Acordei feliz naquela manhã. Tinha dormido tão bem.

Levantei e meu celular já tinha despertado, ou seja, eu estava atrasada. Que tipo de pessoa não ouve o despertador?

Comecei a correr de um lado para o outro do quarto para arrumar minhas coisas, depois me arrumei e desci as escadas correndo.

- Bom dia! – Disse ofegante.

- Não ouviu o despertador? – Perguntou meu pai.

- Não. – Parei para respirar. – Bom, tenho que ir. Tchau! – Disse fazendo o que sempre faço, pegando uma fruta e dando um beijo neles, assim saindo de casa.

Comecei a correr, afinal, eu estava atrasada, mas eu esqueci que eu era desastrada, e lá estava eu, no chão. Tinha caído de joelhos e tinha rasgado meu jeans e meu joelho sangrava. Droga! Não basta eu estar atrasada, tenho que me arrebentar.

Faltava três ruas para chegar no colégio, eu teria de ir até lá assim, estava doendo, mas não iria voltar para casa, por causa de um machucado no joelho.

- Doeu muito? – Perguntou a pessoa que invadiu meus sonhos na noite anterior.

- Não. Eu caí no chão e arrebentei o joelho e é claro, nem doeu. – Disse me virando para ele ainda no chão, e falando ironicamente.

- Até quando esta dolorida não esquece o mau humor? – Perguntou ele levantando uma sobrancelha.

- Percy! – Disse sorrindo, para que ele me ajudasse.

- Sabe que esta atrasada? – Ele pausou e me ajudou a levantar. – Bom, você sempre sabe mesmo. – Ele sorriu.

- Obrigada! – Disse quando estava de pé. Comecei a mancar na direção do colégio enquanto Percy me olhava parado sem fazer nada. – Vamos? – Perguntei achando estranho.

-Nem pensar. – Disse ele se aproximando e ficando bem perto de mim. Com certeza, eu corei. – Você não vai assim. – Ele disse bravo.

Olhei para mim, e pensei: “É a minha roupa? Por que ele não esta falando do machucado, né?”

- Qual o problema de ir assim? – Apontei para mim mesma.

- Nada. Mas você vai de carona. – Disse ele sorrindo. Eu não entendi, mas aí ele se abaixou colocou um braço em volta das minhas pernas e outro em volta das minhas costas, assim me pegando no colo. Eu fiquei surpresa, mas coloquei meu braço em volta do seu pescoço.

- Não é para tanto, Percy. – Disse, eu poderia andar ou mancar até o colégio, mas não precisava daquilo tudo.

- Você é minha melhor amiga, é o mínimo que eu possa fazer. – Disse ele sorrindo.

- Mínimo? Mínimo do que? – Perguntei confusa.

- Por me aguentar? – Perguntou ele também confuso.

- Isso não é motivo. Você também me aguenta  por dez anos e nem por isso eu faço o “mínimo”. – Disse achando tudo estranho. – Ou... Ah! Meu Deus! – Pausei. – Talvez você também queira que eu faça o “mínimo”. – Fiquei surpresa.

- Não, sabidinha. – Ele riu. – Não é nada disso.

- Então o que é? – Olhei brava para ele. – Não vai me explicar o “por que” de tudo isso? – Continuei brava.

Chegamos no colégio e ele me colocou no chão, em frente ao meu armário. Ele me encarou por alguns segundos apenas sorrindo, e o silêncio reinava nos corredores e principalmente entre a gente.

- Não. – Disse ele indo para sua sala.

Droga! Ele acabou vencendo essa, mas ainda teríamos uma conversa, ah, se teríamos.

Peguei apenas um livro em meu armário e fui direto para o banheiro, lá limpei meu machucado e voltei a mancar para a sala de aula, nem sabia que aula era agora, não me recordava, apenas tinha pegado um livro reserva que eu tenho em meu armário.

Entrei na sala de aula, depois de ver que aula era e me sentei em meu canto e adormeci, e continuei a sonhar com Percy que nem na noite passada.

- Annie! – Disse alguém me chacoalhando. – Você sabe que ficou três aulas aqui, né? – Continuou a me chacoalhar.

Levantei em um pulo, assustada. Como assim “três aulas na sala de biologia”? Ninguém me acordou?

- Ah! Meu Deus! Como isso? – Perguntei ainda assustada.
- Até os inteligentes se esquecem de tudo. – Disse Grover zombando-me. – Sim. Três aulas aqui, e você resmungava algumas coisas, tipo: “Percy”.

- Como é que é? – Gritei ainda assustada. – E as pessoas me ouviram? – Perguntei olhando ao redor da sala, que já não tinha ninguém porque já era intervalo.

- Não. Eu não deixei. Toda vez que você resmungava alguma coisa, eu gritava, ou seja, quem pagou o mico foi eu, e não você. – Disse ele bravo.

- Desculpe. – Olhei para baixo. – Obrigada! – Disse voltando a olhar em seus olhos e sorrindo.

- Amizade, se lembra? – Ele me abraçou.

- Claro. – Sorri.

Sobre a “amizade”, quando a gente dizia isso significava sobre o pacto da “amizade” que eu, o Percy e o Grover fizemos há alguns anos. Significava que teríamos que estar juntos, sempre.

Saímos para o intervalo conversando e rindo, até o Percy vier correndo em nossa direção.

- Oi, cabeça de algas! – Disse eu ainda rindo das piadas de Grover.

- Oi, sabidinha. – Disse ele sorrindo. - E aí bode? – Ele lembrou do apelido de Grover, porque a risada dele parecia a de um bode.

- Vocês não vão esquecer disso, não é mesmo? – Grover se referiu ao apelido.

Balançamos a cabeça negativamente e rimos.

- Hein, eu estava pensando... – Percy pausou. – Que tal fazermos uma “noite da pizza” hoje? Faz tempo que a gente não se reúne em casa.

- Sério? – Sorri tão feliz. – Nossa, desde que você começou a namorar a Rachel... – Disse o nome dela fazendo uma careta. – Nunca mais fizemos a “noite da pizza”.

- Pois é. Mas é aí? – Disse ele esperando a minha resposta e a de Grover também.

- Por mim tudo bem, e você Grover? – Olhei para ele.

- Mas é claro, vocês sabem que eu não recuso pizza. – Ele sorriu.

- Ok. Hoje ás 20 horas em casa. – Seus olhos brilharam. – Pode ser? – Percy parecia que estava com medo de que a gente cancelasse, deduzi isso pela cara que ele fez.

- Claro! – Dissemos eu e Grover ao mesmo tempo.

Depois de muita conversa, bateu o sinal para entrarmos.

Dessa vez prestei mais atenção nas aulas e também estava mais feliz.

Talvez Percy nunca irá perceber que eu o amo, mas é melhor ter ele como amigo do que não ter ele como nada.

As aulas passaram fui para casa, almocei e dormi um pouco no sofá da sala.