2000 Miles Away. escrita por biamcr_


Capítulo 12
Me enterre em todas as minhas cores favoritas.


Notas iniciais do capítulo

É isso, pessoal, penúltimo capítulo. Espero que ninguém me mate depois de ler heheheheheheh
e sim, a fic é extremamente pequena ^^



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Gerard continuava a dirigir como um louco pela estrada, às vezes fazendo uma curva errada e voltando para refazê-la. Eu tentava questionar o que ele estava fazendo ou dizer que isso era loucura, mas ele sempre dizia que eu deveria calar a boca e deixar ele em paz, já que ele era acostumado com isso.

– Dá pra dizer aonde estamos indo ou você ta só enrolando para me fazer de idiota? – Perguntei, algum tempo depois. – Já vamos chegar no seu lugar super seguro? Isso já me cansou, Gerard.

– Espere, criança. Já estamos chegando. – Ele respondeu, ainda com um olhar focado na estrada.

Gerard parou o carro perto de um lugar escuro, onde só se podia ver mato e mais mato. Ele saiu do carro, carrengando tudo que lhe pertencia e fazendo um sinal para eu o seguir.

– Vamos nos esconder no mato? Isso é ridículo. – Eu disse, olhando para ele.

Ele não respondeu.

Andamos mais um pouco, saindo da estrada e andando por entre as árvores.

– Minha casa. – Ele respondeu simplesmente, olhando para a casinha que estava na sua frente.

– Aqui? Você ta brincando, Gerard? Vamos nos esconder na sua casa de beira de estrada? Isso é ridículo.

– Exatamente. – Ele respondeu. – Isso é óbvio e ridículo, então ninguém acharia que estariamos aqui. – Ele se virou e continuou o caminho. – Vamos.

Entramos na casa e a encontramos do mesmo jeito que estava desde a última vez que estivemos nela: toda bagunçada.

Me sentei no sofá, tentando entender tudo que se passara naquele dia. Era muita coisa para a minha mente processar ao mesmo tempo.

– Gerard, você não ficou com pena do cara? Isso é sério, eu ainda não entendi por que você fez aquilo.

Ele encontrava-se perto da janela, olhando para fora enquanto fumava um cigarro. Ao ouvir minha pergunta, ele apenas olhou-me nos olhos. Talvez nem ele mesmo soubesse a resposta.

Gerard soltou o cigarro com a maior calma do mundo, dando uma última olhada pela janela e suspirando.

– Sinto falta de quando eu era livre. – Sussurrou.

Ele andou até onde eu estava, sentando-se ao meu lado. Ele não parecia tão animado e malicioso como sempre; estava cansado. Eu podia ver nos seus olhos que algo o incomodava, mas ele não falaria.

– Já te expliquei, Frank, o mais esperto sobrevive. Ou eu fazia aquilo, ou seria preso. E, aliás, ele me fez uma promessa. Ele me prometeu que faria o que eu pedi, mas ele não o fez... E eu não suporto quando alguém quebra uma promessa. Se não vai fazer, não fale.

– Isso foi egoísta, Gerard. – Eu falei, olhando-o nos olhos. – Isso foi egoísta pra caralho. Você não pensou que esse cara poderia ter uma família, amigos ou até uma mulher que sentiria falta dele?

– Frank, outra vez eu vou ter que dizer: eu já te expliquei. Se o amavam, deveriam ter aproveitado o tempo que tinham com ele. E se ele gostasse da própria vida, teria a vivido. Eu, por exemplo, se morresse agora mesmo, morreria satifeito. Eu fiz o que queria e o que me deixava bem. E eu também não iria querer ninguém chorando por mim, pois isso significaria que eu deixei de fazer algo, deixei de fazer alguém ficar bem na minha presença. E outra que, como eu já disse, chorar não acorda uma pessoa morta.

– Gerard, eu... Eu não sei o que dizer. Eu não sei o que pensar, sinceramente.

