Behind Your Soul escrita por Bia_Felix


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oiii pessoas que eu amo muito *-*
como vão vocês?!
E essas férias hein?!
eu não gosto dessa epoca de ano. u.u todo mundo viaja e deixa os leitores aqui, loucos para ler caps novos. u.u
mas eu não vou viajar o/
então aqui está mais um cap para vcs
espero que gostem. nos vemos lá embaixo



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Na luz do sol, Edward era chocante. Sua pele perfeitamente lisa literalmente faiscava como se tivesse milhares de pequenos diamantes incrustados em sua pele. Não era uma coisa que se pudesse acostumar. Era lindo.

Estávamos agora sentados na campina, olhando um nos olhos do outro, esperando quem romperia o silêncio. Ele suspirou e deitou-se na relva repleta de flores silvestres. Hesitante, como sempre que ele desaparecesse como uma miragem – lindo demais para ser real –, estendi um dedo e afaguei as costas de sua mão faiscante, lisa como cetim, dura como mármore e fria como gelo.

Ele não se mexeu, embora um meio sorriso brincasse em seu rosto. Aproximei-me mais um pouco, agora com a mão estendida para acompanhar os contornos de seu braço perfeitamente definido com a ponta dos dedos. Quando olhei para seu rosto deslumbrada, percebi que ele tinha aberto os olhos.

            “Importa-se?” perguntei temerosa.

            “Não... Eu não assusto você?” ele perguntou, seu rosto leve de novo.

            “Não mais do que de costume.” Eu disse, o que o fez sorrir largo, seus dentes cintilando no sol.

            Edward sentou, apoiando-se em uma mão, deixando a outra comigo.

            “Diga-me o que está pensando.” Perguntou – seus olhos dourados ficavam ainda mais lindos no sol, derretendo minha concentração. “Ainda me é estranho não saber.” Acrescentou. Abrindo um sorriso torto de matar, os dentes perfeitamente brancos lindos ao sol.

            Minha mente viajou longe. Não era justo! Como diabos ele fazia aquilo?!  Era só ele olhar para mim e sorrir daquele jeito e eu esquecia quem eu era. Sua expressão estava se tornando impaciente com a falta da minha resposta. Ergui um dedo, pedindo para esperar.

            “Dê-me um minuto para respirar, por favor.” Murmurei e ele ficou satisfeito que eu pretendesse responder. Parei por um momento, desviando os olhos dos seus e olhando ao redor – a campina, tão espetacular no início, perdia a beleza perto de sua magnificência.

            “Sabe... isso não é justo!” eu disse quase revoltada.

            “O que eu fiz?” perguntou divertido.

            “Você deveria parar de fazer isso com as pessoas... deixá-las tontas desse jeito.” Resmunguei, olhando em seu rosto e captando que sua expressão era de quem não entendia nada.   “Ah, qual é?! Você deve saber o efeito que causa nas pessoas... Como acha que elas fazem o que você quer assim tão rapidamente?” Perguntei.

            “Por que eu sou educado?!” Afirmou com um leve tom de questionamento – seu rosto me lembrava o de uma criança inocente.

            “Isso e esses seus olhos dourados... Não é justo!” eu disse fazendo um bico. Edward ainda tinha a expressão desentendida.

            “Eu deixo você tonta?” Inquiriu com os olhos brilhando.

            “Com muita frequência!” Corei ao admitir, e vi seu sorriso brotar. Suspirei.

            “Eu sinto muito... eu acho.” Ele parecia uma criança de novo.

            “Tudo bem...” Suspirei mais uma vez. “Você não tem culpa.”

            “O que está pensando, Bella?” ele repetiu, a voz encantadora levando meu olhar de volta a ele. Não era possível tamanha beleza em apenas uma pessoa!

            “Estou com medo.” Eu disse baixinho.

            “Não quero que sinta medo.” Ele disse a voz triste. Pude ouvir atrás do que ele disse o que ele não podia dizer: que não havia motivo para temer.

            “Não estou com medo de você, embora isso dê o que pensar.” Falei pausadamente, ainda acariciando seu braço.

            “Do que tem medo então?” sua voz soou quase aliviada.

            “Tenho medo de que você vá embora, afinal você é mítico...” eu parei e dei um meio sorriso que foi retribuído de forma esplêndida. “Tenho medo principalmente que goste cada vez mais de ficar com você e que depois você vá embora... Não sei o que eu faria...” Minha voz falhou, e fechei meus olhos.

            “Não quero que fique triste.” Sussurrou, colocando a mão, que eu não estava segurando, em meu rosto, completamente sentado agora. “Eu não irei embora, Bella. Não enquanto isso for... bom... para você.” Ele disse, e eu abri meus olhos.

            Edward fitou os meus daquela forma que apenas ele conseguia – como se visse minha alma. Era impossível duvidar da sinceridade dele.

            “Você promete? Estamos falando de para sempre, sabe disso.” eu perguntei, olhando em seus olhos. Ele passou a ponta de um dos dedos em meus olhos, tirando certa umidade que surgiu ali.

            “Eu juro.” Falou somente e, então, sorriu torto. “Afinal sou uma criatura essencialmente egoísta. E percebo que sou capaz de fazer o que quero, ao contrário do que seria certo e seguro para você. Sinto muito por isso.” Ele disse, arrependido e meu sorriso foi um pouco maior. “E cuidar de sua segurança está se tornando uma tarefa quase integral.” Sorri mais largo ainda.

            “Estou falando sério, Bella, não irei a lugar algum.” Seu sorriso espelhou o meu enquanto ele afagava meu rosto.  “Vaguei pelo mundo por noventa anos sozinho, imaginando ser completo comigo mesmo, sem perceber o que procurava e sem encontrar, porque você ainda não tinha nascido. Não sou capaz de deixá-la agora que te encontrei.”

Edward terminou, e se inclinou para mim, encostando o ouvido em meu peito. Ouvindo meu coração. Minha mão foi para seu cabelo cheiroso e perfeito, e entrelacei meus dedos em seus fios cor de bronze.

            “Esse som... Acho que seria capaz de ouvi-lo do outro lado do mundo tamanha é a minha ligação com ele...” Suspirou, o que me fez sorrir.

            “Por quê?” eu perguntei de repente. “Porque seria mais... seguro... se ficasse longe?”.

            “Devo explicar como é... atraente... para mim?” ele questionou, erguendo-se e olhando em meus olhos. Voltou a encostar sua cabeça em meu peito, respondendo a própria pergunta. “Vocês humanos têm cheiros diferentes... Cada um tem um cheiro único, e o seu... o seu é mais especial... especialmente tentador.” Falou, sua voz saía abafada, mas bem audível. “Como um viciado em heroína que está tentando se manter longe das drogas e, então, aparece a maior de todas as tentações...”.

            “Eu sou o seu tipo preferido de heroína?” Completei sua pergunta, adivinhando.

            “Você é exatamente o meu tipo preferido de heroína. Seu cheiro é meio floral com uma mescla de morango... É extremamente tentador.” E, assim, seus olhos encontraram os meus novamente.

            “Isso acontece com muita frequência?” Inquiri, tentando me distrair de seus olhos dourados.  

            “Falei com Emmett e Jasper sobre isso... Jasper acha que vocês são todos iguais, o que me faz pensar que não com ele. Emmett disse que com ele já aconteceu – duas vezes, uma pior do que a outra.” Ele disse, sua voz pensativa.

            “O que está pedindo? Minha permissão?” Surpreendi-me como minha voz saiu calma.

            “Não, Bella! Não! É claro que não!” Edward logo negou, sua voz alterada e seus olhos brilhantes e dourados arregalados. “Não entendeu? Eu não seria capaz de viver sabendo que era culpado por esse som...” ele tocou no lugar onde estava meu coração batendo descompassado. “... parasse de existir. Não conseguiria levantar de manhã sabendo que era culpado por suas bochechas não corarem mais, não ver o brilho instintivo em seu olhar sempre que digo algo novo. Não conseguiria ver seu corpo frio e imóvel por minha causa. Não posso viver sem você, Bella. Não mais.” Ele disse seus olhos sempre nos meus. Senti meus olhos se embargarem, o que fez Edward acariciar as maçãs do meu rosto delicadamente.

            “É bom mesmo.” Desconversei em tom de brincadeira. “Eu não queria ser a única.” Eu sorri para ele e seu sorriso de resposta foi deslumbrante.

            “Eu estou percebendo que não é só o seu cheiro que vicia. Estar com você fica cada vez melhor e mais fácil... Eu seria um completo idiota se deixasse você. Esperei por tempo demais. Não posso deixá-la escapar agora... Coloque os grilhões, sou seu prisioneiro” Ele falou, mas suas mãos foram para os meus pulsos, formando uma algema.

Nossos corpos estavam perto – seu rosto glorioso há centímetros do meu, lançando correntes elétricas por meu corpo. Ele colocou seus dedos ao redor do meu rosto, como se eu fosse essencialmente quebradiça. Meus braços, criando vida própria, foram para seu pescoço.  Eu via meus olhos refletidos nos dele.

            “Eu estou completamente apaixonado por você, Isabella Swan. Você me daria a honra de namorar comigo?” Edward perguntou em um sussurro, seus olhos de um ouro líquido derretendo minha alma.

            Acho que meu sorriso foi largo o suficiente, pois ele, em seguida, me puxou para um beijo – seus lábios macios e gentis nos meus se tornaram mais urgentes, e ele enlaçou minha cintura com seus braços longos. E meus dedos entrelaçaram seu cabelo, puxando-o para mais perto.

            Minha cabeça, que já girava, perdeu total lucidez quando senti sua língua gélida se enroscando na minha pela primeira vez. Em minha mente, estávamos sentados em uma daquelas cadeiras de balanço de dois lugares na varanda de uma casa linda – estávamos de branco, nossos dedos entrelaçados – e vi em sua mão esquerda um arco dourado, exatamente igual ao que tinha na minha mão esquerda. Ele me beijou no momento em que o sol invadiu a varanda e tocou nossos corpos. Percebi que o brilho vinha de mim também. Eu sabia, ali, naquele momento que faria qualquer coisa para tê-lo para mim, para sempre.

            “Bella? Bella!” Ouvi sua voz ao longe, e parecia estar alterada. “Bella?!” Percebi que meus olhos estavam fechados e tentei abri-los com certa dificuldade.

            “Edward?” eu tinha desmaiado. Que romântico! Senti minhas bochechas queimarem. Eu estava em seus braços – seus olhos dourados estavam arregalados. Era quase cômico.

            “Mas que droga, Bella! Você quase me provocou um ataque cardíaco. E isso não é uma coisa fácil de fazer! O que aconteceu? Você está passando mal?” ele tagarelava e eu só conseguia prestar atenção em seu rosto tão maravilhoso há centímetros de mim. Os vestígios de meu recente ‘sonho’ ainda em minha mente. Não resisti e o beijei novamente. Ele retribuiu o beijo, meio assustado, mas com paixão.

