Após o Apocalipse escrita por Alana5012


Capítulo 6
Memórias – Parte I


Notas iniciais do capítulo

Legenda
Diálogos: - Creio que sim, Lucian; você não?
Pensamento: "Itálico"
Lembrança: Negrito
Narração: O fato é que muito ainda estava para acontecer - outra vez...
Mudança de Tempo e Espaço: ●๋..●๋



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  - Por favor, me perdoe, não foi a minha intenção! - Lisa repetia sem parar as mesmas palavras, enquanto tentava limpar a camisa social do rapaz, antes impecavelmente branca, com o auxílio de um guardanapo escarlate levemente umedecido. Lucian tentava reverter a situação, quando ouviu o som de risadas vindas do cômodo adjacente. Rangeu os dentes; aborrecido por ter de estar ali com aquela mulher irritante, enquanto Sam aproveitava-se de sua ausência para flertar com sua namorada. Estava apreensivo: temia perdê-la. Procurava um modo de voltar à mesa e acabar de uma vez com aquilo.

  - Ouça, senhora: está tudo bem. - Dirigiu-se de uma maneira muito educada à Lisa, que ainda esforçava-se em remover a mancha de vinho. Esta parou por um minuto, o mirando muito sem graça.

  - Bem... Érgh, você sabe como são as crianças... Realmente sinto muito por isso. - Apontou para o traje sujo do jovem.

  - Não é necessário... - Ia continuar, quando notou a presença do antigo Chefe da Se’irim bem próxima; perto de mais. Não preocupou-se em agir de maneira imprudente, desaparecendo da cozinha e surgindo repentinamente na sala de jantar, onde encontrou-o da mesma forma como recordava-se; ainda que o considerasse um bom servo (dentre os seus mais leais), ficou extremamente frustrado ao encontrá-lo ali. Todas as mentiras, os últimos cinco anos, caindo por terra, com a chegada da verdade, tão repentinamente...

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  - Eles parecem estar se divertindo! - O menino estava adorando espiar Sam e Alice, que riam animadamente enquanto trocavam umas poucas palavras - O que acha, Dean?

  - Acho que deveríamos deixar o seu tio em paz; e não pense que eu me esqueci do que você fez: ainda tem que pedir desculpas pro Lucian. - O tom autoritário que empregara fez-no assemelhar-se muito a John. Dean detestava quando o pai lhe falava daquele modo e agora, agia da mesma forma com o filho. Se tivesse dado-se conta disso, o mais provável seria que fizesse uma careta para depois o negar veemente com um “Nem pensar!”.

  Foi nessa hora que ouviram uma terceira voz; uma voz fria e desdenhosa. Uma voz da qual Dean ainda lembrava-se nitidamente: “demônio de olhos amarelos”, como costumava chamá-lo antes de conhecer sua verdadeira identidade. Não pensou duas vezes antes de adentrar o recinto no mesmo momento em que o Diabo e assistir a cena sem reação. As suspeitas do irmão caçula haviam se confirmado uma vez mais: afinal, Lucian era realmente Lucífer!

  - Hã... Dean? - Ouviu a voz de Ben chamando-o às suas costas, rompendo o silêncio. Não precisou se virar para soltar um inquisidor “Hm”, ao qual o garoto prosseguiu - Ainda preciso pedir desculpas?

  - Sobe pro seu quarto. - O loiro olhava-o sério - E leva a sua mãe. - Ele assentiu, engolindo em seco, indo de encontro a Lisa e puxando-a pela mão; esta observava o moreno assustada. Relutou, encarando o marido, que balançou a cabeça numa afirmação. Não foi preciso que dissesse mais nada para que os dois se retirassem. Vagarosamente, aproximou-se da mesa de canto onde guardara uma de suas muitas armas, para o caso de ter alguma surpresa desagradável naquela noite. Infelizmente, seu uso fizera-se necessário. Lucífer e Alice fitavam-se mudos, enquanto Azazel permanecia imóvel. Sam também aproveitou-se desta distração para apanhar o Colt que escondera sob suas vestes, embora soubesse que aquilo seria inútil contra o Diabo; porém, funcionaria perfeitamente em Azazel (coisa que Dean já comprovara há alguns anos).

  - Como pôde? - A jovem balançou a cabeça numa repreensão. Estava indignada; fora enganada por tanto tempo... Várias lembranças confundiam-se em sua memória.

