Mundo dos Sonhos escrita por Trezee


Capítulo 56
Dúvidas




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– Como? – perguntou Dora confusa.

– Bem, não sei se vai dar certo, mas vamos tentar. – eu estava andando de um lado para o outro do quarto. – Eu sou um Arauto Secundário no Mundo Real e consigo infiltrar nos sonhos. Você é uma Arauta Nata! Não tem por que não conseguir também.

– Arautos Natos não conseguem se materializar no Mundo Real. Não conseguimos tomar formas humanas como vocês, pois nunca fomos humanos! Não creio que eu consiga Infiltrar daqui... Na verdade eu não sei de mais nada. Não era para eu estar aqui! O que isso significa, me responde? Como eu surgi aqui? Não é possível que eu esteja aqui na forma humana. Não é certo... Não posso...

Então pela primeira vez nas últimas horas Dora se desesperou. Ela começou a chorar freneticamente. E entre alguns soluços e outros ela se questionava sobre que tipo de magia ou maldição ela estava sofrendo, repetindo arduamente que era terminantemente impossível ela estar ali em forma humana.

Eu só olhava para ela. Até resolver que era a hora de colocar um ponto final naquele ataque de nervos.

– Ai! – Dora grunhiu de dor quando eu cortei seu braço com um pedaço de metal que estava em cima de escrivaninha.

– Você vê isso? – indaguei. – É sangue. É a coisa mais humana que dá para se ter. Queira ou não, você está sim na forma de uma humana. Não me pergunte como, mas é exatamente isso que está acontecendo. Você não percebeu? Desde a hora que chegamos a esse mundo você está inundada de sentimentos e sensações humanas. O medo, a desconfiança, o nervosismo, são todas fraquezas reais e não do Mundo dos Sonhos. Queira ou não você já está infectada pelo vírus da realidade e se você não souber lidar com isso, ah minha cara, pode ter certeza que você vai cair. O mundo daqui é muito mais perverso do que vocês está acostumada.

Ela me olhou profundamente e se calou. Olhou para gotinha de sangue que estava para transbordar e escorrer pelo seu cotovelo. Com o dedo ela parou a gotinha e ficou analisando a textura avermelhada que agora estava pela sua mão.

– Será por isso? – questionou a si mesma.

– Por isso o quê?

– Que eu estou aqui com você. Que estou na forma humana. – ela mordeu os lábios. – Que sempre me sinto estranha, como se eu estivesse constantemente vestindo uma máscara, me escondendo. Que sempre foi Ania a preferida, a que sempre teve contato com todos os superiores...

– Você quer dizer que tem alguma coisa de errado com você?

Ela ficou muda.

– Você acha que não é um Arauto Nato?

Ela me fuzilou com os olhos, como se desejasse que eu mordesse e engolisse minha língua, mas ainda sim continuou muda.

Era isso, todo o tempo era isso! Ela está confusa se é ou não um Arauto Nato. Em melhores palavras, ela poderia ser um Arauto Secundário!

Eu parei de pensar. Pisquei algumas vezes e procurei buscar algum sentido em tudo isso. Um sentido que não existia! Afinal, quais as chances de Dora ser um Arauto Secundário, um verme, assim como eu.

– Você foi humana um dia!

– Para! – ela levou as mãos aos ouvidos e juntou os joelhos junto ao peito. – Para! Eu não quero mais ouvir sobre isso. Eu quero que isso saia da minha mente. Eu sou quem eu sou. Dora, irmã de Ania, um Arauto Nato. Eu sou uma Manipuladora. Eu sou...

Ela então caiu de lado na cama e começou a chorar. Desesperadoramente. Era só mais uma reação humana acontecendo.


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