            “Você ainda vai me deixar louco. Primeiro desmaia em meus braços e agora me ataca.” Murmurou, revirando os olhos, com um sorriso torto brincando em seu rosto.

            “Argh. Como você fala! Por que não fica caladinho um pouquinho e termina o que começou, hein?” Esbravejei, levemente divertida, puxando-o para perto outra vez.

Seus lábios nos meus novamente me entorpeceram, fazendo-me suspirar... Meus lábios se abriram vagarosamente e pude sentir sua língua na minha mais uma vez, e o abracei mais forte. Senti seus lábios formando um sorriso, ainda colados aos meus, e suguei seu lábio inferior.

            “Você não é normal, Bella. De verdade.” Sua voz quebrada levava o sorriso mais lindo do mundo.

            “A culpa é sua, sabe disso. Antes de você aparecer eu era uma adolescente normal...” eu disse, fazendo bico.

            Edward revirou os olhos. “O mal estar já passou?” perguntou. Ele nunca tinha me visto daquele jeito antes.

            “Não, não é isso. Acho que me esqueci de respirar.” Confessei, minhas bochechas corando. Ele olhou para mim – aquele sorriso doce no seu rosto novamente.

            “Adoro esse tom que você fica quando está constrangida.” Sussurrou, afagando minha bochecha e me fazendo corar mais ainda. Ele chegou mais perto, seus olhos sem se desviar dos meus, e me deu um beijo doce e calmo.

            Suspirei quando ele se afastou. Edward me deixou sentar de novo, agora que considerava meu equilíbrio normal – bem, o mais normal que o meu equilíbrio pode estar – e abriu a cesta, tirando de lá várias frutas.

            “Isso tudo não é só para mim, é?” questionei, meus olhos arregalados.

            “Não, metade é para mim, é claro.” Falou, piscando, pegando uma uva roxa e colocando na boca, mastigando e engolindo em seguida. Olhei para ele abismada. “Você poderia comer terra se te desafiassem, não?” ele perguntou, arrumando as frutas por sobre um pano vermelho.

            “Sim... Eu comi uma vez em um desafio... Não foi tão ruim.” Comentei, fazendo uma careta.

            “Deveria imaginar..." ele brincou.  E quando pensei que tinha tirado tudo da cesta, ele tirou uma barra de chocolate ao leite. Continuei olhando com as sobrancelhas arqueadas. Edward abriu um sorriso enquanto despedaçava o chocolate. Percebendo meu olhar confuso, ele, carinhosamente, colocou um tablete do chocolate em minha boca – estava muito bom.

Ele me olhava enquanto eu esperava o chocolate derreter na minha boca e, de repente, me puxou para um beijo. Mesmo confusa retribui sem pensar. O gosto da boca dele com chocolate eram realmente deliciosos.  

            “Pensei que fosse ficar bom...” ele disse, lambendo os lábios sujos do meu chocolate. “Enganei-me. Ficou melhor do que eu imaginava.” Sorriu torto e me deu um selinho. Continuou sorrindo enquanto quebrava mais ainda o chocolate, já em pedaços, deixando-o quase moído.

Ele pegou um instrumento desconhecido e começou a misturar o chocolate em uma velocidade que tornou tudo apenas um borrão de aço inox. Olhei espantada para sua mão. E então ele levantou o fouet, mostrando o chocolate completamente derretido.

            “O calor nada mais é que a agitação das partículas, fazendo que a energia ali presente aqueça o chocolate. O sol fará o resto, sem deixar que o chocolate esfrie outra vez.” Esclareceu com um sorriso torto no rosto, pegando uma uva verde e mergulhando-a no chocolate, que logo guiou até minha boca.

            “Uau! Falou o prof. Cullen!” eu disse rindo, enquanto mastigava a uva, sendo acompanhada por ele, que me puxou para perto. Deitei em seu colo.

            “Vai um dia me dizer sua idade?” questionei. Edward estava colocando frutas na minha boca repleta de chocolate. Entre um beijo e outro eu colocava na boca dele também. O gosto dele com chocolate eram impagáveis.

            “Isso realmente importa?” ele perguntou, colocando um morango na minha boca.       

            “Não... mas estou curiosa.” Respondi após devorar um morango.

            “Tenho medo que isso a assuste...” ele disse, fazendo cafuné no meu cabelo. Estava tudo tão perfeito ali.

            “Por quê? Tem medo que eu não queira namorar um velho gagá?” eu ri. “Tente.”.

            “Nasci em Chicago, em 1901. Tinha dezessete anos e sonhava em ser soldado quando a Gripe Espanhola atacou. Estava morrendo quando Carlisle encontrou a mim e minha mãe, ambos morrendo com a epidemia. Ela, não sei como exatamente, descobriu sobre Carlisle e o fez prometer que ele me salvaria.” Edward fez uma pausa, observando meu rosto, mas logo sorriu e continuou. “Foi algo que ele viu no meu rosto... na minha expressão... talvez tenha sido os olhos verdes...” senti que ele dava de ombros.

            “Você tinha os olhos verdes?” perguntei alarmada, tentando imaginar tamanha beleza.

            Ele apenas assentiu. Eu corei e deixei-o terminar a história.

            “Igual aos da minha mãe... Elizabeth Masen...” Sua voz lembrou uma espécie de devoção. “Ela morreu logo depois.”.

            “Sinto muito, Ed.” Murmurei sinceramente, afagando seu braço. Ele olhou para mim e consegui ver que ele sorria.

            “Não sinta. Depois de um tempo as memórias humanas se tornam apenas borrões... Lembro-me dela mais pelos pensamentos de Carlisle do que pelos meus...” Deu de ombros outra vez.

            “Mesmo assim... Então, como foi depois?”

            “Esme veio logo após. Ela tinha caído de um penhasco. Seu estado era tão deplorável que nem se preocuparam em levá-la para a UTI, mandando-a direto para o necrotério. Mas de uma forma impressionante seu coração ainda batia quando Carlisle a encontrou.”

            “Você esteve com ele desde então?” perguntei curiosa.

            “Na verdade tive um ataque típico adolescente. Decidi que queria ser tradicional, não entendia porque eu tinha que me privar de um desejo que era a nossa natureza. Assim, comecei a me alimentar de pessoas como aqueles seus amigos de ontem – imaginava que se salvasse a vida de outras pessoas que estavam em perigo eu não seria um monstro tão ruim. Mas comecei a vê-los nos meus olhos, via o monstro em que tinha me tornado e, então, voltei completamente arrependido, e Carlisle e Esme me receberam como um filho pródigo que volta ao lar.” Ele estava de olhos fechados e seus dedos faziam carinho em meu cabelo.

            “Rosalie veio depois... Carlisle a encontrou em um beco, morrendo de tanto sangrar. Demorou um tempo para que eu percebesse que ele esperava que ela fosse para mim o que Esme era para ele.” Comentou, revirando os olhos.

            “Como assim? Rosalie? A rainha da Beleza?!” meus olhos saltando das órbitas assim como minha voz saiu alterada.

            “Ela é mesmo bonita, mas sempre foi como uma irmã para mim.” Ele disse, sorrindo – parecia achar aquilo extremamente divertido. “Emmett veio mais ou menos um ano depois. Estávamos nos Alpes naquela época e Rose o encontrou prestes a ser devorado por um urso. Ela teve de correr por 150 quilômetros, pois tinha medo de não conseguir fazer... Não consigo imaginar como foi difícil para ela...” Falou com a voz pensativa enquanto continuava com os carinhos em meus fios acastanhados – meus olhos se mantinham fechados, apreciando seu toque e sua voz de veludo.

            “E Alice e Jasper?” perguntei para mantê-lo falando.

            “Eles criaram uma consciência... É como falamos quando se tornam ‘vegetarianos’ por conta própria. Jasper era de outra família, um tipo muito diferente de família. Vagava sozinho e deprimido quando Alice o encontrou.” Ele disse, perdido em pensamentos.

            “E ela?” perguntei.

            “Alice é realmente um mistério. Ela não se lembra de nada do seu passado, da sua vida humana. Se não tivesse o dom que tem, provavelmente teria se tornado uma completa selvagem.”

            “Dom? Pensei que fosse o único que lesse mentes!” Meus olhos se abriram de curiosidade.

            “E sou... Alice coisas, mas o futuro não está gravado em pedra.” Edward explicou, o tom de voz se tornando rabugento de repente.

            “E são só vocês? Quero dizer, porque vocês tem esses dons?” perguntei intrigada.

            “Carlisle tem uma teoria... Ele acha que nós trazemos da nossa existência humana algumas características fortes que nessa existência se intensificam... Como nossa mente e sentidos. Eu leio pensamentos, Alice vê o futuro, Jasper é um caso engraçado – ele foi muito carismático na sua vida humana, então, hoje ele pode sentir e manipular suas emoções... Tranquilizar o ambiente de pessoas irritadas, por exemplo, ou excitar uma turba letárgica. Um dom muito sutil.” Ele disse com tom risonho.

            “Mas e os outros? O que eles trouxeram de sua existência humana?” questionei, fechando os olhos novamente, tentando imaginar tamanha impossibilidade descrita por Edward.

            “Carlisle trouxe sua compaixão. Esme trouxe sua capacidade de amar apaixonadamente. Emmett, a sua força. Rosalie, sua beleza... mas acho que teimosia seria mais exato.” Ele sorriu de novo.

            “Uau.” Foi o máximo que consegui dizer.

            “Eu te assustei?” Perguntou, seus olhos nos meus analisando minha resposta.

            “Não.” Respondi pensativa.

            “Será que você poderia me dizer o que está pensando antes que eu enlouqueça?!” Sua voz saiu torturada ao implorar.

            “Sempre te digo o que estou pensando.” Murmurei.

            “Você edita.” Acusou.

            “Não muito.”

            “O suficiente para me deixar louco.” Ele disse e parecia uma criança de novo. Abri um sorriso bobo ao olhá-lo tão lindo e tão perto. “Se não me contar pensarei que é pior do realmente é.” Ele ameaçou. “Por favor!” seu bico pidão era tão engraçado quanto encantador.  Suspirei e deslizei um dedo por sobre seus lábios macios e gélidos.

            “Estou com medo de piscar... medo de fechar os olhos e você desaparecer. Que tudo isso seja apenas um sonho bom. Muito bom.” Eu disse. Seus dedos percorreram meu rosto de forma calma e viciante. Os olhos tão dourados quanto possível. A sensação extraordinária de meus ossos virando esponja me tomou novamente.

            “Não irei a lugar algum. E não é um sonho. Não mesmo.” Edward se curvou para selar nossos lábios novamente. Joguei meus braços em seu pescoço e me ergui em direção ao seu tronco para que ele não precisasse partir a coluna ao meio para me beijar. Nossas línguas se encontraram e o ar se tornou escasso – seu gosto era tão bom!