●๋•..●๋•

  - Eu não entendi. - Alice o fitava ainda sem saber o porque de tudo aquilo.

  - É simples: case-se comigo ou mato a sua família. - Lucífer disse num tom frio.

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 - Você está muito bonita. - Lucífer sorriu.

•..●

  -Por favor... Me deixe ir embora! - Pedia entre lágrimas.

  -Você é uma boa menina?

  - O que? - Ela não havia entendido o por que daquela pergunta repentina.

  - Você é uma boa menina? - Repetiu num tom calmo.

  - Sou? - A garota estava confusa com aquilo.

  - É sim, você é. E boas meninas se comportam bem. Por isso, seja boazinha.Ou do contrário,irei ter quecastigá-la.

  Alice engoliu em seco. Após dizer isto, Lucífer também se foi, deixando a jovem sozinha naquele enorme salão. Esta encostou-se numa das paredes frias, escorregou até o chão gelado e chorou.

•..●

  -Você vai adorar ser minhaesposa. - Disse, beijando a testa da mesma. Lucífer fitou-a. Alice estava ofegante. Olhos fechados. Tremia. Ele estava assustando-a. Sua visão focou seus lábios. Tão delicados... Pareciam ser macios. Que gosto teriam? "No que estou pensando?!" Reprendeu-se. No entanto, sua curiosidade falava mais alto. Aproximou sua face da dela e roçou seus lábios sobre os da jovem. Apenas um encostar de bocas. Aquilo não bastava: queria mais. Aprofundou o beijo, que não foi correspondido. Alice estava sem reação. Não sabia o que fazer: aquele era o seu primeiro beijo. Porém, o anjo sabia muito bem o que fazia. Separou-se um pouco do mesmo e percebeu o sorriso safado desse. Ela não conseguia o encarar. Estava com vergonha. 

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  - Se afastem dela. - Lucífer estava irado. O ódio em seus olhos assustava a garota.

  - Sai do meu irmão. - Dean rangia os dentes.

  - Escuta aqui, Winchester: a única razão pela qual ainda está vivo é porque eu fiz um acordo com o seu irmão. Você e Alice vão ficar bem. Não posso feri-los. É uma pena que eu não possa dizer o mesmo sobre o Cass aqui! - Disse golpeando o irmão, que caiu sangrando no asfalto.

  - Pare, por favor! - Alice pediu - Eu vou com você, mas por favor, não machuque ele... - Falava mirando o anjo.

  -Você é uma menina muito boa, Alice.- Lucífer sorriu. Antes de deixar Dean, disse - Te vejo no Inferno.

•..●

  - Olhe pra mim... - Lucífer pedia paciente.

  - ... - Alice nada disse.

  - Eu estou sendo gentil. Não vai querer me ver zangado. - Soava como uma ameaça. A adolescente se virou lentamente - Assim é melhor. Você vai fazer exatamente o que eu mandar. Não vou tolerar outra fuga estúpida, está me entendendo? 

  - S-sim. - Concordou, sentado-se na cama. Já não encarava o ser a sua frente.

  - Alice, Alice... - Ele repetia sem parar enquanto contornava a face da garota com uma das mãos - Você é uma boa menina... Uma menina muito boa... - Seus rostos estavam perigosamente próximos - Me beija.

•..●

  - Alice, Alice! - Lucífer a sacudia. Ela gritava e se debatia embaixo das cobertas. Estava tendo um pesadelo. Com muito custo, Satanás conseguiu acordá-la. 

    Ela chorava. Lucífer ficou surpreso quando Alice abraçou-o. A menina enterrou o rosto em seu peito, enquanto soluçava. Sem saber o que fazer, envolveu a garota em seus braços.

  - O que foi? - O anjo perguntava de um jeito doce. 

  - Eu... Eu... Tive um pesadelo... - Dizia entre lágrimas.

  - Um sonho ruim. Nada mais. Não precisa chorar, estou aqui. - Ele falava enquanto acariciava seus longos cabelos.

  Logo, as lágrimas cessaram. Ele tentou desfazer o abraço, porém a jovem o impediu:

  - Por favor, não vai embora... Não quero ficar sozinha: estou com medo. - Pediu fitando-o profundamente. Por mais que Lucífer assustasse-a, sua presença ainda a fazia sentir-se segura.

