Amor por Contrato escrita por pandorabox240


Capítulo 1
Happy BDay!


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Meu nome é Pandora e estou me aventurando pelo mundo da escrita de fanfictions pela primeira vez. Espero que gostem!^^



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Capítulo 1: Happy B’Day!

    Isabella Swan POV

      Entre papeis e pequenas caixas espalhadas pelo quarto, eu estava lendo Orgulho e Preconceito, sentada em minha cama e brincando com uma caixinha de alfinetes em uma das mãos.

-Isabella! – gritou Renée, minha mãe, do lado de fora do quarto – Está aqui?

-Estou mãe! – respondi, sem tirar os olhos do livro.

-Isabella, você ainda está aqui? Não ia procurar os alfinetes para Lady Rosalie?

-Sim, mãe! Já achei, mas acabei encontrando a Jane Austen e me distraí mamãe. – disse, guardando o livro no criado-mudo e correndo até a porta.

-Entendi... Mas é melhor você não se distrair mais; a Princesa deve estar irritadiça por estar esperando você levar os alfinetes!

-Ah, se não sei... E eu aqui lendo! Até mais, mãe! Não se preocupe que eu arrumo essa bagunça depois de voltar!

-Até mais, Bella!

      Hoje é o aniversário de 20 anos de Rosalie Lilian Cullen, filha dos barões Carlisle e Esme Cullen. Para uma comemoração mais íntima, foram convidados mais de 300 convidados e uma equipe de decoração foi contratada para ajudar a criadagem de Hertford, na qual minha mãe e eu estamos incluídas. Nós chamamos Rosalie de Princesa somente pelo fato dela ser mais autoritária do que seus progenitores.

      Corri por entre os muitos cômodos do palácio até chegar ao quarto de Lady Rosalie, que se encontrava em cima de uma espécie de cepo bem maior, trajando somente o tecido fino do vestido.

-Pode entrar Isabella.

-Obrigada Lady Rosalie. Aqui estão os alfinetes – disse ao entrar ao quarto.

-Isabella, já lhe disse várias vezes que não gosto de ser chamada assim. Fomos criadas como irmãs.

-Eu sei... É força do hábito.

-Tudo bem... Mas venha logo me ajudar com esse vestido. Graças à incompetência dessas duas senhoras, vou demorar mais ainda neste quarto. Estúpidas! – disse ao lançar um olhar mortal para as pobres senhoras.

         Alguns dias atrás, Rosalie resolveu seguir mais uma dieta maluca que prometia emagrecimento rápido. Consequentemente fez com que ela ficasse muito mais magra a ponto de fazer novos ajustes no vestido que foi baseado em um modelo da última coleção da Marchesa. Não entendo o motivo de uma garota como Rosalie achar que está sempre gorda e recorrer a métodos tão radicais para emagrecer.

-Estava pensando em uma coisa, Isabella – diz ela enquanto apertava o vestido na cintura.

-Em quê mi... Rosalie?

-Em te convidar para a minha festa de aniversário!

-Eu adoraria – devia estar com os olhos brilhando – Mas não sei se devo... Acho que seus pais não iriam gostar dessa ideia ainda mais em cima da hora.

-Não é problema; a festa é minha! Convido quem eu quiser. Além disso, meus pais iriam adorar que você participasse.

-Tudo bem... Eu vou falar com a minha mãe assim que terminar com o vestido.

-Ótimo.

-Hei girls!

       Alice Brandon adentrou pelo aposento graciosamente com sua alegria contagiante. Alice apareceu nas nossas vidas quando Rosalie e eu passamos a estudar em um internato misto. No princípio, eu não me simpatizava com Alice; achava que ela era mais uma das amigas de Rosalie: esnobe, fútil e que a maior preocupação da sua vida é sua posição social. De alguma forma que não sei como explicar, nós nos tornamos muito amigas.

-Rosie! – disse a pequena garota de cabelos curtos e espetados abraçando a loira alta – Ainda está desse jeito? Olá Isabella!

-Sim, Alice. Tudo isso está acontecendo por conta da incapacidade dessas duas senhoras de usarem o cérebro e lembrar-se de trazer no mínimo uma caixa com alfinetes para fazer ajustes em um vestido!

