Ao amanhecer, outro belíssimo espetáculo da Mãe Natureza, o sol irradiando suas luzes, fazendo despertar os adormecidos animaizinhos daquela pequena floresta que rodeava a singela casa onde Relena estava instalada.

O rapaz desperta depois daquele dia que para ele, foi um dos piores já viveu. Agora com total consciência deitado naquele sofá perto da lareira, em uma sala desconhecida para seus grandes olhos também da cor de pequenas lagoas cristalinas. Observando com cuidado aquele simples, mas aconchegante lugar, vê ao seu lado sentada no chão e apoiada no sofá uma linda jovem, que o fez parar para apenas observar sua beleza, que aos seus olhos era única e perfeita.

Percebera então que aquela jovem havia passado a noite toda em claro cuidando de seus ferimentos, que naquele momento, havia se esquecido completamente tamanha a felicidade que sentia ao observá-la, com um grande sentimento de gratidão e amor por essa pessoa que lhe era tão importante, sua felicidade se transforma em uma grande tristeza já que receava nunca mais vê-la.

Seu corpo que carregava violentas marcas de uma briga, agora recuperava novas forças para continuar. Devia partir, então deita-a  em seu lugar no sofá, com seus olhos da cor do mais lindo oceano banhado em lágrimas a deixa e vai em direção da porta, sem nem uma despedida ou agradecimento olhando olhos nos olhos, pois não lhe era permitido, já que a envolvera de mais em seu plano a esta altura. Ele ia partir daquele lugar onde se encontrava a dona de seus desejos, mas seu coração, não importava mais o que fizesse, estaria junto dela, que roubara sua atenção e amor para sempre.

Quando chegou ate a porta, com a cabeça levemente inclinada para o lado, diz com uma voz calma e agradecida, mesmo sabendo que sua linda guardiã da noite que passara não fosse ouvir:

- Adeus minha corajosa guardiã, não devo acordá-la de seu merecido descanso, pois não deveis se envolver em meus problemas, não quero vê-la machucada... E muito obrigado por se preocupar comigo mesmo não lembrando de nada...  Adeus... Minha donzela...

Assim que terminou suas palavras, palavras essas ditas com enorme aperto no coração, esboçou em sua face um sorriso sereno, mas mal sabia ele que na verdade Relena não estava dormindo e sim apenas descasando seus olhos, que ficaram atentos a qualquer movimento daquele rapaz cuja beleza era indescritível, na noite em que se passou e ao ver a despedida de seu protegido, apenas esperou para ver sua reação.

Pouco antes de partir ela o surpreende com seu espírito forte e animado para viver e descobrir, pergunta-lhe:

- Irás assim...? Sem dizer ao menos seu nome?

O rapaz completamente surpreso ao ouvir a voz da dona daquele valente espírito fica sem reação, pois não podia envolvê-la mais do que já estava. A garota levanta do sofá, ainda com as roupas que usava no dia anterior, andando calmamente em direção do jovem que a olhava com imensa felicidade, mas ao mesmo tempo com certa impaciência. Ao chegar bem perto do rapaz, os dois se olhando fixamente, implorando por um beijo, sem nenhuma palavra para dizer, seus olhos expressivos expressavam o que cada um queria dizer. Mas entre os dois, como ele mesmo sabia, mesmo que seus corações estivessem misteriosamente unidos, seus corpos jamais poderiam se tocar nesta vida...

   O jovem recusando-se dizer seu nome em seu silêncio, passa sua mão no rosto daquela jovem desesperada por uma resposta, com aquele silêncio ensurdecedor que só fazia com que a angustia e a tristeza falasse mais alto até pequenas lagrimas começaram a escorrer nos olhos daqueles apaixonados. Para amenizar o sofrimento dos dois, ele parte, deixando-a ali, com sua visão embaçada com tantas lágrimas que caiam sem pedir permissão.