- Já estamos chegando? -Eu perguntei. Já fazia quase uma hora que estávamos naquele carro. Minhas pernas já estavam dormentes.

-Já estamos chegando. Mais uns minutinhos e já estaremos em casa.

Franzi a testa para aquela palavra. “Casa”, eu nem conhecia a casa, não poderia chamá-la de “casa”, ou “lar”.

Sem o menor sinal, entramos em uma campina (do tamanho de dois campos de futebol ou mais). O verde do gramado gigantesco misturou-se com o verde jade da floresta.

O carro parou e saímos. No centro da campina encontrava-se um cedro. Mas não era um cedro qualquer. Era gigantesco, é claro, mas em vez de verdes, suas folhas eram de um azul petróleo muito vivo. Um caminho de pedras brancas cercava a árvore; um círculo branco perfeito, com uma ramificação que guiava até a casa. Então eu a vi.

Uma mulher alta e esguia, de cabelos negros, estava parada de cabeça baixa na varanda. A casa era, sem tirar nem por, linda; de perder o fôlego; as árvores centenárias jogavam suas sombras tentando alcançar as paredes da casa. Não era nada do que eu esperava; era branca, desbotada, com três andares e muitas janelas (que significava muitos quartos, pensei), antiga, retangular, proporcional e graciosa. Não se via carros ou qualquer meio de transporte, suspirei; não haveria solução se não usar o ônibus para ir até a escola. Havia um galpão de madeira à direita da casa; não parecia fazer parte do projeto original da casa mas mesmo assim parecia antigo, era bem menor que a casa mas mesmo assim muito grande e não possuía janela alguma. Aquilo me deu arrepios.

No exato momento em que entramos na trilha de pedras brancas em torno do cedro, os pelos de minha nuca se arrepiaram. Uma mistura de felicidade e adrenalina me atingiu. Luciana levantou o rosto e acenou.