Vida de Semideusa escrita por Jkws


Capítulo 15
The lazy song.




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Eu sei quando estou sonhando, e com certeza eu estava sonhando agora.

Eu via minha mãe, ela estava na cozinha de casa, ela olhava fixamente para frente. Hesitou, mas acabou se decidindo, então jogou uma moeda no ar.

- Ó Isis deusa do arco-íris, aceite a minha oferenda. – Depois que o arco-íris brilou um pouco ela disse -  Quiron, acampamento meio-sangue.

Quiron apareceu na tela e assim que viu minha mãe ficou muito pálido.

- Sra. Parker. – falou.

- Pode me chamar de Susan. – minha mãe não deixava qualquer pessoa chama-la de Susan.

- O que deseja?

- Falar com minha filha.

Quiron hesitou, parecia estar vendo o melhor jeito de dizer que eu tinha saído numa missão para Hera. Minha madrasta do mal.

- Ela não está no momento. Se quiser deixar recado eu...

- Como não está, Quiron? Eu vi nas filmagens do colégio ela sendo levada por um dragão – Perguntou minha mãe, num tom firme.

- A senhora pode ver através da névoa. – Falou Quiron. Minha mãe nada disse, olhou para Quiron exigindo respostas.

- Ela saiu numa missão.

- O que? Quando? Com quem?

Quiron contou-lhe toda a história, desde a minha chegada até a minha saída.

- Quer dizer que ela está numa missão á dez dias? - Perguntou minha mãe, preocupada. Mas eu só me lembrava de ter passado uns três dias fora.

- Sim.

- E vocês tem noticias dela?

Quiron hesitou, parecia que tinha chegado á parte que ele mais temia.

- Recebi uma M.I de David e Luca. Eles disseram que Hera mandou que pegassem uma maçã da imortalidade no jardim das Hespérides.

- E....

- Ela lutou bravamente, mas o guardião da árvore Ládon, hmm – ele pensava no melhor jeito de dizer aquilo, minha mãe o encarava aflita. – Bem, ela está dormindo á uns sete dias sob efeito de remédios, para se curar....

- O QUE? – minha mãe gritou. – SETE DIAS? SETE? COMO PODE?

- Ela está viva. – Quiron falou tentando tranquilizar minha mãe.

- Sete dias? – minha mãe parecia que ia ficar maluca.

Então o sonho mudou. Agora eu estava no Olimpo. Zeus e Hera estavam sentados nos mesmos tronos que eu vira quando fui lá.

- Não se preocupe, sua filhota sobreviveu. – Falou Hera com tanto desgosto que pensei que ela fosse vomitar.

- Por pouco. – Falou Zeus. – Você não pode fazer isso com ela.

- E o que você quer que eu faça? Cancele a missão? Nunca.

- Mas... – Falou meu pai. – A pele do leão de nemeia...

- Eu sei onde ela está! Mas se Jessica Katherine Parker quiser voltar dessa missão com vida, terá que ir busca-la. – então olhou bem para o lugar onde eu estava. – Ouviu, queridinha?

O jeito como ela falou meu nome completo me soou familiar, senti um arrepio. Onde eu ouvira aquilo antes?

Então ela riu com escárnio enquanto Zeus balançava a cabeça. E me olhava com pena. Então Hera começou a mudar. Foi criando um monte de cabeças com dentes e bafo, reconheci, com horror Ládon. Vislumbrei dentes, sangue, fedor. Então acordei gritando. E sentei rapidamente. Mas senti dor e tontura e me deixei cair de novo.

- Jessie! – Falou Luca. – Você está bem?

- Onde estou?

- Num hotel, em São Francisco.

- O que aconteceu? – minha voz estava estranha e fraca como se eu não falasse havia algum tempo.

- Você levou a maior surra de Ládon e foi muito corajosa, só conseguimos por sua culpa. – ele sorriu. – Bom depois que você laçou o raio, David e eu corremos até você e conseguimos sair de lá. Estamos com a cabeça e com a maçã.

