Wild West: o Cavaleiro Fantasma escrita por Rumpelstiltskin


Capítulo 1
Capítulo 1: Nevada, A cidade fantasma.


Notas iniciais do capítulo

Esclarecimentos:

        Antes de tudo, essa é a primeira história que escrevo em primeira pessoa. Desde que eu aprendi a escrever mais ou menos bem (faz pouco tempo hehehe) invisto em textos mais sérios que fazem os leitores pensar muito, essas coisas. Esse texto é para ser uma leitura um pouco mais leve e divertida, com algumas piadinhas, sem exagero. Então, quero que me contem nos reviews se estou alcançando o objetivo.
        Também é minha primeira fanfic de velho oeste e de cartoon americano.
        
        A categoria, o desenho original dessa fanfic se chama Os valentes cowboys de Moo Mesa. Passou a mais de dez anos no SBT, eu olhava e lembrei-me dele esses dias. Só para relembrar os que não lembram, ou que não olharam, umas explicações básicas:

        http://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=http://www.search.com/reference/Wild_West_C.O.W.-Boys_of_Moo_Mesa&ei=dj8nTryXFIXt0gGL-p3hCg&sa=X&oi=translate&ct=result&resnum=6&ved=0CEoQ7gEwBTgU&prev=/search%3Fq%3Dwild%2Bwest%2Bcowboys%2Bof%2Bmoo%2Bmesa%2Bbat%2Bblastagun%26start%3D20%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN%26biw%3D1280%26bih%3D677%26prmd%3Divns

        Se alguém quiser dar uma olhadinha para relembrar, ai está, quentinho do Google Tradutor XD.
        
        Estando tudo explicado, vamos á fanfic!



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            Poucas nuvens cobriam parte do céu estrelado. A lua certamente estava oculta atrás de uma delas, pois estava um breu aqui. As casas de madeira já apodrecidas que se erguiam dos dois lados da estrada de chão batido faziam enormes sombras no chão. A noite naquela cidade abandonada estava realmente intimidadora. Até meu cavalo parecia perceber isso, pois por mais que eu o cutucasse com as esporas, ele relutava para seguir em frente.

            Outro cavalo passou pela rua paralela logo á frente. Um gato humanóide amarelo que usava um chapéu de cowboy, um terno e um casaco longo, tudo de cor bege, batia com um chicote sem piedade no animal, que de tão cansado, não conseguia correr mais rápido. O xerife Alfie Mason estava mesmo louco para pôr as mãos no, ultimamente famoso, “Cavaleiro Fantasma”.

            Este, por sua vez, era algum justiceiro disfarçado. Como todos sabem, o xerife Mason é um homem, ou gato, no caso, corrupto. Para o povo de sua cidade, se diz um incansável caçador de foras da lei, mas na verdade, é um deles. Contratava em segredo pistoleiros e assaltantes para roubarem os bancos de sua própria cidade. Pistoleiros e assaltantes estes que haviam sido varridos da vida por um cowboy misterioso, nunca visto de perto por alguém que tenha vivido para contar a história. Isso não agradou nada o xerife.

            Por isso estamos em Nevada, a cidade, ou melhor, a cidade fantasma, mais próxima de Butt. Um dia ela foi habitada, claro. Mas hoje, restaram apenas casebres e saloons vazios, e, no cemitério, uma vasta quantidade de nomes de diversos canalhas do velho oeste, nas lápides. Isso não me soava muito agradável.

            Vocês podem estar se perguntando o que diabos estamos fazendo aqui. Acontece que o povo de Butt City espalhou o boato de que o justiceiro conhecido como “Cavaleiro Fantasma” vive aqui. Se quiserem saber, eu acho uma idéia ridícula. É obvio que esse cavaleiro é nada mais do que algum boi valente que mora em uma cidade normal – talvez até a nossa – e o povo está levantando todos esses boatos pela simples felicidade de criar uma lenda.

            O xerife Mason contratou minha gangue – já que sou um pistoleiro muito renomado e temido – para ajudar no assassinato desse justiceiro. Eu, no caso, sou um morcego humanóide, e me chamo Bat Blastagun.

