Amor por Contrato escrita por pandorabox240


Capítulo 2
E tudo volta à rotina...


Notas iniciais do capítulo

Capítulo com rotina cansativa da Bella e a reaparição de Edward...



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Isabella Swan POV

      Quando acordei, senti que não tinha dormido quase nada. Acordei com o barulho de minha mãe arrumando a cama.

-Bom dia, Bella! – disse minha mãe, indo vestir o uniforme de empregada azul-marinho com um avental de babados branco por cima.

-Só se for para a senhora, mãe... – respondi, tentando levantar da cama – Parece que corri uma maratona ontem! Estou um caco!

-Quando voltei da copa, você já estava dormindo... A festa não foi boa?

-Claro que foi mãe! Eu quis voltar mais cedo por que eu já não estava mais aguentando andar com sapatos de salto alto. Mas eu me diverti bastante! – respondi, fingindo entusiasmo.

-Que bom! Gostei que Rosalie te convidasse para a festa! Foi ótimo da parte dela!

-É... Foi sim... – disse ao relembrar daquele momento em que arrastou Edward para dançar – Bom... Eu vou tomar um banho rápido e vestir o meu uniforme.

-Tudo bem... Eu espero.

     Fui me arrastando até o banheiro e deixei a água fria cair em meu corpo, fazendo eu me sentir mais “acordada”. Coloquei o meu uniforme rapidamente e amarrei o meu cabelo num coque.

-Vamos mãe? Maggie não vai gostar nenhum pouco se chegarmos atrasadas!

-Nem me preocupo com o que aquela porca irlandesa pensa! – disse ao trancar a porta do nosso quartinho.

-Mãe! – repreendi baixo para que ninguém nos ouvisse.

-Mas estou falando sério, Bella. É ela quem se intromete na vida de todos, desde que comecei a trabalhar aqui.

-Mas seria melhor se ela não nos ouvisse fazendo esse tipo de comentário. Ainda mais chamá-la de “porca irlandesa”! – dei uma gargalhada com minha mãe.

     Fomos à copa onde todos os serviçais do palácio estavam reunidos para a inspeção diária dos uniformes. Como Maggie é a governanta do lugar, logicamente é ela quem faz a inspeção. Ela sempre disse que há algo errado nos uniformes somente para demonstrar que o dela está impecável. Maggie é uma mulher branca, de cabelos pretos presos em um coque, alta, gorda, gorda até demais para a sua altura e possui pelos em excesso em cima de seus lábios finos. O uniforme que ela usa em azul-marinho, diferente do nosso, possuindo um camafeu que cobre seu largo pescoço. Sempre tive vontade de jogar um galão cheio de água sanitária nesse uniforme em toda vez que ela me pediu para lavá-lo.

- Senhor Billy, não é por que ontem tivemos uma festa aqui para o senhor achar que deve andar em completo desalinho! – disse ao analisar o uniforme do mordomo mais velho daqui – Arrume a sua gravata!

       Esse foi a advertência mais leve que ela deu até hoje. Já vi muitas mulheres saírem daqui, chorando por que não aguentaram as constantes reclamações de Maggie e seus comentários horrorosos.

-Renée, querida, o seu avental não foi muito bem passado – disse, dando mais um de seus sorrisos sardônicos – As pregas estão amarrotadas!

-Perdoe-me, senhora Maggie. Tive de passar o uniforme às pressas. Prometo que isso não acontecerá mais.

-Eu espero que não aconteça mesmo – disse ao parar na minha frente – Muito bem, Isabella. O seu uniforme está limpo e bem passado, mas os seus sapatos estão uma vergonha!

     Eu abaixei a cabeça para ver meus sapatos. Na verdade, só havia um pouco de poeira acumulada por eu ter deixado debaixo da cama ontem. Essa mulher adora exagerar...

-Desculpe-me, senhora Maggie. Eu o limpei hoje de manhã, mas não percebi essa mancha. Isso não vai mais acontecer!

-Assim espero Isabella. – disse ao dar aquele sorrisinho mais uma vez.

-Porca irlandesa... – disse para mim mesma.

-Falou algo, querida? – Essa mulher tem uma audição aguçada!

-Não. Não falei nada, senhora Maggie. – respondi, sem fazer nenhum tipo de contato visual.

-Foi o que eu pensei.

       Enquanto Maggie analisava os uniformes dos outros empregados, minha mãe olhou para mim como se perguntasse: “Por que falou isso? Quer morrer?”. Acho que só disse por que ainda estava chateada com o que aconteceu na festa.  Mas isso não justifica o que fiz. Ainda bem que Maggie não entendeu nada...

-Espero que os erros de hoje não se repitam amanhã. Estamos entendidos? – perguntou Maggie.

-Sim, senhora – dissemos em uníssono.

-Muito bem. Isabella, Renée, Leah e senhor Billy cuidarão do desjejum dos barões e de lady Rosalie.  Vocês, juntos com os outros, irão tomar o café e depois limparão o salão de festas e o jardim. Quero o café dos barões pronto em 20 minutos!

