Mundo dos Sonhos escrita por Trezee


Capítulo 11
III - Parte 4


Notas iniciais do capítulo

^^



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O fim de semana foi tranqüilo, eu e meus pais fomos visitar alguns parentes. Pernoitamos na casa de uma tia e no domingo fomos a outras casas, completando a via sacra, que era uma rotina por pelo menos um fim de semana mensal.

                  Eu gosto de visitar meus parentes, sou humana, também sinto saudades.  O problema é que às vezes eu não estou com o melhor dos bons humores para isso, a final quem escolhe o dia que iremos fazer as visitas são meus pais e não eu. Restava a mim, apenas ir junto.

                  Domingo a noite, na hora de voltarmos para casa, caiu uma tempestade, uma chuva tão forte, que alagou a rua da casa que estávamos. Senti-me literalmente em uma ilha. Como estávamos no ponto mais alto da rua, nem à frente, nem atrás da casa alagou, formando grandes poças umas duas casas para baixo. Estava nítido que estávamos presos, pelo menos por aquela noite. Passamos a noite ali e na manhã seguinte, depois que a água havia escoado, partimos para Paineiras.

                 Chegamos em casa quase na hora do almoço. Dei graças a Deus por não ter que entregar nada de importante naquele dia de aula desperdiçado. Ri de mim mesma ao pensar assim, parecia até que eu era uma compulsiva por escola.

                 Como não tinha nada de mais para fazer naquela tarde, fique ajudando minha mãe quase que todo o tempo. Enrolei doce, bati bolo, passei glacê em tortas. Acho que por isso que mamãe gosta tanto disso, é uma verdadeira terapia e incrivelmente, não é tão enjoativo quanto parece ser.

                  Dormi feita pedra aquela noite. Creio que a terapia mágica dos confeitos fez bem para mim. Acordei bem disposta, coisa rara depois de três dias sem acordar cedo. Coloquei shorts e regata, pois tinha Ed. Física.

                   Na escola, meus amigos estavam preocupados. Acharam que eu tinha faltado à aula porque havia ficado de castigo. Expliquei para eles o que havia acontecido e ainda comentei da minha façanha em convencer minha mãe que eu não tive culpa total por ter me atrasado no Open .  

                   As aulas fluíram muito bem. Terça-feira era um dos dias mais legais de escola. Na hora do intervalo, todos os meus amigos desceram para cantina como de costume. Era para eu ter descido junto, só que tive que ficar na sala terminando de copiar a lousa de Geografia. Sou extremamente lerda e caprichosa quando escrevo no meu caderno, sendo assim, estou acostumada a ser a retardatária na maior parte das vezes.

               Quando concluí minha cópia, peguei meu dinheiro e saí da sala. Ao cruzar a porta levei um susto tão grande ao trombar com uma pessoa que estava posta bem do lado da sala. Olhei para a pessoa e me deparei com os olhos já conhecidos.

               - Mel! – disse Floukin.

               - Oi... Daniel. – falei timidamente.

               - Uhm, sexta, por curiosidade, você chegou a ir ao Open? – perguntou ele antes de qualquer coisa.

               - Fui sim! – sorri gentilmente. – Fui e levei alguns amigos, para ajudar a encher a casa!

               - Que bom! – respondeu ele abrindo um sorriso e logo o fechando. – Mas, eu não te vi... Por que você não foi cumprimentar a gente?

               - Porque não deu tempo nem de falar tchau para o pessoal da minha mesa! Aconteceu um rolo básico e meu pai foi me buscar. Tive que sair correndo. – expliquei.

               - Foi algo de sério? – indagou.

               - Não, nada que eu não supere. – ri. – Já está tudo resolvido! – olhei para o relógio e vi que tinha um pouco mais de cinco minutos para descer para cantina, comprar meu lanche e comer.

               - Vai para cantina? – disse ele olhando para minha situação.

               - Vou tentar!

               - Desce lá então... Depois a gente termina nossa conversa. – ele sorriu gentilmente e pousou a mão no meu ombro. Logo se virou e seguiu em direção do corredor.

                “Depois a gente termina nossa conversa”. Fixei meu pensamento estranhamente nessa frase. Nós já tínhamos terminado a conversa. Talvez ele quisesse conversar mais. Essa idéia me apareceu com uma ponta de felicidade, a final conversar com Daniel nos últimos tempos, tem sido muito bom.

                  Voei escada a baixo e comprei um pão de queijo, que dilacerei em pouco tempo. Subi para a sala novamente e encontrei com meus amigos ainda na escada. Reparei que Daniel estava muito empolgado em uma conversa com alguns garotos da outra sala, mas não dei importância para esse fato.

                  - E aí, conseguiu copiar toda a matéria ou deixou um pouquinho para depois. – Francisco falou brincando, desprendendo minha atenção do grupinho de meninos.

                  - Ah, nem vem Francisco. Eu sei que a Jô faltou hoje, mas nem por isso você tem que ficar tirando sarro de mim no lugar dela! – eu sabia como cortar as asinhas dele.