            Ele separou nossos corpos e eu sentei em seu colo como uma criança na hora de ninar, aconchegando meu rosto ao seu peito perfeito.

            “Você não teria tamanha imaginação!” Zombou da minha cara e devolvi uma careta para ele, fazendo-o rir alto novamente – mais alto que eu estava acostumada.

            “Então, o que faremos hoje. Conhecendo você como conheço sei que tem algum plano.” Eu afirmei, cheirando seu peito másculo.

            “Tenho mesmo.” Sua voz era admirada. “Mas podemos fazer outra coisa se tiver alguma idéia.” Ele disse beijando minha testa.

            “Não mesmo. Sem idéias. O que faremos, Sr. Cullen?”

            “Estava pensando em levá-la para conhecer meus pais... Lá em casa.” Murmurou despreocupadamente. Arfei.

            “O quê? Como assim? Na sua casa?” perguntei histérica. Ele afastou nossos corpos para olhar para mim com o cenho franzido e depois abriu um sorriso vitorioso. Afastei-me, ficando de joelhos de frente para ele – humilhantemente, ele ainda era maior que eu mesmo estando sentado e eu, ajoelhada.

            “Agora está com medo! Finalmente! Pensei que seu senso de autopreservação já estivesse...” começou, explicando o sorriso vitorioso em seu rosto.

            “Edward, mas e se ele não gostarem de mim?!” o interrompi no meio da frase.

            “Espere!” seu rosto demonstrava sua confusão. “Está com medo não porque irá a uma casa repleta de vampiros, mas porque tem medo que eles não gostem de você?”

            “Mas é claro! Edward, olhe para mim.” Eu disse inutilmente porque ele já me olhava – na verdade, ele passou a tarde toda olhando para mim. “E agora olhe para você... Tirando as coisas ruins, como experiências de quase morte e não conseguir andar em um ambiente completamente plano sem tropeçar em pedras invisíveis, eu sou completamente comum! E sua família cheia de qualidades e dons... Eu sou patética!” Ele não parecia entender, mas quando o fez estava divertido.

            “Tem razão – você é péssima com as coisas ruins. Mas, Bella, não era você que estava ouvindo o que todo macho daquela escola estava pensando sobre você. Acredite em mim, você é o contrário do comum!” Meu constrangimento foi maior que o meu prazer com o olhar que ele me deu ao dizer aquela última frase, e senti minhas bochechas corarem fortemente.

“De qualquer jeito, você não sabem o quão feliz eles estão com a sua presença em minha vida. Quase tão felizes quanto eu.” Ele sorriu torto. “E aceitariam e iriam gostar de você mesmo que você tivesse três olhos e pés de pato.” Seus olhos brilhando de pura sinceridade. Era impossível duvidar dele, que logo sorriu docemente e abriu os braços – um convite.

            Deitei novamente a cabeça em seu peito e aproveitei a sensação.

            “Então temos pessoas esperando por nós? Quero dizer, sugiro que comecemos a descer caso queira chegar lá antes do anoitecer.” Falei, dando uma exagerada básica, afinal o sol indicava ser mais ou menos duas da tarde.

            “Relaxe, temos tempo. Na descida todo santo ajuda.” Ele riu ao dizer.

            “Carlisle deu um jeito ontem naquela quadrilha... Hoje de manhã apareceu no jornal. Você viu?” Perguntou, dando sequência ao nosso diálogo sobre coisas em geral – Edward já tinha me contado a história do patriarca da família e fiquei surpresa quanto tempo ele teve que viver sozinho. Ele me prometeu mostrar os quadros que tinham no escritório de Carlisle que segundo Edward ele mesmo pintara.

            “Não. Eu não vi! Estava muito nervosa hoje de manhã.” Admiti com um sorriso tímido.

            Ele retribuiu o sorriso. “Carlisle deixou-os amarrados e inconscientes na porta da delegacia. Emmett se divertiu.”

            “Imagino. E as outras garotas?” perguntei. Uma sombra passou pelo seu rosto, que estava agora deitado no meu colo, enquanto eu acariciava seu cabelo macio cor de bronze.

            “Elas não tiveram sorte. Seus corpos foram encontrados e as famílias avisadas. Os bandidos serão julgados, e é bem provável que peguem prisão perpétua – se o juiz for bonzinho com os dois menores de idade que tinha lá. Os outros dois pegarão pena de morte.” Esclareceu, a voz sombria.

            “Gostaria de dizer que sinto muito, mas o que eles fizeram foi...” Balancei a cabeça. “... Quero dizer, quantas vidas eles não tiraram? Quantas famílias ficaram desestruturadas?” eu disse vendo em minha cabeça Charlie e Renée desolados ao saber que a filha havia sido fatalmente estuprada. Percebi com choque o quão perto da morte estive novamente ontem.

            “Sim... Acho que sim. Não quero nem pensar o que eu teria feito se eles fizessem algo a mais com você.” Ele meneou a cabeça, uma dor profunda em sua voz. Pude perceber que ele tinha pensado a mesma coisa que eu.

            “Esqueça isso. Deixe para lá, já passou... A justiça será feita. O importante é que agora está tudo bem e isso não irá se repetir.” Sussurrei, beijando sua testa de mármore perfeitamente lisa. Edward puxou minha boca para mais perto e meu deu um beijo doce, embora sedento.

            “Tem razão. O importante é que estamos juntos agora. Você não irá se livrar de mim tão cedo!” ele falou com seu sorriso matador no rosto escultural.

            “Droga! Estava pensando que talvez me livrasse de você rapidamente, mas parece que me enganei!” eu disse brincando, bagunçando seu cabelo já desalinhado. Ele abriu um sorriso diabólico e me agarrou pela cintura, fazendo cosquinhas no local, me deixando praticamente em convulsão. Ele ria alto enquanto eu mal conseguia respirar.

            Quando Edward parou, estava exausta e a culpa era dele que estava deitado do meu lado na relva da campina – seu sorriso era sacana.

            “Você é cruel!” Murmurei quando consegui expressar algo outra vez. Seu sorriso se alargou e, então, ele rolou de lado, ficando em cima de mim – parei de respirar. Meu vampiro distribuiu beijos pelo meu pescoço e quase perdi a consciência novamente.  Ele fazia um ciclo que passava pelo meu pescoço e clavícula, subindo a linha do maxilar, apenas para depois ficar me olhando com cara de metido.

            “Você me perdoa?” perguntou, a expressão inocente e a voz sedutora.

            “Não... Não se você continuar me torturando desse jeito!” Sussurrei com o fiapo de voz que me sobrava.

            “Então se eu não parar com isso...” provocou, roçando os lábios no meu pescoço lenta e preguiçosamente – o ar entrava rápido e superficialmente. “... você não irá me perdoar?!”

            “De jeito nenhum!” eu disse de olhos fechados.

            “Então se eu beijá-la você me perdoa?!” Ele estava se fazendo de desentendido e aquilo estava me matando.

            “Só se for um beijo que preste!” provoquei de volta, a voz ainda baixa – todo beijo dele prestava, mas pelo seu sorriso pude perceber que ele entendeu.

            Edward parou com a tortura e olhou no fundo dos meus olhos. Meu coração foi às alturas de novo.

            “Eu amo você!” ele disse suave e ao mesmo tempo profundamente, seus olhos sinceros me deixavam tonta. Ele podia não perceber que aquela era a primeira vez que dizia que me amava – assim, com todas as letras –, mas eu percebi.

Se antes estava difícil respirar, agora era praticamente impossível. Precisei de alguns segundos para voltar a pensar e respirar normalmente, e mais alguns para conseguir formar a frase que eu já queria dizer há muito tempo.

            “Eu também amo você, Edward Cullen. Como nunca pensei que amaria alguém.” Sussurrei com toda a sinceridade que eu tinha. Meu coração, já acelerado, quase saiu pela boca com o sorriso dele de resposta.

            Ele se inclinou para mim, apoiando-se nas mãos que estavam cada uma de um lado de minha cabeça e, ainda sorrindo docemente, ele depositou o mais suave e doce dos beijos em meus lábios. Quando ele se afastou, a chama branca tomava conta de seu rosto de anjo e o iluminava de forma intensa. Edward rolou de volta para a relva e eu me aconcheguei em seu peito perfeito.

            “Sabe, acho que já podemos ir agora.” Ele disse, seus lábios em meus cabelos.

            “Ok.” Concordei, mas não me mexi. Ele também não.

            “É sério, Bella. Quero te mostrar uma coisa...” insistiu, ainda imóvel. Revirei os olhos enquanto sentava na relva – seus olhos em mim outra vez.

            “Mostrar-me o quê? Deveria ter medo?” questionei, olhando para ele – ainda na mesma posição, deitado na relva – enquanto eu tentava desordenadamente levantar.

            Edward revirou os olhos e se levantou elegantemente naqueles movimentos ofuscantes de tão rápido, estendendo a mão e me levantando.

            “Quero te mostrar como eu ando na floresta.” Soou despreocupadamente, enquanto recolhias as frutas e colocava tudo de volta na cesta. “Estará segura e chegaremos à picape muito mais rápido.” Ele olhou para mim e abriu aquele sorriso torto assassino, e meu coração quase parou.

            Tentei parecer despreocupada ao perguntar: “Vai se transformar em morcego?”

            Ele voltou a olhar para mim e agora a campina se preenchia com o som de sua gargalhada. Corei intensamente, vendo-o se contorcer de tanto rir.

            “Como se eu não tivesse ouvido essa antes!” ele conseguiu balbuciar entre as risadas. Se não fosse tão constrangedor seria extremamente lindo vê-lo se divertir assim.

            “Tudo bem, tenho certeza que faz isso o tempo todo.” Eu murmurei.

            “Venha sua medrosa, suba em minhas costas.”

            Esperei para ver se ele estava brincando, mas, ao que parecia ele tinha falado sério. Seu sorriso se tornou doce enquanto ele lia a hesitação em meu rosto, e estendeu a mão – meu coração quase pulou para lá e estendi a minha mão para a dele. Ele segurou-a e a beijou, cheirando-a depois.

            Edward começou a me colocar em suas costas – com pouquíssimo esforço de minha parte – e, quando fiquei no lugar certo, apertei minhas pernas e braços com tanta força que seria capaz de sufocar qualquer humano.

            “Sou um pouco mais pesada que a sua mochila!” Alertei-o.

            “Rá!” ele bufou sorrindo. Nunca o tinha visto com tamanho bom humor. E, assim, ele pegou minha mão que estava em volta do seu pescoço e inspirou a minha palma.      “Está ficando cada vez mais fácil!” E então começou a correr.

            Se algum dia eu senti medo mortal na presença dele, não foi nada comparado com o que sentia agora.  Ele disparava pela floresta entre arbustos escuros e densos da floresta como um projétil, um fantasma. Além de sua respiração, não havia som nenhum que indicasse que seus pés tocavam o chão – mas as árvores passavam há centímetros de nós em uma velocidade mortal.

