05 - Harry Potter e as Fadas Arrepiadas escrita por alinecarneirohp


Capítulo 18
DE DOR E DE SAUDADE




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  Na mesma noite que tudo aconteceu, Atlantis Fischer partiu de Hogwarts montado em sua vassoura e disposto a descobrir de qualquer forma onde fora parar Willy. Por algum motivo, a figura do bruxo sumindo no céu e o fato da cama de Willy e seu malão serem mantidos esperando por ela em seu dormitório na Sonserina trouxeram algum consolo ao coração de Harry. Muito mais que as fadinhas levitando ao seu redor o tempo todo, tentando incutir em sua cabeça pensamentos felizes, sem querer, ele se viu desejando ardentemente que elas fossem logo embora para seu mundo. O mesmo ocorreu com a garra. Harry entregou-a a Dumbledore pensando em não vê-la nunca mais.

            No dia seguinte, Rony e Hermione vieram vê-lo e ao bebê de Sheeba, ficando quietos ao lado dele, que cismava em pensamentos mudos. Repentinamente disse:

-         John Van Helsing foi embora?

-         Não – disse Rony – vai embora hoje à tarde.

-         Traga-o aqui, quero falar com ele.  – Rony saiu pelo corredor e Hermione olhou-o compadecida:

-         Eu sinto muito, Harry... justamente agora que vocês estavam se acertando.

-         Eu espero que ela volte logo.

-         Quem sabe ela não lhe manda uma coruja?

-         Se eu conheço Willy, assim que puder ela vai fugir... espero que Atlantis a encontre. – Nesse instante, Sheeba levantou-se da cama e veio até a cabeceira de Harry:

-         Harry, o que você fez com aquele gelo de confusão?

-         Guardei. Estou vendo o tempo que ele demora para derreter.

-         Pois jogue-o no lago de Hogwarts essa noite – Sheeba disse enquanto embalava Hope nos braços – eu quero ver seu futuro. Eu quero te ajudar a encontrá-la – Harry assentiu com a cabeça. E olhou para o nada novamente. Neste instante, John Van Helsing apareceu a porta, dizendo:

-         Alguém quer falar comigo? – Harry pediu que entrasse.

-         John – começou – quando é meia noite em Hogwarts, em que deserto do mundo o sol está se pondo?

-         É uma charada?

-         Não, fuso horário é coisa de trouxas... bruxos não sabem muito disso.

-         Bem Harry, eu acredito que quando é meia noite em Hogwarts, normalmente, nesta época do ano, o sol está se pondo na América, porque?

-         Porque se é assim Willy está num deserto na América.

-         Talvez não, afinal se eu entendo um pouquinho da cabeça de vocês, essa paisagem pode não ser a real. Mas se isso te serve de consolo, vou procurar Willy na América – John sorriu – Tudo para ver um cara legal sorrir – Harry deu um sorriso conformado.

            A cabeça de Sue apareceu na porta, ela parecia estar querendo arrastar alguém, ela sorria meio amarelo:

-         Oi! Viemos ver o bebê de Sheeba e dar uma forcinha para o Harry...

-         Como assim, viemos? – Perguntou Rony, já imaginando quem Sue tentava arrastar para o quarto à força. Ela deu um tranco arrastando para dentro da enfermaria a figura cabeluda e musculosa de Draco Malfoy, que vinha de cara amarrada. Ele aproximou-se de Sheeba e disse:

-         Belo bebê. Melhoras, Potter... podemos ir? – Sue olhou-o de cara feia, e ele ficou quieto, olhando para o chão.

-         Na verdade, sua visita alegra tanto a você quanto a mim – disse Harry contrariado, para quem a última pessoa no mundo para se partilhar um momento como aquele era Malfoy. Rony olhava para Draco aborrecido, Hermione nem isso.  Então Sue disse:

-         Na verdade, eu queria dizer Harry, que sinto muito pelo que aconteceu com Willy. Ela é muito legal, depois que a conheci passei a gostar muito dela. Eu acho que você e Draco deviam se conhecer melhor e veriam que não são tão horríveis quanto a imagem que um faz do outro. _ Harry e Draco deram-se um mútuo olhar de incredulidade.  – E eu queria agradecer a você, Rony, porque se não fosse a sua coruja, Draco e eu não poderíamos estar juntos – Draco e Rony coraram e ficaram embaraçados na mesma intensidade. Harry olhou o amigo, como quem cobra uma explicação.

