Após o Apocalipse escrita por Alana5012


Capítulo 16
Déjà vu - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Legenda
Diálogos: - Creio que sim, Lucian; você não?
Pensamento: "Itálico"
Lembrança: Negrito
Narração: O fato é que muito ainda estava para acontecer - outra vez...
Mudança de Tempo e Espaço: ●๋..●๋



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Final II (Alternativo)

●๋•..●๋•

  - SAMMY! - O grito estridente de Dean cortou a atmosfera densa da floresta. Alice arregalou os olhos, tapando a boca, muito assustada com a cena que acabara de presenciar.

  No segundo que se sucedeu, Sammy encontrava-se caído, de joelhos, na frente de Miguel, que desviou o olhar do rapaz para encarar o irmão atordoado: Lucífer segurava sua espada pelo cabo, enquanto a lâmina jazia enterrada no peito de Satã.

  - Estou farto de você, sua coisinha insignificante que se acha grande coisa... - Sussurrou bem próximo de si. Com um rápido movimento, arrancou o gume da carne do mesmo, que deixou-se cair por terra, sem mais forças, gemendo de dor. Sua visão turva ainda pôde contemplar Miguel, que continuava a lançar-lhe o mesmo olhar de quem lamenta profundamente um fim tão triste, porém, consciente de que nada poderia fazer para remediar aquela situação - Miguel. - Chamou-o rispidamente, erguendo a arma de forma ameaçadora - É isso que deveria ter feito quando teve a chance. Você é patético. E pensar que todo esse tempo, eu te admirei; não passa de um “imbecil alado”... - Seu olhar de escárnio encontrou os verdes transtornados de Dean, que jazia ao lado do irmão, agora inconsciente.

  - DEGRAÇADO! - O loiro bradava entre lágrimas - Sammy... Acorda! Por favor, irmãozinho...

  - Não adianta, Dean: ele não vai voltar. - Tudo o que o Winchester pôde fazer foi baixar os olhos. Não tinha forças para retrucar o mesmo ou tomar qualquer atitude. Miguel assistia a cena absurda, pasmo - E quanto a você... - Lucífer apontou o gume para o mesmo - Será o próximo.

  - Você é tão cruel... - Ouviu-a sussurrar repentinamente - Por que está fazendo isso?

  - Já disse: porque eu te amo. Só assim poderemos ficar juntos. - Virou-se para encarar Alice, sorrindo gentilmente.

  - Eu não quero ficar com alguém como você... Não assim... - Balançava a cabeça numa negativa, mirando, atordoada, o segundo cadáver.

  - Alice... - Chamou-a se aproximando vagarosamente, envolvendo a garota, aos poucos, em um abraço reconfortante. Porém, para seu espanto, a mesma o empurrou bruscamente e correu uma vez mais pra longe de si, repudiando-o, embrenhando-se na mata sombria - ARGH! JÁ MANDEI VOCÊ PARAR COM ISSO! - Berrou frustrado, pondo-se a seguí-la de imediato - Esperem aqui. - O tom autoritário foi dirigido a Miguel, o único que permanecia indiferente em meio as circunstâncias - PARE! - Gritava para a morena, indo a seu encalço.

●๋•..●๋•

  O ruído da água chocando-se contra as rochas ia, aos poucos, se intensificando, cada vez mais, ficando mais perto... O rio corria lá embaixo, livre, a paisagem que o cercava era tão natural; e ela, ali em cima, limitando-se a observar a distância que os separava. Quantos metros seriam? A queda a mataria? Com certeza. Alice pensava nisso, quando sentiu a presença dele atrás de si. Fez menção de virar-se para encará-lo, o rosto espiando por cima do ombro; no entanto, de súbito, voltou a cabeça para o penhasco que desenrolava-se a sua frente novamente. O gesto confundiu Lúcifer, que aproximou-se uns passos. Percebendo que ele caminhava em sua direção, Alice advertiu-o, num tom sério de modo autoritário:

  - Fique longe de mim. - Satã parou de andar para fitar as costas da morena com certo desdém.

  - O que vai fazer? Se atirar? Por favor, querida: nem você seria tão tola... - Seu tom soava como um desafio.

