“Não fazemos coisas erradas. Só queremos cuidar de nós mesmas”

 As três meninas subiram a bordo em horários diferentes. Se uma fosse pega, duas ainda continuariam aquela tarefa. Foi um pouco surpreendente, pois nenhum aeroporto estava cercado por policiais ou agentes. Burrice ou só uma estratégia daquele grupo de espertalhões da FBI? Ah, aquele setor maldito! Quantas más lembranças, quando passados mal apagados. Mas agora não era hora de pensar naqueles cinco caras. Não era hora de pensar em nada fora daquela tarefa. A maior, mais valiosa e mais perigosa que já tiveram.

 Uma hora de trinta e seis minutos da madrugada. O inverno de Seoul era congelante, mas ao mesmo tempo aconchegante. A última passageira havia desembarcado, com seus 1,62 de altura e cabelos cor de chocolate caindo como cascata sobre sua cintura. Estava de óculos escuros e um sobretudo preto. Os barulhos que seus passos faziam até a saída combinada eram breves e apressados. Estava a dezessete metros daquele portão, até que se viu num ambiente com pelo menos dez agentes barrando as saídas. Não só isso, havia agentes por todo o aeroporto. Talvez não tivessem agentes na área de desembarque para não levantar suspeitas. Ou distração. Mas como as outras duas conseguiram passar? Em um ato impulsivo, a moça foi ao sanitário mais próximo, discando com extrema rapidez:

 — Estou cercada por eles.

 — Sabemos. Vá para o lugar de emergência.

 Logo depois jogou o celular descartável no lixo.

 O lugar de emergência. O lugar onde sempre compravam sucos.

 Chegando lá, encontrou duas meninas quase que ocultas, sentadas em uma mesa circular.

 — O que fazemos, CL? — códigos. Códigos eram essenciais.

 — Plano de emergência. Estamos com tudo preparado.

 E com uma sincronia impressionante, as quatro se levantaram e se dirigiram para os postos combinados.

 Quatro bombas de fumaça preta foram instaladas em latas de lixo em pontos estratégicos do aeroporto. E em três minutos, uma cortina preta dominou todo o aeroporto enquanto quatro garotas se rastejavam pelos dutos de ar em direção à saída mais deserta.

 Viu-se um aglomerado maior de agentes apontando armas para todos os lados, distraídos pela possível escapada daquelas criminosas. Mas elas já estavam bem longe, na saída oposta, dentro de uma mini van preta que as conduzia para um local mais secreto.

 — Estão com a mala? — a pergunta feita pela motorista (uma morena de cabelos curtos) quase saiu como um sussurro.

 — Positivo. — e a ruiva começou a discutir aquela ocorrência, alternando palavras com gole d’água — Devem ter descoberto nosso ponto de encontro, então foi mais fácil interceptar um aeroporto do que mobilizar vários homens para cercas todas as rotas de saída da Inglaterra. Não duvido muito daquele setor. — ela falava com um ódio pouco perceptível.

 — Também não duvido. — a loira disse — Mas também não acreditei que eram tão incompetentes para nos deixarem escapar tão fácil. 

Estava silencioso em Seoul.

 E de repente um tiro. Um tiro bem alto que quebrou o vidro do carro.

 — Merda! — a morena disse, agarrando suas duas pistolas de estimação, dando vários disparos consecutivos.

 — Minzy, mude a rota para o local de emergência, rápido!.

 E o carro estava a 120 km por hora. E não tão longe dali estava o carro dos agentes daquele setor.

 Estavam a 500 metros do local e de repente van desceu morro abaixo, dando várias voltas e incendiando.

 — Que merda foi essa que aconteceu? — os agentes desceram do carro, avistando um ponto flamejante bem embaixo deles.