“ O... O que está fazendo aqui, idiota?!”

 “ É que... Eu queria me prevenir de que nenhuma japonesa rastejante saísse da tela da minha TV...”

xxx

 “ Iggy...”

 “ O que é? Já deixei você dormir na minha cama, já passa de meia-noite, agora vê se me deixa trabalhar. Qualquer coisa, estou na sala.”

 “ É que eu não sei se vou conseguir dormir sozinho...”

 “ ALFRED!”

 “ ...”

 “ ...”

 “ ...”

 “ ... Vá um pouco mais para o lado.”

xxx

 “ Iggy...”

 “ For the Queen’s sake, America, você ainda não dormiu?!”

 “ É que eu fico imaginando aquele fantasma do filme...”

 “ Então pare de imaginar!”

 “ Mas...”

 “ O que você quer que eu faça? Conte uma história pra você? Hah!”

 “ ...”

 “ ...”

 “ ... Iggy...”

 “ O QUE VOCÊ QUER?!”

 “ Contar uma história não seria uma má ideia...”

 “ ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA!!”

 “ ...”

 “ ...”

 “ ...”

 “ ... Quer heróis, piratas ou índios?”

xxx

 “ Era uma vez, em uma pequena cidade pacata de nome... Ehm...”

 “ Washington!”

 “ Washington não é pequena, idiota.”

 “ Mas eu queria Washington...”

 “ Cristo, então será Washington! Em uma pequena cidade pacata de nome Washington, um herói chamado...”

 “ ALFRED!”

 “ Esse é o seu nome. Nenhum herói usa o próprio nome.”

 “ CAPITÃO AMÉRICA!”

 “ Belo plágio. Um herói chamado Capitão América. Um belo dia, ele sobrevoava a cidad-“

 “ O Capitão América não voa...”

 “ NÃO VOA? QUE TIPO DE HERÓI NÃO VOA?”

 “ O Capitão América!”

 “ ...”

 “ ... Aha!”

 “ Não ria. Então... Mas esse é o SEU Capitão América, então ele pode voar. Então ele sobrevo-“

 “ Mas eu quero ser que nem o Capitão América!”

 “ VOCÊ VAI ME DEIXAR CONTAR A HISTÓRIA OU NÃO?!”

 “ ...”

 “ ... ANDAVA pela cidade à procura de um vilão muito procurado no mundo inteiro, o maligno...”

 “ REINO UNIDO!”

 “ THE FUCK?!”

 “ Não fale palavrões...”

 “ Eu não vou ser o vilão da história!”

 “ Mas seria legal...”

 “ Não. Sou eu quem conto, eu escolho quem aparece. Contente-se em meter porrada no Francis. À procura do maligno França... Quando, de repente, ouviu o som de sirenes e vários carros de polícia se dirigindo em alta velocidade ao banco central!”

 “ Inglaterra...”

 “ Sentindo o cheiro de perigo, o destemido herói correu para o local onde toda a tragédia estava acontecendo, encontrando lá o cenário de uma perfeita catástrofe!”

 “ Reino Unido...”

 “ Donzelas correndo carregando suas crianças no colo enquanto gritavam por socorro, os pneus de dezenas de carros freando bruscamente para evitar choque com outros veículos já acidentados, policiais saindo de suas viaturas segurando armas da mais alta precisão...”

 “ Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte...”

 “ E o herói, munido apenas de sua coragem e força privilegiada, correu no meio de todo o caos rumo ao prédio enquanto concominantemente salvava várias pessoas da morte certa desviand- Que foi?”

 “ Não se empolgue.”

 “ Certo. Desculpe.”

 “ E o que é ‘concominantemente’?”

  “ Simultaneamente.”

 “ ........”

 “ ... Ao mesmo tempo.”

 “ ... Ah.”

 “ Posso continuar?”

 “ Continua do começo, porque eu me perdi.”

 “ Argh, ok... Era uma vez, em uma pequena cidade pacata de nome Washington, um herói chamado Capitão América. Um belo dia, ele andava pela cidade à procura de um vilão muito procurado no mundo inteiro, o maligno França. De repente, ele ouve sirenes e logo vê vários carros de polícia indo em direção ao banco central. Sabendo que algo de errado estava acontecendo, o destemido herói os segue, encontrando no local um caos total, com várias pessoas correndo para fora do prédio tentando se salvar de alguma ameaça...”

 “ ...”

 “ ...”

 “ ... Por que você parou?”

 “  Pensei que você ia me interromper.”

 “ Ah?! Por que pensou isso?!”

 “ Nada, é que...”

 “ Eu te atrapalho muito?!”

 “ América...”

 “ Aha!”

 “ Pare de rir. Vou continuar.”

 “ Ok!”

 “ ... Logo, policiais munidos de poderosas armas também entraram no banco. Capitão América deu mais alguns passos para dentro, explorando todo o prédio e logo se afastando de seus ajudantes do governo. Ouvia o grito de uma donzela não muito longe. Corajoso, o herói prosseguiu sozinho pelos corredores mal-iluminhados quando, de repente... O terrível França salta das sombras e tenta cravar-lhe uma faca nas costas! Mas o Capitão América tem mais reflexo e desvia antes, fazendo o francês cair de cara no chão. Mas, antes que pudesse imobilizá-lo, o vilão coloca-se rapidamente de pé e... Uh... Lança dezenas de Rosas com espinhos gigantes ao herói, que consegue se defender da maioria esquivando e usando o escudo, mas é atingido por duas delas que, cravadas em sua perna, provocam uma dor terrível. Mas não é apenas isso o que elas fazem! Aos poucos, os espinhos também injetaram uma substância anestesiante no sangue do Capitão América que fê-lo, logo, cair, perdendo o uso das pernas e também sentindo-se extremamente cansado. Aproveitando seu momento de fraqueza, França pega novamente a faca e avança para cima do herói que, em um último esforço, lança o escudo contra o inimigo e prepara-se para o pior. Mas tudo o que ouve é o barulho de algo caindo ao chão e, quando volta a olhar, percebe que no lugar do francês jazia um corpo sem vida, ao lado de uma grande poça de sangue, com seu escudo cravado na garganta.

 Antes que pudesse desmaiar por conta das armas do francês, os policiais chegam e ajudam o herói a se levantar e sair dali, depois recebendo um antídoto que acaba com os efeitos anestesiantes das Rosas. Capitão América foi condecorado... Digo... Recebeu uma medalha pela sua bravura e Washington voltou a ser uma pacífica cidade, e permaneceu assim por muito mais tempo. Fim...... Wow, até que fui bem, não, América?”

 “ ........”

 “ .... América?”

 “ ... ZzZzZz...”

  “ ...” Sorri, saindo da cama, tomando o cuidado de não fazer qualquer barulho. Antes de deixar o quarto, inclina-se sobre o menor e beija-lhe a testa.

 “ Good night, my boy...”