-Credo, Rosie! Também não é para tanto! – comentou Alice – Aproveitando esse momento... Eu estava fazendo umas comprinhas de última hora e resolvi passar aqui antes da festa para ver se precisava de algo.

         Tudo bem que ela tem um fraco por moda, mas diversos fatores contribuíram para que a nossa amizade crescesse, apesar das diferenças.

-E preciso mesmo! Quero que fique aqui para arrumar Isabella para a festa.

-Eu?

-Lady Rosalie, não precisa de tudo isso... Eu... – tentei argumentar, mas não saiu palavra alguma.

-Isabella, está tudo bem... Não há problema nenhum se você for. E já lhe falei que os meus pais vão adorar que você vá à festa.

-Tudo bem, eu aceito... – disse, por vencida.

-Ótimo! Então Alix... Você fica aqui para arrumar a Isabella?

-Mas é claro! Será parecido com os dias que passávamos em Marlborough nos maquiando e fumando cigarros de cereja escondidas!

       Na verdade, somente Alice e Rosalie se divertiam quando era noite no internato onde estudamos. Eu preferia ler alguma coisa ou atualizar os meus deveres do que fumar escondida no quarto onde dormíamos. É... Eu era a nerd!

-Eu vou ligar para a minha casa e mandar trazerem as minhas coisas para cá – comentou Alice – Mando trazer também um vestido que dê certo em Isabella. Se já é bonita assim, sem maquiagem... Imagine quando ficar toda arrumada! – disse ela me abraçando, ou melhor, me apertando.

-Obrigada, Alice – agradeci, tentando me desvencilhar do aperto dela. A baixinha tem uma força...

         Alice foi a única que senti que tinha uma amizade verdadeira. Ela sempre me tratou bem e me defendeu de Rosalie, quando esta brigava comigo por qualquer motivo ou quando os outros zombavam de mim no colégio por estudar de caridade.

         Após terminar os ajustes do vestido de Lady Rosalie fui à copa para falar com minha mãe sobre o convite de aniversário. Porém Margaret ‘O Brien, ou simplesmente Maggie, a governanta irlandesa da casa, estava dando ordens de como proceder na festa e não consegui falar com Renée. Eu fiquei ao lado de minha mãe, ouvindo os sermões de Maggie que são mais ou menos do tipo: “Se algum de vocês quebrar algum prato ou alguma taça serão punidos”. Evidentemente que os barões não aplicam nenhum tipo de castigo ou algo semelhante, mas eles sempre dão uma advertência aos empregados quando isto ocorre. Eles são tão bondosos, principalmente com a minha mãe e comigo, que não gostaria de vê-los zangados. E, às vezes, eu sou tão desastrada! Por pura sorte nunca cheguei a quebrar vaso algum! Maggie terminou com o seu discurso e minha mãe começou a andar pela cozinha dizendo por onde devíamos começar:

-Bella, você vai ter de nos ajudar a colocar os canapés nas bandejas e arrumar as taças de cristal. E já deveríamos ter começado isso bem mais cedo.

-Mãe, eu não vou poder ajudar a senhora aqui – disse, fazendo-a parar junto com as outras empregadas – Lady Rosalie me convidou para a festa e só vim avisar à senhora...

-Como assim Lady Rosalie te convidou para a festa? – perguntou Maggie.

-Ora, senhora Maggie... – respondi, gaguejando. Essa mulher sempre me deu medo – Me convidou convidando...

-Ela disse isso mesmo, minha filha? – perguntou Renée.

-Sim, mãe. Ela até pediu a senhorita Brandon que me arrumasse para a festa. Bom... A Princesa usará dois vestidos na festa, portanto, devo ir logo para ver se ela precisa de mais ajuda.

-Não sem antes falar com a baronesa – afirmou Maggie – Vamos ver se ela concorda com isso.

    Renée tentou em vão falar algo para Maggie, mas eu sinalizei que estava tudo bem. Ao chegarmos ao quarto em estilo vitoriano de Esme, nós a vimos sendo massageada por uma mulher de aparência oriental.

-Senhora Margaret e Isabella, o que querem aqui? – perguntou Esme.

-Baronesa, nos desculpe incomodar, mas eu serei direta – falou Maggie – Sua filha, lady Rosalie, convidou Isabella para a sua festa de aniversário.

