Acordei quando alguém bateu na porta. Levantei correndo e abri a mesma.

- Sabe que horas são? – Perguntou Percy com os braços cruzados.

- Hã...Não. Que horas são agora? – Perguntei não enxergando quase nada.

- 20 horas. Como consegue dormir tanto? – Ele sorriu.

Aí que eu percebi. Minha nossa! Eu dormi um tempão, desde a hora em que cheguei em casa estou dormindo. Isso é normal?

- Ah! Meu Deus! Sério? Droga! – Exclamei.

- Grover já está em casa, vou te ajudar com as suas coisas, porque tenho certeza que você ainda não arrumou nada, certo? – Ele adivinhou e deu aquele sorriso magnífico.

E eu me perguntei se eu era importante para alguém, se alguém gostava do meu sorriso, se alguém gostava dos meus olhos, se alguém gostava das minhas manias, sem alguém estaria sempre me olhando, se alguém queria estar comigo a toda hora, mas na verdade eu sempre me perguntava que, se existisse esse ‘alguém’, será que não era ele, o Percy? Mas acho que não. Ele não gostaria de mim assim, ele nunca iria ‘estragar’ nossa amizade, não faria nada que colocasse tudo a perder, nada.

Será que ele sabe o que ele causa em alguém quando sorri, quando olha nos olhos, quando mexe no cabelo, quando faz todas as suas ‘cacas’ por ser tão desastrado? Não, ele não sabe, ele é lento demais para perceber que o amo, e isso tá tão na cara, então tudo isso que é mais ‘difícil’ de perceber ele com certeza não percebe.

- Certo! – Sorri mas deixei escapar um suspiro enquanto ele entrava.

- O que foi? – Ele me olhou, desviei o olhar rapidamente, se ele olhasse em meus olhos tudo estava perdido.

- Nada, é só que... – Segurei minhas mãos uma na outra. – Bem, feche a porta, ok? – Ele fechou a porta e eu corri subindo as escadas.

- Um suspiro para fechar a porta? – Ele estranhou. – Annie, me diga o que foi! – Ele me olhava preocupado, eu pude perceber.

- Olha, não foi nada ok? Eu só estou apaixonada, lembra? – Sorri fraco.

- O que o cara fez? – Ele ficou bravo. – Eu vou espancar esse maldito. – Ele estava fofo bravo.

- É impossível. – Olhei para o chão, triste.

- Como assim? – Ele parecia confuso.

- Bem, vamos arrumar as coisas? Grover esta esperando, esqueceu? – Abri meu guarda-roupa enquanto tirava algumas roupas de dentro dele.

- Ok. – Ele concordou. Ele sabia que eu não ia contar, então desistiu, mas por enquanto. Percy não é de se render fácil.

Percy tinha total liberdade para abrir meu guarda-roupa e ir pegando minhas roupas, até porque, roupas intimas ficavam nas gavetas, e ele não iria mexer lá, porque a última vez que ele fez isso ele apanhou.

Bem, ele estava mexendo em meu guarda-roupa procurando algum CD, eu tinha dado a permissão de procurar lá. Eu estava deitada na cama, quando eu o vi abrindo a gaveta e começou a jogar tudo que estava dentro daquela gaveta no chão, sem ao menos ver o que eram as coisas. Quando ele percebeu o que estava jogando no chão, ele riu nervoso corou fortemente e pego um sutiã* e disse:
 - Seus peitos são desse tamanho? – Ele ria nervoso. – São grandes, hein? – Era estranho porque, era como se não fosse ele falando, de tão nervoso que ele estava, ele parecia fora de si.

Eu levantei e dei alguns tapas nele, e expulsei-o do quarto. Claro que depois ele pediu desculpas e que jurava que não sabia o que estava fazendo. Isso foi há dois anos, quando tínhamos quatorze anos.

Então, desde esse dia, ele sabe que não deve mexer na gaveta. Mas quando lembro disso, começo a rir, e foi o que eu fiz agora.

- Do que você esta rindo? – Percy me olhou e sorriu.

- Nada. – Continuei rindo.

- Se não me disser... – Ele fez sinais com os dedos, e aqueles sinais significavam uma coisa: cócegas.

- Não. Nem pensar e, por favor, cócegas não. – Eu ainda ria.

Ele pulou em cima de mim, eu estava sentada na cama, e ele fazia muitas cócegas, e eu ria muito mais. Eu me contorcia até cair no chão, mas ele foi junto e continuou a fazer cócegas.

- Percy... Sério, eu não aguento mais. – Disse ainda rindo.

- Ok. Mas vai me contar agora? – Ele fez os mesmos sinais com os dedos.

- Ta bom. – Levantei os braços, significando que estava me rendendo. – Lembra daquela vez que você abriu a gaveta proibida? – Eu voltei a rir, mas pouco, já que minha ‘cota de risos’ estava acabando. – Foi muito engraçado.

- Você tem razão. – Ele voltou a rir. – Foi engraçado mesmo. – Ele sorriu de um jeito malicioso e, bem, aquilo me assustou.

- No que esta pensando? – Perguntei sentando de novo na cama, e meio assustada.

Ele olhou em direção a gaveta que ficava dentro do guarda-roupa, foi em direção até ela e abriu. Eu não acreditava naquilo. Pegou um sutiã pela alça e ficou balançando-o em minha frente.

- Seus peitos ficaram maiores. – Ele riu e corou bastante.

- Cabeça de algas! – Levantei e quando ia pegar o sutiã da sua mão, ele correu. – O que esta fazendo? – Eu não entendia mais nada.

- Apenas brincando. – Ele ria, e não estava tão vermelho quanto antes.

- Ah! Percy me devolva isso. – Eu sorria cansada já que eu tinha rido bastante.

- Não. – Ele ainda corria pelo quarto. Então ele parou e colocou o sutiã nele. Eu ria. – Estou parecida com você? – Ele tentava imitar minha voz.

- Nem um pouquinho. – Eu sorri. – Vamos me devolva.

Nesse momento minha mãe abriu a porta e viu com certeza, uma cena horrível.

Nenhuma mãe gostaria de ver o ‘carinha’ que sua filha gosta com um sutiã por cima da blusa.

- Hã... – Ela nos olhou totalmente estranha. – Oi?

Percy tirou o sutiã em um pulo, e corou.

- Não estava acontecendo nada. – Corei. – Por que chegou tarde? – Mudei de assunto.

- Trabalho. – Ela ainda estava com aquela cara estranha. – Da próxima vez eu bato na porta.

- Ah! Eu vou dormir na casa do Percy, tudo bem? – Eu rezava para ela deixar, porque depois do que ela viu ali, não sei se ainda deixaria.

- Claro! – E então ela sorriu. YES!

Depois de arrumarmos as minhas coisas, saímos e fomos para a casa ao lado.

Grover fazia um escândalo porque estava ali fazia um século, porque ninguém o amo mais, e bla bla bla...

Depois fomos escolher um filme e, bem, eu perdi, eles escolheram o mesmo filme e eu não.

Lá vamos nós pela milésima vez assistir filme de terror, e eu odeio filmes de terror.