- Me lembrei daquele dia no parque, o meu primeiro beijo...

- Você quis dizer, o nosso primeiro beijo.

- O que? Você nunca me disse que era seu primeiro beijo.

- Pensei que você sabia, tava na cara! - Ele passou alguns segundos em silêncio, abri minha boca para falar, mas, o Gustavo falou primeiro. - Você quer...

- AVRIL!!! - A porta do meu quarto abriu, e por ela entrou um homem alto, de olhos verdes e um sorriso reto perfeito.

- PAPAI! - Joguei o celular na cama e corri para abraçar-lo.

- Como você está? Espera... Isso é um sorriso? Faz quanto tempo que eu não o vejo. - Abri o sorriso mais.

- Eu estou bem melhor do que quando certo alguém viajou para o Japão. - Estou esquecendo de alguma coisa - Um minuto... - Peguei meu celular novamente. - Gustavo?

- Sim?

-Vou ter que desligar. Nos vemos amanhã na escola certo?

- Tá legal. Vou deixar você curtir seu pai. Tchau.

- Tchau. - Desliguei.

 - Gustavo é? Eu me lembro dele. Vocês dois eram inseparáveis, até você conhecer a Sol e depois o Eric...

- Ah pai, cala a boca.

 -  Finalmente conseguiu superar o Eric? 

- Não sei ainda. Espero que sim.

- Ainda bem... - Meu pai suspirou - Mas, parece que agora é a sua irmã que não está muito bem. - Ele se sentou na minha cama e olhou pra mim com uma expressão cansada. - Vai me contar o que aconteceu?

- Você deveria perguntar pra ela, e não pra mim. Sei que eu te conto tudo, mas, isso é coisa  Ashley. - Me sentei ao lado dele. - E como é o Japão?

-Não sei! Não sai do escritório... Mas, mudando de assunto, já decidiu que faculdade você vai ano que vem?

 - Alguma bem longe daquele colégio. - Meu pai começou a rir.

Como eu sentia falta dele, sei que o trabalho ocupava todo o seu tempo, mas, eu queria ele perto de mim. Tirando o Gustavo, papai era o único que me alegrava e uma das únicas pessoas que não se importavam com as minhas roupas e ele sabia, o que realmente havia acontecido entre mim e o Eric.

Ficamos conversando até eu começar a dar bocejos. E ele me mandar dormir.

Os raios entravam pelas as cortinas do meu quarto e pela primeira vez no ano, não tive vontade de martelar o despetador, ou jogá-lo pela janela.Me arrumei e desci para tomar café. Todos já estavam sentdos á mesa e parecia que meu pai trazia toda a harmonia com ele, porque até a Ashley estaa melhor.

- O que foi que aconteceu, Ash? - Perguntei no caminho para a escola.

- Ah nada.. MENTIRA! Aconteceu tudo. - Ela deu um pulo no banco do carro. - O Paulo...

- Sabia!

- Shiiiii!!! O Pauço mandou uma mensagem pra mim ontem. Olha... - Peguei o celular dela.

" Ash, você vai conversar comigo, querendo ou não. Não adianta fugir... Você entendeu tudo errado."

- E você respondeu o que?

- Nada. - A Ash levantou uma sombrancelha - E então, você e o Gustavo estão namorando?

- O q-que? Não, não.

- Hum, e ele sabe que vocês estão namorando?

- Chegamos! - O Antônio avisou, e antes que a Ash falasse alguma coisa, saí do carro praticamente correndo.

Fui até o meu ármario, joguei minha mochila ficando apenas com um caderno na mão e bati a porta.

-BU! - Gustavo me abraçou por trás.

- Que medo. - Falei sarcasticamente - Agora pode me soltar.

- Ainda continua chata - Ele murmurou enquanto me soltava, mas, pegou na minha mão. - Por que você está indo para a sala de aula?

- É meio óbvio, você não acha? - Os corredores estavam vazios, com certeza o sinal já havia tocado e eu estava perfeitamente atrasada.

- Avril, me pergunto em que mundo você está. No sábado é o primeiro festival cultural... Por favor me diz que você andou planejando alguma coisa.

- Não. Planejei. Nada. - Parei no tempo - Era só o que faltava.

- E não tem nada em mente? Posso te ajudar com qualquer coisa.

- Bom, eu posso apresentar algumas fotografias, dá pra conseguir alguma coisa para fazer tipo, um quarto no ginásio...

- Eu consigo te arrumar um jogo de luzes legal. E as fotos?

- Podemos tirar hoje. - Voltei a andar.

- Não sei porque chamam isso de festival cultural, não tem nada de cultura...

- Cultura dos ricos, idiota. - Deixei escapar o 'idiota'.Gustavo puxou a mão dele da minha. Acho que fiz besteira.

- Avril! Eu pensei que você... Droga. - Ele me prendeu na parede, com os braços ao lado da minha cabeça.

 - Desculpa, eu não queria... - Minha voz começou a falhar e só conseguia fitar a sua boca.

- Não se desculpe. - Gustavo começou a aproximar seus lábios dos meus, até eles se encontrarem em um beijo. Ele colocou a mão no meu rosto e passou seu braço pela minha cintura colando nossos corpos.

 - Am-am! - Alguém tossiu do nosso lado, e nos separamos assustados. - Vocês sabem que é  restritamente proibido se agarrarem nos corredores da escola, principalmente quando deviam estar no ginásio, arrumando seus trabalhos para sábado. Por favor... - O inspetor, que eu comecei a achar que estava me marcando, nos advertiu.

- Levei sermão novamente, e por sua culpa. DE NOVO!

- Mas, esse valeu a pena. - Dei um tapa leve no ombro dele, enquando nos dirigiamos para o ginásio.

Passamos o resto da manhã, fazendo ligações para conseguirmos estrutura para o trabalho, e depois do almoço saimos para tirar algumas fotos. O Gustavo conhecia cada centimetro da cidade, e sabia onde encontrar o que precisavamos.

E finalmente, ele me deixou em casa encarregada de fotos para imprimir.

 - Te vejo amanhã? - Me perguntou com o rosto próximo ao meu.

- Não to conseguindo me concentrar, quer se afastar um pouco?

- Não posso, fiz uma promessa. - Ele me beijou, isso era totalmente envolvente, eu perdia o sentido de tudo.

- Eu ainda preciso respirar . Então... Tchau. - Abri o portão e entrei.

Evitei o jardim, sabendo que iriam ligar os irrigadores a qualquer momento, entrei pela porta dos fundos, me deparando com a Eliana.

- Senhorita Avril...

- Senhorita? Já disse pra me chamar de Avril - Disse enquanto abria a geladeira e me servia de um copo com água.

-Avril, você tem visitas. Ele está no jardim te esperando, tem pouco mais de 15 minutos.

- Você conhece?

- Não lembro. - A verdade é que a Eliana veio trabalhar na nossa casa fazia menos de cinco meses, então ela não conhecia muitos amigos da familia.

Sai novamente para a noite, procurei e encontrei uma pessoa sentada de costas no banco que havia perto do jardim que eu mesma havia plantado. Mas quem diabos, viria me visitar a essa hora? Andei devagar até ele, que se virou de repente para olhar pra mim.

- Avril... Como é bom ver você.

- Eric?