-Senhora Margaret, veio até aqui para me dizer que a minha filha convidou mais uma amiga para a sua festa? – perguntou, impaciente. Ela odeia ser interrompida nessas horas.

-Mas Isabella é...

-Senhora Margaret, você sabe muito que Isabella e Rosalie cresceram juntas. Quase como irmãs. Além disso, Carlisle e eu demos carta branca a Rosalie para convidar quem ela quisesse.

-Eu entendi... – disse, com a voz quase falhando.

-Se me dão licença... Ah, Isabella!

-Sim, baronesa?

-Com que roupa irá à festa?

-A sua filha pediu a senhorita Brandon para me arrumar, baronesa.

-Ah sim... Podem ir.

-Com licença, baronesa –Maggie e eu dissemos juntas.

       Quando saímos do quarto de Esme, Maggie olhou para mim com um olhar furioso. Até hoje não entendo por que essa mulher tem raiva de mim e da minha mãe. Eu sempre trabalhei corretamente, sempre fiz todos os afazeres domésticos de acordo com o que ela mandava, sem questionar.

-Tem certeza de que podemos nos arrumar aqui, Alice? – perguntei enquanto ela tirava várias roupas de uma das malas que ela trouxe.

-Claro! Rosie ofereceu esse quarto de hóspedes somente para nos arrumarmos. Nossa! Ainda teremos que fazer muitas coisas! Ver qual vestido cai melhor em você, sapatos para combinar com o vestido, penteado, maquiagem... Temos que começar logo com isso – ela comenta andando pelo quarto – Temos cinco horas até a festa! Eu aqui falando todas essas coisas e não percebi antes... O que foi Isabella?

-Alice, eu tenho certo medo em relação a essa festa. Você sabe da minha condição aqui neste lugar... Eu não vou me sentir bem nesta festa. Alguns empregados acham que eu estou me vangloriando por aceitar o convite da Rosalie, mas não é isso... Eu estou fazendo somente o que é me ordenado; não poderia negar... Entende o que quero dizer?

-Sim, Isabella... Mas não se preocupa. Tudo vai correr bem. Eu vou estar com você o tempo todo durante a festa. Rosalie te convidou por que achou que seria legal ter as melhores amigas na sua festa de 20 anos.

-Tudo bem... Mas o que você vai fazer comigo? Alice, você sabe bem que nunca fui de usar maquiagem, essas coisas...

-E você acha que eu não sei? Fica fria que eu vou te deixar mais bonita que já é sem nenhum exagero!

-Se a senhorita diz...

     Nós duas rimos juntas e Alice me ajudou com o que devia usar na festa. Quanto mais passava o tempo, mais eu ficava nervosa. Alice tentou me tranquilizar, dizendo que estaria comigo o tempo todo e que não haveria problemas. Como disse antes, sempre fui desastrada e não foi diferente quando tive aulas de etiqueta no colégio. As outras alunas zombavam ainda mais de mim por não conseguir andar corretamente. Se eu não conseguia antes, quanto mais agora que vou andar com sapatos de saltos enormes e este vestido longo.

     Depois de nos arrumarmos, Renée entrou no quarto de hóspedes que Rosalie cedeu e se assustou em me ver.

-Meu Deus, como é que eu não percebi antes? É você mesmo, Isabella?

-Mas é claro, mãe... Estou diferente, não é?

-Modéstia é o forte de Isabella, com certeza – comentou Alice dando uma última olhada no seu vestido Oscar de La Renta.

-Desde pequena, senhorita Brandon. Mas veja Isabella, você está linda – disse me colocando de frente ao espelho – Muito obrigada mesmo, senhorita Brandon.

-Não foi nada, senhora Swan – afirma Alice – Eu gosto muito da sua filha. É uma ótima pessoa.

      Enquanto as duas conversam, eu observei o meu reflexo no espelho. Nem eu me reconheci por conta do longo vestido nude, da leve maquiagem que Alice aplicou e o bonito penteado que ela fez para domar meus cabelos rebeldes. Eu estava apresentável e ninguém desconfiaria que eu também fizesse parte da criadagem dos barões.

-Eu tenho que ir agora, Bella – disse Renée – Ainda tem que fazer muita coisa lá na cozinha. Vemo-nos depois.

-Tudo bem, mãe. Até mais!