  - Está certo disto? - A maneira como falou novamente o surpreendeu.

  - Alice. - Sua voz ameaçadora despertaria o temor em qualquer um - Venha aqui agora.

  - Quem sabe assim não seja melhor... - Continuou seu discurso indiferente, segura do que faria.

  - Alice, por favor... - Agora pedia pouco transtornado - N-não faça isso.

  - Se eu fizer uma pergunta, você promete que me fala a verdade? - Ignorava-o uma vez mais.

  - Qualquer coisa pra você desistir dessa ideia louca! - Concordou aflito.

  - Algum dia, nem que por um mero momento, ou sequer um breve instante, você me amou realmente? Quer dizer, não como um objeto que se possui, mas como alguém?

  - Que pergunta idiota é essa?! - Questionou num tom revoltado e até mesmo indignado - É claro que eu te amo... Desde a primeira vez que te vi, até o fim de tudo, sempre irei amá-la.

  - Então por que?

  - Por que? - Repetiu sem compreender.

  - Por que mentir? - E, diante do silêncio do mesmo, que ficara angustiado, sem pensar duas vezes, abriu os braços, atirando-se naquele abismo, exatamente como Sam fizera alguns anos antes, levando Miguel consigo. Ironicamente, quem suicidou-se se atirando de um abismo foi ela, e não ele (como tinha ameaçado fazer antes, caso a garota não correspondesse seus sentimentos).

   - NÃOOOO!!! - Bradou num ímpeto. No entanto, era tarde de mais... Caiu de joelhos, aos prantos, tal qual Dean, lamentando-se e se culpando pelo ocorrido.

  - Lucífer? - Alguém chamou-lhe. Aquela voz... Conhecia há tanto tempo...

  - Pai? - Levantou os olhos para encarar a figura exuberante deste, que sorria amavelmente.

  - Filho: sou Eu mesmo. - Este o olhou com rancor, como se o culpasse pelo acontecido - Por que, meu filho, por que? Eu ofereci-lhe redenção, porém, preferiu insistir nessa Guerra, nesse grande equívoco... - Insistiu Deus, percebendo o que passava-se.

  - Que tipo de Pai é você? - Indagou num tom amargo - Abandonou seus filhos, a sua tão adorada criação, e deixou que eu fizesse o que bem entendesse... Você não se importa com eles ou comigo. - Concluiu com desdém.

  - É claro que me importo: amo você! Mas, entenda: não posso permitir que isto continue. É por isso que estou aqui.

  - Veio me matar? - Uma de suas sobrancelhas arqueada, sinal de grande incredulidade.

  - Não: vim para te dar uma nova oportunidade. - Lucífer franziu o cenho confuso - Mas que fique bem claro: será a última.

  - O que você quer em troca? - Perguntou desconfiado de que aquilo teria um preço.

  - Nada. - Disse para espanto do mesmo.

  - Nada? - Repetiu pouco convicto.

  - Posso trazê-la de volta.

  - Por que faria isso? - Seu tom ainda denotando descrença e desconfiança.

  - Lucífer... - Sorriu - Você a ama? - Refletiu antes de responder, ponderando as consequências.

  - Amo. - Decidiu-se por ser franco.

  - Então me diga: o que você estaria disposto a fazer para tê-la de volta?

  - Qualquer coisa. - Respondeu convicto.

  - Se é assim... - Deus, que continuava a sorrir, estalou os dedos: era novamente manhã na universidade.

●๋•..●๋•

  - Segundo Hely Lopes Meirelles, “Direito Administrativo é o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes, as atividades públicas tendentes a realizar, concreta direta e imediatamente os fins desejados do Estado.” - Dizia o Sr. Baudelaire, professor que lecionava direito administrativo no campus de Direito da Universidade. Lucífer encarava o senhor de cabelos grisalhos a sua frente com um ar aturdido. A cena que ocorrera há poucos dias repetia-se agora, diante de seus olhos; como aquilo era possível? Teria voltado no tempo?! Impossível: não se pode retornar a uma época usando da mesma matéria, isto é, teriam de haver dois dele no “passado” e, ainda sim, seu outro “eu” não estaria ciente daquilo; é, pois é, viagens no tempo são realmente complicadas...

