Alugando Hermione Granger escrita por da_ni_ribeiro, thysss


Capítulo 29
Capítulo Dez




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                 Em choque. Era assim que Hermione se sentia ao encarar aquele pequeno palitinho plástico que continha um sinal positivo estampado nele. Lágrimas afloraram em seus olhos e o desespero fazia pressão sobre seu peito. Que merda havia feito de sua vida?

                Batidas na porta a fizeram erguer o rosto, só então dando-se conta de que havia se trancado ali quando a situação dizia respeito aos dois, afinal, para fazer um bebê era preciso duas pessoas.

- Herms, deixa eu entrar – Draco pediu do outro lado da porta, dando fortes pancadas contra a mesma, descontando ali o que sentia.

                Arrastou-se até a porta e a destrancou, mas logo se encostou contra a parede abraçada aos joelhos e abaixou a cabeça, não queria encará-lo. Não queria encarar ninguém.

- Hey – ele sentou ao seu lado e ela ergueu o rosto. Aquele era o mesmo Draco Malfoy que havia conhecido uma noite no bar? Puxando-a mais para o lado ele a abraçou, o que foi a gota d’agua para suas lágrimas. Hermione desatou no choro molhando o ombro de Draco com suas lágrimas.

                Carinhosamente Draco passou uma mão por seu cabelo, como que querendo consolá-la. Por um minuto até ele próprio estranhou sua reação, não era do seu feitio consolar ninguém, muito menos ser carinhosos desse modo com uma mulher. Mas então seu coração deu uma pontada, fazendo-o lembrar que não era qualquer mulher que estava ali. Era Hermione.

                Era a mulher que ele queria chamar de sua.

                O comentário alcoolizado de William sobre Draco estar apaixonado veio a sua mente, mas Draco logo o afastou, não era o momento de pensar nisso. Só conseguia pensar que o que tanto planejara dera certo, e agora ele não sabia o que fazer.

                Tivera sim a intenção de engravidá-la, pois sabia que só seria bem visto ao assumir o cargo se tivesse uma base sólida para família, um noivado era do que precisava, e conhecendo Hermione Granger, ela não se casaria assim facilmente. Havia proposto mais cedo, pedido que ela o ajudasse, mas ela não se sensibilizara, não estava pronta para desistir de tudo que estava vivendo para ficar ao lado dele.

                Então deliberadamente ele a forçara a isso. E agora se sentia arrependido.

- Deu positivo – ela resmungou afastando-se um pouco dele. Sua cabeça começava a doer pelo choro intenso.

- Eu sei. – ele murmurou tocando seu rosto. – Mas vai dar tudo certo, agora vem.

                Sem dificuldade ele novamente a carregou para a cama, deitando-a e logo se deitando, puxando-a para seus braços. Hermione apoiou a cabeça contra o peito dele, ainda fungando pelo choro, mas já mais contida.

- Mais tarde nós conversamos – Draco murmurou beijando o topo de sua cabeça. – Precisamos primeiro absorver a ideia.

                Sem saber o que falar, Hermione não discordou. Aconchegou-se nos braços de Draco e fechou os olhos, sentia-se exausta, no entanto o sono não vinha. Sua cabeça girava e girava pelos acontecimentos. Maldita a hora em que desistira de tomar a pílula. O que acontecera meses atrás, logo depois que terminaram. O anticoncepcional lhe causava alguns efeitos indesejados, então, ao terminar com Draco e certa de que não se relacionaria com ninguém por um bom tempo, abandonara as pílulas na gaveta da cômoda. E agora que estavam juntos de novo, o começo havia sido tão turbulento e as coisas na faculdade tomavam todo o seu tempo livre, que nem se lembrar de voltar as benditas pílulas. Uma culpa a atingiu. Não havia dito a Draco que não estava tomando anticoncepcional, assim, não podia esperar que ele usasse sempre proteção, poderia?

                A reação dele fora muito melhor do que ela esperava, mas pensar no dia seguinte fazia seu coração se apertar. E se Draco a acusasse de engravidar de propósito? Sem querer sentiu as lágrimas se formarem em seu rosto novamente, com força aferrou-se ao corpo dele, desejando que ele nunca fosse embora.