-Vamos? – perguntou Alice enquanto minha mãe saía do quarto – Acho que Rose já está cumprimentando os convidados.

-Vamos sim.

         Alice e eu percorremos todo o palácio até o salão de festas de Hertford Palace, aonde vimos Lady Rosalie ao lado dos pais, cumprimentando algumas famílias nobres e políticos britânicos. O salão estava ricamente decorado, de acordo com o estilo da aniversariante: bonito, luxuoso, e meio extravagante. Desde que conheço a Princesa, ela sempre fez questão de demonstrar que tinha muitas posses.

       Enquanto Alice e eu conversamos, Rosalie continuou fazendo o papel de anfitriã cumprimentando a família McCarthy, composta pelo senhor Neil, Georgina, sua esposa e o filho destes, Emmett. Durante muitos anos, Neil McCarthy foi advogado da família Cullen, fazendo com que sua pequena empresa de advocacia crescer e sua clientela aumentar. Hoje quem administra a empresa é Emmett. Pelo que pude perceber durante esse tempo é que Emmett nutre alguma afeição por Lady Rosalie. Fato que ela nunca se importou. Ou ela faz questão de não se importar, por que todos já perceberam que Emmett se porta tal qual um cachorro: só falta abanar o rabinho quando ela aparece.

-Ai, como isso é maçante! – disse Rosalie ao se aproximar de nós com uma taça de champanhe – Ter de aceitar elogios desses velhos babões é um horror!

-Você reclama demais, Rose! – comentou Alice aos risos – Sempre faz as coisas ser uma tragédia grega!

-Sem exageros, Alice... Nossa! – disse com olhar de espanto quando percebeu a minha presença – O que fez com a Isabella? Eu quase não a reconheci!

-Mas não está bonita? Está parecendo uma boneca!

-Está sim! Está muito bonita! – afirmou enquanto eu sinto as bochechas corarem.

-Muito obrigada, Rosalie.

-Por nada, Isabella. Mas não vejo a hora dessas convenções idiotas acabarem para cair na pista de dança. Minha mãe me deixou decidir como seria a festa, convidar quem eu quisesse, mas ainda assim tenho de fingir que sou simpática para essas múmias que vieram. Ainda mais para a ralé dos McCarthy! E lá vem Carlisle...

         Carlisle Cullen é um homem de meia-idade, que ainda conserva o charme e a beleza da juventude. Casou-se jovem com Esme, e logo em seguida, herdou a vocação para cuidar das grandes propriedades de terra de sua família. Eu sempre mantive respeito pelo barão; como disse antes, ele sempre foi bondoso comigo e com a minha mãe. No entanto, sempre achei que Carlisle foi um pouco ausente em relação a sua família, se preocupando mais com suas finanças do que com Esme e Rosalie, compensando as duas com mimos e presentes caros.

-Boa noite, minhas queridas. Rose venha comigo só um instante. O ministro da Fazenda está conversando com sua mãe e quer lhe cumprimentar.

-Logo quando arrumei uma folga, papai... – disse Rosalie, suspirando entediada.

-Eu sei minha filha. Será só um instante. Se me dão licença, senhoritas...

-Claro, senhor barão – disse Alice com sua voz de soprano.

-Pois não, senhor barão... – cumprimentei-o.

-Isabella? – perguntou ele incrédulo.

-Ela mesma, papai! – afirmou Rosalie – Eu a convidei para a festa. O senhor disse que eu poderia convidar quem eu quisesse.

-Claro! Isabella, você está encantadora!

-Obrigada, senhor barão. – senti-me corar mais uma vez.

-Vamos Rosalie. Sua mãe nos espera...

-Tudo bem, pai...

        Os dois andaram juntos pelo salão de festa e Alice me puxou pelo braço.

-Alice, para onde você está me levando?

-Vamos para a pista de dança! Se a Rosalie está lá tendo que aturar aqueles velhos babões como ela mesma chama, eu que não vou ficar só olhando! Vamos nos divertir!

       Alice continuou a me arrastar pelo salão até uma das pistas de dança que estavam lotadas de gente.

-Alice, eu não sei se você percebeu, mas não sei dançar! – comentei quando chegamos à pista de dança.

