Naquela noite, eu não tive um sonho comum. Desde que conheci Sany meus sonhos são somente nós duas de mãos dadas em um passeio romântico, era um sonho mais que feliz. Mas não nesta noite. Eu sonhei que Sany chorava aos soluços debruçada em sua cama. Eu não estava lá, não apareci nenhuma vez naquele estranho sonho. Acordei com medo de que isso estivesse acontecendo. Eu não estava lá para vê-la chorando. Me perguntei se alguma vez ela já chorou por mim, uma vez sequer seria sufuciente para que eu tirasse a conclusão de que eu era o que fazia mal a ela.

Levantei rapidamente e fui correndo para o banheiro. Estava com medo. Medo de ferir o coração da úncia pessoa que me importava. Eu não seria capaz de aguentar. Não mesmo.

Quando sai do banheiro olhei para o relógio, era 4:33h. Muito cedo. Olhei para cama e vi Sany deitada encolhida como se estivesse com dor. Meu coração acelerou.

Dei quase um pulo na cama de preocupação para vez o que tinha acontecido. Eu estava preocupada que minhas suspeitas fossem verdadeiras. Ela virou o rosto para mim, seus olhos estavam ainda cheios de água. Foi aí que meu coração pulou mesmo. Pensei em me matar naquele momento mesmo.

- O que aconteceu Sany!?

- Não é nada Yunna.

- Como nada Sany, você está chorando por nada!? - Eu quase gritava.

- Eu estou com medo...

- Medo de quê?

- Daquelas meninas...

- Não precisa ficar com medo. Já não disse!?

- Disse... E eu confio em você. Mas eu tenho medo de ter que me afastar de você.

- Nem que o mundo esteja contra nós eu não vou me separar de você Sany. Tenha certeza disso.

- Mas... e se... elas... falarem... para a diretora?

- Eu enfrentarei ela. Nem que eu leve a culpa, não importa, e sim se você estara bem.

- Mas e se a diretora contar para sua mãe sobre nós?

- Não sei... Se ela contar... Terei que enfrentá-la. Talvez até fugir de casa. Mas sem você eu não fico.

- Yunna... E se ela não aceitar?

- Ela não tem que aceitar nada Sany! Nada. Eu te amo, isso é o que importa. 

- Yunna... - Ela me abraçou com força.

Ficamos abraçadas até a hora de tormarmos banho e o café.Descemos, comemos e saimos bem cedo para a escola. Queria evitar encontrar com aquelas meninas o máximo possivel. Chegamos na estação e o trem ainda estava parado. Entramos nele e ficamos lá até ele andar. Chegando na estação da escola, saimos e fomos direto para o galpão. Lá ninguém nos veria. Com certeza.

Estavamos lá conversando, tentando distrair nossa aflição quando o celular de Sany tocou. Ficamos em silêncio por um momento, onde só dava para ouvir o toque de seu celular que ecoava por entre as caixas empilhadas. Ela estendeu a mão ao bolso devagar ela pegou o celular e olhou devagar para o identificador de chamada.

- É a Maya. - Ela levou o celular ao ouvido. - Alô?

Eu a olhava ainda apavorada, naquele exato momento em que o telefone tocou, pensei em milhares de posibilidades de quem poderia ser. Fiquei aliviada em saber que era a amiga de Sany.

- O quê? O que você está fazendo aqui na escola?

Eu a olhava tentando entender o que Maya estava dizendo, mesmo sem entender direito. 

- Onde você está? Iremos para aí agora mesmo!Tchau! - Sany desligou o celular em um impulso rápido, pegou minha mão e rapidamente e começou a andar em direção a saida do galpão.

- O que foi Sany?

- A Maya se transferiu para nossa escola! Não é o máximo!?

- Claro! Hoje é o primeiro dia dela então?

- Falaram para ela vir semana que vem, mas ela não aguentou e veio. - Sany me deu um sorriso e seguimos para a portaria da escola.

Quando estávamos aproximando do portão já conseguiamos ver Maya parada encostada na parede. Os olhares curiosos se voltavam para ela. Provavelmente estávam fofocando sobre a novata.

- Maya! - Disse Sany correndo para a amiga com um enorme sorriso no rosto. - É ótimo te ver aqui! - Sany abraçou Maya com muita enforia.  Depois quando as duas se soltaram, Maya veio me abraçar.

- Como é bom te ver Yunna!Está cuidando bem da Sany? - Ela piscou para mim.

- Bom, estou tentando né?

- É sua obrigação cuidar da sua namorada, não? - Ela sorriu.

- Sim! - Eu sorri.

Peguei a mão de Sany e fomos andando em direção as salas. No meio do caminho vimos aquele grupinho estúpido do dia anterior. Elas nos encaravam como se estivessem com nojo. Elas se aproximaram de nós devagar e nos pararam.

- Algum problema? - Disse Maya com um voz fria.

- Todos. - Disse a "líder".

- Poderiamos ter a honra de saber o problema? - Maya disse com uma voz sarcastica.

- O problema são essas duas que ficam mostrando seu 'namorico' públicamente para a escola.

- Elas não estão fazendo nada de errado. Andar de mãos dadas não quer dizer que estão se expondo.

- Para mim é.

- Não me importa, nem a elas, o que você acha errado ou certo. Se você quer encher realmente nossa paciência, que encha. Mas terá que arcar com as consequências desse seu 'problema gigantesco'.

- Isso foi uma ameaça?

- Exatamente.

- Como disse? - A garota franziu a testa.

- E-x-a-t-a-m-e-n-t-e. Entendeu ou quer que eu desenhe?

- Não me provoque suaa...!

- Sua oque? - Maya para a garota como se a estivesse fuzilando.

- Sua... s-sua... A foda-se! Não vou ficar brigando com uma estúpida.

- Uma estúpida reconhece outra, não é mesmo Sany?

- É-é...

- Não compre briga comigo garota! - A Garota estava cada vez mais irritada, parece que as provocações de Maya a estavam irritando.

- Já comprei. - Maya deu um sorriso cínico.

- Ahhhhhhhh! Vamos embora garotas!

As garotas foram embora.

- Acho que elas não enchem mais a paciência de vocês. - Ela sorriu como uma vitoriosa. - Vamos para a aula!?

- Vamos! - Falamos eu e Sany juntas.

A Aula depois disso foi tranquila. Maya estava na mesma sala que eu. Aquelas garotas não mexeram mais conosco pelo resto da aula. Que bom! Acho que com Maya aqui será mais fácil ganhar delas. Acho que Sany também está um pouco mais confiante com essa história...

Venceremos esta guerra juntas Sany!