-         Eu fiz isso apenas para que ele tivesse uma atuação decente na peça e porque não sou Sirius que pode quebrar o queixo do velho Malfoy – Sheeba sorriu discretamente e Draco baixou a cabeça.  – E porque Sue e uma garota muito legal, apesar de seu gosto duvidoso para namorados – Hermione deu um safanão nele.

-         Bem – começou Draco, na sua velha voz entediada – Na verdade eu não quero mais implicar com você, Potter... faz parte de meu projeto de me tornar uma pessoa melhor e..

            Draco não conseguiu dizer mais nada, porque, tirando Sue, todos gargalhavam. Mesmo num momento como aquele, uma tentativa de ser melhor partindo de Draco Malfoy parecia no mínimo piada.

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            Naquela noite, Harry se aproximou do lago escuro de Hogwarts e atirou nele o gelo de confusão. Sheeba lhe explicara que a água do lago de Hogwarts tinha a propriedade de desfazer instantaneamente um gelo de confusão. Harry atirou-o muito longe, mas percebeu que a água borbulhou ligeiramente e uma pequena nuvem de vapor saiu das bolhas. Ele estava livre para saber o futuro.

            Hagrid o levou a casa de Sheeba. O meio gigante também ficara arrasado com o desaparecimento de Willy.  Agora andava com o seburrêlho da menina, de quem estava cuidando desde o Natal, para todo lado. Sirius os recebeu com o dedo atravessado na boca, pedindo silêncio pois Hope estava dormindo. Sheeba estava sentada no sofá tornando cor-de-rosa uma montanha de casaquinhos e sapatos azuis. Era apenas a metade do que fizera, achava que como adorava azul, sua filha podia vestir-se bastante nesta cor.        Levantou-se e levou Harry para a sala de estudos. Queria falar com ele à sós. Pôs as mãos em torno do rosto de Harry, que lembrou-se da primeira vez que ele fizera isso, há apenas um ano atrás, mas que parecia ter se passado a séculos. Ele fechou os olhos e aguardou, começou a ouvir a voz suave de Sheeba:

-         Ano que vem vai ser o mais importante de nossas vidas, Harry... uma grande batalha se aproxima. Eles vão voltar, todos eles... livres todos de uma vez – Harry sentiu sua espinha gelar – eles vão libertar uma grande força maligna e vão marchar para Hogwarts, mas Dumbledore já sabe disso. E está totalmente preparado. Novamente você é uma das chaves, mas não estará sozinho... cinco notáveis estarão com você, e um deles perderá a vida. Há um renegado que irá nos ajudar. Ele vai dar a mão a você para derrubar o mestre das trevas... Todos que procurarem Willy passarão perto dela, mas não a encontrarão. Esse é seu destino, encontrá-la apenas depois de derrotar o mestre das trevas. – Harry abriu os olhos. Sheeba o encarava suavemente.

-         É tudo?

-         Não. É apenas o que você está preparado para saber.

-         Vai demorar para eu encontrá-la?

-         Mais que você gostaria e menos, muito menos que eu esperei por Sirius. – Ela sorriu – Paciência, Harry. Transforme essa dor em saudade e viva com ela. É difícil viver com dor, mas é suportável sentir saudade. – Harry engoliu em seco. Teria que retomar sua vida. Não poderia parar para esperar Willy... só mantendo sua vida no curso normal teria a chance de encontrá-la.

            Mais tarde, quando Harry e Hagrid foram embora, Sirius perguntou a Sheeba:

-         O que você viu?

-         Que devemos nos preparar para a batalha... e que ainda falta muito tempo para Harry encontrar Willy. – Sheeba sentiu um ligeiro tremor sacudir seu corpo e abraçou-se ao marido.

-         O que foi, Srª Black? O que você esta me escondendo?

-         Nada, meu amor... apenas senti medo do que está por vir... nada será igual depois do ano que vem. – ele a envolveu nos braços e disse, olhando nos seus olhos e sorrindo:

-         Se o ano passar e eu sobreviver, vamos ter outro filho. – Ela sorriu e o abraçou

-         Isso se eu também sobreviver – murmurou tristemente, para que ele não ouvisse.