         Nós nos apressamos para realizar a tarefa. Os barões gostam que tudo esteja posto em cima da mesa assim que eles descem a sala de jantar. Por isso, temos de ser ágeis em arrumar as bandejas com talheres, xícaras e bule, pães, bolos, torradas e tudo que deve ser colocado à mesa. Sem esquecer que temos de fazer isso tudo sem quebrar nada!

-Bom dia a todos! – disse a baronesa, chegando à sala de jantar e se sentando a mesa – Hoje não vou comer muito. Abusei na festa de Rosalie! – comentou se servindo apenas de uma torrada e chá.

-Bom dia a todos! – diz Carlisle, chegando um pouco depois com um iPad na mão – Bom dia, Esme!

-Bom dia, Carlisle! – cumprimenta com seu sorriso luminoso.

-E Rosalie? Não vai descer? – perguntou, servindo-se de café.

-Ainda pergunta? Do jeito que comemorou o aniversário até de manhã...

      Rosalie deve ter aproveitado muito bem ao lado de Edward Masen até o final da festa. Por que eu continuo a pensar nisso?

-E você, Isabella? Divertiu-se muito na festa? – pergunta a baronesa.

-Sim, baronesa! Obrigada por perguntar. Adorei tudo na festa!

-Que bom que tenha gostado Isabella! Você estava linda naquele vestido. Não achou o mesmo, Carlisle?

-Sim, Esme. Isabella estava realmente encantadora. – disse quando o casal olhou para mim ao mesmo tempo.

-Obrigada mais uma vez – disse, me sentindo envergonhada. Eu não gosto muito desse tipo de atenção. Fico extremamente encabulada quando isso acontece.

-Carlisle, já disse que não gosto que leia o jornal a mesa!

-Desculpe-me, Esme. Mas é que preciso saber das cotações!

          O barão sempre se preocupou que o seu dinheiro estivesse bem investido. O que importou para ele foi somente o lucro, mas trabalhar que é bom...

-Eu sei, mas...

       Apesar de Carlisle não se fazer muito presente para a baronesa e a filha, Esme tentou com que ele ficasse sempre nesses pequenos momentos em família. Depois do café-da-manhã dos barões, nós começamos a limpar o salão de festas. Bem que eu gostaria que tivessem mais pessoas ajudando. E quanto ao jardim... Meu Deus! Essa gente é tão imunda que nem quero descrever o que encontrei!

         O dia se passou arrastado assim como o resto da semana. Eu cheguei a contar os minutos e me preencher de tarefas na tentativa de  manter a mente ocupada e não falar com Rosalie, mesmo tendo-a visto várias vezes durante as refeições. Eu não queria encará-la e imediatamente lembrar-me do que aconteceu na festa. Sei que não devia ficar chateada com a situação, mas isso realmente me aborreceu.

       Uma vez por mês, lady Rosalie sempre resolveu limpar o seu closet para jogar fora roupas consideradas ultrapassadas por ela. E eu fui sempre encarregada de ajudar na limpeza e na redistribuição de peças de roupas e calçados.

-Que bom que está aqui para me ajudar, Isabella! – disse ao sair do closet radiante – Como você está?

-Olá, lady Rosalie... – disse ao entrar no cômodo, um pouco receosa – Por onde começamos?

-Ah, Isabella... Já disse para parar com essas formalidades! Falei várias vezes que não gosto que me chame de lady Rosalie.

-É o costume... Mas por onde começamos com a limpeza?

-Bom... Primeiramente, vamos retirar as camisetas, as calças jeans e tudo que pode ser jogado em cima da cama sem amassar. Depois serão os vestidos e as outras peças mais pesadas. Daí poderemos separar o que fica e o que vai para a doação.

-Sim, Rosalie. Eu entendi.

-Ótimo! Vamos ao trabalho! – falou animada ao entrar no enorme closet.

          Enquanto que, retirávamos peças e mais peças do closet, Rosalie tentava falar comigo conversando banalidades, como o que estava acontecendo nos últimos capítulos de soap operas. Para não ter de conversar muito com Rosalie, eu dava respostas rápidas, do tipo Sim e Não. Quando éramos crianças, ela sempre brigava ou fazia algum tipo de brincadeira ruim comigo. Alguns dias depois, ela vinha falar se mostrando arrependida. De uns tempos para cá, ela não demonstrava mais arrependimento. Agia como se nada tivesse acontecido. Isso me deixou mais chateada, mas o que posso fazer para mudar isso?

-Você não falou nada do meu aniversário... – comentou Rosalie – O que achou da festa?

       Eu estava realmente torcendo para que ela não perguntasse isso.

-Bom... É... Eu gostei muito! – menti, forçando um sorriso – Foi ótima! – afirmei, retirando a última peça de roupa do closet.

-Eu também gostei! Queria saber a sua opinião sobre uma coisa...

-Pode falar Rosalie.

- O que achou de Edward Masen?

-O que eu achei do senhor Masen... ? – O que ela quer de mim perguntando isso?

-É! Fiquei interessada nele...

-Uh... Ele... Eu achei muito elegante, bonito até. – disse nervosa.

