Alugando Hermione Granger escrita por da_ni_ribeiro, thysss


Capítulo 18
Capítulo Dezoito




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/152333/chapter/18

Hermione se aninhou ainda mais nos braços que a envolviam, soltando um suspiro ouviu como o despertador tocava anunciando a hora de levantar. Desligou o mesmo antes que Draco acordasse e se moveu lentamente em direção ao banheiro, movendo seu corpo nu em direção ao chuveiro, deixou que a água quente caísse sobre seu corpo, relaxando-a.

Esfregou o rosto ainda sem conseguir acreditar no que acontecia. Se alguém lhe dissesse que em questão de meses estaria desse jeito, ela jamais acreditaria. Fazia exatamente dois meses e meio desde que havia ido para cama pela primeira vez com Draco Malfoy, na noite do Casamento Real, e desde então havia se transformado no tipo de garota que, até então, ela desprezava. E o pior, contava que, se um dia se tornasse esse tipo de garota – do tipo que fica louca pelo namorado, indo a sua casa todos os dias, dormindo por lá, fazendo tudo junto dele – Gina a faria recobrar o bom senso, no entanto, sua melhor amiga se encontrava em uma situação ainda pior.

Estavam as duas feito duas bobas, Gina profundamente apaixonada, Hermione profundamente envolvida. Não podia dizer que amava Draco Malfoy, mas haviam se envolvido de uma maneira íntima demais para dizer que não havia sentimento algum ali. E assim era, estavam envolvidos.

Envolvidos de modo que agora ela passava mais tempo no apartamento dele que no seu próprio, do estilo que várias vezes haviam sido fotografados, tanto em Londres quanto ali em Cambridge em algum restaurante, ou apenas dando uma volta pela cidade. No estilo que ele lhe enchia de presentes, de modo que agora ela era, definitivamente, uma mulher muito mais elegante que quando se conheceram, abandonando de vez os tênis que gostava de usar quando trabalhava, para dar espaço a sapatilhas e sapatos de salto, muito mais femininos.

De fato os únicos dias em que ficava em seu apartamento era quando Draco ia para Londres, o que ultimamente vinha acontecendo bastante, pois seu pai havia ficado doente novamente, e sendo amigo de William desde que eram crianças, o príncipe pedira que ele assumisse logo seu posto no parlamento, o que Hermione imaginava que não deveria demorar. Estavam em outubro, provavelmente no início do próximo ano Draco estivesse se mudando de vez para Londres para assumir seu cargo. Ele havia largado as aulas em Cambridge, agora que já a conhecia não havia mais porque seguir com a mentira de que realmente estava se dedicando a um mestrado, ainda mais pelo parlamento não levar em consideração seu histórico escolar antes de aprová-lo, mas sim sua família. E com suas idas cada vez mais constantes a Londres, ele não tinha mais tempo para isso.

Na noite anterior mesmo, Draco havia acabado de voltar de Londres depois de cinco dias por lá, havia ido direto ao apartamento dela, saíram para jantar e ela havia ido para o apartamento dele, matar as saudades – como ela dizia para Gina. Mas realmente sentia falta dele.

Draco não havia lhe arrumado o emprego que prometera, e ela finalmente aceitara que isso não aconteceria, ele não a queria trabalhando por agora, e por enquanto ela podia aceitar isso, mas depois que se formasse, nem Draco nem ninguém poderia impedi-la de seguir a profissão que escolhera. Afinal não estava se esforçando tanto em Cambridge apenas para ter um diploma pregado na parede.

Suspirou desligando o chuveiro e soltou um gritinho ao vê-lo parado a sua frente, havia ficado tão absorta em seus próprios pensamentos que nem o ouvira se aproximar, riu quando Draco a envolveu pela cintura, abraçando-a enquanto seus lábios exploravam os dela.

- Bom dia – ela disse passando a mão pelo cabelo já revolto dele, que sorriu mordiscando seus lábios.

Draco vinha se mostrando um namorado melhor do que ela havia imaginado. Quando estava perto da família, que obviamente ainda não a havia aceitado como namorada, ou melhor, noiva-em-potencial do filho, Draco era frio e seco, somente Annelise conseguia arrancar um sorriso dele, e eram poucas as ocasiões.

