Caminhos para o Inferno escrita por Nynna Days


Capítulo 8
Capítulo 7




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Capítulo 7

Todos estavam presente ao enterro da minha mãe. O diretor James, meus amigos, meu namorado, meu gato no colo de Koren, até mesmo a Barbie e a sua mãe estavam presentes. Ninguém dizia nada enquanto o corpo da minha mãe descia na terra molhada enquanto o céu parecia chorar com a sua morte.

“Elizabeth Christina Twist era uma pessoa amável e amada por todos. Sua morte foi uma perda que ninguém conseguirá repor.”, o padre dizia.

O caixão descia lentamente com o auxilio de cordas ao seu redor. Eu estava o mais longe que conseguia de todos, mas o mais perto que me permitia do túmulo. Guarda-chuvas pretos estavam abertos ao meu redor, mas pouco ligava a pegar um resfriado.

Olhei para minha avó e Koren com Snickssah em seu colo. Jurava que tinha visto uma lágrima caindo dos olhos de Snickssah, mas deveria ser alucinação. Era a primeira vez que tinha visto as pessoas com quem convivia vestidas inteiramente de preto. Até mesmo Barbie estava com um vestido preto com flores roxas. Sempre tinha que colocar algo floral em suas roupas, até quando iria a um enterro.

A chuva continuava a cair sobre mim. Que caísse, que ficasse doente. Pouco eu ligava. Tudo o que prestava atenção era o caixão da minha mãe descendo em seu túmulo e pequenas frases ditas pelo padre local.

“Deus deve tê-la recebido de braços abertos. Um anjo que tomará que será abençoado pela presença do Pai.”

Ouvi passos se aproximando de mim, mas não levantei a cabeça para ver quem era. Logo como veio, a chuva se sessou em mim. A início pensei que ela havia acabado, mas vi que as pessoas ainda estavam com os guarda-chuvas aberto, então deduzi que tinha alguém segurando um para mim.

Emi, você vai pegar um resfriado assim.”, Colin disse.

Não o encarei, minha atenção era apenas para minha mãe hoje.

“Me deixe sozinha.” sussurrei.

“Emi, todo mundo está triste pela morte da Elizabeth. Mas você não precisa ficar doente só porque ela não estará mais do seu lado.”, ele continuava dizendo.

“Me deixe sozinha, Colin.”, continuei repetindo.

“Todo mundo quer te dar os pêsames. Ninguém teve a oportunidade ontem porque você e seu irmão haviam saído cedo da escola.”, Colin disse.

Esse foi exatamente o momento que eu explodi. A primeira vez que explodi com Colin me toda a minha longa e amargura vida.

“Manda todo mundo se ferrar.”, eu gritei chamando a atenção do enterro para mim. “A minha mãe está morta, você entendeu?”, o encarei e vi seus olhos mel esverdeados arregalados. “Ela está morta!”, continuei gritando.

Tudo o que ele me disse foi: “Calma, Emi.”

“Você quer que me acalme?!”, perguntei e no segundo seguinte ele assentiu. “Então me deixe sozinha e leve a porcaria do seu guarda-chuva com você.”

Quando terminei de gritar, reparei o silêncio que o enterro da minha mãe havia ficado. Não aguentava mais ser forte por Koren. Minhas pernas cederam e caí de joelhos em frente ao túmulo da minha mãe. A chuva me golpeava sem dó e se misturava com as minhas quente e intermináveis lágrimas.

“Eu não consigo ser forte. Eu não consigo ser forte.”, sussurrava para mim mesma. No meio do choro, a dor verdadeira de perda a minha mãe me tomou completamente.

Lembrava de cada momento da nossa vida em que ríamos e chorávamos juntas. Quando me acordava de manhã e eu sempre reclamava. De seus lindos olhos cinzas , seu cabelo preto. Sua bondade e simpatia. Sua garra e sua força de vontade. Sua rebeldia de quando tinha minha idade.

Tudo ido embora para um túmulo vazio e sem cor.

Quando o enterro acabou, ninguém veio falar comigo por causa do pequeno show que havia dado com Colin. Eles achavam que se tentassem se aproximar, eu iria gritar com eles também.

O que era certo que eu faria.

Continuei ajoelhada em frente ao túmulo da minha mãe esperando todas as minhas lágrimas saírem dos meus olhos e para poder me erguer com orgulho. Observava parcialmente a multidão de pessoas que vieram se dispersando. Até Koren e minha avó se foram, mas obviamente não poderiam ir a lugar algum. Eles vieram no meu carro e eu que estava com a chave.

