PVO Silena

    --- Si você tinha razão! --- berrou Charles --- Ah! Socorro!

    Em situações normais eu diria “Viu Charles, eu sempre tenho razão”, mas aquela sem dúvida não era uma situação comum, era vida ou morte.

      Corri para ajudá-lo.

       Saquei minha espada rapidamente, a tempo de ver as duas harpias levantando vôo e nos encarando com aqueles horrendos olhos.

       Charles começou a lutar com a da direita e a da esquerda sobrou para mim.

       Ataquei em sua asa direita, abrindo um buraco não muito grande, mas suficiente para fazer a harpia perder o equilíbrio por alguns segundos.

        Ela me encarou enfurecida e pude vê-la mudando de forma. Ela se transformara em papai.

         --- Si não me mate, por favor --- implorou papai. Não, aquele não era papai, era um monstro, e eu tinha que matá-lo.

         Levantei a espada, pronta para atacar.

         --- Si, você é uma menina muito boa, não teria coragem de fazer isso --- agora era o rosto de vovó Sally que estava na minha frente.

         --- eu te amo muito minha querida --- os olhos cinzentos de mamãe se fixaram nos meus.

         --- Você é a melhor afilhada do mundo --- era a voz de titia Rachel.

         Minha espada foi baixando.

         --- Si, você é minha melhor amiga --- essa sem dúvida era a voz de minha vizinha, Anny Almeida --- E seu irmão é lindo!!!!

          Não pude deixar de rir.

          --- Você é muito fofa Anny.

          Ela sorriu e o rosto mudou.

         O rosto que apareceu em seguida era o que eu mais queria matar. Zeus. Por culpa daquele cara eu estava neste inferno.

          Levantei a espada, mas quando fui dar o golpe, a harpia se transformou em Kathy toda ferida e machucada, como a vira pela primeira vez no Olimpo.

          --- Vamos, pode me acertar com a espada logo! Já estou quase morta mesmo! Acabe logo com isso! --- disse ela.

         --- Kathy! --- fui ajudá-la deixando minha espada cair ao seu lado.

            Kathy estava com a mão na minha espada, mas eu nem ligava, pois sabia que ela não me machucaria.

            Mas havia esquecido que aquela não era Kathy, e sim uma harpia que fingia ser ela.

             A harpia enfiou a espada em meu ombro esquerdo e tentou levantar vôo, porém sua asa machucada a impedia.

             Levantei-me com todas as forças possíveis, consegui alcançar minha espada que jazia no chão perto de mim, e então ataquei.

             Asas, bico, garras. Pude sentir cada um desses raspando por minha pele e por um instante o mundo parecia girar e girar...

             Só pude sentir minha espada penetrando o tórax da harpia, e depois disso, ela se dissolveu em pó.

             Olhei de relance para meu ombro esquerdo. Ele estava ensangüentado. Havia perdido muito sangue.

              Senti minha pressão baixar mais ainda.

              Cai.

              Alguém me segurou. Olhei para cima para ver quem era.

              Luke. Era ele!

             Sorri.

             Ele parecia preocupado.

             Ele berrava. Eu não ouvia nada do que ele dizia, para falar a verdade eu ouvia absolutamente nada.

              Fechei os olhos ainda sorrindo e apaguei.