Mas quando estavam apenas os dois a situação era diferente. Draco não era do tipo de homem que fica fazendo carinho o tempo todo, mas todas as noites que passavam juntos ele a abraçava e a fazia se sentir protegida, algumas vezes havia inclusive acordado com alguns beijos, e a situação estava muito bem desse jeito.

- Você deve estar cansado – ela disse quando ele ligou novamente o chuveiro, para que ela o acompanhasse no banho. Sorriu vendo o sorriso malicioso nos lábios dele e negou com a cabeça.

- Não para você – ele disse prensando-a contra a parede, sua ereção roçando contra ela, mostrando o quão excitado já se encontrava. – Além do mais, não tenho compromisso nenhum por hoje.

- Não vou faltar a aula para ficar com você – ela disse rindo, mas logo se transformou em um gemido quando ele começou a acariciar seus seios. – Já fiz isso semana passada, e na outra. Hoje não posso, Draco.

Ele riu beijando-lhe o pescoço. Ela podia não tirar o dia de folga da faculdade para ficar com ele, mas então ele a deixaria marcada, mostrando a todos que ela tinha dono. Riu mordiscando o pescoço esguio enquanto suas mãos acariciavam os seios dela.

Foi rápido o ato, e quando acabou Draco a queria novamente e novamente. Surpreendia a si mesmo com todo esse desejo que vinha sentindo por Hermione, a princípio não imaginara que poderiam se relacionar tão bem na cama, mas agora, meses depois ele se sentia mais que satisfeito junto dela.

- Eu levo você – ele disse ao vê-la correr apressada pelo quarto, procurando por suas sapatilhas.

- Não precisa – ela disse correndo agora para o banheiro, para terminar de ajeitar o cabelo.

- Você já está atrasada – ele disse encostando-se no batente da porta, de braços cruzados e já vestido.

Correndo apressada a procura de sua sala, porque algumas vezes ainda se encontrava um pouco perdida no enorme campus de Cambridge, Hermione esbarrou em alguém que parecia tão apressado quanto, o que a fez parar e riu ao ver com quem se deparara.

- Perdida de novo? – Rony Weasley perguntou maneando a cabeça. – É o que? A terceira vez só esse mês? – ele riu alto enquanto ela sentia as bochechas corarem.

- Não é minha culpa – ela deu de ombros. – Draco cada vez estaciona em um maldito lugar diferente nesse estacionamento, e não é como se tivesse um mapa de Cambridge mostrando que caminho seguir.

Hermione não pôde deixar de notar que a menção do nome de Draco fizera o sorriso desaparecer do rosto de Rony. Maneando a cabeça ela tentou afastar esse pensamento, mas não conseguia, dias atrás Gina havia lhe dito, mais uma vez, que seu irmão continuava gamado nela, e pelo visto era verdade, Hermione pensou sentindo algo que não podia descrever.

Conhecia Rony desde sempre, mas nunca sentiu por ele nada mais que uma leve atração quando ainda era adolescente, agora já adulta não conseguia sentir por ele nada além de algo fraternal, o considerava como se fosse da família.

Algumas vezes nas noites em que estava sozinha até havia pensado que, se sentisse algo por Rony sua vida seria muito mais fácil, nada envolvendo a loucura da sociedade britânica com seus lordes, duques e todos os outros cargos e pessoas, que pareciam analisá-la cada vez mais minuciosamente, todos a espera de seu deslize, todos esperando que ela desse algum golpe em Draco Malfoy.

Com Rony as coisas seriam muito mais simples. Mas suspirou sabendo que nunca aconteceria.

- Então vai me levar pra minha sala ou o quê? – ela perguntou tentando descontrair, e deu certo. Rony riu maneando a cabeça enquanto a guiava para a sala em que ela teria aula naquele dia.

Sentada em sua mesa com um notebook aberto a sua frente – um dos muitos presentes que Draco havia lhe dado nos últimos meses – Hermione suspirou abrindo seu email enquanto os alunos não voltavam do intervalo, bocejou pela noite pouco dormida, e logo suas bochechas coraram pelo que estivera fazendo com Draco. Não havia como resistir a ele, simples assim. Maneou a cabeça vendo que boa parte de seus e-mails eram de propagandas, maneou a cabeça excluindo esses e logo parou ao ver um email de um remetente que não conhecia, o assunto era suspeito e ela desconfiou que fosse vírus, mas sua curiosidade foi mais forte naquele momento.

