Mundo dos Sonhos escrita por Trezee


Capítulo 7
II - Parte 4


Notas iniciais do capítulo

*_*



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Parte 4

O sábado de manhã chegou rápido. Eu e meus amigos havíamos combinado ha uma semana, que iríamos ao parque fazer um piquenique. Logo cedo, acordei bem disposta, arrumei algumas coisas, peguei minha bolsa e disparei escada a baixo. Despedi-me rapidamente dos meus pais e fui para a garagem pegar a minha bicicleta.

Era uma bicicleta bem legal por sinal, minha fiel companheira de pequenos trajetos. De um vermelho metálico, com detalhes pretos em forma de círculos. Dezoito marchas que penso já terem rodado pelo distrito de Paineiras inteiro.

                 Fui pedalando e olhando o caminho. Quantos detalhes meus olhos eram capaz de guardar. Cada casa, cada carro que eu avistava já eram bem familiares para mim. Seus donos então, nem se falava. Acenava para todos, cada um conhecido de um determinado lugar.

                 Não demorou muito para eu chegar ao parque Paineiras. Era um lugar muito agradável, cheio de árvores, flores e com um lago no centro. Havia também duas traves postas no meio do gramado, onde sempre improvisávamos um campinho. Era ali que tínhamos combinado de se encontrar.

                 Quando avistei o campo, já estavam encostados na trave Rafaela, Sara e Francisco. Os dois últimos, ao longo desse mês, se entenderam melhor. Ainda não haviam assumido um namoro propriamente dito, mas de certo modo estavam juntos.

                  Ficamos esperando ali até que o grupo se completasse. Após a chegada de Joana e Roberto, fomos para baixo de uma árvore e ajeitamos tudo. Cada um levou uma coisa. Minha parte, obviamente, era levar um prato de doces. Sempre era assim, eu era intimada a levar algumas guloseimas feitas pelas mãos de fadas da mamãe. Desta vez, ela estava inspirada, preparou dentro de um potinho, várias fatias de um bolo de brigadeiro, magnificamente delicioso.

                   Depois de comermos, ou melhor, de nos empanturrarmos, era a hora de se mexer um pouco.

                   - Gente, eu trouxe a bola! – exclamou Roberto. – Vamos jogar o quê?

                   - Depende, oras. – disse Francisco. – A bola é do que?

                   - Acho que é de tudo. – murmurou Roberto rindo e tirando uma bola realmente indefinida de dentro de uma sacola.

                   - Manda para mim! – pediu Sara, já pegando a bola das mãos do Rô.

– A bola é leve, vai dar para nós jogarmos vôlei.

                   - Três cortes! – Dissemos Rafa e eu juntas, dando risada da coincidência.

                   Jogamos umas três rodadas, e um a um fomos saindo ao sermos queimados.  Depois de quase uma hora de jogo, já estávamos cansados e com congestão. Ninguém teve a brilhante idéia de primeiro jogar e depois comer, sendo assim, nos restava apenas arcar com as consequências.

              Ficamos deitados embaixo da sombra de uma árvore por algum tempo, cada um com seus próprios pensamentos, curtindo o frescor proporcionado pelas folhas das árvores.

              - Gente, vocês vão me desculpar, mas eu não aguento ficar mais deitada aqui sem fazer nada – começou Rafaela. – Poxa! Vamos fazer alguma coisa que não nos faça mexer muito.  

              - Eu estou com ela! – disse Roberto. – Já estou bem melhor, pronto para outra!

              Todos rimos da cara de empolgação que ele fez e decidimos então fazer algo.

              - Mas o quê? – indagou Joana.

              - Bola da verdade! – gritou Sara, que estava se levantando e indo a direção da bola.

              - Só pra me manter informada... - comecei. – O que é isso?

              - Nossa Mel, você nunca acampou na vida? – falou ela trazendo a bola para nossa roda.

              Na verdade, eu realmente nunca havia acampado na minha vida, mas achei desnecessário responder àquela pergunta.    