                Droga. Então todos esses sentimentos e humores conflitantes eram culpa dos hormônios?

                Só sabia que não queria perdê-lo. A primeira vez que se separaram Hermione ficou devastada, não aguentaria uma segunda vez. Não com o filho dele no ventre.

                Filho dele.

                As palavras retumbaram em sua mente. Estava esperando o herdeiro Malfoy... Estaria ligada a Draco pelo resto da vida.

                Não era isso que vinha desejando? Estar com ele? Não se separar depois de sua formatura, mesmo ainda faltando tanto para esse dia?

                Os pensamentos conflitantes faziam sua mente trabalhar sem parar, até que, exausta, caiu no sono sem nem perceber.

                Remexendo-se na cama Hermione estranhou ao não sentir o corpo de Draco ao lado do seu, ao invés dele, sentiu o pelo macio de Toy, que fez um sorriso brotar nos seus lábios, principalmente quando o cachorrinho se aproximou dando uma lambida em seu rosto.

- Seu dono não vai gostar de ver você aqui – resmungou ainda de olhos fechados, e o cachorrinho a lambeu novamente.

                Ao mencionar “seu dono” Hermione abriu os olhos. Draco não estava ali. Isso fez seu coração bater descompassado, principalmente depois da madrugada turbulenta que tiveram. Seu estômago se revirou, mas a ânsia pôde ser contida.

                Levantou-se e pegou a camisa que Draco havia deixado sobre a cadeira, a mesma que ele usara na noite anterior, cobriu-se com ela e saiu atrás do namorado pelo apartamento, tendo Toy sempre ao seu encalço.

                O encontrou no escritório que Draco mantinha no apartamento, ele parecia concentrado nos papéis que manuseava e ela bateu na porta, não querendo atrapalhá-lo. Ele ergueu o rosto e a chamou com a mão, receosa, ela se aproximou e lhe deu um selinho.

- Como você está? – ele perguntou de forma carinhosa, que fez o coração de Hermione dar um salto.

                Seus olhos ainda estavam vermelhos pelo choro intenso da noite anterior, e agora que estava acordada os pensamentos que tivera antes de adormecer a atingiram com força, fazendo-a sentir-se fraca e temerosa.

- Não estou enjoada – respondeu de forma simples.

                Draco assentiu e se levantou, beijando-a suavemente.

- Mas nós precisamos conversar – ela disse sentindo como se houvesse um nó preso em sua garganta, que dificultava sua respiração e lhe tirava o ar.

- Não precisa ser agora – Draco respondeu de forma gentil. – Você ainda não comeu, e está pálida.

- Precisa ser agora – ela respondeu antes que ele a levasse para fora daquele escritório. – Enquanto não conversarmos não vou conseguir comer, nem fazer qualquer outra coisa – disse levando uma mão ao peito, sentindo seu coração batendo descompassado pela ansiedade.

- Eu tenho tudo sob controle – Draco disse. – Vamos conversar no nosso quarto pelo menos.

                Ao ouvir nosso ela sorriu. Isso deveria ser um bom sinal, não?

- Draco – ela murmurou ao entrar e segurou sua mão. – Você não acha que eu fiz isso de propósito, acha?

                Ela tinha um olhar tão perturbado que Draco sentiu seu coração palpitar. Que droga havia feito com a vida dela? Agora todos cairiam sobre ela, criticando-a, provavelmente acusando-a de querer dar o golpe da barriga. Passando a mão pelo cabelo, um gesto típico de quando estava nervoso, Draco maneou a cabeça em negação.

- Não acho – ele tinha certeza que a culpa não era dela, não fizera de propósito. Ele sabia que ela não estava tomando a pílula, havia visto um dia a cartela intocada dentro da gaveta, isso antes de voltarem a ter relações. Ele sabia que deveria ter usado proteção, mas não o fizera por vontade própria. Agora ali estava a consequência.