Quem lhe mandaria um email escrito “Draco é fiel?”.

Sentiu seu coração disparar enquanto o email carregava, abrindo anexos. Por sorte havia poucos alunos na sala, que em nada se interessavam por saber o que ela estava fazendo, assim também não reparavam em sua expressão que ia entre assustada e aflita. Que diabos Draco estivera fazendo?

Sabia que não deveria desconfiar dele, afinal ele havia dito que se manteria fiel e até então não dera sinal nenhum de que ela deveria desconfiar, ou de que não estivesse realmente sendo fiel, mas sabia quem Draco Malfoy era, o passado o condenava, e se ele havia traído uma vez mesmo que fosse outra mulher, nada o impedia de fazer isso de novo.

Fotos apareceram em sua tela, fotos de Draco e... Catherine.

Tinha certeza de que se encontrava pálida. Que diabos? Como assim com Catherine Midletton? Ela não estava casada?

Draco já havia lhe dito que Catherine era uma vadia, mas não imaginava que ela seria uma vadia com ele, que ele voltaria a cair nas garras dele. Odiou-se por isso. Não estava sendo o suficiente para ele?

Revoltada fechou o notebook e o guardou de qualquer jeito dentro da bolsa, correndo para fora da sala. A próxima aula que se danasse, precisava tirar essa história a limpo. Além do mais, a mensagem que viera junto no email não parava de se repetir em sua cabeça.

“O que você acha que ele tanto faz em Londres?”.

Sentiu seu sangue ferver enquanto percorria as ruas de Cambridge, Draco morava mais longe do campus do que ela, mas sua raiva era tamanha, a vontade de esganá-lo com suas próprias mãos era tão grande que nem se dera conta da distância, e quando percebeu já chamava o elevador.

Draco xingou quem interrompia seu sono aquela hora. Olhando no relógio viu que mal passava das nove da manhã, amaldiçoou quem quer que fosse que estava a porta. O dia anterior havia sido extremamente cansativo, com todos os preparativos e discussões que vinha enfrentando para poder assumir o cargo da família Malfoy – que envolvia muito mais burocracia por Lucius ainda estar vivo e desistindo do cargo, o que gerava uma série de interrogatórios e discussões sobre os reais motivos de sua desistência – Draco se encontrava exausto, deveria estar morando definitivamente em Londres, pelo menos pelos próximos meses até que finalmente assumisse o cargo, o que deveria acontecer no início do próximo ano. Mas sentia saudade de Hermione, não gostava de deixá-la sozinha, além do mais um homem tinha suas necessidades e Draco não negava isso, e após tê-la traído uma vez, antes que as coisas ficassem mais intensas entre eles, Draco havia decidido que nunca mais o faria, e o vinha cumprindo com rigor – mesmo que Catherine estivesse sempre presente, enquanto o príncipe parecia sempre ausente, o que a deixava cada vez mais desimpedida para dar suas investidas, que haviam sido todas rejeitadas.

Esfregou o rosto e vestiu uma cueca e uma calça qualquer por cima, havia tomado banho mais cedo com Hermione, mas permanecera nu, afinal só iria dormir mesmo. A campainha voltou a tocar de forma incessante e ele xingou quem estava do outro lado da porta.

Andando descalço, definitivamente do modo que nunca havia sido visto antes – sem camisa, com o cabelo despenteado e descalço, mesmo estando em seu apartamento era uma aparência nada aceitável para alguém de seu nível social. Liberou o elevador e sua boca se abriu conforme a porta abria, revelando uma Catherine muito elegante e com um sorriso presunçoso nos lábios.

Seu sangue ferveu no mesmo instante, quantas vezes já havia dito não àquela mulher nos últimos meses? E ainda assim ela tinha a audácia de ir até Cambridge, aparecer em seu apartamento pronta para seduzi-lo novamente?

- Você está perdendo seu precioso tempo – Draco disse com descaso.

- Eu não acho – ela disse desfilando para dentro do apartamento.

