A Inocência do Mau escrita por Xyah


Capítulo 3
A noite


Notas iniciais do capítulo

Por a Noite tudo se torna muito interessante!!!!!!!



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A noite

-Sayaka onde você se meteu!!! Você quer sua mãe me mande embora?

Era Laura enfurecida, estava tão vermelha e que parecia que ia estourar, seus olhos azuis lacrimejavam de tanta preocupação, seus cabelos lisos e negros balançavam com a brisa que soprava sobre aquele lugar, suas mãos suavam frio, parecia estar morta.

-Mas... Mas.

Ela se aproximou e, como acontecera com minha mãe, não notou a presença daquele senhor de imediato. Viu-me primeiro, depois ao Simon, e somente quando estava já bem próxima de mim, ela o percebeu ao meu lado, tomou um susto, ao qual disfarçou mal, e o cumprimentou, agradecendo sem convicção por ele ter cuidado de  mim. Depois me passou aquela bronca por eu ter saído correndo de perto dela, que ela tinha passado o maior susto.

-Obrigado Senhor por ter cuidado dela.

-Não há de que senhorita.

-Nem mais e nem menos mocinha, cemitério não é lugar para você, olhe Sayaka nada de dizer para sua mãe que você esteve aqui.

-E você cachorrinho, vê se me dê menos trabalho.

Enquanto Laura desabafava sua ansiedade e raiva, eu não conseguia tirar os olhos daquele senhor, aquele olhar que parecia ler meus pensamentos, um olhar cheio de ternura e mistérios.

E por fim, me chamou para irmos até a praça para ver a chegada da procissão.

-O senhor não quer vir com a gente? – perguntei.

-Você sabe que não posso sair daqui, meu anjinho.

-Ah! O senhor é funcionário desse cemitério? – Perguntou Laura.

-Digamos que o que me liga a este lugar é bem mais que isso. – ele respondeu.

De repente aquele senhor se aproximou de mim, e acariciou os pelos de Simon, que não parava de latir, deu um sorriso para Laura e me disse:

-Vá minha menina, aqui realmente não é lugar para você, há uma festa linda acontecendo lá fora e você precisa aproveitar.

-Mas e o senhor? Porque não vem com a gente para conversamos e me explicar sobre esta festa?

-Minha querida, meu lugar é aqui, mais quando quiser falar comigo, estarei aqui te esperando.

Laura começou a me puxar pelo braço enquanto falava pelo celular com minha mãe. Eu então dei um tchau para o senhor e disse que voltaria sim. Mas algo me dizia que ele sabia que eu voltaria.

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Voltamos à festa, desta vez Simon não sairia mais do meu colo. Enquanto via toda aquela gente dançando, cantando e bebendo, tive a leve sensação de estar sendo observada. Olhei cuidadosamente para cada lado e para cada canto, tinha certeza que havia alguém se aproximando, quando voltei minhas atenções para dança que estava sendo apresentada, ouvi o meu nome, mais desta vez era diferente.

Uma voz de mulher me chamava. Olhei para Laura para ver se havia percebido também, mais ela não parava de falar no celular, porem desta vez era com Yan, seu namorado, que ficara em Tóquio. Observei atentamente e cada rosto em minha volta, será que fiquei tão impressionada com o ocorrido no cemitério que estava ouvindo coisas?!

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Já ia anoitecer fomos para casa. Chegando, enquanto me tranquei no quarto e me deitei, Laura dava instruções na cozinha para o jantar, e Simon se enfiou em baixo de minha cama, seu lugar favorito.

Olhei pela janela diretamente para aquele cemitério, o velho senhor não estava sentado em frente aos portões, o vento soprava bem forte a ponto de se ouvir seu som, triste e medonho.

Minha mente vagava a cada lápide que vi. Comecei a pensar sobre aquela moça da capela. “Como ela teria morrido?” Essa pergunta não saia da minha cabeça. “E toda aquela gente enterrada ali? Será que era toda sua família?” De repente vi um vulto pulando os muros do cemitério, será um ladrão. “Mas o que um ladrão faria no cemitério àquela hora da noite?”

Peguei meu casaco abri a porta e Simon veio comigo, descemos as escadas e fomos até a cozinha, quando cheguei encontrei Laura escrevendo algo em um papel que discretamente escondeu quando entrei no recinto.

-Laura, vem comigo até a sala? Preciso falar com você.

Laura me olhou com ar de preocupação, se levantou da cadeira e disse a cozinheira:

-Termine o jantar, a Senhor Nakoru não demora a chegar.