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            No dia seguinte, num lago atrás de uma colina em Hogsmeade, um lago que Silvia Spring conhecia muito bem, pois caíra nele há muito tempo atrás, ela e Lupin estavam junto às fadas arrepiadas, que se despediam. Ela abriria o portal para elas, que haviam enfraquecido muito tentando enfrentar a fadasombra. Silvia retirou a flor grande de um sicômoro e a tornou prateada. Então, jogou-a na superfície do lago que se agitou serenamente. Onde caía a flor a água se abriu, deixando ver uma paisagem de colorido forte e brilhante. A paisagem do reino de Seelie. As fadas disseram a Silvia:

-         Venha, Silvia, venha! – Silvia sentiu-se tentada. Há alguns anos não visitava Seelie. Ela olhou para Lupin que a encarou seriamente:

-         Escolha – ele disse – ou você vai, ou você fica.

-         Porque não vamos juntos? Lá o seu problema não existiria...

-         Meu lugar é aqui, Silvia. Com ou sem meu problema. – Ele baixou os olhos – com ou sem você.

            Ela parou por um instante e lembrou-se de um dia, distante muitos anos no tempo deste mundo, mas para ela há apenas treze anos, em que ela, sem direito de escolha, fora separada de um grande amor. Não, agora não era um grande amor, mas era um amor seguro e tranqüilo... alguém em quem podia confiar. Ela olhou-o e sorriu:

-         Eu vou ficar por aqui... por enquanto  - sorriu para as fadas dando adeus e recolheu a flor, pondo-a nos cabelos.

-         Por enquanto? – Lupin franziu o cenho

-         É... por enquanto aqui está muito mais interessante que lá, ela disse, abraçando-o e oferecendo os lábios para que ele beijasse.

            Mais tarde, Harry acharia que passou o resto do semestre sob alguma espécie de anestesia. Tentou compartilhar com Rony de seu entusiasmo pelo filme que faria no verão, uma ficção baseada na vida de um importante bruxo do século XV, mas não conseguia propriamente entusiasmar-se com nada. Ganharam a taça de quadribol em cima da Lufa-Lufa simplesmente porque ele achou logo o pomo para ficar livre do jogo. Daria tudo para enfrentar Willy e perder, se pudesse tê-la de volta. Aplicou-se nos estudos por não ter nada melhor para fazer, e quando chegaram os resultados dos exames, surpreendeu-se ao ver que aquele fora seu melhor desempenho desde que entrara em Hogwarts.

            Draco Malfoy, que deixara de ser forte e cabeludo no fim da primavera, parecia uma espécie de contraponto de Harry, também muito concentrado em si mesmo. Rompera relações com Crabble e Goyle depois que eles haviam lhe negado suas corujas, e andava agora sozinho pelos corredores da Sonserina.  No dia que começaram os exames, entregou a Rony a sua coruja, dizendo que Sue voltaria para a América e no ano seguinte ele daria um jeito de contrabandear uma coruja para Hogwarts. Fez isso dando um tapinha nas costas de Rony, que logo depois pediu a Harry que batesse bastante no lugar para tirar aquela “essência de Draco Malfoy”.

            O namoro da Rony e Hermione seguia tranqüilo, assim como o de Neville com Gina. Estranhamente, o professor Snape havia parado de implicar com casais de namorados, e até melhorara um pouco em relação a Neville Longbotton. Mas continuava protegendo os alunos da Sonserina, senão não seria o velho Snape.

            Alguns dias antes de ir para a casa dos Dursleys, Harry decidiu conversar com o professor Dumbledore sobre uma coisa que o encucava há anos:

            - Professor... este é o último ano. O senhor poderia me explicar afinal de contas porque eu tenho que voltar para a casa dos Dursleys tendo Sirius e Sheeba aqui tão perto?

-         Não é por você, Harry. É por sua tia.

-         Por minha tia?

-         Exatamente... sua mãe não foi a única de sua família a receber uma carta de Hogwarts... sua tia Petúnia também recebeu uma.

-         O QUÊ?

-         Isso que você ouviu. Mas ela não quis vir. Sua mãe e ela haviam sido criada no mundo dos trouxas e sua tia tinha medo dos seus poderes, ela gostava de ser trouxa, não tinha entusiasmo nenhum pela magia. Mas isso se revelou um incômodo com o tempo. E ela assumiu com a irmã uma dívida.

