A noite, Ever chega a sua casa e vai direto para seu quarto. Mesmo morando sozinha, trancou a porta e deixou as lágrimas a dominarem. Bill se sentiu péssimo. Achava que era culpa dele a garota ter passado por uma coisa dessas, por ele não ter consigo evitar tal situação.

Era inexperiente. Não sabia o que fazer. Poderia chamar Edward para ajudá-lo, porém como faria isso? Iria voando até o céu? Isso até poderia dar certo, se ao menos soubesse voar. E mesmo se conseguisse, não deixaria Ever sozinha. Estava pensando nisso quando escutou a voz da garota.

 -Eu sei que você está ai.

Bill se apavorou. Ever estava se referindo a ele? Se sim, como ela sabia que ele estava presente se ela apenas uma humana comum? Será que ela era uma daquelas pessoas que vêem espíritos? Estava assustado, mas ao mesmo tempo feliz por saber que Ever no mínimo sabia de sua existência.

-Sabe?

-Eu não posso vê-lo, nem ouvi-lo, mas sei que pode me escutar.

Bill se aproximou da garota a fim de prestar muita atenção no que estava prestes a dizer.

-Não sei como fez isso, mas obrigada por ter feito a diretora aparecer bem naquela hora. Você me salvou. Deus disse que devemos amar uns aos outros como Ele nos amou, mas com o Rafael é impossível. Eu o odeio. Sabe... queria saber qual é o seu nome, como você é, qual a cor de seus cabelos. Se anjos tiverem cabelos, né?

Bill riu depois do ultimo comentário feito por ela. Era obvio que anjos tinham cabelos.

-Queria que estivesse aqui segurando a minha mão, para me dar confiança. Eu não consigo te ver. Isso me faz pensar que estou falando com as paredes. Eu sei que está ai, mas não tenho certeza. É difícil acreditar em algo que você nunca viu.

O rapaz teve uma ideia. Foi até a janela do quarto e ficou de costas para ela. Começou a bater as suas assas, produzindo vento. Ever, ao ver suas cortinas brancas balançarem, concluiu:

-É, eu estava certa. Você está aqui. Obrigada por sempre estar. Nunca se esqueça que eu te amo no fundo, bem no fundo do meu coração.

Bill ficou paralisado. Agora sim ele entendeu o que o anjo que encontrara na classe de Ever havia dito. Era por isso que ela era especial. Por isso todos do céu invejam Bill, porque a garota amava seu anjo da guarda mais que tudo no mundo, mesmo não podendo tocá-lo, ouvi-lo ou senti-lo. Talvez esse tipo de amor seja raro de se acontecer, já que muitas pessoas não acreditam em divindades. O próprio ex-vocalista não acreditava.

Ever se ajeitou-se na cama. Seu anjo não resistiu e foi dormir ao lado dela. Deitou-se de frente para ela e ficou acariciando seu rosto até que adormecesse.

-Eu também te amo. Bem no fundo do meu coração, que alias, só bate por você.

Alguns minutos depois, Bill recebe uma visita de Edward. Ficou muito aliviado, pois precisava falar muito com ele.

-Edward? O que faz aqui?

-Vim ver como estão as coisas.

-Não estão muito bem. Sabe aquele cara que estuda com ela? O Rafael? Então, ele...

-Não precisa me contar Bill, já sei de tudo o que aconteceu.

-Sabe?

-Sim. A gente vê tudo lá de cima. Fique tranquilo. Com o tempo as coisas se ajeitam. Confie em mim. Enfim, vamos Bill. Já está na hora.

-Está na hora de que? – perguntou confuso.

-Do seu treinamento de anjo da guarda, oras!