            Meu pavor era tamanho que fechei os olhos e só sentia agora o ar frio da mata passando por mim, como se tivesse colocado a cabeça para fora do avião. Pela primeira vez na minha vida senti enjoo de movimento.

            E depois acabou. Havíamos caminhado por horas para chegar à campina e agora, em questões de segundos, já estávamos perto do Volvo.

            “Divertido, não?” perguntou, sua voz era alta e animada. Fiquei imóvel e, mesmo sabendo que já podia abrir os olhos, não consegui fazê-lo.     “Bella?” sua voz agora era ansiosa.

            “Acho que preciso me deitar.” Eu disse fracamente.

            “Ah, desculpe-me.” Sussurrou pesaroso enquanto esperava por mim.

            “E acho que preciso de ajuda.” Sabia que se estivesse com forças o suficiente teria corado agora.

            Edward riu baixinho, desfazendo meu aperto de ferro em seu pescoço sem nenhuma dificuldade. Logo, ele me puxou para frente de seu corpo, olhando em meu rosto e depois, delicadamente, me baixou nas samambaias.

            “Como está se sentindo?” perguntou.

            “Acho que estou tonta.” Murmurei.

            “Coloque a cabeça entre os joelhos.” Ele instruiu e assim fiz. Percebi que o zumbido em meus ouvidos ficou mais baixo e a tontura diminuiu.        “Acho que não foi uma boa idéia” Refletiu. Tentei parecer decidida ao responder.

            “Não, foi muito interessante.” Não deu certo. Ele riu baixinho – seus dedos desenhavam riscos aleatórios nas costas da minha mão que estava agarrada ao meu joelho.

            “Rá! Você está branca feito um fantasma, Bella! Não... Está branca feito eu!” Ele riu, seu humor impecável.

“Acho que deveria ter fechado os olhos antes de você começar a correr.” Balbuciei, ignorando sua brincadeira.

            “Lembre-se disso da próxima vez.” Sua voz soou animada ao responder.

            “Próxima vez.” Gemi em meu íntimo. Ele escutou, é claro.

            “Vamos, Bella, olhe para mim!” Murmurou, sua voz sublime perto de meu ouvido agora.

            Levantei a cabeça e percebi que a floresta tinha parado de rodar e que seu rosto perfeito estava perto de novo. Ele não estava ajudando – sua beleza era tamanha que me deixava tonta.

            “Sabe... Estava pensando enquanto corria...” ele começou, tirando uma mecha solta de meu cabelo e colocando-o atrás da minha orelha, fazendo meu sangue se concentrar em minhas bochechas.

            “Em não bater nas árvores, eu espero!” disse, o interrompendo. Ele riu alto novamente.

            “Bella, meu amor, correr é como uma segunda natureza para nós, não é algo que precisemos pensar.” Ele disse, afagando agora minha bochecha corada. “Mas, como dizia, estava pensando em uma coisa que queria que fizéssemos...”.

            “Vai me deixar enjoada?” perguntei com a sobrancelha arqueada.

            “Depende. Suas reações sempre me deixam perdido; estava pensando quando você irá me apresentar para o seu pai...”.

            “Porque eu deveria?” inquiri.

            “Não é essa a tradição?” ele perguntou, curioso.

            “Não sei! É?!” disse e era verdade – meu histórico era menor que zero em questão de namoros.

            “Sim!” Seus olhos estavam fixados em mim, vigiando minha reação.

            “Mas Charlie já conhece você...” Tentei escapar.

            “Não como seu namorado.” Edward não deixou barato, seu sorriso agora era desafiador. “A não ser que não queira que seu pai saiba que agora você é uma moça comprometida.” Ele disse, beijando minha mão que ele ainda segurava, mas sem desviar dos olhos dos meus. Suspirei.

            “E o que faríamos? Você não vai almoçar!” eu disse – ele farejou uma vitória fácil.

            “Sua comida é tão ruim assim?” ele perguntou brincando, o sorriso sacana no rosto. Eu ficaria com muita raiva dele por ser assim tão pirracento se ele não fosse assim tão lindo.

            “Não, besta! Eu estava pensando em você, porque não acho que sei fazer ‘urso cru à milanesa’!” Ele riu alto com a minha escolha de palavras.

            “Não seria possível fazer esse prato recém inventado por você. Ele ficaria cozido se você o fizesse à milanesa.”.

            “Ok, senhor sabichão!” Mostrei a língua para ele, que sorriu largo. “E, só para a sua informação, eu cozinho muito bem! Em Phoenix...” Comecei a tagarelar, mas fui interrompida pelo próprio.

            “Está me enrolando para não responder se vai ou não me apresentar ao seu pai!” Acusou. Suspirei forte.

            “Tudo bem... Mas não passaremos a tarde toda lá, sabe disso! Não quero saber de conversas constrangedoras sobre como eu era desastrada quando pequena!” eu disse, parecendo uma garota mimada, lembrando das minhas fotos da infância em cima da lareira que Edward veria inevitavelmente.

            “Só quando pequena?” ele perguntou, arqueando a sobrancelha. Revirei os olhos, cruzei os braços e fiz bico. Ele riu alto de novo. “Você vai ou não?”.

            “Se você ficar chato desse jeito, não mesmo!” disse, ainda com a cara fechada. Ele riu.

            “Estou apenas brincando, Bella. Por favor!” Pediu com a voz sedutora e irresistível, seu rosto glorioso quase implorando.

            “Argh! Ok, mas faremos outra coisa depois!” Ele sorriu ao me ouvir, levantando-se e estendendo a mão em minha direção. Eu a segurei e ele me ergueu, posicionando-me a sua frente.

            “Muito obrigado!” agradeceu. A chama branca consumindo o seu rosto, embora ele tentasse disfarçar a expressão.

            “Está feliz com isso não é?!” eu ainda estava fazendo birra.

            “Você não faz idéia de quanto!” ele disse e enlaçou minha cintura, sua boca já na minha. Meus dedos foram diretamente para seu cabelo – era delicioso senti-lo tão perto, com seu corpo respondendo aos meus dedos enroscados em seu cabelo enquanto ele me erguia pela cintura.

Quando o ar se fez necessário, ele distribuiu beijos pelo meu pescoço arrepiado e, em seguida, voltou a colar sua boca a minha, nossas línguas travando uma batalha interminável onde nós dois saímos ganhando.

            Quando ele se separou, meus braços teimavam em se agarrarem ao seu pescoço, e encostei a cabeça em seu peito.

            “Isso é a emoção de conhecer minha família ou minha perícia com beijos?”.

            “Convencido!” sorri.

            “Amor da minha... existência.” Ele respondeu no mesmo tom. Suspirei em seu peito e beijei ali.

            “Se eu não amasse tanto você, acho que você seria um metido insuportável!” refleti em voz alta.

            “Talvez... O que seria de mim sem você?” suspirou em tom pensativo. Revirei os olhos.

            “Estou tentando não pensar no que estou prestes a fazer... Será que poderíamos ir logo?” perguntei de mau humor.

            “Claro.” Ele disse, pegou minha mão e abriu a porta do carro para mim, sentando ao meu lado em velocidade inumana, ligando o carro em seguida.

            “Mas e você? Não está nenhum pouco afetado com minha presença?” perguntei incrédula. Ele se inclinou e cheirou meu pescoço, depositando um beijo ali.

            “Mesmo assim tenho reflexos melhores.” Respondeu e, deste modo, acelerou o carro, indo para fora da cidade.                       

            A casa de Edward era fora de Forks. Passamos pela ponte sobre o rio, e casas apareciam ao nosso lado, cada vez maiores, e depois a floresta nos cercou – uma teia verde para todos os lados. Estava resolvendo se perguntava ou se esperava pacientemente ele me falar, quando entramos em uma estrada quase invisível no meio da floresta, sem pavimentação, onde a floresta deixava visível apenas alguns metros à frente enquanto – ele dirigia rápido demais de novo.

            Não sei o que esperava, mas definitivamente não era isso. A casa era atemporal, graciosa e devia ter uns cem anos. Era pintada de um branco suave e desbotado, tinha três andares, era retangular proporcional. As janelas e portas ou faziam parte da estrutura original, ou era uma restauração perfeita. Tirando o Volvo, não tinha nenhum carro à vista. Pude ouvir o rio perto de novo.

            “Uau!” consegui expressar.

            “Gosta?” Edward questionou enquanto abria a porta do carro para mim.

            “É perfeita!" declarei, descendo do carro, deslumbrada com a casa perfeita. “É tão clara e aberta.” Murmurei, reparando na parede sul da casa que era de vidro.

            “Sim... É um lugar onde podemos ser nós mesmos, não precisamos nos esconder. Sinto muito por decepcioná-la.” A última frase era brincadeira.

            “Tem razão, não era nada do que eu esperava.” Disse enquanto entrelaçava seus dedos aos meus.

            “E o que esperava? Fosso, câmara de tortura e calabouço?” ele perguntou sorrindo enquanto subíamos os degraus que davam para a porta da casa.

            “Não... Fosso não!” admiti sorrindo, vendo a porta se abrir.

            Do outro lado estava o Dr. Cullen, agora sem o uniforme branco do hospital, um sorriso lindo em seu rosto. Ao seu lado, o único membro da família Cullen que eu ainda não conhecia, Esme, com um sorriso materno no rosto.

            “Seja bem vinda, Bella!” Carlisle disse sorrindo e apertando minha mão, quando a soltou colocou a mão sobre o ombro de Edward. “Estamos muito felizes por você ter vindo!”.

            “Olá, Dr. Cullen, é muito bom estar aqui também.” Eu disse sinceramente.

            “Apenas Carlisle, por favor. Essa é minha esposa, Esme!” Apontou para a mulher com rosto em formato de coração, cabelos cor de mogno, sorriso materno e igualmente linda, que estava parada ao lado dele.

            “É um prazer, Sra. Cullen!” sorri.

            “Por favor, eu tenho a aparência de ter no máximo 28 anos de idade, não sou senhora! Apenas Esme!” ela falou sorrindo. Sorri de volta.

            “Está pedindo divórcio, querida?” Carlisle perguntou com senso de humor.

            “É claro que não, meu amor... Você entendeu!” Ela riu, passando a mão no rosto jovem do marido, mas logo adiantando um passo em minha direção.

            “Será que eu poderia abraçá-la? Estou tão feliz por você estar aqui com a gente.” Ela disse e apenas assenti. Seus braços magros e finos rodearam minha cintura e eu me senti em casa com o seu abraço de mãe. Retribuí de bom grado e quando nos separamos seu sorriso era enorme.

            “Hey, mãe. Cadê o resto do pessoal?” Edward perguntou enquanto Carlisle fechava a porta e nos levava para dentro de sua casa. Era imensa e linda, a decoração era perfeita – sofisticada, porém leve.

