- Avril... Como é bom ver você.

- Eric?

Não, não, não. Isso não estava acontecendo, simplesmente, NÃO PODE acontecer. Isso é um sonho! Tem que ser um sonho. Pisquei os olhos duas vezes, mas, de nada adiantou. O Eric ainda estava na minha frente, com aquele sorriso maravilhoso e aqueles olhos azuis..

- Não está feliz por me ver? - Ele quebrou o silêncio que havia se estabelecido.

- O que você está fazendo aqui?

- Então é assim que você me recebe? - Eric se levantou e andou até onde eu estava. - Eu venho dos Estados Unidos, largo meu intercambio, joguei tudo o que eu mais sonhava para o alto, só para poder te ver, pra ficar perto de você, e é assim que você fala comigo?

- Você! - Me aproximei dele, e tentei me equilibrar na ponta dos pés para olhar diretamente nos olhos dele. - Você passa um ano fora e agora volta, só para me deixar confusa, você não ligou, nunca mandou uma mensagem, nem ao menos queria saber se eu estava bem...

- O que você queria que eu fizesse? Quando você soube que eu havia ganhado o intercambio ,ficou toda feliz, e quando eu estava prestes a viajar, na última oportunidade que eu tinha pra ficar contigo, você me gritou, disse que nunca mais queria me ver.

Era verdade, quando o Eric veio se despedir de mim, eu o xinguei de todas as formas possiveis e joguei um abajúr nele.

- Eu não quero falar sobre isso. - Abaixei minha cabeça, senti meus olhos arderem, mas eu não iria chorar na frente dele.

- Se você tivesse pedido pra ficar, eu ficaria. - Eric colocou a mão no meu queixo e levantou. - Eu faria tudo, e lutaria contra todos só pra te ter ao meu lado. - Ele aproximou seus lábios dos meus. 

Eu estava prestes a beijá-lo quando os irrigadores ligaram e eu saí correndo para dentro de casa. Não olhei pra trás, porque sabia o efeito que o Eric causava em mim, e eu não podia fazer isso, eu estava com o Gustavo.

O Gustavo... Não acreditava que depois de tudo o que ele havia feito por mim, depois de tudo o que passamos juntos, eu ainda sentia alguma coisa pelo Eric.

Me tranquei no quarto e eu juro que tentei dormir, mas minha cabeça latejava, queria gritar ou espancar alguém...

Na manhã seguinte, eu estava parecendo um monstro do circo dos horrores. Se eu tivesse dormido duas horas, tinha sido muito! Eu me odeio, estou com nojo de mim. E ainda , eu havia esquecido de imprimir as fotos que eu e Gustavo tinhamos tirado no dia anterior. Fiz tudo isso as pressas, ficaram legais... Pelo menos isso.Me arrumei rapidamente e desci para tomar café.

- Bom dia...- DROGA!!! O que o Eric estava fazendo aqui à essas horas da manhã?

- Bom dia, Avril. - Ele sorriu pra mim. Calma Avril, respira.

- Está de bom humor hoje ,mana?

- Não! - Me sentei do lado oposto da mesa, de frente para o Eric. - Cadê o meu pai? E a mamãe?

- NOSSO PAI, acordou cedo e foi trabalhar, parece que ele tem outra viagem, e a NOSSA mãe foi para a reunião do baile anual.

- Eu não acredito que ele já vai viajar... - Resmunguei baixinho, olhei para o Eric, que ainda estava sorrindo, só que dessa vez, de forma boba. - E posso saber o que você está fazendo aqui?

- Sua mãe pediu que eu me hospedasse aqui, enquanto minha familia está em Londres. - Olha que coisa perfeita! Eu quero morrer! - E eu vou voltar a estudar no Ellyte com você.

- É... Assim você pode voltar a falar com a sua simpática turma! - Falei sarcasticamente.

Peguei minha mochila e fui para o carro, fiquei esperando os dois terminarem de tomar café. Fui o caminho inteiro olhando para o vazio, enquanto a Ash e o Eric conversavam sobre os Estados Unidos.

- Eu preciso correr, ainda tenho que montar o meu trabalho com as lideres de torcida. - Nota: Espero que elas não dancem.

Comecei a caminhar, precisava encontrar o Gustavo, então eu senti uma mão segurar meu braço e me puxar.

- Posso saber porque você está se comportando desse jeito? - O Eric me fez ficar a centimetros dele.

- Quer fazer o favor de me soltar? - Tentei puxar meu braço mas, foi em vão. Estava fazendo o máximo para não olhar para os olhos dele, porque eu sabia que eu iria perder toda a concentração e fazendo o que eu não devia fazer.