-Não tem problema nenhum! Eu não sei dançar direito, mas danço mesmo assim! – disse ela dançando divinamente ao ritmo da música eletrônica sendo tocada.

       Eu tentei executar algum passo decente, mas eu fui um completo desastre nisso. Ainda assim, eu me diverti.

-Até que você foi bem, Isabella. – comentou após sairmos da pista de dança.

-Aham! Bem mal! – afirmei rindo com Alice.

        Andamos pelos jardins do palácio, rindo com os comentários feitos por Alice sobre os vestidos extravagantes que algumas mulheres da festa estavam usando. Percebi que, quando enquanto caminhamos, várias pessoas olharam para nós. Encontramos Rosalie entretida, conversando com alguns amigos. Provavelmente eles são dos eventos em que ela é convidada a ir, pois não me lembro de ter visto estes rostos em Marlborough.

-Onde vocês andaram? – perguntou ela trajando outro vestido.

-Estávamos por aí, olhando a festa. – respondeu Alice.

       Alice e Rosalie conversavam com os jovens que eu não conhecia. As garotas do grupo falavam de trivialidades como viagens, festas, fofocas e últimas coleções lançadas por estilistas. Comecei a me sentir deslocada por não saber como me portar diante de uma situação como esta. Alice prometeu que me ajudaria, mas ela não parou de falar com os jovens do grupo. Sempre tão tagarela!

-Mas que vestido bonito! – comentou uma garota– É simples, mas de extremo bom gosto!

      Ela me pegou tão distraída que fiquei surpresa com suas palavras. Nem achei que o comentário fosse comigo.

-Perdão, mas o que você disse mesmo?

-Eu falei que o seu vestido é muito bonito. – respondeu – É de qual estilista?

-É...

-Elie Saab. – respondeu Alice ao ver meu esforço para lembrar.

-Isso mesmo. Elie Saab. Eu não sou muito boa para lembrar esses nomes – disse dando uma risadinha nervosa.

-Ah, sim – disse também rindo da situação - Eu entendo. Eu me chamo Angela Weber.

-Isabella Swan. – respondi cumprimentando-a.

-De onde você conhece a Alice e a Rosalie?

-Fui colega de quarto delas quando estudamos em Marlborough – disse enquanto pegava um canapé. Não comi quase nada o dia todo.

-Eu também estudei lá, mas não me lembro de você.

-Do que vocês tanto falam? – perguntou Rosalie se aproximando de nós.

-Nada demais, Rosalie. – respondeu Angela parecendo entusiasmada – Estava falando que o vestido de Isabella é simplesmente lindo!

-É sim... – afirmou Rosalie me olhando da cabeça aos pés.

-Mas seu Armani Privé é divino!

         Rosalie deu um sorriso em agradecimento a Angela. Essas mulheres com essas conversas fúteis sobre vestidos me deixam entediada. O que há de diferente entre um vestido e outro? Só por que um tem paetês a mais? Percebi que Rosalie em encarava de uma forma estranha. Seria um indício de inveja em seu olhar? Com certeza, é a minha imaginação pregando peças. Deveria não ter aceitado o convite afinal. Eu comecei a me afastar do grupo, indo pegar uma água com um dos garçons.

-Desculpa te abandonar assim, Isabella – disse Alice – Mas estava conversando com uns amigos sobre um projeto que quero começar.

-E o que é?

-Segredo. Quando for a hora certa eu te digo.

-Tudo bem, mas não me deixa sozinha de novo... Eu fico tão deslocada com essas pessoas por perto que nem sei como falar!

-Eu sei Isabella... Relaxa... Vamos à pista de dança mais uma vez?

-Eu não sei... Você viu que eu fui um desastre e quase tropecei em meus próprios pés!

-É mesmo! – comentou rindo - Até agora eu não entendo como isso aconteceu!

-Acho que eu tenho dois pés esquerdos! – afirmei fazendo Alice gargalhar.

-Nós vamos mesmo assim. Afinal todos estão reparando mesmo em Rosalie. Ninguém vai dar a mínima para duas garotas dançando desajeitadas!

-Só você, Alice, pra me convencer...

-Espera aí! – disse nos fazendo parar.

-O que foi? – perguntei sem entender por que ela está com os olhos arregalados e as mãos no peito.

-Meu Deus! Que homem é esse?