- Eu parei de tomar o anticoncepcional quando terminamos – ela murmurou com a voz baixa. – E tudo esteve tão corrido nas últimas semanas que não me lembrei, tinha até pensado em marcar uma consulta porque precisava de pílulas novas, aquelas me davam efeitos colaterais – disse tudo rapidamente, atropelando as palavras, algo típico de quando ela estava nervosa. – Mas os trabalhos na faculdade são tantos, e com você passando tanto tempo em Londres – suspirou.

- Foi culpa de nós dois – ele disse a encarando nos olhos. – Você não fez esse filho sozinha.

- Mas que péssima hora para isso – ela resmungou. – Não era pra ter acontecido, Draco, ainda mais agora – ela resmungou chorosa.

                O olhar duro que ele lhe lançou a fez parar de resmungar, seu coração deu um salto, mas logo ela entendeu. Catherine e o aborto ainda o incomodavam. Não estaria ele pensando que ela seria capaz disso. Estaria?

- Draco! – disse com os olhos arregalados, e num gesto protetor pôs a mão sobre o ventre liso. – Eu nunca faria isso.

- Acho bom – Draco respondeu de forma seca. – Não era a melhor hora, mas essa criança não tem culpa disso.

- Eu nunca faria isso – ela repetiu. – Nem sequer passou pela minha cabeça.

                Porque nos final das contas, mesmo estando acontecendo tudo tão rápido e fora do previsto, Hermione ainda era a mesma garota sonhadora e romântica, aquela que desejava um marido, filhos e muito amor. Isso jamais mudaria, e agora ela estava tendo a sua chance.

                Draco podia não amá-la, mas quem sabe com o tempo?

                Afinal sabia que com o tempo estava começando a nutrir algo por ele – não que alguma hora fosse admitir isso. E o amor que sabia que sentiria pelo bebê acabaria suprindo essa falta que ela sentia do amor de Draco. Se ele também amasse o bebê, ela poderia se contentar.

- Fiquei preocupada por você – ela disse e sorriu fracamente ao ver o olhar duro dele amolecer. – Com toda essa burocracia e aprovação que você precisa para o parlamento, um filho fora de hora só vai complicar as coisas...

- Em menos de um mês estaremos começando um novo ano, e eu assumirei o cargo da família Malfoy. A gravidez ainda está no início, é só mantermos em segredo até lá – ele disse puxando-a para um abraço. – Mas e você? E Cambridge? – ele perguntou querendo abordar um assunto de cada vez. Havia vários tópicos que teriam que discutir, estavam apenas começando.

                Hermione abaixou a cabeça pensando em seu sonho sendo, mais uma vez, afastado de si. Teria de deixar Cambridge, e a constatação trouxe lágrimas aos seus olhos. Abraçou a Draco e suspirou. Estaria abrindo a mão de seu sonho profissional por seu sonho pessoal. Valeria a pena, não?

- Cambridge vai estar sempre ali – ela disse com a voz embargada.

- Você pode cursar mais um período, se quiser – ele tocou seu rosto.

                Havia considerado isso a manhã inteira. Despertara cedo e se fechara em seu escritório analisando todas as consequências que seu ato premeditado acabaria causando. Agira como o garoto mimado que sempre fora, pensando apenas que para agradar teria de se casar com Hermione, o único jeito de fazê-la casar logo era por causa de um bebê. Ponto final. Pensara apenas nisso, não pensara em seu próprio cargo no parlamento, nem no modo como seriam julgados, não pensara em como sua família reagiria nem em quão difícil seria para Hermione abrir mão, mais uma vez, do seu sonho de cursar direito em Cambridge.

                Ao questionar isso tudo sentira vontade de se socar até não poder mais.

                No final das contas o tira saíra pela culatra.

                Então pensando nas melhores opções, concluíra que Hermione poderia cursar pelo menos mais um semestre, se tudo corresse bem, a gravidez estava no início e ela poderia ir a Cambridge por mais seis meses. Certamente os paparazzis seriam um problema, mas nada que seguranças não dessem jeito. Só sentia pelas outras pessoas que Hermione teria de suportar, provavelmente comentários maldosos e olhares feios.

- Mas claro que não precisamos decidir nada disso agora – ele respondeu e ela assentiu, de repente sentindo-se amedrontada ante tamanha mudança que ocorreria em sua vida em tão pouco tempo. – Eu sei que não foi planejado – mentiu ele – mas vai dar tudo certo.

