- Como você pode ser filha de Zeus? - Perguntou Thalia.

- Ué, ele e minha mãe...

- Eu sei como – Ela me interrompeu

- Então. – Disse eu.

- Quero dizer, como ele pode quebrar o pacto três vezes? – Ela pensava alto.

- Espera. Três? Quem é a outra?

Ela ficou pálida.

- Eu disse três? Não, não, duas, é isso duas vezes. – Ela falou rapidamente. E eu sabia que estava escondendo algo.

Então, uma garota que parecia ter a idade de Rebecca abriu caminho entre as caçadoras.

- Que bom que respondeu ao chamado, querida Rebecca. Fico feliz que tenha chegado a salvo. E sinto muito pelo imprevisto que nos impossibilitou de ir busca-la.

Rebecca parecia uma criança de férias na Disney, de tão feliz que estava. Então se curvou e disse:

- Obrigada, Ártemis. Minha senhora.

Ártemis? Aquela garotinha era Ártemis? Ela olhou para mim.

- Filha de Zeus. Fiquei sabendo da sua missão. Agradeço por ter trazido Rebecca até mim. Eu iria busca-la, mas tive um imprevisto por aqui. – Então ela sorriu. – E como prova de minha gratidão, por tê-la ajudado, permitirei que me faças um pedido.

- Hãn, obrigada. – Falei e me curvei.

Eu podia pedir qualquer coisa que quisesse. Alguma coisa pra não morrer e impedir que os outros morressem

- Não peça o que você quer, mas sim o que você precisa. – Sugeriu Ártemis.

- Puxa, muito obrigada, senhora. – Me curvei, os meninos fizeram o mesmo, Misit abaixou a cabeça.

- Pode pensar no que vai escolher esta noite, partiremos amanhã de manhã. – Então virou para uma garota com cabelos vermelhos, muito vermelhos mesmo. – Lilly poderia armar uma barraca para os garotos ali? – Ela apontou para o canto mais distante da clareira, longe das outras barracas.

- Sim, Ártemis. – Respondeu Lilly e se foi.

- Obrigada. – E para nós: - Rebecca, Jessie. Venham comigo.

Thalia veio conosco. Ela olhava para Misit em meu ombro com curiosidade. Elas nos levaram a uma cabana prateada com tapetes e almofadas de alta qualidade, e tão aconchegante quanto qualquer casa.

 - Sentem-se. – Disse Ártemis. Obedecemos.

- Antes de fazer seu juramento Rebecca, quer nos contar sua história? – Perguntou a deusa.

Rebecca contou tudo o que tinha me contado na viagem pra cá, além de contar como a encontramos, ajudamos e protegemos, pra mim não foi nada de mais, mas parecia que aquilo foi a melhor coisa que alguém fez por ela. E Thalia não aguentando de curiosidade, me perguntou sobre Misit.

- É minha águia. Misit- Respondi.

- Não. Quer dizer, essa foi a águia que Zeus mandou para pegar as entranhas do Ofiotauro na primeira guerra dos titãs. Como pode estar viva? – Ela perguntou. Eu olhei para Misit. Ela tinha impedido os titãs de governarem o mundo e não tinha me contado?

"Sou imortal" ela disse à Thalia. E para mim: "Desculpe, não achei que fosse importante."

"Ah e não é. Você ser imortal não é importante. Você ter ajudado a salvar o mundo também não. Sem problemas. Quem liga pra isso, afinal? Mais alguma coisa importante que eu precise saber?" Resmunguei.

"Zeus me mandou para protege-la, Hera quer te matar."

"Isso eu já sei." Falei em pensamento.

“Ela mandou um dragão na sua escola.” Ela continuou. “Zeus mandou Peleu para resgatá-la. Hera ficou irada quando Zeus a reclamou. Ele sabia da missão, mas seu destino já está traçado pelas Parcas ele não pôde impedir Hera de te dar essa missão. Mas eu estou aqui em nome dele. Para impedir que o pior aconteça.”

Eu nada disse. Rebecca tinha começado a conversar com Ártemis sobre a caçada. Então Ártemis pediu que Thalia dissesse o juramento para que Rebeca repetisse.

- Diga: Eu me comprometo com a deusa Ártemis.- Disse Thalia.

- Eu me comprometo com a deusa Ártemis. – Rebecca repetiu.

- Dou as costas para a companhia dos homens, aceito a virgindade eterna e me junto á Caçada.

- Dou as costas para a companhia dos homens, aceito a virgindade eterna e me junto á Caçada. - Disse Rebecca. – E agora?

- Se Ártemis aceitar o seu compromisso, será uma de nós. – Disse Thalia sorrindo.

- Eu aceito. – Disse Ártemis. – Lembre-se de seu compromisso, ele agora é sua vida.

Rebecca respirou fundo e sorriu, aliviada.

- Obrigada, minha senhora. – Ela disse, finalmente abrindo os olhos.

A deusa assentiu.

- Gigi? – A deusa chamou. E uma garota loira apareceu na porta da barraca.

- Sim senhora?

- Que tal apresentar nossa nova companheira ás outras meninas, e dar-lhe roupas e armamento?

- Claro, senhora. Venha. – Ela disse á Rebecca.

- Claro, mas antes. – Ela veio até mim. – Jessie, obrigada por tudo. E... quero que fique com isso.

Ela pegou a faca e a estendeu para mim.

- Não, Rebecca, foi um presente. Pode ficar. Não preciso dela.

- Não. – Ela disse. – Pelo menos, leve de volta pro Acampamento. Talvez alguma outra semideusa possa fazer coisas importantes com ela. Quem sabe não seja uma filha de Afrodite?

Ela piscou. Eu fiquei confusa.

- Antigos tabus estão sendo quebrados. Uma filha de Afrodite dando ás costas á companhia dos homens? Diziam ser impossível. Mas amor não é algo que só pode ser sentido por homens. Ms também por amigas, irmãs, pela caçada. As filhas de Afrodite estão mostrando seu valor.

Então eu peguei a faca e sorri:

- Claro. Você com certeza é uma das semideusas mais corajosas que já conheci. – Falei. Ela também sorriu

- Digo o mesmo sobre você. – E saiu com  Gigi para conhecer sua nova família. Me deixando sozinha com Ártemis, Thalia e Misit.

- Garota notável. – Ártemis falou. Eu assenti. Então ela falou: - Não quer se juntar á nós também, Jessie?

Aquilo me pegou de surpresa. Ser uma caçadora parecia ser tudo de bom. Mas eu tinha uma missão e Luca...

- Não posso. – Falei. – Tenho coisas para fazer agora. Tenho que concluir essa missão e nem tenho pistas de Apolo ou do Leão de Nemeia. Desculpe.

A deusa simplesmente assentiu triste, ela parecia saber o motivo real pelo qual recusei a proposta.

- Espera. Leão de Nemeia? – Perguntou Thalia.

- É. – Então contei da missão pra ela.

- Eu, Percy, Grover e outras duas caçadoras lutamos contra ele alguns anos atrás.

Senti um fiapo de esperança nascer.

- Sério? E como se mata ele?

- Ele morreu com flechadas na boca, seu único ponto vulnerável.

- Ele já morreu? Então cadê a pele? – Perguntei, torcendo para que estivesse com Thalia.

- Está num lugar não muito apropriado para filhas de Zeus.

- Como assim. Onde está?

- Percy a ofereceu como oferenda.

- Oferenda a quem?

Eu estava começando a ficar com medo da resposta que ela ia dar.

- Ao pai dele. Poseidon. - Disse Thalia.