-De quem você está falando, Alice?

-Daquele que está com a baronesa Esme – disse respirando profundamente.

         O homem a quem Alice se referiu é um em que a baronesa apresenta a lady Rosalie. Mas eu não conseguia encontrar palavras para descrevê-lo. Ele é inumanamente lindo! Ele me fez lembrar aquelas esculturas renascentistas que vi num museu em excursão com a escola. Seus cabelos cor de bronze, elegantemente desalinhados, faziam contraste com sua pele pálida como a minha, mas nem se comparava. E seus olhos! Nunca vi olhos tão bonitos com esse tom de verde! Ele é perfeito! Nunca vi um homem tão bonito assim em toda a minha vida!

-Agora vamos, Alice...

-Não mesmo. Eu quero ficar pra falar com esse deus grego!

-Por favor, Alice... Vamos...

-Não, Isabella... Vamos ficar. Eu tenho de saber quem ele é! Eu nunca o vi antes!

-Tudo bem... – eu suspirei derrotada.

      Eu continuei a observá-lo conversando com Esme e Rosalie e, de repente, meu olhar se encontrou com o dele, me fazendo ruborizar.

-Isabella, ele está vindo para nossa direção com a baronesa! – comentou Alice, em pânico.

-O quê?

-Ele está vindo para cá! Ai, eu morro! – disse ela pressionando o meu braço.

-Não foi você quem disse que queria falar com o deus grego? – perguntei enquanto ele caminha com Esme em nossa direção.

-Sim! Na teoria parece fácil, mas na prática...

      A distância entre eu e esse homem diminuía; Esme começou a falar:

-Boa noite, senhoritas!

-Boa noite, baronesa Esme! – cumprimentou Alice nervosa sem saber se olhava para Esme ou para o homem – Como vai?

-Estou muito bem, obrigada Alice. Como está Aileen, sua mãe?

-Muito bem, senhora baronesa. Ela não pode vir por que viajou com meu pai em mais uma lua-de-mel pela Polinésia Francesa.

-Ah sim! Compreendo. Mande meus cumprimentos a ela quando voltar de viagem.

-Mandarei sim.

-Meu Deus! Eu quase não estava reconhecendo você, Isabella. Está magnífica!

-Muito obrigada, baronesa. É uma gentileza sua!

-Sempre tão modesta Isabella. Ah, meu Deus! Perdoem a minha falta de elegância! Quase que me esqueço de lhes apresentar Edward Masen. Edward, estas são Alice Brandon e Isabella Swan.

-Encantado, senhorita Alice – disse beijando a mão de Alice, que fica estática.

-Senhorita Isabella – disse a voz aveludada, me hipnotizando e me fazendo corar ainda mais.

-Senhor Masen – disse ao estender a minha mão para que este pudesse beijá-la.

         Quando Edward tocou a minha mão, senti correntes elétricas perpassando por meu corpo e o meu coração, de tão acelerado, pareceu que iria se soltar pela boca. E a maneira com que ele me olhou... Como se fosse me devorar... Confesso que a presença desse homem me deixou perturbada. Ao longe, observo Rosalie com um olhar de raiva para mim. O que eu fiz de tão errado para deixa-la assim? Meu Deus! Sabia que não deveria ter aceitado o convite...

-Agora vamos Alice... – disse enquanto a arrastava para os jardins do palácio.

-Uau! Que homem era aquele? – comentou ainda se abanando – Aquela elegância, aquela voz, aquele porte... Se bem que ele mudou bastante desde que o vi pela última vez em um evento de caridade que fui obrigada a ir. Lembro-me que ele era um adolescente meio esquisito... Tinha uma aparência meio andrógina...

-Ah, Alice... Dá para parar de falar nesse Masen?

-Por quê? Qual é o problema em falar nele?

-Não é nada... Só acho que...

-Mas é claro! Diz isso por que ficou perturbada com a presença dele! Eu vi o modo como ele olhava para você.

-Está inventando, Alice... – Eu sempre achei que ela poderia perceber as coisas de forma mais apurada do que os outros. Ao contrário de Alice, eu sempre fui lerda quando se tratava dessas situações.

-Não mesmo, Isabella... Eu vi tudo e tenho certeza de que ele se interessou por você! – afirmou com um sorriso de orelha a orelha.

