Nightmare escrita por slymiranda


Capítulo 5
Capítulo 5 - Blame


Notas iniciais do capítulo

Esse tá bem pequeno. Prometo tentar aumentar o tamanho nos próximos.



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Eu não podia estar mais errada.

Ouvi um barulho no meu quarto. Continuei de olhos fechados. Ouvi o barulho novamente. Passos. Devia ser impressão. Senti uma respiração. A gente simplesmente sabe quando tem outra pessoa no cômodo. E eu sabia que tinha mais alguém ali. Agora eu tinha certeza, não era impressão. Ouvi passos novamente. Abri os olhos. Meu quarto estava completamente escuro, não conseguia ver nada. Peguei uma lanterna embaixo da minha cama e, ainda deitada, liguei.

-AAHHHH... –a criatura na minha frente colocou a mão na minha boca antes que eu terminasse de gritar.

Meu quarto estava completamente escuro, portanto devia ser madrugada ainda. Saber disso não me animou. O que diabos alguém estava fazendo no meu quarto essa hora? Comecei a sentir meu coração disparar, e minha cabeça girar.

“Será que éum ladrão? Um assassino?”

Mas o que diabos um ladrão ia pegar na minha casa?

Aos poucos meus olhos foram se acostumando com a escuridão, e eu pude enxergar o suficiente para ver que o vulto na minha frente das duas uma: ou era uma criança, ou era um anão. Como nos dois casos eu não tinha por que me preocupar, fui levantando o corpo, sem nem perceber que uma mão continuava na minha boca.

O vulto na minha frente levou um dedo até a boca, fazendo sinal pra eu ficar quieta, depois levantou a outra mão, e eu vi que ele estava segurando alguma coisa pequena e retangular.

Tentei levantar de novo, e senti alguma coisa gelada e afiada na minha garganta. Eu congelei.

-O que... ? –eu estava desesperada.

O vulto –que agora eu já sabia quem era -levou novamente o dedo aos lábios para me fazer ficar quieta. Então eu senti a lamina do facão enferrujado pressionando minha garganta.

-Shhhh. –ele sussurrou.

Tentei mais uma vez impulsionar meu corpo para cima, e senti um filete de sangue saindo da minha garganta. Eu comecei a chorar de raiva e pânico.

Então ele foi tirando lentamente a mão da minha boca, e como viu que eu não gritei, saiu do quarto.

As lágrimas começaram desesperadamente a cair dos meus olhos, e vi meu corpo inteiro tremer de medo. Escutei passos no porão, e um barulho de alguma coisa caindo.

Josh.

Josh esteve no meu quarto.

Josh pegou a caixa com o revólver.

Josh quase cortou minha garganta.

O meu próprio irmão.

Eu não conseguia entender. Por que ele fazia aquelas coisas horríveis?

Acendi a luz.

Quando eu levantei, vi uma gota de sangue cair no lençol sujo. Levei a mão até o meu pescoço, em uma parte que eu sentia melada. Olhei meus dedos sujos de sangue. As lágrimas aumentaram. Tentei me controlar, e fui até o banheiro pra lavar aquilo e tentar, sei lá, fazer um curativo.

Passando em frente ao quarto da Lucy, ouvi barulhos que eu já conhecia. Franzi a testa. Vaca. Isso era tão injusto. Por que a Lucy podia fazer o que ela queria e ninguém falava nada? Por que tudo de ruim que acontecia naquela porra daquela casa era minha responsabilidade? E, acima de tudo, por que tantas coisas ruins aconteciam naquela casa? Senti lágrimas ameaçando cair de novo, com todos esse pensamentos. Reprimi qualquer indício de que eu pudesse estar chorando. Ser fraca não ia ajudar em nada.

Depois de colocar um curativo (achado no fundo de uma gaveta) no meu pescoço, voltei para cama e tentei dormir.

Todos os pensamentos possíveis invadiam minha cabeça.

“O que eu vou fazer com o meu irmão? Como vou contar pra minha mãe as coisas que eu vi ele fazendo? E se eu contar, será que ele vai mesmo machucar a Lily, como tinha ameaçado no dia em que vi ele com o rato? Acho que não. Ele ama a Lily, pelo que eu vi. Mas, por outro lado, ele não parece ter a mesma consideração pelo resto da família. E se ele machucar alguém? E se ele... machucar a Loise? Ele não faria isso. Não podia fazer isso. A minha Lo não. E como vai ficar as coisas entre nós agora? Quero dizer, eu e a Lo estamos mais intimas do que nunca agora, certo? Mas meu deus, como eu posso pensar em alguém agora, com tudo isso acontecendo. Eu deveria me preocupar com a minha família. E se Josh machucar minha mãe? E se ele machucasse a Lucy? Acho que eu não ligo. Argh, o que eu to dizendo? É claro que eu ligo, eu tenho sentimentos. Não tenho?”

Esses e um milhão de outros pensamentos ficaram vagando pela minha cabeça. Mas a única coisa que eu pensei, segundos antes de fechar os olhos foi algo que me assombrava desde que eu tinha lido.

Matar.

Matar, matar, matar.

Matar.

“Barulho de sirene? Que horas são? Devo estar sonhando. Tem alguma coisa me machucando”, pensei, assim que despertei e comecei a ouvir barulhos estranhos. Carros, sirenes, buzinas, gritaria, barulho... Ah! Tinha gente tentando dormir, porra.

