Como era de se esperar, eu fui "clicado" enquanto levava Katherina, de colo até o hotel. É um dos preços da fama que me incomodam as vezes, mas eu escolhi isso e é isso o que eu gosto de fazer, então isso é só digamos que um "pedágio" na minha vida.
Entrei com Katherine as pressas e a deitei sobre um sofá preto e de couro que havia na recepção, ainda a olhando nos olhos, lhe prometi que ajudaria.
- Por favor, ajude a minha amiga, ela prendeu o pé em um conjunto rochoso alí da frente. Acho que quebrou o pé - Disse ao balconista, que imediatamente saiu de seu posto e se pos de frente a garota.
- Filha, como você fez isso? - O Balconista disse, me fazendo arregalar os olhos. Filha? É difícil me lembrar que até as pessoas mais difíceis de lidar, tem família.
Franzi os lábios e fechei os olhos, rezando para que não falasse que fora por minha culpa.
- Tropecei - Foi tudo que a garota disse e eu suspirei aliviado.
- Mas minha filha, tome cuidado! Olha, eu não posso sair daqui, estou em horário de serviço. Terá que arranjar alguém para te levar ao hospital.
- Eu levo - Falei imediatamente.
- Não Justin... Obrigada, você já me ajudou demais até agora, sou grata mesmo, mas isso já seria abuso da minha parte para com você - Katherina disse e eu revirei os olhos.
- Vamos logo! Pelo menos assim eu faço algo com o meu tempo livre - A peguei no colo - Onde é o hospital?
- Seis quadras daqui - O pai de Katherina disse e eu franzi os lábios.
- Eu acho que aguento - A arrumei em meu colo.
- Ou, você pode me pedir as chaves do carro e me levar nele - Katherina tirou a chave do bolso do shorts e entregou para o garoto.
- Era a minha segunda opção - Peguei a chave rapidamente, ainda com a garota em meus braços.
- Me coloca no chão, eu só me apoio em você e vou mancando até o carro.
- Katherina, eu não tenho doença contagiosa e eu já te provei que sou forte te trazendo até aqui.
- Por isso mesmo, já fez seu trabalho - Jogou o peso do seu corpo direção ao chão e só a auxiliei para que colocasse com cuidado o pé sobre "terra firme".
- Me deixem ir agora, juízo! - O pai de Katherine disse e saiu.
- Eu sei o quanto isso dói, então o quanto mais eu evitar que sinta dor, eu vou me sentir melhor - Disse dando apoio a garota e a levando para o estacionamento.
- O carro é uma Ranger Rouver preta, não esquece - Katherina disse me ignorando por completo.
Desistindo de conversar com a garota, a guiei até o carro e a pegando no colo, a coloquei no banco de trás. Com um suspiro entrei no carro e liguei o mesmo.
- Esquerda ou direita?
- Direita - Katherine disse e se deitou no banco de trás, colocando a mão sobre o pé.
Assenti e comecei a dirigir. Não entendia ao certo porque a recua de Katherina, eu poderia fazer o que for e ainda sim ela se negaria a se abrir verdadeiramente comigo. Mas quer saber? Cansei de ser tão bobo, tão bonzinho, não exigirei mais a amizade dela se ela não quer.
- Chegamos - Disse deixando o carro na mão de um manobrista e pegando Katherina no colo e, antes que ela dissesse algo, a coloquei no chão, apenas dando apoio.
Ao chegar a sala de espera do hospital, me assustei ao ver o estado das pessoas, todas muito magras, com desidratação ou insolação. O hospital não dava mais conta da grande demanda de água, faltava verba. Como se fosse reflexo, peguei meu celular e pedi para que minha mãe encomendasse o maior número de águas em garrafa para o hospital, o mais rápido possível.

"Para salvar o mundo, você tem que salvar as pessoas"

Está aí uma frase que me inspira.

- Justin, estou indo para o consultório, espero não demorar - Foi a última coisa que Katherina disse antes de adentrar e sumir por um dos corredores do hospital.

Me sentei em uma das cadeiras, nada confortáveis, da sala de espera e fitei o teto impaciente, enquanto mais pessoas entravam no hospital, todas muito comprometidas com sua saúde.

Onde diabos estava a água que eu tinha encomendado?

- Senhor Bieber? - Um rapaz disse e eu assenti - Estamos com a sua encomenda de água. Onde deixamos?

- Eu não sei - Franzi os lábios me levantando - Vamos até a recepção, saber onde podem colocar.

Me dirigi até a recepção acompanhado de um carrinho que fazia um barulho bastante irritante, que estava sendo empurrado pelo entregador que me abordara.

- Oi - Sorri fazendo a recepcionista arregalar os olhos.

- O-Oi - Ela disse e eu ri.

- Quero fazer uma doação.

- Do q-que? - Gaguejou pegando um caderno verde.

- Água - Apontei para o carrinho que estava ao meu lado.

- Não acredito! - Ela berrou - Muito obrigada, mesmo!

- Que isso - Sorri - Mas vem cá, onde eu deixo?

- Terceira porta a esquerda, na sala de medicação.

Assenti, paguei o cara e fiz um sinal avisando que eu assumiria apartir dali, eu assumiria. Segui exatamente o que a recepcionista havia dito e entrei com o carrinho na sala de medicação, que por sinal estava lotada.

- OOOOOOOOOOOOOI - Meu oi foi longo na tentativa vã de animar a todos que estavam alí - Sabem o que eu trouxe para vocês? Tudo isso de água - Apontei para o carrinho que eu tinha trago.

Todos que estavam na sala começaram a bater palmas e eu apenas sorri.

- Isso foi lindo - Disse uma voz entrando em contato com o meu pescoço e me fazendo arrepiar, era Katherina - Eu mudei minha opinião sobre você - Antes que eu pudesse dizer algo, ela me deu um beijo.