- E a sua família? – ela perguntou e logo fechou os olhos, sabendo o que ele diria.

                Sonhara com isso a noite inteira. Sabia exatamente o que isso significaria ante a família Malfoy: casamento. E um arrumado rapidamente, para que a barriga não estivesse aparecendo, e que quando a criança nascesse não pudessem especular muito.

                Definitivamente sua vida nunca mais seria a mesma.

- Eles vão ficar furiosos – disse Draco, não adiantava iludi-la. – E vão exigir que nos casemos.

- Parece que eu não vou ter escolha quanto a isso – ela suspirou e Draco arregalou os olhos, surpreso pela facilidade com que Hermione aceitara a ideia. Sabia que no final das contas ela acabaria lhe dizendo que sim, só não imaginou que seria tão fácil. – Meus pais nunca foram um grande exemplo – ela confessou olhando-o nos olhos – e desde sempre eu disse que quando a hora chegasse para mim, eu faria o que fosse preciso pra tudo dar certo. Então, Draco Malfoy – ela disse com sarcasmo – parece que você conseguiu me arrastar para o altar.

                Com um sorriso nos lábios Draco a beijou, encantado pela mulher que escolhera em uma noite num bar, e que cada vez o surpreendia mais e mais. E surpreso por seus próprios sentimentos, pela primeira vez sentia a importância que esse casamento teria, na primeira vez em que mencionara o casamento e Hermione se mostrara tão contra, ele havia sim ficado indignado, mas muito mais por ela ter lhe dito não que pela proposta em si, que pelo fato de não se casar com ela. Agora era o contrário.

                Passando a mão no cabelo, um pensamento o atingiu. Finalmente estava crescendo. E sentiu-se orgulhoso disso.

- Um passo de cada vez, ok? – ele disse e ela assentiu, sentindo seu coração aquecido pelo carinho que ele estava lhe tratando. Fechou os olhos por instante, desejando que fosse sempre assim. Desejando que esse bebê que estava a caminho mudasse as manias de Draco Malfoy, deixando-o sempre assim cuidadoso e respeitável, um homem do qual ela se orgulharia de chamar de marido.

                Um homem que ela não teria dificuldade de amar.

- Agora vou pedir para Maria preparar o café – disse Draco afastando-se um pouco.

- Vou tomar um banho – disse ela indo para o quarto.

                Ligou o chuveiro deixando a água que saia por todos os lados esquentar, e já despida se olhou no espelho. Seus seios estavam levemente mais arredondados, mais destacados, mas logo maneou a cabeça, era só coisa de sua imaginação, não fazia nem 24 horas que o teste dera positivo e ela já vinha buscando por mudanças em seu corpo.

                Minutos depois se sentia bem mais relaxada e confiante, para ela o pior que poderia acontecer era ser largada por Draco, já que sabia que ele jamais a faria fazer um aborto, e ao receber um apoio incondicional por parte dele, sentia-se muito mais confiante. Sabia que não seria fácil, mas gostava de pensar que tudo acabaria dando certo.

- Vamos? – perguntou Draco ao entrar no quarto, sorriu ao ver Hermione com Toy no colo acariciando o cachorrinho.

- Vamos garotinho – ela respondeu olhando para Toy que lambeu seu rosto arrancando um riso dos dois.

                Sorrindo ela o colocou no chão riu ao vê-lo andar, Toy por ser um filhotinho ainda, mal conseguia andar e volta e meia escorregava no que quer que fosse.

- Enquanto você tomava banho eu marquei uma consulta para amanhã – Draco disse seguindo-a até a sala onde o café da manhã estava servido. Olhando no relógio Hermione mal pode acreditar que ainda era nove e meia da manhã. Tivera uma madrugada e uma manhã tão atribuladas que parecia que um dia inteiro já havia se passado. – Para o final da tarde. E se você permitir – disse ele com seu jeito polido de sempre – gostaria de acompanhá-la.

- Como? – ela questionou tomando um iogurte. – Os paparazzis não nos deixam em paz – resmungou – e se precisamos manter segredo pelo próximo mês, aparecermos os dois juntos em uma clinica feminina não vai ajudar.