  - LUCIAN! - O tom irritado da garota levava-o a deduzir que esta já o chamara antes; a aula havia terminado e o rapaz nem mesmo dera-se conta...

  - A-alice? - Balbuciou num misto de espanto e perplexidade. Esta sorria-lhe sem entender ao certo o que se passava. Ainda que trêmulo e nervoso, o jovem levantou-se e a envolveu num abraço apertado.

  - Eu te amo... - Sussurrou bem próximo de si, fazendo o coração da morena disparar. Era difícil manter-se indiferente quando estava perto dela. E a partir daquele instante, jamais permitiria que a mesma afastasse-se novamente.

  - Por que isso agora? - Indagou-lhe a morena que, apesar de estar feliz, tentava compreender o motivo do gesto tão carinhoso por parte do namorado. Este distanciou-se o suficiente para poder mirá-la nos olhos e, após um breve instante em que permaneceu calado, respondeu:

  - Porque eu não quero te perder... Nunca mais. - Falou de modo sério.

  - Mas você nunca me perdeu, seu bobo! - Riu baixinho; aproximou-se uma vez mais de Lucífer e o tocou-lhe os lábios com a ponta dos seus, trocando um beijo tenro - Também te amo. - Murmurou pouco depois. Ele sorriu. Deixaram a classe andando de mãos dadas. Já no corredor, distante do Professor Baudelaire, a menina debochou - Bom, acho que devo parabenizá-lo pelo fantástico desempenho em minha disciplina, Sr. Thompson... - Aquelas palavras... Fizeram com que a expressão do rapaz se convertesse num semblante transtornado. Sim, Lucífer se recordava de tê-las ouvido pouco antes de... - Você ‘tá estranho hoje. - Alice disse de maneira séria, parando de caminhar para fitar a face aflita do rapaz. Este encontrava-se ainda perdido em seus devaneios - Almoça comigo? - Fora esta a pergunta que ela fizera antes de... - Aposto que não me alcança! - O riso alto da garota, que ia colocando-se a correr, fê-lo voltar à realidade.

  - NÃO! - O brado soou tão desesperador e foi tão súbito, que fez com que a morena parasse imediatamente, voltando-se para o namorado assustada e pouco surpresa - Por favor, não faça isso... - Ele pedia entre lágrimas. Bastava analisar sua figura por um instante pra saber que o mesmo estava angustiado em demasiado. A menina aproximou-se de Lucian, depositando uma de suas mãos em seu rosto.

  - O que foi? - Alice perguntou preocupada - Algum problema?

  - Olha... Será que podemos... Só... Ir almoçar em outro lugar hoje? - Balbuciou com certa dificuldade.

  - Certo, se isso te faz sentir melhor... - Concordou ainda que aquela mudança repentina de humor a espantasse. “O que será que aconteceu?!” Questionava-se. Naquele dia, Lucian e ela tomaram um caminho diferente do que o que estavam acostumados a usar habitualmente: almoçaram num restaurante que, até então, não conheciam e o rapaz continuou agindo estranho.

●๋•..●๋•

  O Sol já estava se pondo, e o Impala continuava estacionado na mesma esquina. O loiro pareceu decepcionado por um breve instante, suspirando como só fazia quando sentia-se desiludido, o que instigou ainda mais a curiosidade do Winchester mais novo.

  - E então, vai me dizer por que ligou dizendo pra eu vir imediatamente? Qual é, cara, você falou que talvez tivéssemos um caso aqui... - Sam reclamava. O outro ignorou-o, ligando a ignição do carro, pronto pra deixar aquele lugar. “A Lisa vai me matar...” Pensava “Quem sabe eu não possa jogar a culpa toda no Sammy: dizer que me atrasei por causa dele...”

  - Pois é, acho que me enganei. - Explicou com ar indiferente.

  - Dean, você me fez dirigir por dois estados, pra dizer que acha que se enganou? - Repetiu visivelmente aborrecido - Tem ideia do que fez? Me fez vir correndo e pra que? PRA NADA! - Constatou irado.