            “Estava apenas esperando você perguntar maninho!” Uma voz de sino dos ventos desceu a escada que levava para os andares de cima e, com ela, Alice.

Pelo que eu sabia, seu rosto de fada contrastava lindamente com o seu cabelo negro e curto espigado para todos os lados – ela era linda –, e, ao seu lado, Jasper, alto e leonino, era praticamente rebocado por Alice – e, embora parecesse sério, era impossível me sentir desconfortável perto dele, que logo abriu um meio sorriso para mim. Atrás de Jasper estava Emmett, que disparou pela escada e me apertou um abraço de urso, me tirando do chão.

            “Hey, Bellinha! Como está você?” ele perguntou e me colocou no chão, gargalhando em seguida com a minha falta de resposta por não conseguir respirar.

            “Oi, Emm!” Ofeguei e ele riu, voltando para o lado da loira escultural que era a sua parceira. Ao olhá-la tive piedade de mim mesma. Seus cabelos dourados caíam em cachos até o meio das costas e, mesmo parados, davam impressão de movimento – seus olhos dourados e seus lábios carnudos completavam o pacote. Ela percebeu minha expressão e sorriu. Isso mesmo: sorriu!

            “Olá, Bella!” cumprimentou, apertando minha mão com sinceridade. “Fico feliz que esteja aqui.”

            “Obrigada, Rosalie.” Agradeci, embolando-me com as palavras.

            “Apenas Rose, por favor. E seja bem vinda à família!” ela disse e somente assenti. Rapidamente, ela nos deu espaço e, ao olhar para Edward, percebi que ele também estava surpreso pela recepção de Rosalie. Ele sempre disse que ela era a mais complicada. Teria que perguntar sobre isso para ele depois.

            “Então, querida, acho que Edward já lhe informou sobre nós...” Esme começou.

            “Sim, e eu prometo, juro, que nunca direi nada a ninguém!” ela sorriu.

            “Disso nós não temos dúvidas, querida – o que queria lhe dizer é que a casa também é sua, e que estamos muitíssimo felizes por você estar aqui com a gente, e, como a Rose disse, seja muito bem vinda à família.” Prosseguiu, dando-me outro abraço.

            “Obrigada, Esme. Obrigada a todos vocês...” Olhei para cada rosto presente na sala sorrindo para mim. “É muito bom estar aqui...” sorri.

            Alice veio do nada e me deu um abraço apertado, um abraço de melhor amiga.

            “Estava tão ansiosa por isso... Edward não queria me deixar falar com você – eu achei besteira porque eu sempre soube que seriamos ótimas amigas!” ela tagarelou e eu ri com a sua atitude. Era espontâneo, natural – para ela, pelo menos. Sorri e tive a mesma certeza que ela: seriamos ótimas amigas. “E, à propósito, você tem um cheiro bom!” Confessou e se afastou, partindo escada acima, rebocando Jasper, que apenas sorriu se desculpando e desapareceu.

            “Isso foi...” eu comecei a dizer, mas não sabia como terminar.

            “Alice!” Emmett completou minha frase. “Relaxa, Bellinha, daqui um tempo você acostuma com as esquisitices da anã!” ele disse e escutei um ‘Anã é o seu... ’ dita por Alice no andar de cima. Emmett apenas riu, alheio ao olhar de reprovação de Esme. Rosalie deu um tapa no braço gigante dele e riu junto.

            “Sabe que não deve falar assim com a sua irmã, Emmett!” Ralhou Esme. Ele abaixou a cabeça, parecendo uma criança que é pega no flagra comendo doce antes do almoço. “Vá pedir desculpas!” Ela ordenou. Emm tentou argumentar, mas o olhar de Esme foi o suficiente para que ele subisse de cabeça baixa.

            “Ele é um crianção...” Rosalie falou, sorrindo lindamente para onde Emmett tinha desaparecido. “Mas eu não sei o que faria da minha vida sem esse urso de pelúcia gigante.” Suspirou apaixonadamente antes de subir atrás do marido.

            “Bem... Acho que estamos sobrando, querida... E temos que resolver algo sobre aquele negócio de não ser a senhora Cullen. Com licença, meninos.” Carlisle disse e foi para o andar de cima também.

            “Wow! O que aconteceu?” perguntei olhando para Edward. Ele sorriu antes de responder.

            “Apenas nos deram licença com muita sutileza... Eles estão realmente felizes com a sua presença aqui, Bella. Esme quase não cabe dentro de si!”

            “Fico muito feliz com isso, Ed. Eu estava realmente preocupada.” Admiti e ele me abraçou. “Eu também estou muito feliz com tudo isso... embora tenha sido um pouco estranho...”.

            “Tem razão. Com Alice você realmente se acostuma... Lembro-me quando ela apareceu – eu tinha ido caçar com Emm e, quando voltei, havia uma baixinha selvagem rebocando um cara que controlava minhas emoções, e minhas coisas estavam na garagem.” Ele disse rindo, fazendo-me acompanhá-lo.

            “Sim. Eu gostei dela, assim como de todos, mas estava me referindo à Rosalie... Você sempre disse que ela era contra e agora... bom, ela foi bem... gentil!”.

            “Sim, eu sei, e ela foi sincera. Algo que Alice viu mudou o modo de ela encarar você e eu juntos... Tenho que falar com Alice depois sobre isso.” Sua voz soou pensativa. E somente então pude reparar na sala em que estávamos. E no piano de cauda branco que estava em um canto da sala, sob um pequeno pedestal.

            “É seu?” inquiri curiosa, apontando com a cabeça para o piano.

            “Sim, sim... Eu aprendi. Carlisle me deu em meu primeiro ano de vampiro. Toco desde então...” ele disse e eu olhei para seu rosto lindo. “Você toca?!” perguntou, levando-me em direção ao piano impecável.

            “Não mesmo... mas minha mãe tocava – ela me colocou em aulas, mas eu nunca levei jeito. Será que você poderia tocar?” pedi enquanto ele sentava na banqueta, e eu me aconchegava ao seu lado.

            “Você quer ouvir?” perguntou, olhando-me nos olhos. Apenas assenti. “Então tocarei para você.” Ele disse e seus dedos começaram a se mover em um ritmo tão suave e perfeito que, se fechasse os olhos, eu não diria que estava sendo tocado por apenas um par de mãos.  

            “Você me inspirou nessa daqui...” disse baixinho, sua voz se misturando com a cantiga de ninar que ele tocava.

            “Você compôs?!” Exaltei-me com tamanha perfeição. Ele assentiu. “Meu Deus, Edward! É perfeita! Você deveria gravar e...” ele me cortou, balançando a cabeça e terminando a minha canção de ninar.

            “É a sua canção de ninar, Bella, e de mais ninguém... E se eu gravar não terei a desculpa para ficar tocando para você depois...” Sussurrou, girando o corpo no banquinho e entrelaçando os dedos de nossas mãos.

            “Não sei como agradecer... É perfeita. Muito obrigada, Edward!” eu disse e ele limpou a lágrima que escorreu com um beijo novamente.

            “Não tem de quê, sabe disso.” Ele beijou minha testa. “Vem... Vou te mostrar o resto da casa.”

Sorri enquanto ele me rebocava andar acima. Ele apontava para as portas e identificava os lugares. Pelo que pude perceber pelo barulho, estavam todos na sala de jogos.

            “Pode rir. É realmente irônico.” Falou enquanto parávamos em frente à cruz de madeira entalhada. “Lembra-se da história... sobre Carlisle?” ele perguntou ao me levar para o escritório do pai dele, e percebi a quantidade de quadros que havia lá.

            “Claro.” Os quadros eram todos emoldurados, alguns de cores vivas e alegres, outros em tons pasteis sombrios, mas todos perfeitos e dignos de exposição. “Estou começando a ter certeza que sou insignificante. Você é um compositor nato, Carlisle pinta à nível artístico... Eu não sei fazer nada!” eu disse enquanto saímos do escritório, indo para o terceiro e último andar.

            “Apenas a sua ação de respirar já é o suficiente para mim, Bella, mais do que eu mereço!” Edward murmurou, abrindo a única porta do andar de cima. “Meu quarto.” Ele apresentou.

O quarto era imenso, tinha uma varanda de frente para a floresta e era possível ver o rio e o conjunto de montanhas, mais perto do que eu imaginava. Não tinha cama, apenas um sofá preto espaçoso e um tapete grande e espesso no chão. Os livros e cd´s nas estantes eram incontáveis. Ele também tinha um aparelho de som daqueles que eu tinha medo de tocar porque sabia que quebraria alguma coisa. No canto da parede tinha um violão.

            “Acústica boa?!” deduzi, apontando para o som. Ele sorriu e apertou o play – um jazz baixinho rolava e era como se a banda estivesse no quarto com a gente.

            “Então... já decidiu o que faremos amanhã depois de visitar seu pai?” ele perguntou, me puxando para o sofá.

            “Não sei Ed... Qualquer coisa, só não quero ficar em casa... Desde que seja com você...”.

            “Humm... Gosto disso. Quem sabe um parque, teatro, compras...” sugeriu.

            Fiz uma careta com para a última palavra – chega de compras por essa semana. “Um cinema seria bom...” eu disse, ele sorriu.

            “Então está decidido. Cinema. Eu passo para pegar você às 4.”

            “Ok.” Eu sorri.

            “Sabe, não sei se lhe agradeci devidamente pelo que fez e está fazendo por mim e comigo...” Sussurrou enquanto sentávamos no sofá preto – ele sentava no sofá, eu acabei em seu colo de novo, aninhada como uma criança.

            “Não tem por que agradecer. Eu amo você. Eu que tenho que agradecer por me dar a oportunidade de entrar desse jeito em sua vida, Ed.” Murmurei em seu pescoço.

            “Mesmo assim, obrigado. É mais do que eu poderia esperar.” Falou ao aproximar nossos rostos.

            “É apenas o que você merece.” Sussurrei antes de beijá-lo de novo. Não importava quantas vezes eu tinha feito aquilo hoje à tarde, eu não conseguia me acostumar à sensação de ter seus lábios nos meus, seu corpo de Deus Grego assim, tão próximo.

            “A maneira que me considera é absurda!” sorriu ao separar nossos lábios, sua testa encostada na minha.

            Revirei os olhos para ele, que me beijou de outra vez. Nossas línguas se tocaram e o leque de sensações passou por mim novamente. Meus braços foram para seu peito másculo, empurrando-o para baixo, e ele foi sem resistência – seus lábios em meu pescoço, me levando a loucura. Fiquei por cima dessa vez e tirei proveito da situação. Sentei em sua barriga lisinha e desci com a minha boca para seu pescoço.

            “Sabe, acho que tenho uma vingança para cumprir... O que você acha?” perguntei em seu ouvido, mordendo o lóbulo de sua orelha enquanto os pelos de sua nuca se arrepiavam.

            “Acho que você não deveria fazer isso!” ele disse sem a menor convicção. Sorri.

