Shadow Kiss por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 5
Capítulo 5




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Todos os guardiões  da Academia, exceto aqueles que estavam no turno da segurança, se reuniram para assistir ao comitê disciplinar. Nós estávamos em uma das salas de reuniões, a maior delas, na verdade. Rose estava sentada à mesa, diante de Alberta, Emil e Celeste. Seriam eles que iriam arbitrar  a pena disciplinar dela. Os outros guardiões estavam sentados em volta e eu estava entre eles. Eu ainda não tinha tido a chance de conversar com ela sobre o que aconteceu.

Confesso que quando tomei conhecimento, mais cedo, tive uma ponta de decepção ao saber daquela atitude dela, mas agora, a olhando ali, sentada junto a guardiões tão imponentes, vi tanta vulnerabilidade vinda dela, que senti meu coração apertar.

Alberta começou dando uma breve justificativa a todos do porque daquela reunião e pedindo para Stan narrar o fato. E ele o fez de forma autoritária. Quando terminou, ela se voltou para Rose, lhe dando direito a réplica.

“Pela última vez, eu não fiz isso de propósito”

“Senhorita Hathaway, você deve saber o porquê de estarmos com dificuldades em aceitar essa sua explicação” Alberta falou, obviamente se referindo ao fato de Rose estar apenas negando os acontecimento e não apresentar argumentos convincentes.

“O Guardião Alto a viu” Celeste acrescentou imparcialmente “você se recusou a proteger dois Morois – incluindo aquele cuja  proteção lhe foi designada.”

“Eu não recusei! Eu... errei o alvo” Rose exclamou.

“Aquilo não foi um erro de alvo” Stan falou se voltando para nós, que assistíamos tudo imparcialmente. A presença dos guardiões ali era mesmo para intimidar Rose, não se esperava que algum de nós se pronunciasse. Depois ele se voltou para Alberta “Posso?” ela concordou e ele continuou “se você tivesse me bloqueado ou atacado, isso sim seria um erro de alvo. Mas você nem ao menos tentou. Você ficou parada como uma estátua e não fez nada.”

“Porque eu estou tendo problemas por falhar? Quero dizer, eu vi o Ryan falhar hoje cedo, mas ele não teve problemas por isso. Esse não é o objetivo de todos estes exercícios? Praticar? Se nós estivéssemos prontos, vocês já nos teriam lançado no mundo.”

A voz de Rose era firme e a cada momento eu me convencia que havia algo mais ali, algo que ela não estava mencionando. Realmente ela não reagiu ao ataque, mas não foi proposital. Alguma coisa a impediu. Eu podia ver isso claramente, só não conseguia ver o que era.

“Vocês ouviram?” Stan exclamou. Ele estava indignado, claramente trazendo emoções pessoais para sua voz “você não falhou, porque ‘falhar’ implica em fazer algo de fato.”

“Ok. Então eu congelei” Rose falou, mudando sua defesa de forma inteligente. Ela havia percebido que deveria usar outro argumento. Ela o olhou de forma astuta “isso não conta como falhar? Eu não agüentei a pressão e paralisei. Mostra que eu não estava preparada. O momento veio e eu fiquei apavorada. Isso acontece com os noviços o tempo todo.”

Era um bom argumento, mas ele não convenceria ao ser aplicado a Rose. Ela era conhecida por ser audaciosa e corajosa. Medo não era algo que fazia parte de seu histórico.

“Para uma noviça que já matou Strigois? Parece improvável” Emil replicou, dando voz os meus pensamentos. Rose olhou em volta, para todos da sala.

“Oh, eu entendo. Quer dizer que depois daquele incidente eu me tornei uma especialista em matar Strigois? Eu não posso entrar em pânico, sentir medo ou coisas do tipo? Faz sentido. Obrigada, caras. Isso parece justo. Muito justo.” Ela se afundou na cadeira, cruzando os braços. Alberta se colocou à frente da mesa, não se importando com a irritação de Rose.

“Nós estamos discutindo semântica. Detalhes técnicos não são o ponto aqui. O que importa é que nessa manhã você deixou bem claro que não queria proteger Christian Ozera. E de fato... e eu me lembro que você ainda deixou claro que estava fazendo isso contra  a sua vontade e que logo nós veríamos o quão ruim esta ideia era. E então, quando o seu primeiro teste acontece, você se porta totalmente indiferente.”

