Lutei até vencer as lagrimas. Caspian quis saber o que acontecera, eu abri a boca para responder quando ouvimos o grito de Lucia. Enxuguei as derradeiras lagrimas que ainda estavam em meu rosto e fui atrás dela seguida por Caspian. Ao chegar na porta aberta do nosso quarto a vi de frente para o espelho com um sorriso enorme e vestido com o vestido que comprei para ela.

                - SUSANA, ELE É LINDO!!! E SERVIU DIREITONHO, OLHA SÓ! – Ela girou. Cruzei os braços e comecei a rir.

                - O que foi? O que foi? – Pedro e Edmundo chegaram afobados.

                - É ficou lindo mesmo, Lu. – concordei rindo discretamente. Ficara lindo mesmo.

                - Pensei que fosse algo importante. – Resmungou Edmundo caminhando para a escada.

                - Lucia, por favor, eu só quero enfartar quando for realmente necessário. – ralhou Pedro antes de voltar ao seu quarto.

                Ela revirou os olhos e voltou a admirar o vestido.

                - Lu, se troque, o jantar sai daqui a pouco. – Quando falei isso Pedro passou por trás de mim, descendo para o primeiro andar. Ela assentiu e fiz menção de sair, mas Lucia me fez voltar.

                - Susana, e a minha boina?

                Caramba.

                - Ai, Lu, eu esqueci, desculpe.

                Lu revirou os olhos de um jeito brincalhão.

                - A idade vai chagando a pessoa fica assim... – comentou ajeitando a roupa.

                - Está me chamando de velha? – perguntei estreitando os olhos para ela. Lucia deu de ombros com um sorriso malandro. Apontei para meus olhos e depois para os dela. – Estou de olho em você, mocinha. – Avisei. Minha irmã riu e eu desci logo atrás de Caspian.

                - Susana, Pedro quer saber quem é que vai fazer o jantar. – disse-me Edmundo do sofá.

                - Eu, por quê?

                - Ah, não! – Pedro choramingou – É hoje que morremos de fome!

                Dei língua para ele, Caspian sentou no sofá e eu fui para a cozinha enquanto os três riam.

                Acabamos pedindo uma pizza.

[...]

                Na semana seguinte, Lucia e Edmundo entraram nas férias escolares. A Lulu sugeriu que trouxéssemos Eustáquio para passar uns dias aqui conosco. Todos concordaram, e coube a eu pedir permissão de tia Alberta.

                - Alô? – atenderam.

                - Tia Alberta?

                - Olá, Lucia, minha querida, como você está? – perguntou animada.

                - Hm... Tia, não é a Lucia é a Susana.

                - Ah, Susana querida, mil perdões.

                - Tudo bem.

                - Como estão todos, querida?

                - Bem, obrigada. E por aí?

                - Ótimo. Eustáquio acabou de chegar da escola...

                - Tia, eu queria saber se a senhora deixava Eustáquio vir passar uns dias aqui com a gente.

                - Eu permito querida. Você quer falar com ele?

                - Quero sim.

                - Só um minuto.

                Demorou alguns segundos.

                - Oi, Gentil! – a voz de meu primo estava um pouco mais grave e contentíssima.

                - Oi, meu dragão preferido! – respondi rindo. Ele riu também. – Eustáquio, queria saber se você gostaria de vir passar uns dias aqui em casa...

                - Está falando sério? É claro que eu quero!

                - Que bom, então eu passo na sua casa para lhe pegar na segunda, ok?

                - Ok.

                - Até lá.

                - Até.

                Desliguei.

                Segunda seria meu dia de folga, só teria que passar no trabalho para fazer a prova do vestido de noiva, de lá iria busca-lo.

[...]

                Lenny perguntara se eu estava gostando do vestido, menti dizendo que sim, mas para mim ele não passava de um pedaço de pano branco...

                Caminhava, havia acabado de sair da loja quando ele apareceu.

                - Olá.

                Encarei-o.

                - O que você quer Johnny?

                - Wou, calma! Sabe é que eu queria falar com você sobre o nosso casamento.

                - Vai me ameaçar de novo ou o que?

                - Não, é que você é minha noiva e eu quase não te vejo... – afagou a lateral de meu rosto.

                Fugi de seu toque.

                - Sobre o que, especificamente, você quer falar? – cruzei os braços impaciente.

                - Como anda o vestido? – perguntou gentilmente, mas a irritação que eu sentia por causa do seu toque neutralizou isso.

                - Ah, desculpe, esqueci-me de perguntar isso pra ele... – lamentei com a maior cara falsa que eu tinha levando a mão à testa.

                - Muito engraçado. Eu aqui preocupado com você e o andamento de tudo e você aí, levando tudo sem a importância devida.

                - É por que isso não é importante para mim. – sorri sem uma gota de humor.

                - Mas seus irmãos são não é? – provocou. Fechei a cara para ele. Odiava quando ele tinha razão. Depois de conseguir o que queria, fez uma leve reverência encarando-me com um sorrisinho cínico, desviou de mim e seguiu na direção contraria a que eu ia.

                Furiosa, segui para a casa dos meus tios.

                Eustáquio e eu conversamos muito no caminho para casa e ele quase surtou quando disse que Caspian estava em nosso mundo. Quando chegamos estavam todos na sala.