Capítulo 33

Oh no, I see

Ah não, eu vejo

The spider web, and it's me in the middle

Uma teia de aranha, e sou eu no meio

So I twist and turn

Então eu me contorço e viro

But here am I in my little bubble

Mas aqui estou em minha pequena bolha

Trouble - Coldplay

Travis POV

–Até amanhã, Trav. – Judy e Beatrice, garotas um ano mais velhas que eu, se despediram. Meu rosto deveria estar mais vermelho do que um tomate.

–Até amanhã, Trav... – a voz de chacota era de minha irmã, Ella, que apareceu atrás de mim. Bree, ao meu lado, deu uma risadinha. – Meu irmão faz sucesso com as meninas!

–Cale a boca, pirralha. – me defendi e cruzei os braços com uma carranca.

–Vou contar tudo pra mamãe! – Ella ameaçou. Abri minha boca em crescente indignação.

–Ah, mas você não vai mesmo!

Eu voava pra cima de Ella quando Bree se colocou no meio de nós dois.

–A inspetora Carmichael está vindo. – ela sussurrou para que somente minha irmã e eu pudéssemos ouvir.

A velha reclamona Laudeline Carmichael passou por nós com um sorriso falso. Ela não tinha nada pra fazer além de pegar no nosso pé.

Tenho pra mim que, na hora da saída, ela entrava em depressão profunda até o dia seguinte começar.

Ah, e no fim de semana, ela anotava tudo o que ia aprontar com a gente na segunda-feira.

É, acho que só podia ser isso.

–Vocês não tem jeito mesmo, né? – Bree me despertou de meus pensamentos sobre a bruxa assim que ela tomou distância segura.

–Ela começou, você viu! – arqueei uma sobrancelha e Ella franziu o cenho.

–Não comecei nada!

–Começou sim!

–Não comecei!

–Começou ou deixou de começar o quê?! – Ella e eu arregalamos os olhos e nos viramos.

–Mãe? – estranhei. – Daphne!

–Que foi? – ela perguntou. – Não podemos buscar vocês na escola?

–Ah. – a decepção no rosto de Ella era óbvia. Olhei para o lado e lá estava Bree com um bico também, apesar de brincar com a mãozinha de minha prima, que estava no colo da minha mãe.

–Oi, senhora Hale... – ela cumprimentou minha mãe educadamente, mas não fez questão de demonstrar nenhuma felicidade em vê-la ali.

Eu também tinha que confessar que não queria ir embora com a minha mãe.

–Só Rosalie, querida. Você não precisa ser formal comigo. – minha mãe a corrigiu. – Vamos, crianças? Vou deixar você em casa também, Bree.

–Ah, mãe. – Ella bateu os pezinhos e minha mãe a olhou com cara de brava. Será que minha irmã não tinha aprendido que nossa mãe detestava quando um de nós dois fazia aquilo?!

Ella sorriu, sem graça, quando percebeu a irritação de nossa mãe.

–Desculpe. – ela pediu baixinho. – Mas, mãe, eu estava pensando... A gente não pode ficar com a Bree de novo?

–É, mãe. – dei força a minha irmã. – É legal quando ficamos juntos.

É claro que eu dizia aquilo fazendo menção à minha melhor amiga. Minha irmã era uma chata.

–Já abusei demais da boa vontade da Susan. – minha mãe suspirou. – Mas se não tiver problema com ela – ela olhou pra Bree – você pode ficar lá em casa dessa vez. O que acha?

Bree sorriu satisfeita e então entramos em um táxi. Para minha surpresa, minha mãe não estava dirigindo.

Alice POV

–Cadê a Rose? – perguntei para Catherine depois de ver Jasper de novo, dessa vez durante o horário de visitas.

Minha cunhada não estava mais “de castigo” onde minha sogra a deixara.

–Ela pegou a Daphne e foi buscar as crianças na escola. Vão todos pra casa dela. – Catherine disse aparentemente descontente. – Por mim ela ficaria ao alcance dos meus olhos o dia todo, mas você sabe como ela é, né?

–Sei. – sorri, solícita. – Mas pode ficar tranquila. Do jeito dela, ela sabe se cuidar. A prova são dois filhos andando por aí, certo?

Catherine riu.

–Você tem razão. – ela teve que concordar. – Mas levando em conta que um deles sofreu um acidente de carro no ano passado...

–As coisas estavam diferentes. – interrompi-a, deixando claro. – Rosalie mudou. E já naquela época, o atropelamento de Ella foi um acidente. Não foi culpa de ninguém.

Catherine concordou de novo e começou a massagear as têmporas. Então, depois de um silêncio de alguns minutos, seu celular tocou.

–É o Bill. – ela disse antes de atender a ligação. – Oi, querido.

Gostaria de ouvir o que ele falava do outro lado da linha, mas, por enquanto, tinha que me contentar com as reações de Catherine. Nesse momento, ela parecia aterrorizada; o que automaticamente fez meu coração começar a bater descompassadamente.

Depois de alguns minutos, enfim, a ligação foi encerrada.

–A polícia pegou os ladrões. – ela contou antes que eu dissesse qualquer coisa. – Só um fugiu. – ela suspirou pesadamente.

–Quem fugiu, Catherine?

–Laurent. – disse. Ela ainda parecia assustada, mas eu não entendi o que aquilo significava. Era alguém que já conhecíamos?

–E quem é esse? – dei voz à minha dúvida. Ela respirou fundo e então disse de uma só vez:

–Um antigo cúmplice de James.