            “É mesmo? E porque não?” perguntei, meus lábios traçando uma linha de fogo em sua nuca.

            “Não seria legal... ter que me vingar de você de novo... depois.” Murmurou pausadamente, a respiração forte, e eu sorri.

            “Eu acho que seria divertido... Acho não, tenho certeza!” Mordi seu queixo, vendo-o se contorcer embaixo de mim. Ri baixinho com tamanho descontrole dele. Era bom ver que ele também respondia aos meus estímulos. Na verdade, era quase vingativa ser a minha vez de fazê-lo perder o controle, como ele sempre fazia comigo.

            Apenas rocei os meus lábios nos deles e percebi que estavam sedentos pelos meus se entreabrirem, esperando pelo beijo. Que não veio – eu apenas fiquei o provocando, como ele fez comigo mais cedo.

            “Argh, Bella! Não é justo... Vem aqui!” Edward resmungou, tentando me beijar, sem sucesso por que eu desviei meus lábios dos dele.

            “Justo? Agora você vem falar de justiça?! E hoje de manhã quando era você que me torturava hein? Agora eu mando aqui, Edward Cullen!” eu disse e ri alto com a sua cara de indignação. E depois sua expressão mudou e se tornou quase diabólica.

            “Não devia ter feito isso, Isabella Marie Swan! Não devia mesmo!” E, dizendo isso, ele rodou, fazendo-nos cair no tapete felpudo – eu nem senti o impacto porque ele caiu por baixo, mas logo girou de novo, e agora eu estava em baixo.  Mas que droga!

            Seu sorriso era lindo e diabólico e eu sabia que ia sofrer. “E agora Isabella Swan... Quem está no comando agora?” Edward fez a pergunta retórica apenas para me ver prender a respiração.

Ele me beijou, doce, impulsivo, apaixonado. Sua língua invadiu minha boca e, como que para me provocar, Edward não terminou o beijo rapidamente, me deixando completamente sem ar – só parou quando percebeu que eu estava mesmo precisando respirar. Suas mãos fizeram algemas nas minhas, levantando-as acima da cabeça e passeando livremente com a sua boca pelo meu pescoço, quase me tirando a sanidade. E depois me beijando apaixonadamente de novo. 

            “E então, quem ganhou, hein?” perguntou e sorriu sacana. 

            “Eu! É óbvio!” falei. A sua cara de indignação foi impagável.

            “Como assim você? Eu estou em cima e no controle!” argumentou como se fosse mais óbvio. Na verdade eu sabia que estaria encrencada após a minha resposta, mas não me importei.

            “Eu fiz com que você fizesse o que eu queria que fizesse!” ele piscou, tentando entender minha frase enrolada.

            “O que você queria que eu fizesse?”

            “Beijasse-me.” disse como se fosse muito óbvio. Ele estreitou os olhos e eu abri um sorriso. E então ele me atacou com as suas cócegas impossíveis.       

            “Para, Ed, para!” eu tentei gritar entre os espasmos. Sim, eu tinha muita cócega.

            “Agora é ‘para Ed’? E você me provocando era o quê?” ele perguntou, rindo em cima de mim.

            “Por favor, Ed... Para!” gritei entre risos, o que só o fez rir mais. “Mas que merda, Edward! Pare com isso!” eu disse rindo.

            “Tudo bem... se...” ele falava pausadamente, mas o infeliz não parava com as cócegas! “Você prometer que não irá se vingar hoje!” sorriu torto.

            “Argh! Tudo bem, qualquer coisa! Só pare com isso!” Então ele finalmente parou com as cócegas e desceu seu rosto até roçar os lábios nos meus.

            “Sabia que eu adoro esse tom corado que você fica?” Minhas bochechas deviam estar muito vermelhas por conta do esforço em não me desfazer em cócegas. “Está com raiva de mim?” ele perguntou, percebendo meu bico.

            “Eu gostaria muito de conseguir ficar com raiva de você, seu Cullen idiota. Mas é só você me olhar assim e sorrir, e eu esqueço o que eu estava pensando.” Disse e ale abriu um sorriso, encostando seus lábios nos meus em seguida, sugando o meu lábio inferior antes de se afastar.

            “Amo você, Isabella Marie Swan.” Ele disse entre meus lábios.

            “Como eu amo você Edward Cullen!”

            Toc, toc, toc...

            “Entra, Alice.” Edward disse antes de me fazer sentar, em aqueles seus movimentos ofuscantes de tão rápido, em seu colo de novo, encostado no sofá.

            “Oi.” Ela cumprimentou ao entrar dançando no quarto. “Estávamos lá embaixo e parecia que você estava devorando a Bella, então viemos ver se sobrou um pouquinho.” Falou despreocupadamente, Jasper logo atrás dela.

            “Na verdade, Alie, não acho que tenha sobrado nada!” Edward disse, sorrindo, respirando em meu pescoço.

            “Ok... Não custa perguntar.” Falou com um sorriso de fada.

            “Pra ser sincero, Alice viu uma tempestade para amanhã e Emmett quer jogar baseball, viemos ver se vocês vêm...” Jasper disse. Era a primeira vez que ele falava alguma coisa, sua voz profunda e calma.

            “Como se vocês não soubessem...” Edward disse rindo.

            “Olha aqui, seu bobão. Eu sou educada!” Alice disse batendo o pé. Era engraçado de ver.

            “Sei que é, baixinha. Mas já temos planos para amanhã... Pensei que fosse chover hoje.”

            “E vai, mas Emmett e Rose vão para aquele salão de automóveis em Seattle e todos nós vamos também. E Emmett quer jogar, então só amanhã...”.

            “Entendi.” Edward murmurou.

            “Ok... Então, bom cinema para vocês! Iremos ver se Carlisle vai querer jogar amanhã...” Jasper prosseguiu e puxou Alice para fora do quarto. Percebi a troca profunda de olhares entre Ed e a irmã.

            “Tchau, baixinha... Tchau, Jazz.” Edward disse enquanto eles desapareciam.

            “Ah!” A cabeça de Alice apareceu de novo na porta. “Sugiro que leve Bella para casa logo, Edward... Vai começar a chover daqui uns cinco minutos. E Charlie chegará mais cedo.” Sorriu – ela era mais confiável que qualquer meteorologista.

            “Ok, baixinha, tchau.” Edward concordou e ela desapareceu.

            “Desde quando vampiros gostam de baseball?” perguntei após uns segundos de silêncio.       

            “É um passatempo tipicamente americano... De qualquer jeito, só podemos jogar quando tem tempestades.” Olhei para ele, a pergunta em meus olhos. “Porque os sons dos trovões disfarçam os nossos movimentos.” Ele admitiu. Lembrei de hoje de manhã quando ele derreteu o chocolate apenas com os seus movimentos extremamente rápidos e entendi.

            “Entendi.” Murmurei. “O que Alice estava dizendo para você três minutos atrás?”

            “Percebeu aquilo, não?” ele perguntou.

            “É claro.” Dei de ombros.

            “Ela estava me atualizando das novidades... Não sabia se era algo que eu gostaria de compartilhar com você.” Ele disse pensativamente.

            “E você vai?”

            “Preciso, porque ficarei um pouco... insuportavelmente protetor nos próximos dias... ou semanas... e não gostaria que pensasse que eu sou naturalmente um tirano.”

            “Você ficará perto de mim?” perguntei.

            “Sim... Outro motivo para falarmos com o seu pai sobre o seu novo namorado.”

            “E você é isso mesmo?” questionei. Tirando o quão piegas isso parecia, senti uma lisonja íntima com essa palavra, Edward e Charlie no mesmo cômodo.

            “Está é uma interpretação livre da palavra ‘novo’, admito.”

            “Tive a impressão de que era algo mais, na verdade.” Confessei, olhando minha mão.

            “Não precisamos dar a ele todos os detalhes sórdidos... Mas irei precisar de uma desculpa para ficar tanto com você... Não quero que o Chefe Swan arranje um mandado de segurança contra mim.” Ele disse brincalhão.

            “Então você realmente vai ficar comigo?” perguntei ansiosa.

            “Desde que você me queira.” Edward me garantiu.

            “Sempre vou querer você... Não irá se livrar de mim tão fácil.” Repeti as palavras dele, que riu em meu cabelo – seu hálito frio me fazendo arrepiar.

            “Qual é o problema?” perguntei curiosa, voltando ao assunto.

            “Não há exatamente um problema. Alice só vê alguns visitantes chegando logo. Eles sabem que estamos aqui e estão curiosos.”

            “Visitantes?”

            “Sim... Bom, eles não são como nós, é claro... Em seus hábitos de caça, quero dizer. Não devem ser muito perigosos nem devem entrar na cidade, mas certamente não perderei você de vista até irem embora.”

            “Como se eu quisesse isso...” murmurei. “Mas, então, existem muitos da sua espécie?” perguntei, imaginando quantos andavam por aí, camuflados na sociedade sem que ninguém percebesse.

            “Não muitos exatamente... A maioria se esconde, só saindo para caçar... E são poucos, muito poucos, os que adquirem consciência como nós. Só conhecemos um clã, no Alaska.” Ele disse. “Então, vamos?” Perguntou depois de nos levantar do tapete felpudo dele.

            “Vamos...”

            Despedimos-nos rapidamente com muitos “volte logo” e “adoramos tê-la aqui”, e partimos rapidamente para casa. Edward mantinha um sorriso no rosto e sua mão entrelaçada a minha.

            Quando chegamos estava apenas chuviscando, mas o céu estava quase negro com nuvens de uma tempestade que eu ainda não tinha presenciado em Forks.

            “Eu realmente adorei hoje, Bella.” Edward falou, estacionando o carro na vaga de Charlie.

            “Eu também, Ed. Mesmo.” Sorri para ele, que logo colocou uma mecha solta atrás de minha orelha.

            “Ficar com você está realmente muito fácil, sério mesmo. Era quase automático não ter que lutar comigo mesmo para mantê-la viva. E quando eu me afastar vai ficar mais difícil. Não sentir seu cheiro e seu gosto durante esse tempo vai fazer com que eu me desacostume e vai voltar – não à estaca zero, eu espero, mas vai regredir.“ ele disse, a voz desolada.

            “Não precisa ir. Pode ficar.” Um sorriso hesitante abriu em seu rosto.

            “Está pensando em me apresentar para o seu pai mais cedo?” perguntou sorrindo.

            “Não, com Charlie é melhor não pecar pelo excesso.” Eu sabia bem disso. “Mas ele não precisa saber que você está aqui.” Argumentei, sorrindo para ele – seu sorriso era mais largo. “Você poderia guardar o carro e voltar correndo para mim... literalmente.”

            “Parece-me uma boa idéia.” Concordou e desceu do carro, abrindo a porta do meu lado, em seguida.

            A chuva estava mais forte e tentei sair correndo sem cair e quando cheguei à soleira a porta já estava aberta, e Edward a segurava para mim.

