2000 Miles Away. escrita por biamcr_


Capítulo 8
"Estou bêbado, eu suponho."


Notas iniciais do capítulo

Eu ia entrar pra responder os reviews de vocês e postar esse capítulo, mas teve uma tempestade aqui e ficou sem internet até agora :/



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– Acorde, criança. Já está amanhecendo e devemos voltar. – Disse uma voz próxima a mim.

– Só mais um minuto, por favor. – Pedi com a voz difícil de se entender, graças ao sono. Até que percebi que não podia ter ninguém me acordando, pois ninguém tinha as chaves do meu apartamento. – Espera aí, mas que porra...?

– Levante-se! Você tem escola e sei lá que outras porras hoje. E me lembre de nunca mais dar álcool para você.

Ao terminar a frase, ele saiu pela porta de madeira localizada perto ao sofá em que eu me encontrava, deixando-a entreaberta.

Levantei-me e, ainda coçando os olhos, olhei à minha volta. Era uma casa simples, com uma sala que dividia espaço com a cozinha. As paredes, há muito pintadas de vermelho, agora tinham manchas e rachaduras, havia até uma marca de um possível vazamento de água. Logo abaixo do sofá, muitas garrafas vazias estavam jogadas ao redor do chão, perto de uma caixa de pizza.

Seguindo seus passos, saí da casa. Não tinha jardim, mas ficava próxima a um lago muito bonito. O carro de Gerard encontrava-se parado na estrada. Ao entrar, percebi que minha mochila estava jogada no bando de trás do carro.

– Que lugar é esse? – Perguntei, enquanto fechava a porta do carro e bocejava.

– É a minha casa. – Respondeu Gerard. – Era dos meus pais, mas, quando foram embora, me deixaram as chaves e pediram para eu vender. Espero que Michael não sabia que eu não pretendo vendê-la.

– Como viemos parar aqui? O que aconteceu na noite passada?

– Nada, criança. Eu não sou um pedófilo. – Disse ele, sarcástico. – Estávamos andando por aí e conversando, então comprei bebidas e viemos para cá. Você bebeu demais e dormiu.

Enquanto isso, eu observava o que se passava pela janela. Muitas árvores e flores faziam o lugar belo. No horizonte, podia-se ver o sol nascendo.

Gerard parar em um posto de gasolina de beira de estrada e apenas me dissera para esperar no carro. Enquanto isso, eu continuava a observar o céu perder seu tom azulado, agora tornando-se meio alaranjado.

– É lindo, não é? – Comentou Gerard, dando-me um susto pela sua entrada inesperada. – Gosto de acordar cedo para ver o amanhecer.

Ele usava as mesmas roupas do dia anterior, junto de óculos escuros. Trazia consigo dois copos de café, um pacotinho de Doritos e mais algumas bebidas, que jogou no banco de trás do carro, junto à minha mochila.

– Pra quê isso aí? – Perguntei, apontando para as garrafas.

– Ah, nada. – Respondeu malicioso, colocando a chave no carro e ligando-o.

Observei-o enquanto dirigia. Sempre exibindo um sorriso malicioso de canto, seus olhos verdes agora escondidos pelos óculos, seus cabelos negros que batiam em seu rosto... E suas típicas roupsa pretas. Para uns, uma combinação sombria e até um tanto emo. Mas, para mim, não. Agora eu já via além de suas roupas pretas, dos olhos perfeitos e do sorriso malicioso. Eu via ele, bem do jeito que ele era.

– Vai querer que eu te deixe em casa, criança? – Perguntou, tirando-me de meus pensamentos. Porém, não respondi. Ele sabia que esse apelido ridículo me irritava pra caralho. – OK. Se vai ficar de besteira, vou direto para a minha casa, e lá você pede carona para o meu irmão.

– Tudo bem, desde que você não me chame mais de criança. – Disse eu, seco.

– OK, pequeno. Assim está bom para você?

Não pude conter um sorriso, o qual dei um jeito de esconder rapidamente. "Pequeno" era um apelido fofo, afinal. E era melhor que criança.

Alguns minutos depois, o carro parou. Gerard saiu, e pude ver que estávamos em frente ao meu prédio.

A porta do meu lado do carro foi aberta bruscamente, revelando um Gerard apressado que segurava minha mochila.

– Espera, você não disse que...? – Comecei, confuso, a perguntar, mas fui logo interrompido.

– Sem perguntas. Pegue sua mochila e vá dormir, você está com sono. Desligue todos os telefones e ignore se o meu irmão babaca tentar procurá-lo.

Ele disse tudo muito rápido, deixando-me mais confuso ainda.

– E, Frank, - Continuou, enquanto dirigia-se ao carro – Fique bem e não se preocupe. – E, com isso, foi embora.