- Avril... Eu ainda amo você. - Senti minhas pernas tremerem, e o meu coração começou a bater aceleradamente.

- Eu... Eu...

- O que é isso? - Droga! Olhei para trás e vi o Gustavo olhando para mim. O Eric finalmente largou o meu braço.- Avril, o que foi isso que eu vi?

- Nada. - Comecei a andar e puxei a mão do Gustavo com força, que agora estava encarando o Eric.

- O que você está fazendo aqui? - Ele se livrou da minha mão e deu dois passos.

- Ei... Ei... Vocês não vão brigar! - Fiquei entre os dois, eles não podiam brigar, o Eric jogou a bolsa na chão e lançou um olhar de raiva para ele. - QUEREM PARAR! MAS, QUE DROGA! Vem Gustavo, agora! - Segurei a mão do Gustavo com força e o puxei novamente, dessa vez ele não insistiu e começou a me acompanhar.

- Avril, o que ele esta fazendo aqui?

- Eu não sei, por favor, não me enche de perguntas.

- Ele me roubou você uma vez, e eu não vou deixar isso acontecer de novo. Eu vi o jeito que você ficou quando ele foi embora, e eu não vou deixar ele te machucar de novo.

- Hum... Obrigada. Mas, não se mete em confusões. Agora, eu imprimi as fotos, só que precisamos ir na biblioteca ampliar algumas.

Terminamos de organizar tudo o que faltava, minha sorte foi que ele havia chegado mais cedo e já tinha ajeitado tudo.

- Bom dia alunos! Vejo que vocês fizeram ótimos trabalhos por aqui. Eu e os seus professores vamos avaliar cada um e dar a nota, que vai contar como média... - O diretor careca falou - E antes de começarmos, quero dar Boas-Vindas ao nosso estimado aluno Eric. - Todo mundo bateu palmas, menos eu e o Gustavo.

- Idiota. - Ouvi ele falar baixinho.

O Eric foi até o diretor e apertou as mãos dele, pra que isso? Olhou diretamente pra mim e piscou um olho. Ótimo, era só o que faltava. O Gustavo instantaneamente colocou a mão na minha cintura, e me dei um beijo rápido.

- O que foi?

- Só quero que ele saiba que você é minha!

- Eu não sou propriedade sua, Gustavo! Pare de ser tão ciumento. - Procurei pelo Eric, e o que eu vi foi ele saindo com raiva do ginásio.

O resto do dia foi tranquilo, o nosso trabalho conseguiu nota máxima,e pela primeira vez no ano recebi elogios dos professores, milagres acontecem. Antes de acabar tudo, o Gustavo sumiu, é... Tá tudo estranho por aqui. A Ashley me arrastou para o carro, ela estava feliz, e eu sabia o motivo.

- O Paulo me deu isto. - Nem precisei perguntar, ela esfregou a pulso na minha cara para mostrar a pulseira com o pingente de coração. - E me explicou tudo. É claro que eu disse que iria pensar...

- Que ótimo. - Dei um sorriso falso.

- Você é muito chata. Você viu o Eric? Eu não o vejo desde de manhã.

- Sorte a sua.

Quando finalmente chegamos em casa, meus ouvidos já estavam doendo de tanto escutar a Ash falando : - O Paulo é lindo!

Fui para o meu quarto, pensando em ligar para o Gustavo, quando eu ouvi um barulho. Olhei pela a janela e vi o idiota do Paulo berrando alguma coisa do lado do Gustavo que estava tocando violão, embaixo da janela da Ashley.Corri para o quarto dela.

'Nada importa se estou do seu lado...'-  Segurei para não ter uma crise de riso. 

- Que letra de música é essa? - Perguntei baixinho para a Ash.

- Cala a boca. Ele tá fazendo uma serenata pra mim, ele é perfeito. - Serenata? Isso é pra te deixar surda, pensei.

- Sobe aqui! - Ela gritou quando a tortura acabou.

Voltei para o meu quarto e me deitei, eu que não queria ver o que iria acontecer com o Paulo e a minha irmã.

- Posso entrar? - Gustavo bateu na porta.

- Pode. - Ele andou até minha cama e ficou olhando pra mim. - Por que você foi embora sem se despedir?

- O Paulo me arrastou! E você... Se importa agora, é? - Ele deu um sorriso bobo.

- Nunca deixei de me importar, mesmo que parecesse que eu não estava nem aí.- Puxei ele pela camisa, fazendo ele se deitar em cima de mim, e o beijei. Sua mão afagava meu cabelo, enquanto a outra foi para a minha blusa, começando a levantá-la.

- Avril, eu trouxe... - O Eric abriu a porta - O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?