-Ah, claro que sim! Eu também achei lindíssimo!

        Rosalie passou a listar as qualidades do Senhor Modelo de Perfeição enquanto eu olhava para minhas mãos, aborrecida. Tentei não prestar atenção em nada do que ela dizia... Vai que ela, sem querer, soltasse um detalhe sórdido de algo que fizeram? A baronesa comentou que Rosalie aproveitou a festa até o último minuto. Então suponho que ela tenha se divertido com Masen... Ah, chega de pensar nisso!

-Só espero que no próximo ano, minha festa de aniversário não seja essa comemoraçãozinha como foi esse ano! Pretendo realizar a festa!

-Assim seja, Rosalie! – disse, tentando dissipar as memórias daquela festa da minha mente - Mas o que separamos primeiro?

-Na verdade, eu já havia separado algo para você...

-O quê? Como assim separou algo para mim?

-Bom... Não temos o mesmo corpo, mas acho que servirão em você. Seu manequim ainda é 38? – perguntou, exibindo duas calças jeans de cor escura.

-É sim, Rosalie. Ah... Muito obrigada. E sim, eu acho que servirão em mim – respondi, olhando os jeans.

-Sabia que iria gostar! E o que acha dessa camiseta?

-Muito bonita. Mas o que tem ela?

-Fica para você também.

-Sério? Mas Rosalie... Por que está dando essas coisas para mim?

-Elas já não servem mais em mim e já que você está me ajudando, eu acho justo te recompensar.

-Ah, obrigada mesmo Rosalie!

-De nada! – disse dando um sorriso – Além disso, hoje é dia de comemoração!

-Comemorar o quê?

-Perdi três quilos desde que comecei aquela dieta nova! Ai! Agora o meu manequim é 36! – e começou a dançar pelo quarto.

        Eu fiquei olhando a cena, perplexa. Será que ela ainda ficaria feliz se ficasse com o corpo daquelas crianças esqueléticas da Somália? Espero que ela não chegue a esse ponto.

-Mas chega de festa. Não podemos perder muito tempo – comentou, analisando as roupas.

-Tudo bem.

        Rosalie e eu passamos a maior parte da tarde e a noite separando o que iria para os bazares de doação e o que ficava com Rosalie. Só saí do quarto da Princesa quase na hora de fazer o jantar.

-Demorou muito ao ajudar a Princesa. – comentou Renée, enquanto eu a ajudava com o jantar.

-Eram muitas coisas a serem organizadas – disse, arrumando as pilhas de pratos – Ela me deu algumas roupas.

-Ela te deu roupas, Bella? – perguntou, extasiada – E como são?

-Sim, mãe. Mas não fala muito alto; há pessoas aqui que podem não gostar – disse, olhando para Maggie – Depois eu mostro à senhora.

-Tudo bem.

         Eu não entendi o fato de Rosalie dar algumas de suas melhores roupas para mim. Eu dei duas razões a ela para fazer isso. Opção a: por trás de toda aquela arrogância, ainda existe um bom coração. Opção b: ficar bem comigo depois do que ela me fez naquela festa. Já que a realidade é tão dura, preferi ficar com a primeira opção.

       Dois dias se passaram e minha mãe e eu tivemos nossa folga semanal. Um dia ensolarado e livre da Maggie. Como sempre, minha mãe resolveu descansar no nosso quartinho. Eu me vesti com a calça jeans e a camiseta que Rosalie me deu e calcei meu All Star verde para ir ao lugar que eu mais gosto em Londres que é a Biblioteca Britânica. Lá, eu estudo por horas e horas. Hoje é dia da baronesa e Rosalie irem ao SPA. Enquanto elas passam o dia cuidando dos cabelos e do corpo, eu me perco entre os romances clássicos.

      Ainda penso em concluir os meus estudos em uma boa escola. Os barões só custearam até o key stage 4* do ensino secundário. Eu quero continuar estudando para conseguir entrar em uma boa faculdade. Mas preciso de dinheiro para entrar em outra escola. Eu não quero ser empregada a vida toda. Eu quero dar uma vida melhor a minha mãe. É por isso que a minha mãe guarda parte do nosso salário para pagar meus estudos. No entanto, o que ganhamos é pouco...

       Fui à Biblioteca estudar História Inglesa e Matemática, não sentindo que o tempo ali dentro voou. Saí da Biblioteca, andando distraída para a estação de metrô, disposta a voltar logo para casa quando ouvi uma voz conhecida me chamar. Parei no lugar e voltei a andar, não dando a mínima atenção.

-Isabella! – gritou a voz aveludada atrás de mim.

       Pensei que fosse fruto da minha imaginação, mas quando me virei... Eu o vi. E mais uma vez, fiquei hipnotizada por aqueles olhos verde-esmeralda.


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Notas finais do capítulo

*Key Stage 4: nível de ensino do sistema britânico de educação que vai dos 14 aos 16 anos. Daí se pode continuar estudando as matérias específicas da área em que se quer trabalhar ou já se pode terminar os estudos e trabalhar.


E esse foi mais um capítulo de Amor por contrato.


bjs