Depois de uns minutos que se sucederam, Koren veio correndo até exasperado. Tudo o que eu poderia fazer era levantar a cabeça e encará-lo. Minha garganta estava seca e apostava que meus olhos estavam vermelhos e inchados.

“Emi”, ele parou em frente a mim se apoiando em seus joelhos e recuperando o fôlego. “O Snickssah correu para a mata. Eu tentei pegá-lo, mas os gatos são mais rápidos.”

Em um segundo já estava de pé. Queria esbofetear Koren pela burrice de trazer Snickssah ao enterro. Mas não podia. Ainda não. Tirei um pouco de lama da minha calça e tentei me ajeitar. Sem sucesso , na verdade.

“Para que direção ele foi, moleque?”, eu perguntei decidida a ir atrás do meu gato.

Assim que Koren apontou , corri para a entrada da floresta. O cemitério que minha mãe tinha sido enterrada era cercado por uma floresta. Nela não havia qualquer tipo de animais, o que, na minha opinião, era bem estranho. Nem os pássaros pousavam ali. Muitos diziam que isso acontecia baseado no fato da floresta estar em volta do cemitério.

Quando estava chegando na entrada da floresta, vi que não era a única a começar uma exploração na floresta morta, como era chamada.

“Vai entrar ou não , Barbie?”, perguntei parando ao seu lado. Ela estava olhando fixamente para a floresta sem piscar e assim que ouviu o barulho da minha voz , parecia que havia tomado um choque saindo de um tipo de transe.

“O que você está fazendo aqui , Polly?”, ela perguntou voltando a ser a vaca matinal de sempre. “Vai fazer algum tipo de vodu?”

Ri sem humor da piada. Mas percebi que Katy estava um pouco nervosa. Sua voz meio que tremia e seu sorriso era forçado. E seus olhos não havia parado de encarar a floresta nem um segundo, como se ela quisesse ter certeza que nada sairia de lá e uma surpresa.

“Não. Meu gato correu para a floresta.”, respondi. Acho que estava sendo um pouco boazinha demais com a Barbie. Não devia explicações da minha vida para ela e nem ela para mim.

Katy desviou o olhar da floresta e se concentrou em mim. Percebi como seus olhos azuis eram verdadeiramente lindos. E eram diferentes dos olhos de sua mãe. Barbie tinha os olhos angelicais, mesmo sendo uma verdadeira vaca. Ela colocou os dedos em seu queixo como se estivesse pensando em algo.

“Interessante.”, ela disse.

“O que é interessante?”, perguntei curiosa , mas ao mesmo tempo apreensiva para pegar meu gato.

“Nighttime, meu gato, também correu para a floresta.”, ela respondeu dando um sorriso não-vaca. As vezes me perguntava se essa garota não tinha dupla personalidade. Uma hora era toda boazinha e na outra completamente vaca.

E desde quando ela tem um gato? Nighttime? Ele deve ser o gato mais azarado do mundo por ter uma dona como essa.

“Tem certeza que ele não fugiu?”, eu perguntei.

“Haha. Não. Nighttime correu de repente para a floresta e vim atrás dele, mas quando cheguei aqui...”, Katy deixou a desejar.

“O que aconteceu quando você chegou aqui?”

“Se lembra o que eu te disse na escola sobre as sensações malucas que eu tenho de vez em quando?”, ela perguntou. Eu apenas assenti. “Bem, quando eu cheguei aqui, minhas mãos começaram a tremer, então fiquei esperando que Nighttime voltasse ou que alguém aparecesse e pegasse o meu gato de lá.”, Barbie terminou piscando seus olhos azuis para mim, como um pedido.

“Nem pensar. Se você quiser seu gato de volta, vai ter que ir comigo procurá-lo.”, comecei a rebocar a Barbie para dentro da floresta notando o quando ela tremia.

Tudo em mim pulsava de emoção. Se essas sensações da Barbie forem reais, então tinha algo sobrenatural nessa floresta. O que seria? Estava tão ansiosa para saber que quase esqueci de gritar o nome do meu gato. Na verdade, quase esqueci o nome do

meu gato.

“Snickssah.”, gritei ainda rebocando a Barbie.

“O nome do seu gato é Snickssah?”, ela perguntou levantando uma sobrancelha.

“Sim, por que?”, coloquei uma mexa do meu cabelo que havia saído para trás da orelha.

“É apenas... incomum.”, ela terminou “Nighttime”, ela gritou.

