Mundo dos Sonhos escrita por Trezee


Capítulo 6
II - parte 3


Notas iniciais do capítulo

=D



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Parte 3

 O fim da semana foi tranqüilo, principalmente pelo fato do meu pai ter tirado algumas semanas de folga na empresa, podendo me buscar de carro na escola. Isso foi bom, mas me incomodou. Parecia que eu estava sendo fraca, fugindo de alguma coisa. Mas deixei de pensar nessa fraqueza, pelo menos até acabarem as folgas do meu pai.

            Umas duas semanas depois sem trocar uma só palavra com Floukin, era como se nada tivesse acontecido. Convivíamos na mesma sala de aula todos os dias como se fossemos perfeitos estranhos, até o dia que o ponto de ônibus voltou a ser o objetivo da minha corrida pós aula.

             Quando cheguei lá, ele já estava sentado no meu banco de cimento. Eu apenas parei encostada no pilar, sem olhar para a cara dele.

              - Até quando vai ficar assim? – indagou olhando para mim.

              Não respondi.

              - Poxa Mel, nós nos vemos todos os dias, tomamos o mesmo ônibus, mesmo você tentando fugir...

              - Eu não fugi! – falei virando rapidamente meu olhar fulminante em sua direção.

              - Está bem então, tomamos o mesmo ônibus, mesmo com sua ausência sem explicação por duas semanas. – olhou para mim, com uma cara como se esperasse uma aprovação da correção. – Vai ser difícil para nós dois se você não permitir que eu me explique!

               Por um momento parei, fiz uma feição bem pensativa e me lembrei de tudo que acontecera no meu primeiro mês de aula. Com certeza ter conhecido Daniel Floukin foi a coisa mais diferente que aconteceu. Já fazia um bom tempo que eu dava um gelo nele, mas mesmo assim ele ainda queria conversar comigo. Olhei para o nada e confirmei com a cabeça.

               - O quê? – perguntou ele com um ar de espanto.

               - Sim, fale, está permitido. – falei gesticulando os ombros. – Tente se explicar! – olhei sem medo para aqueles olhos azuis que a tanto tempo não me encaravam.

                Ele abriu um lindo sorriso. Sua felicidade devido a minha cessão me espantou, mas de certa forma eu também estava estranhamente feliz.

                 - Desculpe de novo... – ele já havia me falado isso. – Eu não sei o que me deu naquele dia, foi mais forte. - Estávamos conversando, tudo estava bem, até que... – ele estremeceu para falar. – Até que você tocou em um assunto que realmente me frustra muito e, por erro meu, eu não soube contornar a situação descontando toda essa frustração na pessoa mais próxima de mim, que no caso era você.

                 Aquilo soou com um ar de arrependimento, ao mesmo tempo misturado com alívio, que me tocou de certo modo. Demorei um pouco para falar algo.

                 - Você se frustra em não estudar mais no Colégio Principal ou em morar perto da Praça? – perguntei, lembrando-me dos assuntos que tentei inutilmente puxar no ônibus.

                   Ele deu um leve sorriso.

                  - Boa memória hein? – falou. – Por incrível que pareça, não gostava muito do meu antigo colégio e fiquei muito feliz quando me matriculei aqui. Quanto a minha casa, moro lá desde que nasci... Nunca me queixaria daquele lugar!

                  - Então... O que eu disse para ter feito você agir daquele jei...

                  Mas minha pergunta foi interrompida com a chegada do ônibus, que nem havia percebido que se aproximava.

                  Subimos e nos sentamos lado a lado. Desta vez não estava tão lotado que nem na última vez que havia voltado de ônibus com ele.

                  Permanecemos um bom tempo em silêncio, pois não tive coragem de retomar a pergunta que iria fazer, achei que não era a hora. Então mais ou menos no meio do caminho começamos a conversar de assuntos fúteis.

                - Será que chove hoje? – perguntou ele.

                Mais que beleza, ele estava me perguntando sobre o tempo.

                - Acho que não. – fiz uma cara de interessada. – Está muito Sol para chover.

                Ele riu e continuou olhando para a janela.

                Não faltando muito para chegar ao meu ponto, ele perguntou sobre alguns assunto escolares, deveres de casa, dúvidas sobre trabalhos. Respondi tudo, ficando de pé e esperando o ônibus parar no meu ponto. Desta vez, ele acompanhou sorridente todo o meu trajeto de saída do ônibus até o momento em que eu estava parada, esperando que a porta se abrisse para eu saltar.

                - Tchau Mel, até segunda! – disse ele se voltando a mim.

                Eu apenas sorri e retribui a despedida.

                Realmente eu não me entendia. Estava disposta a nunca mais falar com Daniel Floukin e, simplesmente, lá estava eu, acenando para ele enquanto o ônibus partia. Certamente havia alguma coisa acontecendo comigo.


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Notas finais do capítulo

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