-Isso pode até ser verdade, mas quando ele descobrir que trabalho para os barões... Vai mudar de ideia.

-Tão pessimista! Vem! – disse puxando o meu braço - Esse passeio está me deixando entediada, vamos à pista de dança mais uma vez!

-Não! Alice, por favor! Vai nos livrar de uma catástrofe!

-Não seja tão exagerada!

       Mais uma vez Alice me arrastou para dançar em uma das pistas que está lotada de pessoas dançando um estilo muito diferente de música eletrônica. De repente, eu não a encontrei em parte alguma. Saí da pista de dança, tentando achá-la em outro lugar. E de tanto procurá-la, eu acabei me esbarrando em alguém.

-Ai! Mil desculpas por isso! Está tudo bem?

-Não precisa se desculpar senhorita Isabella. – disse o homem a minha frente. O mesmo homem que me deixou desconcertada ainda há pouco.

-Tudo bem... Se me dá licença... – me afastei ao cumprimentá-lo. -Ai! – que apertão que ele deu!

-Desculpe-me! Eu lhe asseguro que não foi a minha intenção.

-Acho que está tudo bem...

 -Gostaria de dançar comigo... ? – ele pronunciou a pergunta em um tom tão baixo que mal consegui ouvir.

-Perdão. Mas o que o senhor perguntou?

-Perguntei se gostaria de dançar comigo.

-Dançar? Com o senhor? – eu não consegui deixar de ficar fascinada por esse mar verde-esmeralda que são os olhos dele – Eu... Não sei se devo. Eu não sei dançar muito bem. Dizem que tenho dois pés esquerdos e posso pisar em um dos seus e...

-Não há problema nenhum; eu a conduzo.

- Tudo bem... – Meu Deus! Eu nem consigo pensar em uma resposta coerente para não ter de dançar com ele.

       Eu me deixei guiar por Masen até a pista de dança. Até agora não vi mal nenhum. Exceto por um problema. Eu nunca estive tão perto de um homem como agora! Meu Deus! O que faço? Eu devo respirar profundamente, manter a calma e fingir que está tudo bem? Espero que ele não perceba o meu corpo tremer. Mas não dá para simplesmente fingir algo em uma situação como essas! Nem sequer consigo pensar em algo para ser conversado durante a dança.

-O que o senhor está achando da festa?  - perguntei depois de minutos intrigada com o fato de ele estar me encarando.

-Por favor, não me chame de senhor. – disse dando um sorriso amarelo - Faz-me sentir mais velho do que já sou.

-Ah, me desculpe. De maneira nenhuma essa foi a minha intenção. Mas o que você... Posso chamá-lo assim? – confirmou, assentindo com a cabeça – O que você, Edward, está achando da festa?

-Confesso que achei bastante agradável. Interessou-me bastante. – respondeu. Os meus pés não vão mais aguentar essa dança!

-Oh, claro! Eu também estou adorando. A decoração também está linda! Quem fez o trabalho de decoração é muito bom nisso! As mulheres estão muito bem vestidas e... Desculpe-me por falar assim. Como deve ter percebido, eu sou um pouco tímida, mas quando começo a falar... – senti-me corar mais uma vez.

-Compreendo. Eu me sinto um pouco deslocado quando estou em um lugar diferente. Quando cheguei aqui, eu não sabia muito que fazer... – comentou, me fazendo rir.

-Deslocado? Desculpe-me, mas você não parece nenhum pouco tímido! – afirmei, ainda rindo.

           Ele sorriu para mim, mostrando a sua fileira de dentes perfeitos, enquanto eu não sabia o que fazer nessa situação.

-Ah... Podemos parar um pouco? Estou me sentindo cansada...

-Nós podemos ir aos jardins descansar. Mas só se não houver problema para você se eu te acompanhar...

-Tudo bem... Vamos! – disse, estendendo a mão a ele.

        Edward foi me conduzindo, enquanto conversamos, até a saída da pista de dança. Esses sapatos já estavam acabando com os meus pés... Apesar de conversarmos pouco, ele me pareceu bastante confiável. Afinal, não foi tão ruim estar perto de um homem desse jeito. Acabei gostando dele...