“Nossa. Então, Nighttime é um nome que todo gato pode ter. Por que é um nome tão comum.”, disse irônica.

Ficamos um bom tempo andando na floresta e gritando o nome dos nossos gatos. E, sinceramente, isso não estava funcionando. Ocasionalmente nós duas discutíamos, mas já era hábito. Sempre procurava algum tipo de atividade paranormal, mas tudo o que via eram árvores. Diversos tipos de vegetações, mas nenhum tipo de criatura sobrenatural. Achava que o radar sobrenatural da Barbie poderia estar quebrado. Ou nem existia. Mas depois de ter lido partes do diário de minha mãe, já sabia que essa possibilidade era remotamente impossível.

“Isso não está funcionando.”, eu disse parando de repente nomeio da floresta e fazendo a Barbie parar de solavanco atrás de mim. Me virei para olhá-la. “Vamos nos separar e nos encontramos aqui de novo.”

“O-o que? Você só pode estar pirando.”, nunca tinha visto a Barbie perder a confiança tão rápido quando tinha perdido ali.

Antes que ela continuasse com o seu lamento, me virei e

segui para a direita , esperando que a Barbie valorizasse a vida dela e a do seu gato e fosse pela esquerda.

Andei um bom pedaço sem ouvir a voz ou os passos da Barbie perto de mim, então deduzi que ela gostava mesmo da vida que levava. Adentrei sem medo a Floresta Morta. Um nome sombrio nunca iria me deter, não depois de saber que lobisomens , vampiros e coisas do tipo existiam.

Andei uns dez minutos ou mais, se calcular, entrando cada vez mais na floresta e sem nenhum sinal de Snickssah, ou Nighttime ou da Barbie.

Parabéns, Emi. Acabou de se perder na floresta. Eu estava me chutando mentalmente por ter abandonado a Barbie. Apostava que ela já havia encontrado o seu gato e possivelmente , Snickssah havia voltado para casa como fazia toda vez que saia de madrugada pela janela do meu quarto.

“Já lhe disseram que não se deve andar em uma floresta sozinha?”

Tudo estava tão silencioso que , quando eu ouvi essa voz atrás de mim, pulei uns dez metros de distância. Não que eu fosse um tipo de medrosa, muito pelo contrário, mas era covardia me pegar de surpresa.

Olhei em volta até que encontrei um homem encostado em uma árvore a pouca distancia de mim. Ele estava com os braços cruzados em cima do peito e com uma perna no tronco da árvore. Mesmo na sombra deu para ver que ele estava me encarando e eu não estava gostando nada daquilo.

“Me desculpe, mas posso saber quem é você?”, eu perguntei.

Alguma coisa naquele cara me dava vontade de chegar cada vez mais perto. Algo em seus olhos , que notei que eram azuis água, me clamavam, encantavam, hipnotizavam, mas de um jeito ruim. E o contraste com seu cabelo preto curto me ver como ele era lindo.

Meu Deus , o que estava fazendo? Eu nem conhecia esse cara, mas o achava um verdadeiro Deus Grego. Eu deveria estar centrada em encontrar o meu gato ou a saída daqui. O que viesse primeiro.

Ele se desencostou da árvore e no segundo seguinte estava a uns três passos de mim. Arfei de surpresa e fiquei paralisada. Droga! Tinha que ficar mais ligada.

A distância não havia notado o qual alto ele era, mas de perto, eu me sentia uma verdadeira formiguinha. Pelo que tinha notado, ele deveria estar nos auges dos seus 19 ou 20 anos. Parecia um modelo ou um desses atores que fazem qualquer garota suspirar.

“Eu sou Kristian Caust, mas pode me chamar de Kris.”, ele pegou minha mão enquanto aqueles lindos olhos azuis continuavam me encarando. “Você é a famosa Emily Twist Demon.”, ele beijou minha mão.

Senti que algo afiado roçou em minha mão quando ele a beijou. Eu estava sem palavra. Primeiro, como ele se moveu tão rápido? E depois, como ele sabia o meu nome inteiro. Ninguém sabia. Nem ao menos os meus professores sabiam. Nem o diretor James sabia.

“Você é tão linda quanto sua mãe , pequena Twist.”, Kris disse sorrindo. E foi ai que eu descobri o que tinha roçado na minha mão de afiado.

Quando eu vi os dois caninos afiados, dei um pulo tão grande que pensei que iria sair da floresta. Deixei sem querer um grito meio abafado sair da minha garganta. Eu não podia acreditar que estava vendo presas na minha frente e nem que aquele Deus Grego era um...

“Vampiro.”


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