            Já são quase onze e meia da noite. O xerife já deve ter percorrido cada rua dessa cidade com seu cavalo mais de cinco vezes. Já que o meu tremia mais que vara verde, decidi amarrá-lo na cerca de madeira da varanda do Saloon e entrar para dar uma olhadinha. Infelizmente, não encontraria dançarinas de cran cran ali, mas a curiosidade pelo lugar me corroia.

            Uma das folhas de madeira da porta caiu quando eu a empurrei. Espero que o saloon inteiro não decida cair antes de eu sair daqui...

            Estava mais escuro ainda. A fraca luz das estrelas que passava pelas janelas projetava quadrados iluminados no chão poeirento. As mesas e o balcão não estavam em melhor estado, além de sujos, com vários buracos feitos por cupins. Na parede esquerda, um palco decadente com uma cortina preta e podre ao fundo.

            Pulei por cima do balcão, que felizmente não desmoronou, mas um prego rasgou um pedaço da minha capa escura. Nas prateleiras atrás dele havia várias louças, e até mesmo um barril de madeira com a torneirinha ligeiramente enferrujada. Cravei as unhas nela até conseguir abrir. Não pretendia beber aquilo, mas queria ver se saía alguma coisa.

            O cheiro de podre daquela bebida rançosa me fez fechar a torneira com pressa. No instante seguinte, várias coisas aconteceram. Um rato passou por cima da minha garra, eu a tirei dali rápido e dei alguns passos para trás até meu pé afundar em uma madeira podre, coloquei uma prateleira cheia de louças abaixo tentando me segurar nela, e por fim acabei amontoado no chão.

            Tá certo chega de passeio.

            ...

            -Blastagun! – escutei a voz de trovão do xerife me chamando logo que cheguei á varanda do saloon.

            -Pois não, xerife? – perguntei, colocando á pouca luz noturna um relógio de bolso, faltavam dez minutos para a meia noite.

            -Onde estão seus capangas imprestáveis? Acho que não há nada aqui...

            Eu ri. O que mais poderia fazer? Que não havia nada aqui eu já sabia há tempo.

            -Rawhide, Monstro, Arachnide! – gritei a plenos pulmões, desamarrando as rédeas do meu cavalo.

            O animal relinchou em protesto ao barulho. Em pouco tempo uma enorme aranha vermelha usando um chapéu marrom claro de cowboy no meio das antenas chegou montada em um cavalo. Pouco mais tarde, um animal amarelo com pintas marrons, lábios e sobrancelhas roxos, chapéu e colete negros, também apareceu em sua montaria. Enrolada em seu pescoço também vinha uma cobra amarela com pintinhas pretas e um bonezinho azul na cabeça.

            -Vamos indo, não há nada aqui. – o xerife tomou a palavra.

            Conforme avançávamos por uma das ruas de chão batido, eu escutava o barulho baixinho de uma cachoeira, misturado ao som da cavalgada lenta dos cavalos.

            Eu não sei quanto tempo exatamente havia se passado, mas o céu escureceu ainda mais, e muito rápido. Sabem quando um temporal se forma no verão? Não foi assim. Foi bem mais estranho. Felizmente, os morcegos têm vantagem na visão noturna.

            Pela visão periférica, notei algo se movendo á esquerda. Olhei, pensando ser alguma ratazana enorme. Mas era um longo vestido negro e rodado, com um chapéu cheio de babadinhos da mesma cor cobrindo a cabeça de uma dama. Por baixo dele, longos cabelos muito mal cuidados caiam. Pareciam mais uma cola de cavalo.

            Puxei as rédeas, fazendo o meu animal parar.

            -O que está fazendo, idiota? – a voz de Mason perguntou.

            Não respondi. Desci do cavalo e aproximei da mulher. Ela estava enchendo um balde de madeira em um poço artesiano á beira de uma daquelas casas em ruínas. Lembram do cheiro de podre daquela bebida no saloon? O cheiro dessa água era igual.