Notou como ela admirava o lugar, que havia sofrido algumas mudanças nos últimos meses, certamente. A presença quase constante de Hermione deixara o lugar com outra cara, agora havia flores em um jarro sobre a mesa e porta retratos com fotos. Eram coisas banais, que nem ele nem Hermione se importavam em ficar dedicando muito tempo, mas uma noite ou outra ela lhe dissera que tinham que mostrar que estavam juntos, queriam que os pais dele acreditassem que seria para sempre, por isso nada melhor que, pelo menos, alguns retratos espalhados pelo lugar, pelo menos para mostrar que ela andava junto dele.

- Ela está mesmo invadindo o seu espaço – Catherine comentou com amargor, lembrando-se de que quando Draco fora seu namorado, mal haviam tirado mais que duas ou três  fotos, todas as que tinha daquela época era graças a paparazzi’s que os seguiam.

- Eu vou me casar com ela – Draco disse, embora não houvesse feito um pedido formal ainda e Hermione já houvesse deixado bem claro seu pensamento quanto a isso, ela não queria se casar tão cedo, mas ele não desistiria. Além do mais, Catherine não sabia desses detalhes. – Assim como você se casou com William – apontou ele.

- Amargurado por causa disso? – ela perguntou se aproximando, destilando seu charme enquanto deslizava um dedo pelo peitoral nu de Draco.

Rapidamente ele afastou sua mão dali, ele não queria que ela chegasse nem perto de si, sentia-se nauseado por sua presença, queria distância dela. Mas quanto mais dizia isso a Catherine, mas ela se aproximava.

- Nem um pouco – respondeu de forma áspera e se afastou. – Quantas vezes vou ter de lhe dizer que nada nunca mais voltará a acontecer entre nós? – ele manteve o rosto sério enquanto ela arqueava uma sobrancelha.

- Você realmente acredita nisso? – ela riu negando com a cabeça, mas logo deu de ombros. – Só quis tentar uma última vez.

- Já não era sem tempo – ele logo disse.

- Não, querido – ela riu voltando a se aproximar, seus olhos brilhando de maneira perigosa. – Eu quis tentar uma última vez, na próxima será você que virá até mim.

Draco não pôde evitar e soltou uma alta gargalhada, logo maneou a cabeça.

- Você perdeu a cabeça de vez?

- Não – ela sorriu maliciosa – quem perdeu foi você, achando que essa Hermione vai realmente continuar ao seu lado depois de saber o que nós andamos fazendo.

- Uma vez, Catherine – ele gritou empurrando-a. – Uma maldita vez que eu me arrependo até hoje.

- Mas aposto que não vai ser isso que sua querida Hermione vai pensar – Catherine sorriu nenhum pouco afetada pelo modo grosseiro com que Draco a tratava.

- Afetada está você por pensar que um dia eu voltarei a lhe procurar, William não merece isso, e eu não quero mais você, nunca mais!

- Seu corpo ainda me quer – ela disse tentando seduzi-lo mais uma vez.

- Nem meu corpo a quer mais – ele esbravejou, de fato não se sentira mais nem atraído pelo belo corpo de Catherine. Ela era uma mulher bonita, mas tudo de ruim que já havia feito a tornava abominável a seus olhos.

- Vamos ver por quanto tempo – ela sorriu dando de ombros. – Só não diga que eu não lhe avisei, Draco. Nós podíamos ser felizes como amantes, você poderia continuar com essa garotinha enquanto eu continuo com William... Mas não – deu de ombros novamente. – Lembre-se, foi você que quis assim.

Draco a viu partir com o cenho franzido, que diabos ela estava falando?

Maneou a cabeça soltando um bocejo, ainda se sentia cansado. Mas antes que pudesse voltar para o quarto, a porta do elevador voltou a se abrir, e por ali entrou uma furiosa e pálida Hermione Granger.

- Resolveu mudar de ideia e veio me fazer companhia? – ele perguntou com um sorriso malicioso nos lábios enquanto se aproximava dela.

Sabia que quando Hermione estava séria deste modo, a melhor opção não era fazer piadinhas, mas nem sequer sabia o que causara tal efeito nela. Assim que a segurou pela cintura, e grande foi a sua surpresa quando ela o afastou com força.

- O que houve? – perguntou com o cenho franzido.

- Eu tenho nojo de você, Draco Malfoy – ela esbravejou sentindo vontade de jogar contra ele tudo que havia naquela sala.

- Do que diabos você está falando? – Draco esbravejou, sua expressão séria.