Não respondi. Estava dolorida. Analisei meu corpo, tinha cortes em todo lugar e minha calça tinha virado um short. Tinha cortes costurados outros cobertos por gosma verde, outros por pomada branca e alguns com um líquido amarelo. Minha blusa também tinha sido cortada deixando minha barriga á mostra e os cortes estavam igualmente coberto por coisas estranhas. Meus braços também não estavam melhores. Os dentes do dragão tinham feito um estrago e tanto.

- Quem rasgou minhas roupas? – perguntei ainda com a voz estranha. Luca ficou vermelho.

- Não íamos tirar, né? E David tinha que tratar dos ferimentos. Ele é um curandeiro e tanto! Foi comprar comida.

- Ah. – Não gostei muito mais tudo bem. Olhei ao redor o quarto tinha tons pastel e era uma caixa de sapatos minúscula.

- Cadê minha mochila? – perguntei e fui levantando, ignorando as dores. Agora etava melhorando os cortes tinham fechado, ou estavam costurados.

- O que você quer nela?

- Minhas roupas. Vou tomar banho.

- Vai tirar as pomadas.

- E daí? Preciso de um banho.

Ele pegou minha muda de roupas e pôs no banheiro. Me ajudou a ir pra lá. Entrei e fechei a porta.

Olhei pro espelho do banheiro. Eu estava horrível, tinha uma expressão cansada, meus cabelos estavam desiguais e bagunçados, meus olhos estavam apagados, num azul fosco. 

Tomei banho. A água estava quentinha e lavou todas as gosmas do meu corpo, mas eu ainda estava cheia de hematomas e cortes, mas depois do banho tudo melhorou. Me vesti e sai penteando meus cabelos desiguais.

David tinha chegado e tinha trazido hambúrgueres e coca-cola.

- Bom dia Bela Adormecida! – me cumprimentou.

- Bom dia. – murmurei.

Assim que terminei de pentear os cabelos, procurei uma tesoura pelo quarto, achei e fui pro banheiro de novo.

Olhei pro espelho e comecei a cortar os fio que estavam maiores, quando consegui deixar tudo mais ou menos igual, percebi que meus cabelos agora estavam a cima dos ombros. Antes eles estavam na cintura. Respirei fundo, pelo visto aquela seria a menor das minha perdas. Alguém morreria. , “Ela está dormindo á uns sete dias”.

Ládon quase me matou. Quem ia morrer? Eu? “Do céu descerá a perda que sofrerás.” Dissera o Oráculo. O que isso significava? Eu ia perder a vida, ou ia perder alguém? Quem? Por que? Como? As perguntas vinham á tona e eram inúmeras.

Uma discursão me fez voltar á realidade.

- Olha, não tenho nada a ver com esse romance de vocês! – Ou vi David falar.

- Não tem romance! É só... olha por que tocou no assunto então? – Falou Luca.

- Por que... bem por que eu queria ouvir de você! Mas tá super na cara. Ah, esquece. – Disse David.

Depois só ouvi o som da televisão.  Sai do banheiro. Os dois estavam emburrados. Luca limpava a espada enquanto David mexia em uns potes de remédios, enquanto ouvia música muito alta nos fones de ouvido.

Garotos são irritantes. disse Misit. Que bom que está viva!

Tem razão. Concordei com ela e depois: Obrigada.

Mas eu não tinha tempo para as discursões deles. Arrumei minha mochila. Puxei os fones de David e chamei ele e Luca.

- Por favor, me contem tudo o que aconteceu. Nesses últimos dias. Tudo.

Eles se olharam com raiva e Luca começou.

- Bom, nós levamos você para um hotel desmaiada, ele - Luca apontou para David. - começou a tratar seus machucados e os nossos também.Mas um lestrigão nos atacou e fomos para outro hotel. Ficamos dois dias lá antes de sermos atacados por um gigante. E assim fomos . De espelunca em espelunca. Chegamos aqui ontem. Pra onde vamos agora?

- Eu não sei. – Admiti. Comendo meu hambúrguer – Temos que encontrar Apolo.- então respirei fundo. - Vamos sair daqui primeiro, antes que mais monstros ataquem.