                  - Ai pimenta, só estava brincando! – disse ele com um tom de medo.

                  - Brincadeira! – bati levemente a mão em sua cabeça e partimos para a classe.

                   As aulas seguiram tranquilamemente. O único choque que levei foi o fato de entregarem o calendário de provas. O ano ainda estava no início e já tinha que estudar que nem uma louca.

                   Como sempre, na hora do almoço o sinal tocou e eu fui para meu mais obvio destino. Na saída da escola, avistei Daniel encostado em uma árvore. Ao me aproximar, ele veio em minha direção.

                   - Vamos? – perguntou ele.

                   - Vamos... Para o ponto? – retruquei fazendo uma cara de desentendida.

                   - Não, meu pai veio me buscar hoje. Você vai querer uma carona, não vai?-  ele abriu um sorriso esperando pela minha confirmação.

                   No início me assustei com a idéia, mas levando em consideração que minha casa ficava bem no caminho da dele, resolvi topar.

                   - Você tem certeza que não vai ter problema? – perguntei meia sem jeito.

                   - Claro que tenho!

                   Então ele segurou levemente no meu braço e me encaminhou até um New Civic preto. Eu já estava acostumada com carrões, a final ali na escola todos, exceto eu, não eram nada modestos.

                   Ele abriu a porta para mim e eu me deparei com um banco de couro macio e cheiroso, lembrava muito o cheiro de carro novo. Havia detalhes cromados nas portas, brilhantes e bem lustrosos. Realmente era um luxo.

                   - Pai, essa é a Mel. – disse ele fechando a porta da frente e se ajeitando com o cinto.

                   O pai dele era um senhor muito bem arrumado, com uns cinquenta e poucos anos. Vestia uma camisa três quartos, que lhe caia muito bem. Este então se voltou para mim com os mesmos olhos extremamente azuis como os do filho.

                    - Prazer Mel, fique a vontade. – murmurou cordialmente.

                    - O prazer é meu. – sorri educadamente.

                    Praticamente todo o caminho seguimos em silêncio, só curtindo a música das estações de rádio que constantemente eram mudadas por Daniel. Somente na entrada de Paineiras que o pai dele começou a falar.

                     - E então Mel, mora aqui em Paineiras há muito tempo?

                     - Desde que eu nasci. – confirmei. – Mas meus pais não eram daqui. Eles dizem que se mudaram para cá porque meu pai foi transferido.

                     - Uhn, o que seus pais fazem? – indagou.

                     - Meu pai trabalha com Recursos Humanos e minha mãe é confeiteira. – respondi.

                     - Ah sim. – Qual rua eu viro?

                     - Aquela ali pai! – interferiu Daniel pela primeira vez.

                     - Bem – comecei timidamente. – Na verdade é essa daqui.

                     Daniel me olhou com uma cara de dúvida.

                     - Lá é o ponto de ônibus. – expliquei. – Minha casa fica por aqui. – apontei uma rua.

                     O pai dele então seguiu a minha indicação e chegamos à minha rua. Logo avistei minha casa.

                     - É aquela ali, a verde. – disse.

                     Então o carro parou e eu saí. Antes de fechar a porta falei.

                     - Muito obrigada pela carona senhor Floukin. Tchau Daniel. – bati levemente a porta.

                     O vidro do carona abriu e os dois retribuíram a despedida. Entrei em casa e minha mãe se assustou, já que eu cheguei cedo de mais para o normal.

                     - Não teve a última aula? – perguntou.

                     - Teve, é que eu peguei carona com um amigo. - respondi.

                     - Amigo, que amigo? Pelo o que eu saiba, todos os seus amigos são de Bráscuba.

                     - É que ele entrou este ano na escola, pega ônibus comigo. – lutei contra mim mesma, mas tenho certeza que durante a pequena conversa meu rosto corou.

                     - Ah, mas não é para ficar pegando carona com qualquer um, entendeu! – disse ela em um tom autoritário.

                     - Pode deixar, fica tranquila. – dei um beijo em sua bochecha e subi para o meu quarto.

                     Meu estômago estava resmungando de fome, logo desci e fui almoçar. Tinha aula de Tênis, aproveitei minha chegada antecipada para descansar um pouco.

                     Já quase de noite, estava cansada. Meu treino foi puxado, porque estamos treinando para um possível futuro campeonato, que por enquanto só está nos planos.

                    Depois do meu banho, comecei a ler um livro “Depois daquela Viagem” extremamente fascinante, não dava para parar de ler. Fui obrigada pela minha mãe a guardar o livro e dormir, pois por mim, virava a noite lendo. Adoro, ou melhor, amo ler. Encanto-me com todo tipo de história, ficção, romance, livros históricos. Realmente é um vício, um bom vício.

                     Como meus olhos estavam cansados de tanto devorar letrinhas e meu corpo de tanto jogar, foi fácil o sono chegar até mim. Noite estranhamente tranquila.


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Notas finais do capítulo

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