              - Bem, é o seguinte. – disse ela com uma voz explicativa. – O jogo é bem simples, nos sentamos em uma roda e jogamos a Bola da Verdade para uma pessoa qualquer. Junto com a bola lançamos uma pergunta, que deve ser respondida com sinceridade, pois confiamos em todos aqui. – ela parou e olhou para cada um. – Se a pessoa se recusar a responder, vai ter que pagar um castigo escolhido pela roda.  

              De início parecia bem legal. Não havia nada que pudessem me perguntar que eu não saberia responder.

              De repente a Bola caiu em minhas mãos.

              - Vamos lá Mel. – ouvi a voz da Rafaela me chamando. – Nesse início de ano, alguém novo te interessou?

              Ergui levemente minha sobrancelha como se estivesse pensando no que responder.

              - Não vale pensar muito! – exclamou Francisco.

              Na verdade eu não estava tentando inventar uma resposta, eu estava tentando achar uma. Era tudo meio confuso para mim, não sabia o que responder para meus próprios amigos.

              - Não... – disse com uma cara convicta.

              - Não foi o que pareceu. Você pensou muito para falar um mísero “Não”. – retrucou Francisco.

              Lancei-lhe uma olhar fulminante, que com certeza ele entendeu na hora, deixando minha simples reposta como dada.

              Seguimos passando a Bola e ouvindo revelações que na maior parte já sabíamos. Depois do nosso “joguinho de descobertas”, levantei-me e arrumei minhas coisas.   

              - Bem gente, eu estou indo. – disse num suspiro.

              - Já vai Mel? – indagou Joana.

              - Já sim, eu tenho que fazer algumas coisas lá em casa ainda. – respondi.

              - Está bom então. – falou Roberto olhando para o relógio. – Eu também já vou ligar para meu pai vir me buscar. Tenho aula de Francês às três horas. – Quer uma carona? – perguntou se voltando para mim.

              - Não, obrigado Rô. – respondi. – Eu vim de bicicleta. – disse me voltando para trás, em direção a ela.

             Dizendo isso, me despedi de todos e fui empurrando minha bicicleta pelo caminho de pedrinhas até o portão de saída.

              Já em casa, lavei a louça que usara no piquenique e subi para meu quarto com uma vassoura e uma flanela na mão. Sábado era dia de faxina. Eu era encarregada de limpar os quartos e era exatamente isso que eu iria fazer no resto do meu dia.

              Estava tão acostumada com isso, que meus braços já sabiam os movimentos que teriam que fazer sozinhos, sem que eu precisasse pensar muito. Então usei desse tempo como uma terapia mental, coloquei um Cd que adoro no aparelho de som e fiquei curtindo minha música enquanto limpava.

               Depois do jantar, estava bem cansada para pensar em outra coisa a não ser em dormir. Comentei rapidamente com meus pais sobre o piquenique e fui direto para a cama. Aquela noite foi como se uma pedra estivesse deitada no meu lugar.

               O domingo passou rápido e estranhamente eu estava ansiosa para que chegasse segunda-feira. Durante o dia calmo, eu pude pensar um pouco na vida e eis que o pensamento daquela pergunta que haviam me feito no dia anterior pairou na minha mente.

               Eu não estava interessada em ninguém no momento. Nem em gente já conhecida, nem em gente nova. Não havia conhecido muitas pessoas e as poucas que conhecera não afetaram na minha vida. – Não, não afetaram em nada. - Eu só havia ficado com um pouco de azia, meu humor só havia oscilado em algumas vezes, a presença de certas pessoas só me deixavam um pouco sem jeito, eu só estava ansiosa para voltar, ou melhor, ir para escola e, certamente apenas um nome estava fixo em minha mente, Daniel Floukin.

               Não acreditava que estava acontecendo. Não era normal e nem saudável odiar uma pessoa e depois gostar dela. Mas parecia não adiantar ficar lutando com minha própria mente. Eu já estava conformada...


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Notas finais do capítulo

Comeeeeentem o/