- Eu lhe disse que se estaria comigo, seria só comigo! – ela gritou acertando um tapa em seu peito, seguido de outro em seu ombro e vários outros, que não doíam de fato, mas deixavam marcas avermelhadas em sua pele clara.

- Eu ainda não sei do que você falando – ele retrucou segurando-a pelos pulsos para que parasse de lhe bater.

- Catherine – ela gritou com ódio. – Essa vadia e você, me traindo enquanto eu achava que você estava realmente ocupado com as burocracias do parlamento!

Por um minuto Draco não soube como reagir, do que Hermione estava falando? Ele e Catherine juntos durante suas idas a Londres? Em um impulso começou a rir, porque era ridículo. Ele vinha se mantendo o mais distante possível dela.

- Quem lhe disse tal besteira? – perguntou maneando a cabeça.

- Eu recebi fotos – ela continuou gritando, tamanha era a raiva que sentia.

- Fotos? – ele parou em seco. – Que fotos?

- Fotos que pareceram bem reais para mim! De vocês dois se agarrando, se beijando enquanto eu, idiota, esperava você voltar.

- Impossível – ele retrucou. – Eu não tenho nada com Catherine, nem tive!

- Ah é? – ela perguntou cruzando os braços. – Então o que ela fazia saindo do elevador lá embaixo? E não é a primeira vez que a vejo saindo daqui!

- Eu não tenho nada com ela, Hermione! – esbravejou.

- Então me diga, olhando nos meus olhos, que as fotos que eu recebi são mentiras, que você nunca, desde que nós começamos com esse acordo ridículo, você nunca fez nada com ela, antes do casamento, ou depois, tanto faz. Diga, Draco!

Ele a olhou nos olhos e sem pestanejar as palavras vieram aos seus lábios.

- Nunca – disse sério.

- Não acredito em você – ela respondeu, simplesmente. – Sabe, Draco. Nunca imaginei que você fosse um mentiroso.

- Eu te traí, Hermione – ele agarrou-a pelo braço. – É isso que você quer ouvir? É isso que eu devo falar? Pois então: eu te traí – ela engoliu em seco, sem imaginar que tais palavras doeriam tanto. – Você vai acreditar nas fotos, não vai? Pois então acredite, eu traí você – soltou o braço dela com força.

Pegando suas coisas rapidamente, a bolsa que ela nem havia se dado conta de que caíra sobre o sofá, Hermione correu para o elevador, louca para ir embora. E agora? No que acreditar? Draco parecera irônico ao lhe dizer que a traíra, mas ao mesmo tempo seus olhos a encaravam como se fosse culpado. As fotos eram verdadeiras?

Hermione acreditou que sim, era sempre muito racional e se as fotos lhe mostravam isso, era nisso que acreditaria. Havia chegado ali disposta a deixar que Draco se explicasse, mas ver aquela mulher odiosa saindo do elevador fez seu sangue ferver e acabou perdendo a cabeça. Não havia outra explicação para ela estar ali.

Quando saia do prédio, Hermione olhou algumas vezes para trás para se certificar de que ele não a seguia, e seu coração doeu ao constatar que não. Lágrimas vieram a seus olhos enquanto se punha a andar em direção a qualquer lugar, não queria ficar sozinha em casa, Gina ainda devia estar na aula... Assim que não lhe restava muitas opções.

Caminhou em direção a uma praça que havia ali perto, era arborizada e possuía uma quadra onde muitas vezes crianças e jovens se encontravam para jogos por ali, mas que no momento estava vazia. Sentou-se em um dos bancos e abraçou os joelhos, sabia que não amava a Draco, mas então porque doía tanto saber que havia sido traída?

Cada vez que fechava os olhos as fotos que vira no email voltavam a sua mente e sua raiva aumentava.

Abaixou a cabeça chorando baixinho, e assim perdeu a noção do tempo.

- Hermione? – uma voz rouca a chamou, fazendo Hermione erguer o rosto rapidamente para deparar-se com quem menos esperava encontrar. Rony Weasley a encarava com o cenho franzido. – O que você faz aqui?

Ela se sentou e passou a mão pelas bochechas e pelos olhos, mas as lágrimas já haviam secado.

- Está tudo bem? – Rony logo perguntou, sem nem lhe dar tempo de responder.