            -Com licença madame, você mora aqui? – perguntei sorrateiramente.

            Nesse momento, o som das ferraduras batendo no chão cessou. Meus capangas e meu mais novo e mal humorado chefe haviam parado.

            -Com quem está falando? – o xerife apertava os olhos, há quase seis metros de distância.

            Os gatos não têm a boa visão noturna dos morcegos. Ou tem? Tanto faz. A madame continuou indiferente. Mulheres... Me inclinei por cima dela mantendo uma distância respeitável. Dessa vez, fui eu que serrei os olhos. A mão que segurava a alça do balde era esquelética e podre. Tão podre que parte dos ossos apareciam. Eu queria me mexer, ir para o mais longe possível, mas não podia. Minhas pernas apenas não funcionavam.

            A madame se virou de frente para mim. Seu rosto tinha o mesmo aspecto da mão. Ela possuía apenas o olho esquerdo. No lugar do direito, apenas uma covinha negra. Aonde deveria haver um nariz, ou um focinho, tanto faz, apenas uma boca com os ossos de metade da mandíbula descobertos e dois buraquinhos acima.

            -Ahhh... – ela murmurou em uma voz agonizante. Já viram alguém agonizando?

            Recuperei os movimentos depois que desviei o olhar dela. Meu cavalo fez o mesmo, e, infelizmente, fugiu sozinho. Os cavalos dos meus comparsas também começaram a se agitar, até que se inclinaram várias vezes. O do xerife conseguiu derrubá-lo. Rawhide, a serpente de boné azul, caiu do pescoço de Monstro. Os cavalos reagiram e, assim como o meu, fugiram, levando Arachnid e Monstro para longe dessa desagradável situação.

            Olhei para as casas, e reparei que agora havia claridade dançante do outro lado de suas vidraças sujas. Andei de costas conforme via alguns homens e mulheres passeando pelas ruas, todos na mesma situação daquela mulher, que agora entrava em uma casa, com seu balde.

            Todos aqueles zumbis, usando roupas típicas da região, me lançavam olhares desagradáveis. Bati as costas em alguém. Era o xerife, que havia se levantado do chão, e olhava para a rua, aterrorizado. Algo agarrou a minha mão e subiu pelo meu braço. Rawhide se enroscou em meu pescoço, olhando, ofegante, em todas as direções possíveis.

            -Ei chefe, vamos embora? – a serpente sugeriu, sua voz esganiçada, trêmula.

            -Vocês, demônios! – um homem baixinho e gordo, no qual faltava, além de toda a pele dos lábios, boa parte dos dentes, falou em um tom sussurrante.

            Para meu pavor, os cadáveres começavam á formar um círculo ao nosso redor. Vários rostos podres e escurecidos nos encaravam.

            -Vão morrer malditos bandidos... – uma mulher na qual faltava um braço esganiçou, se aproximando mais do que eu gostaria.

            -Não se aproximem! – avisei, tirando duas colts 1851 calibre 36 da cintura, e apontando para o rosto da “dama” sem remorso algum.

            Percebi que o xerife fizera o mesmo. Em algum ponto á frente, bem além da multidão, escutei um galope. Quando os passos cessaram, a multidão se dispersou, abrindo caminho entre nós e o recém chegado. Por um instante pensei que Arachnid e Monstro houvessem decidido nos ajudar. Mas aqueles cães covardes não fariam isso.

            Aquela era a coisa mais estranha que eu havia visto. Já viram um esqueleto de cavalo, com restos de carne grudados aos ossos? Duvido. Mas era igual. O homem que agora desmontava tinha cabelo vermelho, comprido e liso. Usava um sobretudo claro e um chapéu preto, no qual haviam fivelas brilhosas. Nessa distância, pouco podia ver do rosto dele, mas estava claro que era um tipo de zumbi, como todos os outros.

           

            Um riso tão baixo quanto um chiado veio daquela boca podre. Depois mais uns ruídos indecifráveis, naquela voz grossa e fora de foco, antes de falar as primeiras palavras que eu, infelizmente, pude entender.