  - ‘Tá, ‘tá... - Dizia na tentativa de acalmar o irmão - Esquece, okay: é que hoje de manhã, quando passei por aqui, pensei ter visto... - Deteve-se então, sem concluir a frase, deixando-a suspensa.

  - Quem você pensou que tinha visto? - Indagou Sammy, depois de alguns minutos, nos quais ambos permaneceram calados - Dean! - Chamou-o novamente quando este nada disse - DEAN!

  - Ninguém. - Mentiu, dando de ombros. Algo lhe dizia que o melhor a fazer seria esquecer - A propósito, se a Lisa perguntar, estamos atrasados pro jantar por sua culpa...

Epílogo

  Bem, possuo conhecimento apenas do que se sucedeu até aí: não falo com os Winchesters há muito tempo... Bom, pelo menos não desde que Deus surgiu-lhes usando-me como receptáculo, contrariando todas as suas expectativas até então. E o quão eufórico não fiquei ao ter conversado com o Soberano do Universo, o Criador de tudo, o Senhor de todas as coisas? Imaginem só, justo eu, que considerava-me com poucos direitos de ser ouvido, por buscá-lo somente nos momentos de dificuldade?! Entretanto, acho que os dois finalmente chegaram à conclusão de que existem coisas que vão além de nossa compreensão: o destino é uma delas (não que acredite que essa moça com a aparência de uma bibliotecária tenha poder de influenciar-nos tanto). Eu escrevo o que será tido, futuramente, como o último evangelho da Bíblia: Sam e Dean são meus protagonistas. Pense em si mesmo como um personagem de uma grande história; gostaria de saber o que aconteceria na última página do seu livro? Os rapazes pelo menos foram bastante prudentes ao optar por não. Mas o fato é que os acasos (se não a própria Destino) foram o que levaram os Winchesters a cruzar tantos obstáculos, conhecer tantas pessoas, e modificar tanta coisa - embora Morte ainda continue a afirmar que representam “a desordem e o caos” no nosso plano de existência...

  De qualquer forma, ainda pergunto-me o que terá acontecido aos meus rapazes; sim, já os tenho como companheiros, por ter passado, de certo modo, pelas mesmas provações e dificuldades, ter vivido circunstâncias tão desfavoráveis e, acima de tudo, presenciar a vida de ambos como um mero observador que, ao menos uma vez, obteve alguma participação em sua própria narrativa. Sou apenas um escritor, que tentava levar a vida vendendo as histórias de dois irmãos que eu julgava ter inventado; subitamente, descubro-me sendo um Profeta, que fala sobre anjos, demônios e o fim do mundo - e se este vier a ocorrer novamente, suplico a Deus que designe um outro alguém para retratar os seus acontecimentos, porque pra mim bastaram esses três últimos Apocalipses.

  Agradeço a vocês, caros leitores, por acompanharem este breve relato, que tenho como o último das aventuras de meus amigos. Quem sabe algum dia voltemos a nos encontrar, nas páginas de alguma outra história de Sobrenatural? Por enquanto, limito-me a encerrar minhas crônicas desses personagens mais do que reais por aqui. Penso que a frase de Dean resume bem tudo o que tenho a dizer nesse momento: Jamais vou esquecer...

Último volume da série de bestsellers “Sobrenatural”

Após o Apocalipse - Por Chuck Shurley.


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Notas finais do capítulo

Capítulo em homenagem a June e a Layne! *----* Adoro vocês, meninas... >D Bom, e aqui termina (oficialmente), a continuação de Antes do Fim do Mundo. Espero que vocês tenham gostado! ^--^ Essa é a última história que escrevo na categoria de Sobrenatural (ao menos, por enquanto); estou com idéias pra explorar outros enredos e personagens no momento. Bom, mais uma vez, muito obrigada a todos por acompanharem: primeiramente a Heloisa Cullen, Lanye Sobral, FangtheStrange, June e babi_gabi, que estiveram aqui até o fim; sem esquecer também, é claro, da jubinha, is_a_ah, CarlaVampire, miriankinyta, luh345, Nessie_Dutha, keller_dantara e raphael_95. Obrigada, gente! lol
Nos vemos nas próximas! Õ/
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