- Não – ela suspirou sentindo-se sufocada. – Você ia jogar? – perguntou vendo a bola a seus pés.

- Deixo isso pra outra hora – ele respondeu dando de ombros e a puxou pela mão. – Vou levar você para casa. Você pelo menos almoçou?

Almoçar? Que horas eram? Ela maneou a cabeça e franziu o cenho vendo o horário em seu relógio, já passava da uma da tarde. Havia realmente perdido a noção do tempo ali.

Deixou que Rony a levasse para seu apartamento, ele já havia ido buscar Gina diversas vezes ali então sabia o caminho de cor. Suspirou quando se jogou no sofá, não sentia fome, na verdade não sentia nada além de raiva. Raiva de Draco. Mas principalmente raiva de Catherine por ser tão oferecida. E dele mais ainda por não ceder. Bufou acertando um murro em uma das almofadas que estavam sobre o sofá, e suspirou. Não tinha mais lágrimas para chorar, só queria distância de tudo que envolvia Draco Malfoy.

Com um sorriso amargo pensou que, realmente, havia sido uma idiota por pensar que esse plano e acordo idiota dele realmente iria durar, já duvidava quando ele lhe dissera que seria até assumir seu cargo, e quando Draco lhe disse que estaria ao seu lado até sua formatura, fora uma boba por pensar que sim.

Suspirou quando dois braços fortes a envolveram, e riu pensando que mais cedo naquele mesmo dia havia imaginado como seria se tivesse escolhido ficar com Rony, agora ali estava uma amostra, ele seria sempre carinhoso e incapaz de trai-la. Mas uma vez sentiu-se irritada por não sentir nada além de um amor de irmãos por Rony.

- Ele é um idiota, e você já sabia disso – Rony murmurou e Hermione soltou um fraco riso.

Porque sim, ela sabia disso, e mesmo assim havia se deixado envolver pelo charme de Draco Malfoy.

Antes que pudesse se afastar, Rony a apertou mais forte entre seus braços e seu corpo enrijeceu, ele a estava consolando, a princípio, mas agora não parecia mais assim, ele a segurava como se ela lhe pertencesse. Suspirou. Estava pronta para dizer a ele que não podia... Quando lábios ferozes se apossaram dos seus.

- Você sempre soube do que eu sinto – ele disse a abraçando novamente. – E eu sabia que era só questão de tempo para esse idiota magoar você, mas eu nunca faria isso com você. Você sabe... Nunca.

Emocionalmente alterada e fragilizada, Hermione perdeu ciência de seus atos a partir daquele momento. Sua cabeça rodava pela falta de comida durante o dia, e gritos a acordaram. Havia dormido?

Ao redor de sua cintura, um braço possessivo a envolvia, mas como? Sua cabeça doía, mas ainda podia se lembrar do que acontecera durante o dia, havia terminado com Draco, o odiava, ele a havia traído, mas então? Seus olhos se arregalaram ao ver Rony deitado ao seu lado. Ver-se completamente vestida foi um alívio, mas não diminuiu o peso que sentia.

Rony estava se iludindo ao ficar ali com ela, o beijo que haviam trocado já fora mais do que ultrapassar os limites, não poderia ter acontecido. E agora isso, ele deitado ao seu lado, não era possível.

Gritos voltaram a chamar sua atenção, Hermione se levantou arrastando-se pelo apartamento. E não se surpreendeu ao ouvir a voz de Draco enquanto esmurrava a porta de seu apartamento.

- Eu só quero conversar – ele disse quando ela abriu a porta.

- Não temos nada para conversar – ela respondeu imediatamente, esfregando o rosto certamente marcado pelas horas que havia passado dormindo. – E quanto ao nosso acordo, tudo bem, vou sair de Cambridge e...

- Você não vai sair de droga nenhuma – ele esbravejou. Ela se sentiu tentada a pedir que ele falasse baixo, mas morando sozinha, como iria explicar que ele podia acordar alguém? – Cambridge já está paga.

- Então eu faço questão de, um dia, lhe devolver todo o seu dinheiro – ela respondeu com a expressão séria.

- Você sabe que eu não vou aceitar – ele cruzou os braços.

- Para que você veio aqui? – ela perguntou ignorando o que ele falara. – Não quero ver você. Não quero falar com você. Não quero ouvir você!

