Shadow Kiss por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 6
Capítulo 6




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A reunião do comitê terminou e os guardiões, da forma eficiente de sempre, se dispersaram rapidamente. Ficamos só eu, Alberta e Rose na sala.

“Acho que você deveria ir até o seu protegido agora” Alberta falou para Rose.

“Posso falar, um minuto, a sós com ela?” eu perguntei a Alberta, que consentiu, provavelmente supondo que eu lhe daria uma bela bronca.

Não era isso que eu pretendia. Eu não via Rose como os demais estudantes da Academia. Eu a via no mesmo patamar meu, como uma igual. Não era como se ela fosse uma aluna a quem apenas ensinava. Eu também aprendia muito com ela. Além do mais, eu não conseguia ter raiva o suficiente dela para passar o sermão que todos imaginavam que eu lhe dava. Eu sempre preferia usar argumentos.

Alberta nos deixou sozinhos, a sala ficou vazia e silenciosa. Rose permaneceu sentada, quando eu caminhei para uma pequena mesa do canto que tinha café e algumas bebidas. Imaginei que com um pouco de chocolate quente ela poderia relaxar e se sentir mais a vontade para falar. A reunião do comitê foi bastante tensa, ela devia ainda estar nervosa com as acusações que recebeu. Confesso que eu estava cauteloso, também, pois estar só com ela sempre era algo que eu não sabia lidar com naturalidade. Percebi que ela me observava com apreensão.

“Você quer um pouco de chocolate quente?”

“Claro” ela tentou esconder a surpresa no seu rosto. Ela não estava esperando por aquilo. Provavelmente ela também estava esperando um sermão zen, como ela tanto detestava.

Eu peguei duas xícaras descartáveis e preparei o chocolate para mim e para ela “colocar dois pacotes é o segredo” falei, enquanto terminava o preparo, para parecer descontraído. Entreguei-lhe a sua xícara e caminhei em direção a uma varanda que ficava na parte anexa ao prédio, era um lugar bonito, pouco usado pelos guardiões, principalmente no inverno. Eu achei que era melhor conversamos em um lugar menos informal. A sala onde estávamos anteriormente era muito séria e eu não queria que a minha conversa com ela tivesse a mesma tensão da reunião do comitê. Rose me seguiu, ainda com a apreensão no seu rosto.

“Onde nós estamos – oh” ela exclamou ao entrar na varanda. Aparentemente ela não conhecia aquele lugar, os noviços não tinham acesso a todos os cômodos do prédio dos guardiões.

Eu fui até uma cadeira, tirei o pó e sentei. Ela ficou me olhando, assoprando o chocolate. Eu bebi o meu em um único gole, como sempre fazia. Eu gostava da sensação do líquido quente passando pela minha garganta. Rose se sentou em uma cadeira em frente à minha e o silêncio cresceu. Eu fiquei, por um momento, olhando para a minha xícara vazia, procurando a melhor forma de começar aquela conversa. Rose tinha tido um péssimo dia.

Eu não precisava olhar para ela para saber que ela me observava. Seu olhar era cortante. Continuei vasculhando os meus pensamentos, tentando buscar uma maneira dela sentir que podia confiar em mim e me contar o que a levou a uma atitude daquelas. O que estava a deixando tão nervosa. Não queria que ela se sentisse criticada ou repreendida. Eu apenas queria saber o que se passava dentro dela.

“O quê aconteceu lá?” perguntei levantando os meus olhos e encontrando os dela “você não perdeu o controle por causa da pressão.”

“É claro que foi” ela falou desviando os olhos do meu, olhando para a xícara “a não ser que você acredite que eu realmente deixei Stan ‘atacar’ Christian.”

“Não. Eu não acredito nisso. Nunca acreditei. Eu sabia que você ficaria infeliz, quando descobrisse quem seria o seu protegido, mas eu nunca duvidei que você faria o que fosse preciso para proteger a ele. Eu sabia que você não deixaria os seus sentimentos pessoais ficarem no caminho do seu dever.” Eu realmente acreditava piamente nisso. Eu acreditava nela, embora tivesse certeza de que ela não estava me contando tudo. Ela levantou seus olhos da xícara e me encarou.

“Eu não fiz aquilo. Eu estava brava... ainda estou um pouco. Mas quando eu disse que faria, eu falei sério. Eu acho que ele é bom para Lissa, ele se importa com ela, então não posso ficar chateada com isso. Eu e ele apenas colidimos, às vezes, mas isso é tudo. E, além do mais, nós nos saímos muito bem juntos contra os Strigois. Eu lembrei disso, quando estava com ele hoje, e toda aquele discussão sobre esta tarefa pareceu estúpida. Então eu decidi que faria o melhor que eu pudesse.”

Aquelas palavras de Rose soaram sinceras e me animaram. Ela parecia ter finalmente entendido tudo, mas, ela não tinha respondido a minha pergunta. Ela tinha desviado ao assunto, então retornei ao ponto.

“Então o que aconteceu durante o ataque de Stan?”

Ela desviou novamente o olhar, se concentrando na xícara vazia. Isso deixava claro que o que eu suspeitava. Ela tinha uma boa razão para o ocorrido, algo que ela não conseguia contar. Ela ficou pensativa por alguns minutos e eu a olhei, esperando pacientemente pela resposta.

“Eu não sei o que aconteceu. Minhas intenções eram boas... eu só... eu só fiz besteira.”

“Rose, você mente muito mal”

Ela me olhou surpresa. “Não é verdade. Eu já contei muitas mentiras boas na minha vida. As pessoas acreditaram nelas.”

Eu tive que sorrir. Ela, sem sentir, confessou que estava mentindo para mim.

“Eu tenho certeza disso. Mas não funciona comigo. Para começo de conversa, você não me olha nos olhos. E depois... eu não sei. Eu consigo perceber.”

Será que ela realmente pensava que eu não perceberia uma mentira sua? Aquelas palavras minhas a deixaram bem inquieta, ficando ainda mais evidente que ela não estava falando a verdade. Ela se agitou na cadeira, em um típico gesto de quem quer se retirar de um lugar.

“Olha, eu agradeço por você estar preocupado comigo...  Mas na verdade, está tudo bem. Eu só fiz uma besteira. Eu estou envergonhada disso – eu sinto muito por ter envergonhado o seu incrível treinamento – mas eu vou me recuperar. Da próxima vez, o traseiro de Stan é meu.” Ela falou se levantando e se dirigindo até a porta, ainda sem olhar para mim. Eu não ia deixar que ela fosse sem me esclarecer tudo isso que se passava com ela. Eu estava preocupado, tinha um pressentimento que algo sério sairia dali. Então, eu me levantei rapidamente  e com poucos passos, a alcancei, segurando o seu ombro. Ela congelou imediatamente com o meu toque.

“Rose, eu não sei por que você está mentindo, mas eu sei que você não faria isso sem uma boa razão. Se tem algo errado, algo que você tem medo de dizer aos outros – “

Ela se virou rapidamente para mim e pude ver que ela estava chorando. Realmente havia algo grande. Algo que estava a angustiando muito.


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