- Eu tenho tudo bolado – respondeu Draco com um sorriso presunçoso e Hermione revirou os olhos. Ali estava ele, pronto para lhe dar ordens mais uma vez. – Você vai para a aula, eu vou resolver o que é preciso... E mais tarde saímos os dois em um dos automóveis que eu mantenho aqui no prédio. Está na vaga e no nome de outra pessoa, é bem simples e as películas são escuras. A clínica tem estacionamento subterrâneo próprio. Ninguém vai nos ver, exceto o médico e a secretária dele.

- Como você sabe disso tudo? – perguntou ela com o cenho franzido.

- Foi ali que Catherine... – deu de ombros. – Não com a mesma equipe médica, claro – porque ele não era louco de submeter Hermione a uma equipe que uma vez já fora comprada por Catherine. – Mas o lugar é de confiança, e é o mais seguro que conheço por aqui. Poderíamos ir a Londres, é claro. Mas acredito que para uma primeira consulta não vá valer o esforço – deu de ombros. – Pelo que eu me lembro, ele vai só fazer umas perguntas e exame de sangue...

- Você foi lá com Catherine? – perguntou Hermione com o cenho franzido.

- Na primeira consulta sim, estávamos os dois aterrorizados com a ideia, e eu a acompanhei até lá, fui com ela fazer o exame de sangue, mas quando teve o resultado Catherine me disse que havia dado negativo... que era só um alarme falso – deu de ombros. – Depois eu soube que esses testes de farmácia são precisos, não 100% mas quase, e que Catherine estava grávida e preferiu abortar sem que eu soubesse.

                Sem saber o que dizer, Hermione optou por ficar calada. Assim tomaram o café da manhã, Hermione agradeceu a empregada por trabalhar em pleno domingo – e logo os dois se retiraram para a sala. Com um suspiro Hermione se jogou sobre o sofá, levando Toy consigo que animado ficava lambendo o seu rosto o tempo todo, provavelmente por ainda não conseguir latir direito.

- Droga – resmungou ela – tem uma dúzia de trabalho para fazer!

                Rindo Draco maneou a cabeça, estava concentrado mexendo no tablet, mas ouvir Hermione reclamar que tinha de estudar tirou sua concentração, era um momento tão raro que ele não pode evitar rir.

- Pega lá – ele respondeu – eu disse que ia te ajudar.

- E eu bem sei no que deu a sua ajuda – ela comentou com ironia e Draco gargalhou.

                Ele também sabia. Agora ela estava grávida.

- Pense que só dá pra ficar grávida de um por vez – ele disse com ironia quando ela se afastou. – Você não corre mais risco nenhum.

                Não gostando da gracinha, Hermione jogou um dos livros na direção de Draco, que facilmente o agarrou, encarando-a com uma sobrancelha arqueada. Então essa era a  mudança de humor repentina que tantos pais de primeira viagem reclamavam?

                Com um suspiro recostou-se no sofá. A gravidez estava apenas começando...

- O que você não entendeu? – ele perguntou batendo no sofá para que ela se sentasse ao seu lado, o que Hermione fez rapidamente, deixando Toy aos seus pés.

                Com a mesma paciência e o tom sério de sempre, Draco lhe explicou sobre o que ela tanto custara a entender, e Hermione sorriu vendo como ele fazia o exercício para lhe demonstrar qual fácil era, Draco riscou seu código e também lhe passou alguns macetes que aprendera na época de faculdade.

                Mas o sorriso de Hermione não se devia ao que estava aprendendo, mas sim ao modo como Draco a tratava. Ainda que ele houvesse dito que estaria ao seu lado, sempre permanecia o medo de que a relação entre eles começasse a desandar, mesmo sendo ainda tão recente. Afinal não fazia nem um ano ainda desde que se conheceram. Mas para o seu alivio ele a tratava de igual maneira, um pouco mais preocupado em algumas ocasiões e exigente em outras, como quanto a sua alimentação, mas em momento algum Draco a tratou mal, não se afastou como ela temia que fizesse.