- Hermione... – ele murmurou. De fato não havia planejado o que iria dizer, pensava que ao chegar ali encontraria as palavras, mas não estava sendo bem assim.

- Você a ouviu – uma voz grossa fez Draco erguer o rosto, para deparar-se com um garoto um pouco mais novo que ele, de cabelo ruivo e pele pálida. O que ele fazia ali com Hermione, e sozinhos?

- Que diabos? – esbravejou encarando o rapaz.

Não podia acreditar que Hermione pudesse pagar na mesma moeda, na verdade a ideia lhe pareceu ridícula. Mas quando o ruivo a abraçou pela cintura, um ódio descontrolado tomou conta de Draco. Quem diabos aquele ruivo pensava que era?

- Solte ela – Draco esbravejou.

- Você a magoou, idiota – o ruivo retrucou. – Não fique achando que ela vai te perdoar no primeiro pedido de desculpas.

- Não fique achando você que, porque nós nos desentendemos, ela vai correr para os seus braços logo de cara – retrucou Draco erguendo a voz.

- E por que não? – Hermione perguntou com uma sobrancelha arqueada. Assim que as palavras saíram ela se arrependeu e queria buscá-las de volta, mas sabia não ser possível. A expressão de mágoa que atingiu o rosto de Draco a fez fraquejar.

- Exatamente – Rony veio em seu socorro, mesmo que ela não precisasse. – Por que não? – ele voltou a abraçá-la e Draco negou com a cabeça.

- Isso não é do seu feitio – Draco disse, ele conhecia bem Hermione, bem demais para saber que ela não faria isso.

- Você só acha que a conhece – Rony disse, e Hermione sentiu vontade de mandá-lo calar a boca imediatamente.

- Você não pensou em mim enquanto ficava com aquela vadia – Hermione esbravejou pondo-se entre os dois homens, os olhos fixos nos de Draco. – Por que eu deveria ter alguma consideração por você então?

Se ela queria atingi-lo, Draco devia dizer que havia conseguido com maestria.

- Faz meses que Catherine veio me procurar – Draco começou a tentar se explicar, mas ela rapidamente ergueu uma mão pedindo que ele se calasse.

- Eu não quero ouvir, não me interessa Draco – ela retrucou.

- Depois de você, não houve nenhuma na minha cama – ele disse rapidamente, pouco lhe importava que Hermione não quisesse ouvir, ela iria ouvi-lo! – Catherine foi antes das coisas ficarem sérias, não sei que malditas fotos você tem, mas se sou mesmo eu ali, são fotos antigas.

- Foi antes de você me levar para cama – ela deu de ombros. – Mas foi quando você já havia me proposto o maldito acordo, é isso que me interessa, foi depois de eu ter lhe dito que não aceitaria traição nenhuma!

- Hermione – ele tentou argumentar mais uma vez.

- Adeus Draco – ela disse abrindo a porta para ele.

Maneando a cabeça Draco foi em direção a porta, mas não porque concordasse, e sim porque não queria irritá-la ainda mais. A conversa não havia terminado ali.

Hermione não fechou a porta após Draco sair, o que fez Rony franzir o cenho.

- Você também – ela disse, não queria ser rude, mas Rony só havia piorado a situação.

Por um lado havia gostado de ver a dor no rosto de Draco a possível menção dela tê-lo traído, mas por outro sentia-se horrível por passar tal imagem, por parecer o tipo de mulher que gosta de pagar na mesma moeda mesmo algo tão baixo quanto uma traição.

- Eu só quero lhe fazer companhia – Rony disse.

- Não Rony – ela retrucou. – Eu sei o que você quer. Você quer me consolar, depois vai querer uma chance.

- Você não está mais com ele – ele deu de ombros.

- Nem vou ficar com você – ela disse rapidamente, estava sendo cruel e sabia disso, mas era melhor que ficar iludindo seu amigo com falsas esperanças. – Você para mim sempre foi como um irmão, nada além disso.

- Você sabe onde me encontrar... – foram as últimas palavras de Rony antes da porta ser fechada atrás de si.

FIM?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

n/a: que tal o capítulo? pontual viram? hahaha
boas notícias? a fic acabou! e tem mais vindo por ai :D
daqui a quinze dias, que é o próximo dia de posts já começa a nova temporada!
o que acharam dessa primeira?
beijos.