— O que as pessoas não sabem é o que está mais verdadeiro à elas, é o que elas não querem acreditar e por isso deixam de ver, é o que elas dizem ser pecado e se afastam e com medo de ser verdade e se envolverem, ficarem “impuras” passam a ignorá-los e então com o tempo tudo fica invisível. Alguns ainda, os mais jovens que ainda não sabem desses pré-conceitos podem ainda vê-los, mas logo ainda como seus pais e avós passam a fazê-los de fumaças e deixando de vê-los.
Aquilo não me era estranho, algo com um délavé, eu o conhecia de algum lugar… aquele sonho eu o já tive antes, não, eu vivi aquilo. Eu segurei com mãozinhas pequeninas os dedos do homem que estava na minha frente, meu peito parecia apertado então com uma voz fina que saiu incerta eu perguntei.
— É assim que ficamos adultos? 
— Sim… é assim que crescemos e nos esquecemos.
— Eu não quero me esquecer de você!
Minha vista se embaçou e lagrimas começaram a cair de meus olhos. Mas porque eu chorava? Ou melhor,… por quem eu chorava? Se fosse tão importante assim eu deveria me lembrar, por que eu não me lembro?
— Mas você vai, minha querida Alice, um dia mesmo que eu esteja aqui você não mais me verá. – Ele afagou meus cabelos com a mão que estava livre do estrangulamento de minhas mãozinhas e sorriu – Não tem problema nenhum você se esquecer aqui – ele colocou o indicador na minha testa – desde que não se esquece no seu coração. Você tem que ir sua tia está vindo.
Nisso eu ouvi uma voz que não ouvia a um bom tempo, minha tia gritando por mim. Eu me levantei e corri até ela, que me deu uma bronca enquanto bateu em minha cabeça.
— Você não pode ficar brincando com cães de rua! Se você pegar uma doença eu vou te mandar de volta pra sua mãe! Aquela irresponsável! E seu ele te mordesse?! Aquela irresponsável fez eu jurar que ia cuidar de você!
— Cachorro…?
— Francamente eu não vou cuidar de filho dos outros! Anda menina! Ou eu te largo ai!
— desculpa tia…
Quando me virei para acenar para o homem com quem eu falava, não havia ninguém.