Me dirigi ao prédio me perguntando que porra fora aquela.

Percebi que ele estava muito apressado, como se estivesse atrasado para algum compromisso. Mas ele se preocupou comigo, ele me disse para ficar bem. A única coisa que a minha mente demorava a processar era que infernos Mikey tinha a ver com tudo isso. "Talvez seja ciúmes", eu pensei, sorrindo com o pensamento do impossível.

Quando cheguei ao meu apartamento, a primeira coisa que fiz foi me jogar na cama e dormir.

– Porra, mas que merda! – Gritei, ao acordar, com barulho de alguma porra apitando. Joguei o despertador no chão, mas não obtive sucesso parando o barulho, pois ele continuara.

Levantei-me da cama, à procura da desgraça que continuara a irritar-me.

Fui até o celular, visualizando a mensagem na tela "Duas chamadas perdidas: Linda e Mikey."

Olhei para o grande relógio na parede: 14:30.

Considerei qual ligação retornar; meus pais só iriam me encher o saco e perguntar porque não estava na escola.

Ignorando o aviso dado por Gerard mais cedo, disquei o número de Mikey e iniciei a ligação.

– Hm, alô? Você me ligou, Mikey? – Perguntei, sonolento, jogando-me no sofá.

– Frank? Está em casa? Está ocupado? – Ele perguntou, apressado e preocupado.

– Estou sim. Hm, Mikey, você está bem?

– Vista-se e me espere em frente ao prédio. Te explico tudo quando chegar aí, o sinal não é muito bom aqui no hospital. – E, com isso, desligou a ligação.

Caralho! Hospital?

Corri para o quarto e troquei rapidamente de roupa, peguei meu celular e saí correndo para onde combinei de esperar Mikey, tentando não criar ligação entre as bebidas de Gerard e o fato de Mikey estar em um hospital.

Logo que saí do prédio, pude perceber um carro preto virando a esquina em alta velocidade. Era o carro de Gerard.

– O que aconteceu? – Perguntei, logo que entrei no carro.

– Gerard teve uma overdose. Sabe algo sobre isso, Frank? Ele estava com você, não estava?

– Saímos ontem à noite e bebemos um pouco, mas depois ele me disse para ignorar suas ligações e saiu apressado. Tinha algumas bebidas no carro e... – Eu suava frio e gaguejava bastante. – Porra, Mikey, como ele está?

– Está em coma alcoólico, Frank. Não é a primeira vez que isso acontece, mas os médicos disseram que, dessa vez, o nível de álcool no sangue dele é bem mais elevado. – Concluiu ele, estacionando o carro em frente ao hospital.

Saímos correndo para dentro do lugar, quase sendo parados por um guarda que alegava que não podíamos entrar agora.

– Devem ser os familiares de Gerard Arthur Way, certo? Apenas familiares podem obter informações sobre os pacientes. – Disse um senhor de cabelos e barbas bem brancos, da mesma cor que o jaleco que usava. Um crachá informava-nos que se tratava do médico. – O que vocês são dele?

– Eu sou irmão. – Disse Mikey muito rápido. O velho senhor então olhou para mim, com as sobrancelhas erguidas, num tom questionador. – E ele é... noivo.

Ao ouvir isso, o médico ficou um pouco constrangido e gaguejou um "Ok, então". Mikey me olhou com aquele olhar que melhores amigos trocam quando se conhecem há muito tempo e sabem todos os segredos um do outro. Enquanto isso, um tom avermelhado disputava lugar no meu rosto com um sorriso bobo.

Entramos pelo longo corredor, parando em frente ao quarto 402, onde uma enfermeira postava-se à porta, com uma prancheta em suas mãos.

Gerard Arthur Way, deixe-me ver... – Disse ela, olhando atentamente às anotações que segurava. – Ah, sim, overdose. Ele está em coma e ainda não responde aos sinais, dando a entender que está em um coma profundo.

Enquanto Mikey continuava a conversar com a moça, aproximei-me de um vidro que ficava ali perto. Do outro lado, havia uma sala com tudo muito branco. Algumas camas estavam dispostas no local, todas lotadas. Bem no canto, com o rosto virado, encontrava-se Gerard. Lágrimas se formaram nos meus olhos com a cena.

O sorriso bobo já havia sumido do meu rosto há algum tempo, e até mesmo as memórias de Mikey dizendo que Gerard e eu namorávamos pareciam bem distantes.

Ele estava em coma, ele estava mal e eu poderia ter impedido-o se tivesse tirado as garrafas do carro.


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Notas finais do capítulo

Eu ia deixar o suspense e só postar a parte que o Mikey explica tudo pro Frank no outro capítulo, mas não sou tão má u_u
E só quero avisar que a fic é bem curta e vai ter só mais uns 5 capítulos, OK?



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