- Agora mesmo que sua mãe nunca vai gostar de mim – resmungou Hermione encostando-se no sofá, exausta pelo dia de estudos que tivera.

                Draco não riu por saber que era verdade.

- Se você quiser, não precisamos contar tão cedo para eles – Draco disse virando o rosto de Hermione para si. – Em menos de um mês eu assumo meu cargo no parlamento, podemos nos casar logo após isso e só então meus pais saberão, e em nada poderão nos afetar. Tendo assumido o cargo meu pai não poderá mudar de ideia nem me tirar dali.

- Tudo bem – ela assentiu, parecia um bom plano. – Até lá certamente não terei barriga, espero que todos os outros sintomas não estejam muito fortes – suspirou. Enjoos, náuseas, as mudanças de humor, o aumento no busto... Esperava que a minucia de Narcisa Malfoy não se aplicasse a ela também.

                Draco assentiu abraçando-a contra o seu corpo. Podiam esperar até depois da cerimônia em que ele receberia o cargo para se casarem... Ou ele podia simplificar tudo. O ano novo estava chegando, e todos os anos tradicionalmente a família Real fazia uma grande festa no palácio para todos os membros do parlamento e sua família. William havia prometido que o ajudaria. Então que tal se eles se casassem na noite de ano novo?

                E ainda soaria como uma grande surpresa para sua bela noiva.

                O noivado já havia sido anunciado naquela tarde na partida de polo, então não surpreenderia ninguém o fato deles já se casarem, pelo contrário, todos sabiam que Draco estava prestes a assumir um importante cargo, nada mais correto que assumir este cargo com um mulher ao seu lado. Uma esposa, não uma mulher qualquer.

                Com essa ideia em mente deixou tudo programado, no dia seguinte levaria Hermione para a faculdade, e depois entraria em contato com William. Tinha também de buscar um anel de noivado para Hermione, sempre se imaginara dando o anel que era de sua família, mas no momento não lhe parecia correto, não com a aversão de seus pais. Queria começar uma nova família, uma nova história com Hermione ao seu lado, o anel da família que ficasse com Annelise.

                E tinha de preparar tudo para pedi-la oficialmente em casamento.

                Hermione não tinha nem ideia do que a aguardava no dia seguinte.

- Draco? – Hermione o cutucou, o loiro piscou algumas vezes antes de se virar para ela. – Você se calou de repente.

- Só estava pensando nas próximas semanas. Essa semana é a sua última de aulas, não? – perguntou e maneou a cabeça ao vê-la assentir. – Ótimo. Depois então iremos para Londres, vai ser um fim de ano bem tumultuado... A festa de natal na casa da família Malfoy – disse ele com humor e ela revirou os olhos.

- Mal posso esperar – retrucou sarcástica.

- A festa de ano novo vai ser no Palácio de Buckingham, depois a cerimônia lá... Nosso casamento deverá ser em Londres também...

- Pare! – disse Hermione quando ele desatou a falar. – Estou grávida, mas isso não lhe dá permissão para ficar coordenando a minha vida, Malfoy – irritada se pôs de pé.

- Hey – ele se surpreendeu ao vê-la com as bochechas coradas pela irritação. – O que foi? – segurou-a pela mão puxando-a para sentar-se em seu colo.

- Meus pais – resmungou ela cruzando os braços. – Mesmo que eu não esteja muito disposta a falar com eles, eles têm o direito de saber que eu vou me casar... E ninguém no parlamento aceitaria a presença deles nessa festa – suspirou. – Droga. Esse hormônios me deixam toda emotiva – resmungou – só que, sei lá, sou filha única e sei que mesmo tendo errado, diversas vezes, eles gostariam de estar lá.

- Eles vão estar – disse Draco acariciando seu rosto. – Nós partimos para Londres no final de semana, você pode ir falar com eles quando quiser.

                Esse era justamente o problema: querer ir falar com eles.


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Notas finais do capítulo

n/a: mas uma vez, perdão pelo atraso. mas durante a semana tem sido bem corrido para mim, e para ajudar na quinta o site estava em manutenção x.x
mas já está no ar o capítulo, espero que gostem.
beijos.