– Eu sei que tudo é confuso pra você no começo. Comigo foi assim também. Mas você tem escolhas, Frank, eu não tive. – Ele desviou o meu olhar e começou a olhar para o nada. – Eu entrei nesse vida maldita porque eu era uma criança com mente fraca, então acabei gostando do perigo e comecei a me aventurar mais e mais. Agora sou assim. Mas você, Frank, pode sair daqui agora, avisar a polícia sobre tudo e voltar a viver normal. – Ele voltou a olhar nos meus olhos. – Mas não pense que eu vou com você. Eu não posso e, sinceramente, não quero. Eu gosto disso e espero viver assim até eu morrer. Só quero que saiba disso. – Completou, levando-se para tirar umas revistas do chão e colocá-las na mesa.

– Gerard, quando eu conheci você e o Mikey, pensei que seriamos amigos. Amigos de verdade, daqueles que se reunem para comer uma pizza e conversar sobre música ou qualquer besteira. Eu esperei uma vida normal. Mas o fato é que, depois disso, eu não posso simplesmente voltar atrás, chamar a polícia e viver normalmente. Nem o seu irmão. Seria bom se você voltasse pra lá comigo.

– De qualquer jeito, se você voltar, avise meu irmão que estou bem e diga que ele me esqueça, pois eu não volto mais. – Disse ele, ignorando completamente o que eu falei.

– Não me ignore, Gerard. – Eu disse.

– Há certas coisas na vida que é melhorar ignorar, Frank.

Então assim eu fiz, ignorei-o.

Tudo parecia tão confuso, realmente. E eu sabia que não conseguiria me acostumar como Gerard fez. Porque, porra, eu não tenho nada a ver com Gerard. Somos diferentes pra caralho.

– Está com fome, pequeno? – Ele perguntou, analisando a geladeira.

– Não, não estou. – Respondi.

– Então vamos dormir. Só tem um colchão e o sofá é duro pra caralho, então vamos ter que dormir juntos. – Ele disse, como se não houvesse nada de errado nisso.

Alguns minutos depois, após Gerard ter jogado o colchão no chão e alguns lensóis por cima, estávamos deitados. Lado a lado.

Naquele momento, tudo me voltou à mente. O fato de eu ter saído de Los Angeles esperando ter uma vida normal, sendo independente dos meus pais e cuidado da minha própria vida... Depois esperando ter uma amizade normal com Mikey, sem nenhuma frescura, apenas algumas reuniões entre amigos, às vezes. E depois de conhecer Gerard, esperei um relacionamento, sinceramente. Mas também um relacionamento normal, sem coisas idiotas e exageradas. Pois eu entendia ele, e ele me entendia. Nós meio que nos completávamos. Gerard, ao meu ver, era uma pessoa inteligente e talentosa, que, depois, se mostrou um assassino fodido e maluco.

E, porra, eu estava apaixonado por uma assassino. Eu o vi matando uma pessoa e, mesmo assim, eu o queria. Eu já não tinha mais medo de que ele pudesse me fazer me matar ou coisa assim, mesmo eu sabendo que isso poderia acontecer a qualquer minuto, mas o importante era estar com ele. E, sinceramente, se eu morresse com um tiro dado por ele, eu não morreria infeliz. Gerard me fez sentir vivo, e não teria problema nenhum se ele me deixasse morto.

Foi submerso nesses pensamentos que me levantei da cama. Gerard parecia já estar dormindo, e eu não queria acordá-lo.

Fui até a janela, que ainda estava aberta, e fiquei observando o céu.

Estava lindo.

A cor de azul escuro espalhava-se por todos os lados, enfeitado de lindas estrelas brilhantes. A lua estava lá, cheia. Enorme. O vento frio sobrava em meu rosto, dando-me um pouco de frio. Olhei de volta para dentro da casa, vendo que Gerard ainda estava dormindo. Perto dele, estava sua mochila.

Fui caminhando silenciosamente até lá, pegando a mochila e carregando-a até onde eu estava há alguns segundos.