            “A porta estava destrancada?” perguntei. Lembrava-me perfeitamente de tê-la trancado hoje cedo.

            “Não, usei a chave que estava embaixo do beiral.” Falou, como se fosse óbvio.

            Passei pela soleira e liguei o interruptor.  Encarei Edward com as sobrancelhas erguidas.

“Estava curioso sobre você.” Confessou.

            “Você me espionou?” Mas o ultraje não veio a minha voz. Eu estava lisonjeada. E ele não parecia arrependido.

            “O que mais se pode fazer à noite?” Deixei passar enquanto ele se sentava na cadeira esfrangalhada da cozinha do meu pai. Sua beleza iluminou o ambiente.

            “Com que frequência você vem aqui?” perguntei casualmente, de costas para ele enquanto esquentava a lasanha que eu havia feito essa semana.

            “Venho aqui quase todas as noites.” Respondeu no mesmo tom que eu. Girei atordoada.

            “Por quê?”

            “Você é interessante enquanto dorme. Você fala.” Ele disse categoricamente.

            “Não!” arfei. É claro que eu sabia que falava dormindo – minha mãe brincava comigo sobre isso –, mas não imaginei que isso seria problema por aqui.

            “Está com raiva de mim?” perguntou, sua expressão pesarosa.

            “Isso depende!”

            “De...?” insistiu.

            “Do quanto você ouviu!” gemi. No mesmo instante, Edward estava do meu lado, pegando minha mão cautelosamente.

            “Não fique chateada.” Ele pediu, abaixando o rosto ao nível do meu, me prendendo em seu olhar. “Você sente falta da sua mãe, lamenta por ela. Você costumava falar muito sobre o clima... Uma vez disse ‘É verde demais’.” ele riu baixinho. “E, quando chove, o som a deixa inquieta.”

            “Mais alguma coisa?” perguntei, sabia que estava chegando perto.

            “E teve uma vez... Estava muito frio e você parecia que ia congelar então eu peguei um cobertor para você. Você dormiu melhor depois...” comentou.

            “Foi você! Eu tinha falado com Charlie, mas ele disse que não sabia de cobertor nenhum... Eu tinha esquecido sobre isso...” Ele tinha quase me tirado do foco. Quase. “Tem mais Edward!” Averiguei.

            “Você disse meu nome.” Ele admitiu. Suspirei derrotada.

            “Muito?”

            “O que chama de ‘muito’, exatamente?” perguntou, mordendo o lábio.

            “Ah, não!” suspirei, baixando a cabeça.

            Ele me puxou para o seu peito, delicada e naturalmente. Respirei o seu cheiro e constatei que ele me acalmava.

            “Não fique constrangida, Bella.” Sussurrou, seus lábios se movendo na minha cabeça.  “Se eu pudesse sonhar seria com você e não me envergonharia disso.” Ele disse e beijou meus cabelos. Suspirei em seu peito. O som dos pingos de chuva era mais alto e mais forte.

            “Sugiro que você vá logo. Não quero que fique molhado e doente.” Falei e ele me afastou, sorrindo.

            “Doente, eu? Essa é boa!” Riu e logo se foi.

            “Hey! Cadê meu beijo?” eu gritei para o nada. Só ouvi sua risada espectral, e sorri em meu íntimo.

            Subi para o meu quarto. Não sabia quanto tempo ele demoraria a chegar e decidi não tomar banho agora. Entrei no banheiro e a pessoa no espelho era quase irreconhecível – ela tinha um sorriso enorme nos lábios e um brilho único no olhar, a felicidade era quase palpável.

            Desci para terminar de esquentar o jantar do meu pai e acabei comendo um pouquinho da lasanha também. Subi de novo para escovar os dentes. Tinha terminado quando uma mão fria envolveu minha cintura e o reflexo de um Edward praticamente todo molhado aparecia no espelho, beijando meu pescoço.

            “Oi!” ele murmurou ali.

            “Oi, Ed...” eu disse. “Olha! Seu reflexo aparece no espelho!” sorri para ele. Seus olhos brilharam para mim e ele sorriu. “Estou começando a duvidar sobre esse negócio de vampiros...”.

            “Droga! Você descobriu meu segredo!” ele murmurou brincando. Girei, ficando de frente para ele. 

            “Sabe, acho que me deve alguma coisa!” falei, envolvendo seu pescoço com os braços.

            “Sério? O quê?” Fez-se de desentendido.

            “Coitadinho do meu namorado... tão novo e já sofre de mal de Alzheimer.” Ele riu alto.

            “Não me provoque, Isabella.” Edward ameaçou e eu sorri e beijei sua boca carnuda que se encaixava perfeitamente a minha. Atravessei o corredor, abrindo a porta do meu quarto. Ele tropeçou na cama e eu ri em sua boca.  Ele segurou minha cintura junto a sua e distribuiu beijinhos em meu pescoço, voltando a minha boca em seguida.

            “Por que não?” perguntei, referindo-me à sua frase anterior, ainda encostada em sua boca.

            “Porque você me prometeu...” Sussurrou, girando-me e ficando em cima e se levantando da cama. Suspirei e agarrei seu braço.

            “Tudo bem. Vou me comportar. Prometo!” Falei e o puxei para a cama de novo. Ele caiu ao meu lado, rindo do meu bico. Edward estava virado de frente para mim e sorri para ele. Ele sorriu de volta e eu me aconcheguei em seu peito, respirando no vão de seu pescoço.

            “Estou todo molhado, Bella, eu vou te molhar!” ele disse, tentado se afastar.

            “E daí? Eu não me importo.” Abracei seu pescoço.

            “Eu me importo. Se você ficar doente será culpa minha!” revirei os olhos, mas ele não viu.

            “O que sugere? Tem umas roupas de Charlie aqui, você pode usá-las se quiser. Ou pretende fazer strip-tease?” questionei, rindo. Ele suspirou e quase pude vê-lo revirando os olhos. “Você falou com Alice sobre Rosalie?” perguntei em seu pescoço.

            “Mais ou menos...” Achei estranho o tom de voz dele.

            “E...?”

            “E que Alice viu algo como você sempre ao meu lado e que ela, você e Rosalie seriam ótimas amigas e, então, contou para Rose. Assim como todos nós, Rosalie confia muito no veredicto da anã e, por isso, parou de relutar e decidiu que tornaria as coisas mais fáceis para nós.” Não parecia mentira, mas era como se faltasse algo ali. Ou algo que ele não soubesse ou algo que ele não queria me contar.

            “Sabe, estava pensando...” eu comecei e depois corei sem terminar a frase.

            “Diga!” ele disse, seus dedos afagavam meu cabelo.

            “Nada. Deixa para lá!”

            “Fale, Bella, por favor.” Implorou, afastando-se de mim e olhando-me nos olhos – seu brilho me deixando tonta. “Não me obrigue a persuadi-la.” Ele disse e seus olhos derreteram. Meu coração perdeu uma batida. Encolhi-me em seu peito de novo, escondida de seus olhos ardentes.

            “Estava pensando sobre Emm e Rose, Alice e Jasper e Carlisle e Esme. O... casamento... deles é como os dos humanos?” perguntei e ele entendeu sorrindo.

            “Sim... imagino que sim... Nossos desejos humanos ainda existem, apenas camuflados por trás de nossos desejos poderosos. Por quê?” perguntou e eu corei forte. Ele novamente nos afastou me olhando nos olhos.

            “Estava pensando sobre eu e você... um dia.” Murmurei, todo o meu sangue concentrado em minhas bochechas.

            “Ah... isso... Imagino que não, Bella.”

            “Por que eu não sou desejável.” Não era uma pergunta.

            “Não! É claro que não é por isso. Eu posso não ser humano, Bella, mas sou homem. E, acredite, você é extremamente desejável nesse sentido também.” Ele disse e parecia que minhas veias das bochechas não seriam capazes de comportarem tanto sangue.

“O que quero dizer é que você é extremamente quebradiça. Eu poderia machucá-la sem querer. Se não prestar extrema atenção no que estou fazendo quando estou com você, eu posso perfurar seu cérebro tentando fazer carinho. E seria meio impossível prestar devida atenção com você...” ele não terminou e eu entendi. “Mas agora me deixou curioso... Você já...?” ele parou sugestivamente.

            “Não! É claro que não! Eu disse que nunca senti nada parecido com isso antes... nem perto.”

            “Sim, eu sei. Mas também sei que nem sempre o amor e o desejo andam de mãos dadas hoje em dia.” murmurou.

            “Para mim andam. Agora, de qualquer modo, eles existem para mim dessa forma... E você?” perguntei, temerosa da resposta.

            “Não. Nós concordamos nessa parte.” Ele disse e beijou meu cabelo. Suspirei de alívio. “Seu celular está tocando.” Falou de repente com a voz calma.     

            “Quê?” perguntei e ele apontou com a cabeça para a mesa do computador, sorrindo. Mostrei a língua para ele antes de pegar o celular em cima da mesa, e sentei de volta na cama.

            “Alô?” falei. O número era desconhecido.

            “Bella! Oi, filha!”

            “Oi, mãe!” Fazia um tempo que eu não falava com ela. “Mãe, cadê seu celular?” perguntei curiosa sobre o número desconhecido.

            “Não ria! O carregador não sumiu. Ele fugiu! Dos meus gritos. Eu assusto a tecnologia agora!” ela disse. Eu ri. Isso era a cara dela, ela sempre perdia o carregador.  Apoiei as costas na cabeceira da cama e Edward deitou em meu colo, seus dedos brincando com os meus.

            “Mãe, você procurou na mala?” Ela sempre jogava as coisas lá dentro.

            “É... ACHEI, Phil!” ela gritou do outro lado da linha. Tive que afastar o celular do ouvido para não ficar surda. “Obrigada, filha! Mas, como estava dizendo, estou falando pelo telefone do hotel.”

            “Onde vocês estão?”

            “No caminho para Nova Iorque. O contrato não deu certo – o time que queria contratar o Phil acabou perdendo e não assinaram o contrato.” Suspirou.

            “Sinto muito, mãe!”.

            “Eu também. Estava começando a me acostumar com a umidade e o cheiro de mar. É lindo lá, Bella!”

            “Imagino.”

            “Mas e você? Como está ai? Está chovendo? Você está com uma vozinha tão animada.” Ela tagarelou.        

            “Calma mãe, uma pergunta de cada vez. Eu estou bem. Sim, está chovendo. E minha voz não está animada.” Eu disse, olhando para o rosto de Edward.

            “Está sim. E eu acho que tem algo a ver com algum garoto daí.” Suspirei. Lá vem a Dona Renné.

            “É porque hoje fez sol.” Esclareci. Podia vê-la revirando os olhos para mim.

            “Claro. Sei... Diga-me, é o loirinho de cabelo arrepiado?”

            “Não! Mãe, eu já disse que eu não gosto dele! Ele é apenas um amigo.” Edward fez uma careta de nojo enquanto eu falava. Tive que me controlar para não rir.