            -Como se atrevem á ameaçar uma dama, cães imundos? – perguntou ele, levando uma mão esquelética ao coldre em sua cintura.

            Quando aquele bando de cadáveres andou á largos passos para dentro das casas, deixando a rua livre para nos matarmos, eu me senti em casa. O xerife Mason pegou sua pistola o mais rápido que pode, mas isso não foi rápido o bastante. Nem me lembrava de ter visto nosso rival pegar a arma, e já escutava um tiro.

            O gato enroupado, por segundos, se debateu tão violentamente quanto Rawhide, em meu pescoço. Ao menos ele, Mason, ficou “matavélmente” imóvel, no chão, depois. “Quem é o idiota agora?” – pensei. Mas não foi um daqueles pensamentos realmente apreciados. Não, apenas por falta de tempo mesmo. Apertei os dois gatilhos na direção do zumbi. Seria ele o Cavaleiro Fantasma? Acertei os dois disparos no peito dele. Um sobre o coração. Mas com eu já esperava, nada aconteceu. Logo que ele repetiu aquela risada sinistra, eu rolei para trás de dois barris que estavam oportunamente largados na beira da rua.

            -Rawhide, você está me enforcando! – falei.

            A serpente murmurou um “desculpa” e se afrouxou, ainda tremendo. O barulho das esporas do meu rival denunciava que ele se aproximava. Levantei rapidamente por cima dos barris, dei mais dois disparos enquanto olhava e tornei a me atirar no chão. Admito, aquela era uma situação que fugia ao meu controle.

            Provavelmente, esse cowboy misterioso iria matar Rawhide e eu, deixar nossos corpos atirados junto daquele gato insuportável, e depois ir para o Saloon comemorar, beber e comprar programas das dançarinas zumbis.

            Já começava eu a rezar, quando escutei outro galope na direção oposta da rua onde estava meu rival.

            Aquele era o maior cavalo que eu já havia visto. Como o outro, era apodrecido e tinha ossos á mostra, mas a aparência ainda era melhor. Esse ao menos tinha mais pele do que ossos na superfície do corpo. Nele montava um homem de cabelo negro e bem mais comprido que o do rival. Como faltava uma parte das vestes do abdome, os ossos de suas costelas á mostra denunciavam que ele também era um zumbi. Falando em vestes, elas eram marrons, volumosas e viradas em trapos. Pouco dava para ver do rosto, já que ele usava um chapéu de cowboy da mesma cor da roupa, e um lenço preto que escondia o rosto do nariz para baixo. Para completar a cena, o cavalo empinou graçiosamente.

            O sujeito desceu, dispensou o cavalo com um tapa na coxa, e colocou uma mão sobre o coldre de seu cinto.

            Nessa hora, eu decidi fazer a coisa mais desprezível que um pistoleiro do velho oeste pode fazer: Fugir. Eu sabia que me culparia o resto da vida por fazer isso, mas ao menos viveria para me culpar.

            Quando os dois duelistas estavam distraídos o suficiente, esvaziando suas colts um no outro, eu saí de fininho pela lateral de uma casinha de madeira. Rawhide não falava nada, mas eu tinha certeza de que ele concordava com a idéia.

            Em outras ruas, havia um movimento normal para uma cidade de Velho Oeste, fora o fato de que os moradores estavam podres e a cidade virada em um lixo. Alguns insistiam em me olhar de cara feia. O fato era que eu não encontrava saída alguma. Era como se aquele lugar não tivesse fim! E quando eu cheguei, no inicio da noite, parecia tão pequeno...


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Notas finais do capítulo

A imagem posta no meio do texto não é um desenho, mas foi o que, por milagre, eu achei, mais próximo á cena, para ajudar na imaginação ^^.

Essa imagem pertence a um filme muito bom chamado "House II" (A Casa do Espanto 2, no Brasil). Se alguém quiser olhar, é só procurar no Youtube pelo nome brasileiro do filme.

OBS: A fanfic não tem ligação alguma com esse filme.