Pagamos o hotel, o que nos deixou com nada de dinheiro mortal. Só uns cinco dracmas. Precisávamos sair de São Francisco, mas não tínhamos dinheiro. E as irmãs cinzentas só atendiam em Nova York. Não tínhamos dracmas para pagar extra para que elas viessem os buscar.

- Temos que conseguir dinheiro. – Falei. – Mas como?

- O que sabemos fazer bem? – Perguntou  Luca.

- Apanhar de monstros. – Resmungou David. – Mas isso não dá dinheiro.

Dei um risinho.

- David. – Falou Luca, esquecendo que tinham brigado. – Você é um bom curandeiro, né?

- Mas existem médicos, ninguém vai querer se consultar com um garoto de quinze anos.

- Pensei que tivesse catorze. – Falei.

- O que fazer agora? – pensava alto Luca.

Nunca pensei que isso fosse acontecer comigo. Ficar presa em São Francisco. Sendo perseguida por monstros. Quase morri no jardim das Hespérides. Lembrei de David cantando Not like the movies. Essa vida de semideusa não estava sendo como eu esperava, não era como nos filmes. Foi quando eu vi o que estava na cara.

- David, você pode cantar para conseguir o dinheiro! – Exclamei.

- Claro! Como não vi isso antes? – Luca deu um tapa na própria testa.

- Ei! Vocês querem me usar pra conseguir dinheiro? A música não é um método de grana fácil não. A música é arte é...

- É o único jeito de sairmos desse ninho de monstros e...

Vi um bicho enorme, preto veio em nossa direção.

- Cão infernal! – Gritou Luca. O cão infernal investiu contra ele. David puxou uma flecha da sua mochila/aljava e atirou no monstro que se desintegrou.

- Beleza. – Disse David.- Eu faço isso. Mas vou logo avisando que é em prol da nossa saúde mental e física. Primeira e última vez que cobro por espalhar a alegria da música e...

- Certo, certo. – O interrompi.

Procuramos uma praça com bastante gente, então David se posicionou em pé na fonte que ali havia. Pegou seu violão dourado, pôs a caixa dele no chão e começou:

 "Today I don't feel like doing anything
           I just wanna lay in my bed."

Ele cantava, tocava, assoviava, e um grupo começou a se juntar ao nosso redor, hipnotizados pela magia da música e do violão solar de David. Pelo visto a maioria conhecia a música do Bruno Mars. Fiquei impressionada ao ver executivos, adultos, crianças, velhos, pessoas de todos os tipos que ali passavam parar e cantar a música, umas vinte e cinco a trinta. Parecia que eles precisavam relaxar e sair do cotidiano. Vi que umas garotas estavam querendo dançar a música mais estavam com vergonha. Então fiz a coisa mais maluca que já fiz na minha vida: eu comecei a dançar. Não me critiquem, eu sabia toda a coreografia pois gostava muito do Bruno Mars. Então fiquei na frente das meninas e comecei da parte onde David cantava o refrão :

Today I don't feel like doing anything
           I just wanna lay in my bed
           Don't feel like pickin up my phone
           So leave a message at the tone
           'Cause today I swear I'm not doing anything
           (Nothing at all)

Huhul, huhuuuu

 (Nothing at all)

Huhuuul, huhuuu

Nunca tinha feito algo assim antes, as garotas também pareciam saber a coreografia e começaram a me acompanhar. Luca arrumou uma caixa em algum lugar e improvisava uma bateria. A caixa do violão de David ia se enchendo de dinheiro. Logo os que não sabiam a coreografia improvisavam passos, e todos dançavam de alguma forma.

O som echia o ambiente, pessoas cantavam e dançavam e, acima de tudo, riam á toa. Estavam felizes, todos estávamos. Por um momento esqueci dos monstros, das dores, da morte, até de Hera. Por esse momento todos ali esqueceram dos seus problemas. Ninguém queria que acabasse. Mas David acabou chegando ao final.

Huhul, huhuuuul
          (Nothing at all)
           Huhul, huhuuuul
          (Nothing at all)

Aplausos ecoaram todos gritavam e aplaudiam. E gritavam “Mais um! Mais um!”. David ia aceitando pedidos e cantava as música que eles pediam. Perdi a conta de quantas músicas ele cantou. Ficamos ali tá anoitecer.


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