•..●

  - Você não sabe o que é ser aprisionado na mais profunda solidão por aqueles que mais ama, ser chamado de monstro pelos seus próprios irmãos. - Parecia que apenas recordar aqueles momentos faziam-no vivenciar toda a dor e sofrimento novamente.

  - Não. - A jovem o fitou - Mas sei o que é torturar o próprio irmão por puradiversão. - Ela estava séria.

  - Diversão? - Repetiu, encurtando a distância entre os dois - Ele possuía algo que me pertence:apenas a peguei de volta. - Sorria.

  - Então é isso que eu sou? - Alice estava indignada - Uma coisa? Outra de suas posses?

  - É! - Respondeu seco, embora soubesse que aquela não era a verdade - E hoje a noite você se tornaráminhapara o resto daeternidade.

•..●

  - Por que não está com os outros, Ruby? – Encarou-a frio, sem desviar sua atenção do espelho.

  -Por que é muitomelhorficar comvocê... - Sussurrou em seu ouvido.

  - Você é mesmo uma vagabunda. - Riu.

  - Sou a sua vagabunda! - Virou-o de frente.

  - Você está muito bonita... - Lucífer a olhava dos pés a cabeça.

  Em poucos instantes, os dois já se beijavam com luxúria. Estavam tão ocupados que sequer notaram que Alice observava a cena com lágrimas nos olhos. Um soluço. Satanás se separa bruscamente do demônio para mirar a noiva perplexa. Não sabia o que dizer.

  - Alice...

  - Cala a boca! - Foi o que gritou, antes de sair correndo.

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  Alice soluçava muito. Encolhera-se num canto do quarto e permitira-se chorar. Como Lucífer pôde fazer aquilo com ela? Achou que estava começando a se apaixonar e, de repente, ele a trai na noite do casamento. Além de estar sendo obrigada a se casar, teria que aguentar traições também? E o pior: na noite do casamento

  - Alice? - O anjo encarava a morena de forma vazia.

  - Vai embora! - Ela murmurou entre soluços.

  - Caso tenha se esquecido, eu é que dou as ordens por aqui! - Disse, levantando-a de forma brusca.

  - Me solta! - A garota se debatia. Ele a jogou bruscamente na cama.

  - Agora me escuta: você vai se vestir e encontrar-se comigo mais tarde. - Seu tom era ameaçador - Nós vamos conversar sobre isso depois. Agora não temos tempo. - Seu olhar mantinha-se fixo no da menina - Entendeu?

  Ela nada respondeu. Lucífer irritou-se com aquela "cena" e deixou o cômodo, batendo a porta com força.

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  Lucífer não pode evitar mirá-la com desejo. Ela era, sem dúvida, uma jovem linda. A cada passo que ela dava em sua direção, sentia-se mais encantado. Alice, por sua vez, tinha uma expressão tristonha: sentia-se como se caminhasse rumo a sua sepultura. Seu pai acompanhou-a até o altar, onde seu futuro "marido" a aguardava. Este olhava-a minuciosamente, esbolçando um meio sorriso. Não sabia que pensamentos devassos formavam-se em sua mente, porém, estava ciente de que não eram nada inocentes.

  - Você está linda. - Sorriu. A morena quis lhe dar uma bofetada na face, mas se conteve. Limitou-se a encará-lo com desprezo.

  O olhar que Alice lhe lançou fez Lucífer se odiar. Ela o detestava. Ele sabia. Porém, era egoísta. Jamais permitiria que ela partisse. Mesmo que esta o desprezasse pelo resto da eternidade...


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  Era uma cena incrível: Dean e Lucífer duelavam violentamente. O Winchester possuia uma vantagem, pois seu adversário não podia contra-atacar. Contudo, o canalha ainda usava Alice, que observava tudo horrorizada, a fim de evitar que seu oponente lhe desferisse golpes certeiros; Castiel havia sido cercado por dezenas de demônios, todos muito poderosos; Azazel apressava-se para terminar o ritual; Alastair continuava lendo as escrituras, embora ninguém estivesse ouvindo; e Megan protegia os pais da jovem, que assistiam a tudo temerosos.

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Notas finais do capítulo

Capítulo especial para FangtheStrange - Agradeço por ler as duas fics! =D