Abri os olhos. O céu estava com uma cor estranha. Meio amarelado meio vermelho. Como se estivesse pegando fogo.

“As nuvens do céu estão sendo queimadas”, pensei, com um sorriso.

Senti algo raspando no meu pescoço, e coloquei a mão. No momento que senti o curativo, lembrei do que havia acontecido de madrugada.

Menino idiota.

Fui até a cozinha pegar Lily, estranhando o silêncio da casa, em plena terça feira. Quando passei pelo quarto da Lucy, estava vazio.

Chegando na cozinha, o berço de Lily estava vazio também.

Parei. O que estava acontecendo? Onde estava a minha irmã?

Pela janela da cozinha pude ver luzes vermelhas e amarelas. O que era aquilo?

Saí para o quintal, pronta para gritar com quem quer que fosse que estivesse brincando ali. No momento em que abri a porta, um barulho dos infernos invadiu meus ouvidos. Sirenes, buzinas.

Vi um policial vindo em minha direção.

-Seu nome? Idade? O que fazia dentro do local do crime? Como conhece essa família? O que...

-Espera, espera, espera, espera. –eu interrompi -Como assim o que fazia aqui? Eu moro aqui, seu babaca.

O policial com cara de galã levantou uma sobrancelha.

-Nome?

-Por que diabos eu te diria meu nome?

-Porque senão posso supor que você é a culpada do crime.

-Que porra de crime é esse caralho? –eu estava desesperada.

-Por acaso seu nome seria Amy Lee? –interrompeu um outro policial gorducho.

-Sim. E eu gostaria de saber que porr...

-Você sabia que está usando palavras de baixo calão perante autoridades, minha querida? –disse o galã.

-Eu não sou sua querida, babaca.

-Se me chamar de babaca mais uma vez...

-Ok, vamos parar por aqui, irmão. –disse o gordo. –Irmã –disse olhando para mim. Não gostei de ser chamada de irmã. -, sei que você deve estar muito abalada com o que aconteceu, mas tente responder as nossas perguntas com calma, tudo bem?

Eu fiquei olhando para ele.

-Irmã?

-Só para eu saber, irmão. Exatamente com o que eu deveria estar abalada?

O galã começou a rir. O gordo abafou uma risadinha. E eu pensando que ele era o simpático da dupla. Dupla bem engraçada aquela, aliás. O galã tinha mais jeito para ser o que mandava, mas cada vez que o gordo abria a boca, ele se encolhia, como se estivesse com medo. Hilário.

Minha cabeça girava. Não entendia o que estava acontecendo. E bem lá no fundo, eu entendia. E estava com medo. Estava apavorada. Com o canto do olho, uma parte do meu cérebro que ainda funcionava detectou Josh segurando Lily um pouco afastados da multidão. Fiquei mais tranqüila. Pelo menos, eles estavam bem. Segundos depois me lembrei do que Josh fizera aquela noite. E lembrei do que ele segurava na mão antes de sair do meu quarto. A caixa. O revólver. A faca. Oh meu deus, oh meu deus...

-Me digam. O que aconteceu? –eu disse pausadamente com uma expressão feroz no rosto.

O gordo parou de rir, e imediatamente o galão também parou.

-Ela não sabe mesmo, Mike! –exclamou o galã. Hm. Então o gordo tinha nome.

-Cala a boca, babaca. –eu disse.

-É a última vez que vou tolerar isso.

-Irmãos, irmãos. –interrompeu o gordo. –muita calma. A menina está assustada. Não é, minha criança?

-Eu não sou sua criança. –estava estressada por eles não me falarem logo o que estava acontecendo. –eu não sou sequer uma criança. E o que aconteceu?!

Mike sorriu, de um jeito feio. Acho que ele esperava que fosse um sorriso bondoso, mas acabou sendo uma careta estranha.

-Minha irmã, negar o fato não o torna menos verdadeiro. Negar a morte não a torna menos existente.

-O que...? Morte? Quem morreu?

-Ué, agora eu to confuso, Mike. A menina não sabe mesmo.

-Isso acontece devido ao choque, irmão. Já vi casos como esse antes.

-Pra mim ela está tentando fingir que não é culpad...

-Shhhhhhh! Informações confidenciais! Cale a boca!

-Calma, Big-Mike!

-E não me chama de Big…

-DÁ PRA ALGUÉM ME EXPLICAR O QUE CARALHOS TÁ ACONTECENDO NESSA PORRA?! –eu perdi a paciência.

Eles me olharam assustados. Fiquei feliz de ter conseguido a atenção deles, finalmente.

-Irmã, seu pai morreu.

Eu fiquei confusa. Meu pai? Eu não via meu pai desde os três anos de idade, quando ele fugiu com a minha professora da creche.

-Que pai? –eu perguntei, perplexa.

-Você só pode ta me zoando.

-Calma, meu irmão.

-Mike, a pirralha ta claramente se fazendo de idiota pra não levar a culpa de tudo!

-Cale a boca, Leo! –o galã também tinha nome. Estranho. Leo.

Então Mike se virou pra mim.

-Seu pai, menina. Seu pai, Math Shaddows. Entendeu agora? Foi encontrado morto, essa noite, na porta do seu quarto. E tudo indica que você o matou. 


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora pra postar, rs. Reviews?