Rose fez uma expressão de reconhecimento. Ela estava lembrando que realmente tinha falado isso. Eu a conhecia bem e, a cada momento, eu tinha mais convicção que ela não tinha feito de propósito, eu realmente confiava nela. Ela podia ter tido uma atitude imatura ao descobrir que teria que proteger Christian, mas ela não o deixaria em perigo gratuitamente. Era contra a sua própria natureza.

“É realmente sobre isso que estamos falando? Vocês realmente acham que eu não o protegi por causa de um tipo estranho de vingança?”

Os três guardiões a olharam fixamente.

“Você não é conhecida por aceitar as coisas com as quais não concorda de forma calma e graciosa” Alberta falou secamente. Então, todo o vestígio de paciência que Rose ainda tinha de esvaiu. Ela se levantou em um rompante, ardendo de raiva, apontando o dedo acusadoramente para Alberta.

“Isso não é verdade! Eu tenho seguido cada regra que Kirova me impôs, desde que voltei para cá. Eu tenho freqüentado todos os treinos práticos e obedecido todos os toques de recolher! Não existe razão alguma para que eu tenha feito isso como uma espécie de vingança! O que isso me traria de bom? Stan – Guardião Alto realmente não iria machucar a Christian, não era com  se eu pudesse socá-lo até reduzi-lo a pó. A única coisa que eu conseguiria era ser arrastada para algo como isso aqui e encarar  uma possível retirada da experiência de campo.”

“Você já está enfrentando uma remoção da experiência de campo” Celeste falou, sem rodeios.

“Hã?” Rose falou, com toda a coragem que possuía fugindo dela.

Eu achei que já tinha ouvido demais e já era hora de me pronunciar, afinal eu era o seu mentor e estava fazendo um duro trabalho com ela, não podia deixar que ela fosse cortada da experiência de campo assim, isso arruinaria a sua formatura.

“Ela tem um ponto” falei, ficando em pé um pouco atrás dela. Todos me olharam com expectativa “se ela fosse protestar ou se vingar, ela faria isso de outra maneira.”

“Sim, mas depois do que ela fez esta manhã...” Celeste começou falando, com uma expressão nada agradável. Eu dei mais uns passos à frente, me aproximando de Rose. Foi um gesto calculado. Era uma forma de mostrar que ela não estava sozinha, que havia quem a defendesse. Eu também sabia que a minha aparência era intimidante e imponente.

“Tudo isso é circunstancial. Apesar de tudo parecer suspeito para vocês, não existem provas de tudo isso. Removê-la da experiência – essencialmente arruinando a graduação dela – é um pouco extremo, sem se ter qualquer certeza.” Falei de forma fria e racional, chamando a razão para mim. Isso pareceu surtir efeito. Stan tinha narrado os fatos de forma muito emocional, desviando o foco de todos. O comitê ficou apreensivo, ponderando as minhas palavras. Todos olhavam para Alberta com muita expectativa. Ela acenou para Celeste e Emil e eles se juntaram em uma pequena conversa, falando muito baixo. Depois de alguns minutos, ela se voltou novamente para Rose.

“Senhorita Hathaway, existe algo que você queira dizer, antes de darmos as nossas conclusões?”

“Não, Guardiã Petrov. Nada a acrescentar”

“Certo. Aqui está o que nós decidimos. Você tem sorte em ter o Guardião Belikov para lhe defender, ou esta decisão poderia ser bem diferente. Nós estamos lhe dando o benefício da dúvida. Você continuará na experiência de campo e continuará protegendo o senhor Ozera. Você estará em uma espécie de provação.”

“Tudo bem. Obrigada.”

“E,” Alberta acrescentou, sem se importar com a postura humilde que Rose tinha assumido “como as suspeitas sobre você não foram inteiramente retiradas, você passará o seu dia livre desta semana prestando serviço comunitário”

“O quê?” Rose deu um pulo da cadeira e eu instintivamente segurei seu pulso, colocando mais força do que devia.

“Sente-se!” murmurei no seu ouvido e a puxando de volta para a cadeira “Fique com o que você conseguiu.”

“Se isso for um problema, você poderá fazer isso na próxima semana também” acrescentou Celeste “e nas cinco semanas após essa.”

Rose sentou e negou com a cabeça “Desculpe. Obrigada”


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