Durante aquele feriado, Kiku convidara Arthur para vir a sua casa. Na Inglaterra estava chovendo, e no Japão um pouco frio. O inglês já lhe contara que as vezes se sentia um pouco solitário, então queria ele passasse aqueles dias mais frios consigo, para poderem trocar abraços e relaxar debaixo do kotatsu que tinha

Com uma travessa de sopa a sua frente, duas tigelas e talheres ao lado e um pouco de chá para acompanhar, esperava a chegada do inglês, aquecendo-se sob o cobertor da mesa.

Não demorou muito para que sua visita chegasse, desde a última vez que ligara, dizendo que estava a sair do aeroporto e logo chegaria em sua casa - Kiku gostava de ter notícias do europeu durante a viagem, mesmo que não precisasse de tanta preocupação.

Afastou o cobertor, tirando as pernas de debaixo da mesa, e ergueu-se. Espreguiçou-se, acordando melhor – mesmo ansioso enquanto esperava Arthur, aquele frio sempre lhe deixava com um pouco de sono. Coçou os olhos e correu a atender a porta.

Do lado de fora, Arthur esperava pacientemente, mesmo que com um pouco de frio. Seu país também era frio, e já estava acostumado com as chuvas, mas no Japão estava um pouco mais – mas “Chrysanthemums don't like heat, Asa-san”, lembrou-se do que ele disse ao telefone.

Fora recebido com o doce sorriso de Kiku, e como sempre uma educada reverência. Sorriu também, e imitou a ação, fazendo o japonês rir levemente. Ele deu espaço e então adentrou a casa do oriental.

Tirou o cachecol, ficando com o mesmo em mãos. Kiku o conduziu para a sala, indicando para ele sentar-se.
Arthur ainda não havia visto um kotatsu, e não sabia como deveria sentar-se, então esperou o japonês ir primeiro. Ele ergueu o cobertor, se sentou colocando as pernas sob a mesa e cobriu o colo com o tecido, e então o inglês fez o mesmo.

O oriental ergueu um pouco o corpo, pegando uma das tigelas e serviu um pouco da sopa. Arthur havia sentido o cheiro assim que entrara, mas não deu uma de curioso e resistiu a procurar de onde vinha.
Pegou o recipiente depois que a comida fora posta ali, e agradeceu. Kiku serviu-se em seguida.

Levou a colher até a comida, então reparando que era uma sopa de vegetais e macarrão, não o yakisoba ou missoshiro que já havia provado antes, uma sopa comum para os ocidentais. Kiku havia feito só por sua causa? ... Sorriu, mesmo que achasse que não precisava.

Kiku disse o típico “itadakimasu”, e o europeu tentou fazer o mesmo, ainda que se enrolasse nas palavras da língua do outro.

Arthur pegou uma colherada e levou a boca, animadamente, só antes sendo parado pelo japonês.
- Hm, seria melhor soprar, fiz há pouco tempo. Deve estar bem quente.

- Ah, sim. Thank you. - Fez o que lhe fora sugerido, assim reparando que o macarrão era letras e números. Um tanto infantil, pensou dirigindo o olhar ao outro, que assoprava o alimento na própria colher, mas não questionou.

Os dois então comeram calmamente e em silêncio.
Kiku servira um pouco de chá para ambos, e fora elogiado pela comida. Sorriu sem jeito, e agradeceu.

Arthur soprava as colheradas, e apreciava bem cada uma delas. Havia sido feita por Kiku e só por isso já seria especial, mas o outro também cozinhava muito bem – isso lhe fazia sentir-se um pouco envergonhado de sua própria culinária, mas não ficou a pensar nisto.

Sem que o inglês percebesse, ocupado demais com pensamentos carinhosos e comendo, o japonês acabou. Enquanto comia reservara algumas letras no canto da tigela - com a colher arrumou as letras agora no centro, ficando corado enquanto fazia isso.

- Arthur-san. - Chamou a atenção dele, com a voz um pouco mais baixa que o normal.

- Hm? - Terminou de engolir o que tinha na boca, e o olhou.

Kiku esticou sua tigela, e Arthur espichou o corpo para olhar o que ele queria lhe mostrar. Com o macarrão estava escrito “Kiku S2 Arthur”.