-         Uma dívida?

-         Exatamente...quando se apaixonou por um jovem trouxa muito trouxa, Petúnia teve medo que seus poderes ligeiramente descontrolados, pois não estudara e vivia lutando contra eles, a denunciassem para o rapaz que tinha horror a pessoas “não normais”

-         Tio Válter! – Disse Harry. Dumbledore assentiu.

-         Então ela pediu ajuda para a irmã para fazer um feitiço que acaba de vez com os poderes de bruxa. Um feitiço complicado, parecido com o feitiço fidelius. E sua mãe foi escolhida para ser a portadora dos poderes perdidos de sua tia. Quando ela morreu, você herdou o compromisso. Ela deveria cuidar de você pela dívida com sua mãe, para poder manter estes poderes longe, caso contrário, eles retornariam todos para ela e muito mais descontrolados.

-         E quanto tempo ela tem que “cuidar” de mim? – Harry disse preocupado em ter que ficar até depois de Hogwarts com os tios

-         Bem, este feitiço dura 21 anos, depois os poderes se vão para sempre. Sua mãe o conjurou quatro anos antes de você nascer, quando estava no último ano aqui em Hogwarts, portanto, este é o último ano.

-         Depois estou livre?

-         E ela também – sorriu Dumbledore.

            Foi a melhor notícia que Harry recebeu no fim do semestre.

            Harry estaria mentindo se dissesse que não se divertiu com a festa do fim do semestre em Hogwarts. Apesar de Willy estar desaparecida, ele era jovem e estava vivo, aos poucos foi sentindo que se libertava da dor imobilizante e foi sentindo a esperança nas palavras de Sheeba o confortarem, se um dia ele iria encontrá-la, cada dia vivido era menos um dia sem ela. Não adiantava mais chorar. Perscrutando seu coração, veria que a dor ainda estava lá, bem no fundinho, mas agora se tornava uma grande saudade, saudade dos momentos que passara com Willy, que afinal de contas estava viva e em algum lugar, sentindo também saudade dele. Na véspera de partir de Hogwarts para suas últimas férias com os trouxas, Harry escondeu-se na capa de invisibilidade e foi sozinho para a sala de transformação, olhar para a lua crescente refletida no lago escuro de Hogwarts. Percebeu que finalmente perdera a capacidade de chorar por Willy. A dor se fora, mas seu coração estava cheio de saudade, que afinal era a mesma coisa que sentia por seus pais.

            Ainda conseguiu sorrir e brincar no expresso de Hogwarts, principalmente com Rony, que estava indignado com Hermione por ter querido passar pelo menos parte da viagem no vagão dos monitores:

-         Quando finalmente Percy resolve marcar o seu casamento e eu penso que vou me livrar dele, arranjo uma namorada Percy... a vida não é fácil...

            Olhou a plataforma 9 ½ lembrando-se que aquela era uma das últimas vezes que desembarcaria do expresso de Hogwarts, e mesmo tendo mais um ano pela frente, sentiu saudades da escola e de tudo que vivera lá.

            Ao chegar na casa dos trouxas, correu para seu quarto e pôs na mesa de cabeceira um porta retrato com uma foto: a foto que Colin Creevey tirara na noite em que Willy desaparecera. Ela estava linda lhe acenava. Era engraçado ver a si próprio acenando timidamente também. Acariciou o rosto dela na foto pensando: “Onde você está, Willy?”

            Distante, muito distante dali, Mina Moore levantou os olhos de seu dever de férias da escola comunal de magia Desert Witch. Olhou pela janela o sol da tarde que começava, sentindo uma nostalgia que não sabia de onde vinha. Ficou uns minutos assim até que sacudiu a cabeça e resolveu retornar ao dever. Olhou exasperada para o pergaminho ao notar que novamente, sem querer estragara o dever desenhando sobre ele um raio.

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Porque ela fez isso? Porque separou Harry de seu grande amor? Ela não deve gostar da gente mesmo, né?

Calma, gente, não fiquem zangados... um dia eles vão se encontrar... um dia

Mas antes, ele vai reencontrar os errantes.

E só mais uma coisinha... quem serão os cinco notáveis?

fim


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