"Olá, Gerard. Bom, se você chegar a ler esta carta, significa que eu não a queimei ou sei lá o que, e que o que eu queria deu certo.

Sabe, Gerard, muitas vezes as coisas mudam. E as pessoas também. 

Mas, outras vezes, isso não acontece.

Por mais que você deseje isso do fundo do seu coração, elas continuam as mesmas. Continuam te rejeitando e te tratando mal, mesmo que você as ame.

E foi isso que aconteceu comigo.

Eu nunca imaginei que isso aconteceria, realmente. E tenho que admitir que, até certo ponto, foi bom. Eu nunca imaginei que sairia dos braços da minha família e das cidades grandes pra morar em uma cidadezinha de Jersey. Eu nunca imaginei que conheceria seu irmão. Eu nunca imaginei que conheceria você.

E você, Gerard, mudou tudo. Você mudou meu jeito de pensar e ver o mundo. Quando eu cheguei, eu era só uma criança que fugia do amor. E depois? Ah, eu era um adolescente apaixonado por um psicopata.

Você me diria que eu fiz bem, que não deveria ter fugido do amor por tanto tempo... Mas, sinceramente? Eu acho que fiz bem. Eu estava completamente bem antes de tudo. Era só acontecer um problema que eu corria pro carro do meu pai e mudávamos de cidade rapidamente. Então, eu começava uma vida nova.

Com o passar desses anos, eu fui moldando a minha vida de acordo com o que eu pensava sobre as coisas e as pessoas. Mas você mudou isso de uma hora para outra. Eu não queria me apaixonar, não mesmo.

Mas eu me apaixonei.

E pela única pessoa que eu não deveria. Você é inteligente, Gerard. Eu amo o jeito que você fala comigo quando está de bom humor ou tentando me mostrar o seu ponto de vista sobre as coisas.

Mas isso não é o suficiente.

Falar bem com você só quando você está de bom humor não é suficiente pra mim. Eu preciso de você todos os dias.

Eu preciso que você seja legal comigo. Mesmo que seja entrando em cemitérios e bebendo, ou até fugindo de um hospital.

Mas eu percebi que, mesmo precisando de você, eu nunca vou te perdoar. Você se tornou em alguém que eu nunca achei que seria capaz de se tornar. Você matou alguém e, sinceramente, você me matou por dentro.

É por iso que te escrevo essa carta hoje. Espero que você esteja bem, e que a polícia não te pegue. Espero que consiga sair de todos esses problemas em que está e que você seja feliz.

Frank."

Gerard dobrou a carta de Frank e segurou-a fortemente.

– Eu sou um idiota. – murmurou, enquanto guardava o papel no bolso da jaqueta e dava partida no carro.

Gerard sabia que tudo fora sua culpa. Ele sabia que Frank não esteva mais com ele... por causa dele mesmo. Ele sabia que havia machucado o garoto.

Por mais que ninguém percebesse, ele sabia.