            “Sei, sei. Mas se não é ele, quem é?!” Ela não desistia tão fácil.

            “O quê?” Fiz barulho de chiado. “Desculpe, mãe, não estou te escutando! O quê?” Repeti o barulho de chiado. Desliguei a ligação e o celular também. Edward olhava para mim como se eu tivesse enlouquecido. Sorri para ele.

            “Por que desligou o celular na cara da sua mãe?” ele perguntou, os olhos arregalados.

            “Porque ela começaria a fazer perguntas para as quais eu talvez ainda não queira responder.”

            “Não vai contar para a sua mãe que está namorando?” Acusou. Revirei os olhos.

            “Sim, eu vou. Embora ela provavelmente vá me deserdar...” Ele franziu o cenho.

            “Por que ela faria isso?”

            “Ela prefere que eu cozinhe filhotes de cachorrinhos vivos do que eu namorar.”

            “Ela me parecia extremamente animada com o fato de você conhecer um garoto bonito no colégio.”

            “Eu sei. O problema é que ela sabe o que provavelmente vem depois disso.”

            “Casamento?” perguntou inseguro.

            “Também... estava pensando em gravidez, mas enfim...”

            “Ela é contra o casamento.” ele averiguou. “Mas ela não é casada?”

            “Sim... Ela é contra o casamento jovem.”

            “Eu não estou te pedindo em casamento.”

            “Sei que não. Ela é que não sabe disso.” Suspirei e ele me acompanhou. Ouvimos o som da viatura entrando na vaga enlameada de Charlie.

            “Você vai ficar aqui, não vai?” deduzi enquanto pulava da cama.

            “Sim... Qualquer coisa eu me escondo no armário!” ele disse e eu sorri. Depositei um selinho em seus lábios cheios.

“Eu volto logo... eu espero.”

            “Estarei te esperando.” Murmurou, e eu abri a porta do quarto descendo escada abaixo quase correndo.

            Charlie estava completamente encharcado quando entrou pela cozinha carregando a sacola com peixes.

            “Oi, Bells!” Cumprimentou, largando a sacola na pia.

            “Oi, pai! Como foi a pescaria?” perguntei, para mantê-lo falando.

            “Boa... Os peixes estavam fisgando. Até essa tempestade pelo menos...” ele disse tirando as botas de chuva.

            “Ok... Vá tomar banho, a cidade não iria querer que o maior chefe de polícia de todos os tempos ficasse doente.” Eu disse categoricamente, fazendo-o sorrir.

            “Nem eu! Será que poderia esquentar um pouco de lasanha para mim? Estou sentindo o cheiro.”

            “Claro. Enquanto você toma banho eu esquento, ok? Agora vá logo!” eu disse e ele subiu as escadas correndo. Escutei o barulho do chuveiro e imaginei uma fuga para o meu quarto. Não. Arriscado demais. Decidi limpar os peixes logo, e congelá-los... Quanto mais rápido eu terminasse as coisas que tinha que fazer, mais rápido iria para o meu quarto.

            Quando terminei de congelar em porções o último peixe, Charlie desceu as escadas, atacando o prato com lasanha logo em seguida.

            “Ué... Cadê os peixes?” perguntou quando foi colocar o prato na pia.

            “Congelados, por quê?” inquiri, limpando o microondas.

            “Você os limpou e congelou?” Charlie parecia assustado.

            “Sim, pai. Algum problema?” perguntei preocupada.

            “Não... nenhum problema... eu acho!” ele disse pensativo.

            “O que foi?”    

            “Sei lá... Não esperava que fizesse isso... Não precisa fazer se não quiser, sabe disso! Só não quero que se sinta obrigada a fazer coisas na casa...” ele disse tudo de uma vez.

            “Pai, não me sinto obrigada a nada. Sério. Fazia isso desde sempre na casa da minha mãe, já me acostumei. Eu gosto até.” Sorri para ele, que respirou fundo.

            “Se é assim...” deu de ombros. “Você vai ao baile?” Perguntou, mudando de assunto sem nenhuma sutileza.

            “Não, pai... Eu já disse isso também.” Revirei os olhos, mas ele não viu.

            “Amanhã terei de ir para Seattle, comprar munição... Acho que aqueles novatos estão atirando nos pássaros, só pode! Só volto depois do almoço... Você vai querer alguma coisa? Um livro, cd...?”

            “Não, pai... Obrigada! Ficarei em casa amanhã – muito dever de casa.” Murmurei.

            “Ok... Eu vou...” ele virou e encarou a TV.

            “Vai lá, pai. Vou tomar banho... Estou fedendo a peixe!” Ele riu e foi para o sofá, ligando a TV. No botão. Murmurando algo inteligível.

            Entrei no quarto quase correndo. Edward estava sentado na cama, lendo o que reconheci por ser meu exemplar surrado de “O morro dos ventos uivantes”. Ele levantou o olhar quando me viu e sorriu lindo como sempre, abrindo os braços. Um convite quase irrecusável. Quase.

            “Posso ter um minuto como humana?” perguntei, e cheirei minha blusa. “Estou fedendo a peixe!”

            “Claro... Continuarei aqui...” ele disse e sorriu mais largo ainda.

            “Estátua.” Eu disse tentando parecer severa e Edward fez um espetáculo virando uma estátua na beira da minha cama. Fechei o queixo que tinha se aberto e peguei meu pijama e minha nécessaire. E sai correndo para o banheiro.

            Tentei ser rápida, mas não pude fazer nada com a água quente do banho. Tentei não pensar em Edward em meu quarto com Charlie em casa senão teria de começar de novo o meu processo de relaxamento.

            Não pude adiar mais e saí do banheiro de pijama, descendo para falar com Charlie.

            “Boa noite, pai!” eu disse para ele que pareceu surpreso com a minha presença.

            “Boa noite, Bella.” Respondeu, e eu subi depois de beber água.

            Pulei de dois em dois degraus, subindo rapidamente para meu quarto. Quando abri a porta, Edward estava exatamente como eu havia deixado.

            “Bonita!” elogiou sorrindo, saindo do estado de estátua. Revirei os olhos e subi em seu colo, encaixando minha cabeça em seu peito. Ele deixou o livro de lado.

            “Posso saber para quê tudo isso?” perguntou referindo as minhas roupas.

            “Acho que Charlie está desconfiado sobre minha... santidade... eu acho que ele tem na cabeça que adolescente tem que ser rebelde e imaturo. Ele acha que eu iria fugir hoje à noite.”

            “Entendi.” Não podia ver seu rosto, mas ele parecia estar se divertindo. “O que faremos amanhã?”

            “De manhã?” perguntei e ele assentiu. “Não sei bem... Eu tenho mesmo dever de casa para fazer. Mas é coisa rápida. E o trabalho de Inglês para terminar.” Eu disse, ele assentiu novamente. “Posso te perguntar uma coisa?” eu perguntei depois de alguns segundos de silêncio.

            “Claro.”

            “Estava pensando... Você nunca esteve de tão bom humor quanto hoje de manhã. Eu queria saber o por que...”

            “E não era para ser assim? A glória do primeiro amor... A diferença entre ler, ver e sentir nunca foi tão distinta para mim. Por exemplo: hoje quando sua mãe falou sobre o desprezível do Newton, senti uma espécie de fúria. Demorei algum tempo para perceber o que era... Já tinha lido sobre isso em milhares de livros, visto milhares de atores representá-lo, mas o que senti não foi nada esperado!” Eu tive que rir.

            “Você com ciúmes de mim? Com o Mike? Como pode? Justo depois de eu saber que Rosalie... Rosalie, a encarnação da pura beleza foi feita para você? Não acha que você trocou os papeis?” perguntei, erguendo as sobrancelhas.

            “Já conversamos sobre isso. E Rosalie não foi feita para mim... foi para Emmett, só não sabíamos disso ainda. Mas o que quero dizer é que a diferença entre ler e sentir é muitíssimo grande!” ele disse pacifista.

            “Tem razão. Nunca imaginei que fosse possível sentir algo tão forte quanto o que sinto por você.”

            “E olha que você é humana. Agora pegue tudo isso que sente e multiplique por dez.” Arfei. “Não chega nem perto do que sinto por você.” Ele disse olhando em meus olhos, sorrindo em seguida. Sorri de volta e ele me deu um selinho.

            “No que está pensando?” perguntei algum tempo depois. Estava deitada no peito dele, seus braços me envolviam e estávamos conversando sobre meu convívio com a minha mãe. Ele parecia extremamente interessado em minha vida em Phoenix e me enchia de perguntas que iam desde como minha mãe era quando eu era pequena, a coisas inexplicáveis, como o cheiro de terra e de primeiro dia de aula. Eram coisas que ele não conseguia entender e isso o deslumbrava.

            “Em como isso me parece impossível! Sabe... nós dois aqui, como se um casal de vampiro e humana fosse a coisa mais comum e normal do mundo.”

            “Para mim, é a melhor coisa do mundo!” eu disse em seu pescoço. Edward abaixou os olhos e me deu um beijo cálido nos lábios.

Em seus braços sabia que ali, exatamente ali, era o meu lugar. O melhor lugar do mundo. Seus braços me envolviam e pareciam ter sido feitos exatamente para ficar ali, me abraçando. Como se ele tivesse sido feito para mim.

Ele começou a cantar a minha canção de ninar e me perdi no doce da inconsciência, com o seu cheiro e voz me envolvendo para um sonho onde estava tudo perfeito, como estava agora. Mas não antes de murmurar um “Eu te amo, Eddie” e ouvir seu riso baixo e sentir seus lábios em meu cabelo.


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Notas finais do capítulo

oiie o/
como anda ai os coraçõezinhos de vcs ai, hein?!
cap IMEEEEENSO!!
36 pags no Word
tadinha da Rapha
ASUHASUHASUHASUHASUHASU
Oh gente, eu já disse como eu amo essa cabrita?!?! ela é muito top mano. me gusta mutcho
ela tá de férias soo mandem reviews e eu mando para ela e ela beta e eu posto
fim
facil né?!
to esperando os reviews de vcs, então, please, não me decepcionem!! u.u
bjus bjus
até o proximo cap
N/B: Ufa! Achei que nunca mais terminaria de betar esse cap... HUAHAUHAUHAUAHUAH
Ficou imenso!
Anyway, achei extremamente fofo! God, como quero apertar esse Edward *dá uma de Felícia e aperta forte*
Estou ansiosa pra mais... Acho que a partir do próximo capítulo as coisas vão se diferenciar bastante do livro original, então mal consigo esconder minha empolgação!
KOAKAOKAOKAOKAOPAK
Que tal reviews pra animar essa autora foda? Eu soube que o próximo capítulo já está pronto e só falta ela me enviar pra betagem... So, comentem e trago em breve pra vocês!
Um beijo e até mais!
Toodles honey



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