulado. Os dois seres sobrenaturais ainda lutavam e ela simplesmente chorava. Era sempre tão generosa com Nowa, mas agora o que podia fazer? Nada. Suas lágrimas escorriam por seus olhos e quando estas pingavam do seu queixo para o chão, fagulhavam em um tom alvo. Godric notou isso e se achegou da garota o mais rápido possível, percebeu que o corpo dela estava brilhando, era o poder da Generosidade. A pele de Layla emanava um brilho intenso e o mago disse a mesma:

 - Repita: “Desine Omnes Nunc”.

- O quê?! – ela se espantou com o que Axolote disse.

- “Desine Omnes Nunc”! Fale com vivacidade!

Ela assentiu e falou o mais vivaz que podia, ou seja, berrou:

- DESINE OMNES NUNC!

O seu corpo resplandeceu como o sol. A garota liberava milhares de poderosos feixes de luz que tomaram toda a sala, Godric fechou os olhos para não ser afetado e então tudo na sala foi cessando. As pequenas chamas que crepitavam no lençol sumiram, os dois seres sobrenaturais que lutavam foram enviados imediatamente aos seus planos de origem, Asmodeus para o Inferno e Miguel para o Céu. Henri que estava com os olhos bastante arregalados, sentiu seus olhos arderem como se estivessem sendo fritados, soltou Nowa e cambaleou para trás. O garoto caiu no chão ainda chorando, completamente imóvel e então os raios luminosos que Layla liberava foram enfraquecendo.

Godric aproveitou o momento e agarrou a adaga de Nowa no chão, correu para trás do visconde e espetou as costas dele com a lâmina. Layla fora socorrer o irmão e Henri praguejava sentindo a adaga prestes a adentrar sua coluna.

- Acabou. – silabou o mago.

- Não, Axolote. – resmungou o ruivo. – Apenas começou.

- Eu tenho vergonha de um dia ter participado da Ordem de Leomond, a julgar pelos seus métodos ela está completamente corrompida.

O visconde riu.

- Saiba que a ordem ainda o matará, nós seremos os líderes supremos desse mundo, nos tornaremos deuses.

- Como? – Godric arqueou a sobrancelha.

- Não se faça de desentendido. A Ordem de Leomond fez a primeira aliança com os monstros do nosso continente, a nossa força unida é incomparável. A ordem derrotará todos os deuses, acabará com todos.

- Para que tudo isso?

- Não é evidente? Se acabarmos com os deuses, nós, humanos, seremos os verdadeiros senhores deste mundo! Você sabe disso, Godric, você poderia ter se juntado a nossa causa! Afinal, você foi humilhado por Taymagos, o deus do tempo, você deveria ter ódio dos deuses, deveria ter se unido a Ordem de Leomond quando ela te deu oportunidade.

- Eu nunca faria isso. – retrucou o mago. – Aprendi que nunca se deve ter um deus como inimigo.

- Que pena. Vós não presenciareis a nova era, a qual chegará em breve!

- Eu posso até não presenciar essa nova era, mas você também não irá.

- Hã?

Então o mago sem pestanejar enfiou toda a adaga na cintura do visconde, ele cuspiu sangue pela boca e Godric tirou a lâmina de dentro dele, fazendo o ruivo cair de joelhos no chão.

- Vamos sair daqui. – o jovem mago se dirigiu à Nowa, o carregando junto com a irmã do mesmo.

Eles já podiam ouvir a vanguarda marchando pelos corredores da mansão, tinham que fugir o mais rápido, mas quando corriam, Henri gritou em fúria:

- Você sucumbirá, Godric Axolote! Grave as minhas palavras!

- Palavras de um homem morto. – o mago retrucou.

O visconde fechou o cenho com raiva, cuspindo mais sangue. E os três amigos ao longe partiram correndo, sobe a liderança de Godric, que alertava:

- Temos que fugir da cidade de Tagalarian.

Layla assentiu, ajudando a carregar o irmão que ainda permanecia imóvel. E assim fugiram às pressas da mansão.


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Notas finais do capítulo

Pois bem, o que acharam? Merece review?Agora é só esperar o Athos continuar!Espero que tenham gostado!Até a próxima!XD



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