-A baronesa Cullen sempre foi muito amiga de minha mãe. Assim Rosalie e eu nos tornamos amigas desde sempre. Tanto que estudamos sempre nos mesmos colégios – respondi quando Edward me perguntou de onde eu conhecia lady Rosalie. O que falei não foi nenhuma mentira.

-E onde está a sua mãe? – perguntou enquanto andávamos por um dos corredores do castelo.

-Bom... Ela está na festa, mas...

-Bella! Onde você estava? – perguntou Alice, vindo à nossa direção – Procurei por você em toda parte! Vejo que estava em ótima companhia! – comentou somente para me fazer vergonha.

-Agradeço a preocupação, Alice – respondi – Mas quando você desapareceu, Edward, fez a gentileza de acompanhar-me e até dançou comigo! Não foi assim Edward? Espero que a minha companhia não tenha sido enfadonha...

-Claro que não, senhorita Isabella! Foi um prazer ter dançado e conversado com você.

-Certo, eu já encontrei a Isabella! – disse Alice com um sorriso amarelo no rosto – Eu tenho de ver Rosalie agora! Ainda não tive tempo de conversar direito com ela! Até mais! – comentou andando em outra direção.

-Alice, espere...

-Nós não estávamos indo ao jardim?

-Sim! Estávamos indo para lá mesmo!

-Olá, Edward! – disse Rosalie. De onde ela apareceu? – Até que enfim eu o encontrei! Precisava muito falar com você...

-Ah, Rosalie! É sobre o quê mesmo? – perguntou, me deixando de lado.

-Já é hora da aniversariante dançar a valsa e escolhi você para ser meu par. Se não quiser, posso escolher outra pessoa.

-Hum... Não! Não há problema nenhum!

-Então vamos! Já estão nos esperando... – disse ao arrastá-lo de volta à pista de dança.

        Eu fiquei olhando para os dois irem juntos à pista de dança, pesarosa.

-Bem que ele poderia ter falado algo ao invés de simplesmente me deixar de lado aqui... Não devia ter aceitado o convite afinal... – disse ao andar de cabeça baixa e esbarrar em Alice.

-Minha Nossa! Ela sequer percebeu que você estava com o Edward e saiu arrastando-o até a pista de dança.

-Eu já sei Alice... Não precisa me contar a estória com detalhes.

-Eu entendo, mas isso é falta de educação da parte deles! Eu hein!

-Aí com isso formam o par perfeito! – disse ao continuar caminhando para o jardim, triste.

-Não pensa assim, Isabella... A Rosalie só o chamou por que viu que vocês estavam juntos. Eu posso falar com ele!

-E por qual razão ele te ouviria? Vai ser tudo do mesmo jeito mesmo... Já estou acostumada... Não ligo mais...

-Isabella...

-Não, Alice... Obrigada por tudo que me fez hoje... Por ter passado a tarde comigo, tentando me deixar apresentável... Mas a noite já terminou para mim. Eu vou para o quarto; minha mãe já deve estar me esperando. E esses sapatos já acabaram com os meus pés... Eu prometo que, na próxima vez que você visitar a Rosalie, eu devolvo o vestido e os sapatos. Ou eu deixo na sua casa.

-Isabella, espera...

-Boa noite, Alice! Divirta-se! – disse ao chegar ao jardim, tirando os sapatos.

          Quando cheguei a meu quarto, minha mãe ainda não estava lá.

-Melhor assim... – disse a mim mesma.

        Tirei o vestido com esforço e guardei-o cuidadosamente em um canto perto do meu armário de roupas. Tomei um banho rápido para tirar a maquiagem que Alice aplicou e vesti a minha camisola velha de algodão, caindo logo na cama. Tentei não pensar muito no que aconteceu, mas o rosto de Edward sempre vinha à minha mente.

      E se Alice falasse com ele, o que aconteceria? Nada demais, Isabella. Homens como Edward Masen se interessam apenas por mulheres como Rosalie: bonitas, loiras, altas e ricas. Eu não me enquadro nessa lista. Como é que eu deixaria Masen interessado em mim? Aposto que só quis dançar comigo por caridade... É melhor esquecer tudo que aconteceu nessa festa de uma vez por todas! É melhor tentar dormir logo... Mais tarde vem o pior: limpar a sujeira que fica depois da festa!

FIM DO CAPÍTULO 1


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!