Primeiro, considerei a opção de abri-la, só para ver o que Gerard carregara daquela casa em que estávamos. Depois, pensei que não era certo, que eu não deveria fazer isso.

Quando estava quase levando a mochila no lugar em que estava, lembrei-me que lá poderia ter algum cigarro ou algo que me ajudasse a me acalmar.

Voltei até onde estava, novamente.

Abri a mochila, vendo um maço de Marlboro vermelho junto com um isqueiro. Retirei o maço e o isqueiro e coloqueio-os sobre a janela.

Eu já havia pego o que eu procurava, sim, mas ainda queria procurar por algo que também me fosse útil na mochila.

A próxima coisa que vi foi um CD. Mellon Colie and the Infinite Sadness, Smashing Pumpkins. Peguei-o também, deixando próximo ao cigarro. Depois, alguns pacotes bem fechados com coisas dentro, junto de uma agulha. "Drogas", pensei, não ficando surpreso com isso. Abri um outro bolso que tinha lá, achando um pouco de dinheiro, mais cigarros e umas fotos.

Peguei as fotos. A primeira mostrava Mikey, com um baixo na mão, perto da mulher que vi no hospital. A segunda mostrava Gerard, um pouco mais novo, com uma garrafa de cerveja na mão. E assim era... Gerard bêbado, Gerard fumando, Gerard fazendo besteira e Gerard com cara de cu. Mas a última era diferente.

Sim, era um Gerard bêbado, mas não sozinho. Gerard e uma garota de cabelos escuros e maquiagem chamativa. Eles se beijavam e a gorta, só de saia e sutiã, mostrava o dedo do meio para a câmera.

E tinha mais delas. Gerard e a garota, se agarrando e quase fazendo sexo em frente a câmera.

"O que ele iria querer comigo quando tem todas essas putas para comer quando quiser?", pensei.

Quando fui guardar as fotos, percebi um objeto que não havia visto antes. A arma.

Nesse momento, uma voz na minha cabeça disse "Pegue-a". E eu a peguei. Nunca tinha segurado uma dessas antes, essa era a primeira vez. Peguei todos os objetos – o CD, os cigarros, as fotos e a arma, e me dirigi à porta da casa. No caminho, peguei também um dos cadernos de desenhos de Gerard, junto de um lápis.

Abri a porta da casa, sentando-me nos degraus. Eu havia trazido também um CD player, e liguei o CD do Smashing, tocando a primeira música.

O vento ainda sobrava fortemente no meu rosto.

Peguei o caderno e a caneta. Comecei a escrever, mesmo tudo ficando torto pela falta de linhas nas páginas. Eu estava desabafando tudo que eu sentia naquele papel, enquanto cantava as músicas junto. Quando terminei de escrever, começou a música Zero no CD.

Levantei de onde estava, indo até um armário que havia na sala. Deixei o papel que eu havia escrito dentro de uma gaveta e voltei para o lugar em que estava.

– I'm your lover, I'm your zero... – Eu cantava.

Peguei a arma e analisei-a. Seria tudo o que eu precisava, tudo que eu sempre tentei. Como seria morrer, afinal? Seria realmente como se você fosse ser feliz para sempre ao lado de um ser todo poderoso que reside nas núvens e que ninguém nunca viu? Será que você esqueceria todos os problemas? Ou será que iriamos para um lugar onde havia muito fogo, pecadores e um cara vermelho com chifres? Ou apenas seriamos enterrados em um cemitério qualquer, e todos nos esqueceriamos alguns anos depois?

Bom, eu não sabia, mas estava disposto a descobrir.

E eu estava cansado de toda a merda que estava acontecendo naquele momento.

Joguei fora o cigarro que se encontrava em meus lábios, e respirei fundo.

He's the one for me, he's all I really need, he's the one for me... He's my one and only. – Respirei fundo novamente. – Adeus, Gerard. Espero que não chore, pois não me trará de volta.

Atirei.


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Notas finais do capítulo

já comentei que sou uma pessoa má?
hehehehehhe
~fugindo das leitoras~