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Então Laura pegou na minha mão e fomos para a sala. Como estava agradável o clima da sala, quente e acolhedor! Tudo por causa do aquecedor que mamãe comprara. Sentei-me no carpete, Laura na poltrona, Simon ficou no meu colo. Um silêncio invadiu minha alma, um receio de contar o que vi. Será que ela me entenderia?

-Então, Sayaka, o que você quer? Interrompeu meus pensamentos com um sorriso doce nos lábios.

-Bem, Laura, estava observando lá fora pela janela e vi um vulto pulando os muros do cemitério. Será um ladrão? Pensei que podíamos chamar a polícia afinal aquele senhor está lá sozinho.

-Sayaka, mau chegamos aqui, não podemos nos meter com essa gente, a única pessoa que conhece bem esse povo é sua mãe, nunca estivemos aqui e não conhecemos os costumes dessa gente.

-Mas Laura, e se o senhor estiver precisando de ajuda?

-E quem somos nós, Sam, para ajudarmos alguém a essa hora da noite?

Via que essa conversa não me levaria a nada, disse a Laura que ficaria no quarto de mamãe até terminarem o jantar, ela disse para não desarrumar o quarto, concordei e fui com o Simon para lá.

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Deitei na cama de casal de mamãe e recostei minha cabeça no seu travesseiro favorito, de plumas de ganso, liguei o pc dela, mas não tinha a senha de acesso, então, fiquei pensando quem poderia querer invadir o cemitério. Certamente, amanhã iria até lá.

Comecei adormecer e sonhei. Estava sentada em frente de casa e vi nitidamente. Peraí! Não era um homem! Era uma mulher pulando o muro do cemitério! Mas, o que ela quer?

-Hei! Peraí! Quero te perguntar uma coisa! Não foge!

Entrei rapidamente pelos portões do cemitério, e me dirigi para a capela em que estive mais cedo. “Ela sumiu... Droga!” Pensei.

- SAYAKA!

-Quem! Está ai...

-Me ajude! Estou aqui!

-Fantasmaaaaa!!!!!!

   

-Não, Sayaka! Sou eu, não corra!

Corri muito em direção a saída do cemitério. Então, parei bruscamente! Afinal, aquela voz feminina era exatamente a mesma voz de mais cedo na festa. Então voltei até a porta daquela capela que estava arrombada pelo chute com que o senhor a abriu mais cedo.

Estava tão escuro!  Comecei a procurar algo no meio daquele escuro todo. Tentei achar algo de novo, e só então percebi que havia perdido meu leque ali, mais cedo, quando visitei o lugar mais cedo. Abaixei para pegá-lo quando de repente:

-Sayaka, acorde! O jantar está pronto!

-Aiiiiiii!!!!!!!!!

-Que é isso, meu bem? Teve um pesadelo, é? Calma... A mamãe está aqui.

Ai! Que alivio! Era a mamãe, me acordando para jantar. Tive a sensação que havia dormindo horas. Transpirei tanto que tive tomar banho antes de jantar. Mamãe me deu banho enquanto me dizia que em duas semanas partiríamos para Tóquio novamente. Mas que logo voltaríamos para cá, afinal os negócios aqui estavam caminhando muito bem, e ela queria supervisionar tudo. Dirigimo-nos para a sala de jantar, e comemos lulas á pururuca, um prato francês, e Simon comeu sua ração.

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Fui até a janela de meu quarto após o jantar e olhei novamente em direção ao cemitério. Parecia tudo tranqüilo. Deitei-me em minha cama para dormir, mais a ansiedade não me deixava adormecer. Comecei ler “A Bíblia para Crianças”, não me satisfazia. Ouvi a voz novamente: “Na estante da sala”, a voz repetia, mas já não me metia tanto medo. Já estava me acostumando àquelas coisas estranhas que estavam me acontecendo a todo o momento naquele lugar. Resolvi obedecer ao que a voz dizia, e fui silenciosamente até a sala, e quando parei diante da estante, vi, aberta nas paginas finais, uma outra bíblia, a bíblia que pertencia ao papai, em uma das prateleiras mais baixas da estante. Estava aberta em uma das páginas do livro de apocalipse. Subi para o meu quarto ainda mais silenciosamente disposta a ler aquelas paginas, e as marcava com os dedinhos, impedindo que o espesso livro se fechasse e a página se perdesse. Comecei então a tentar a difícil leitura, mas adormeci com a bíblia sob o meu peito. Sentia-me segura perto dela.


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Notas finais do capítulo

Galera conto com a opnião de vocês, espero que curtam ai.abçs



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