Little Princess Ii escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 20
Você (não) entende


Notas iniciais do capítulo

Tá, sei que demorei demais. Não tenho uma boa desculpa. Eu demorei por dois motivos: primeiro, eu tive de pensar em muitas coisas nesse capítulo. Segundo, eu tenho uma vida, poxa!
Eu AMO receber comentários, eu amo todos os comentários, mas sinto-me um pouco pressionada (e culpada, ao postar demasiadamente tarde) quando dizem "posta o próximo capítulo logo". Quem é autor ou autora talvez me entenda.
Não que eu não goste de seus comentários - se pararem de postar vou correr atrás de voces com um machado ò.ó - mas eu realmente sinto-me pressionada. Mas aind a tenho uma vida além dessas histórias.
De qualquer, ignorem meu desabafo de autora estressada com a vida, curtam o capítulo! Nos vemos no final!



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Capítulo 20 – Você (não) entende

Pov's Bella:

         Estávamos todos reunidos no chão do jatinho. Sentados num círculo como se fossemos crianças brincando de roda, eu estendia um enorme mapa a minha frente.

         Tinham se passado somente duas horas de vôo e eu tinha concluído que, já que íamos ao Sol, meus amigos deveriam entender mais sobre o Sol. O que sabiam era muito pouco.

         O mapa era complexo. Cheio de linhas e cidades. Florestas se espalhavam em volta do Reino do Sol, assim como água. Quase poderia ser um mapa da Terra. Mas era maior, mais... Mágico.

- Então, como podem ver, essa aqui, é Solari – não precisei indicar a capital do Sol. O círculo que traçava a cidade brilhou magicamente e revelou-se sozinho.

- É bem grande, não é? – Emily comentou impressionada.

         Assenti: - Solari é a capital do Reino do Sol, logo, a maior cidade. A principal língua falada é latim, mas praticamente toda a população fala inglês, além de alguns falando italiano, francês, espanhol e português.

- Achei que latim fosse uma língua extinta – Eleazar falou.

- E é. Na Terra – sorri – Enfim, Solari fica na região mais quente do Sol, ou seja – olhei para Emily, principalmente – para humanos é muito quente. Não se preocupe – tranqüilizei-a diante de seu olhar preocupado – tem mais que quinhentos graus Celsius, mas não é mortal. É somente lenda terrestre.

"Bem. Para nós sobrenaturais, obviamente, não há problema algum. Em Solari, também está localizado o principal castelo dos reis. É chamado de Castelo do Sol" – revirei os olhos por tamanha criatividade – "Ele está localizado dentro da cidade" – o mapa mágico brilhou, indicando – "e cobre por parte da mesma."

"Vocês podem encontrar todos os tipos de seres mágicos, desde humanos a animais, vivendo por lá. Fadas, Anjos, Transformos, Bruxas, Espíritos, Lutadores, Psíquicos e muitos outros".

         Passei a mão pela cidade e pelo castelo, e ambos pararam de brilhar. Todos olhavam o mapa com admiração e fascínio. Exceto meus três amigos, que já sabiam de tudo isso.

- Além da capital, há quatro cidades principais: Solaire, Marysol, Millennium e Everhope. São os quatro grandes centros de comércio, política e socialismo. Não que no Sol haja pessoas pobres e esses problemas terrestres, mas também há cidades maiores e mais desenvolvidas, certamente.

"Millennium, com exceção de Solari, é cidade mais antiga, por isso seu nome. Antigamente, era chamada de Sunny, mas, bom, vocês podem entender por que mudou – ninguém realmente levaria a sério uma cidade antiguíssima com esse nome. A principal língua falada lá é o italiano, mas tendo, como sempre, o próprio latim e o inglês."

- Por que inglês e latim são tão importantes? – Jake perguntou curioso.

- Bom, primeiramente, porque o latim era a única língua falada, no início, antes de serem criadas subdivisões. Inglês é, não por ser somente a língua "universal" como dizem os seres humanos, mas também porque é a principal língua falada na Lua.

- E o que importa isso? Vocês nem se comunicam com a Lua! – Collin, um dos lobos novatos, exclamou.

         Angela explicou: - Assim como no Sol as línguas são derivadas do latim, na Lua, as línguas são derivadas do anglo-saxônico e outras línguas bárbaras. Na antiguidade, as pessoas tinham mais fé em deuses. Havia pequenos povos bárbaros que acreditavam em deuses lunares.

- Hm. A história dos Astros é mais complexa e ligada uma com a outra do que eu imaginava – Carlisle comentou.

- Sim, é bastante complicado. Tenho séculos de vida e, mesmo assim, não a sei toda. Não com exatidão, muitos segredos são mantidos para não apavorar os cidadãos. E muito nem mesmo saem do círculo da família real.

         Todos me deram uma olhadela. Dei de ombros.

- É verdade, de qualquer forma – suspirei, vendo que ainda não entendiam direito – Tudo bem, talvez eu esteja explicando errado. Lembram-se que contei a história da Criação, certo? Sobre como meus pais e outros seres mágicos surgiram no Sol e na Lua repentinamente e sem aparente motivo?

         Todos acenaram.

- Eu também lhes falei que quando olho pela janela de meu quarto, posso ver a Lua e a Terra, não é? Então. Quando meus pais olhavam, eles viam a Terra como um planeta incandescente sem terra e água.

         Eles arregalaram os olhos e Emmett, claro, gaguejou: - Seus pais são muito velhos, hein!

         Lucy riu histericamente, comentando que "tia Renée" está com uma aparência muito boa para alguém tão velha.

- O mais engraçado de tudo, é que os seres humanos são, sem dúvida alguma, seres curiosos. Para quem não tinha nada na Terra quando surgiram, eles conseguiram criar muitas coisas, não? – Ben comentou e vendo os olhos estranhos logo disse: - Ah. Esqueci. É que Charlie falou que, quando ele surgiu, tudo já existia. Tecnologia, casas, carros. Até mesmo comida instantânea.

- Além das pessoas daquela época, literalmente, nascerem sabendo – Ang riu sorridente – apesar de que, quem nasceu um aninho depois da Criação, não nascer assim. Por isso existem os Anciãos. Eles são realmente muito velhos.

- Mas, não entendo. Bella, você disse que os Lunares foram os primeiros a ir para a Terra, certo? – Alice perguntou e eu acenei positivamente – Mas, então, por que eles não levaram o progresso?

- Eles levaram. Mesmo que sejam um tanto quanto sádicos, os Lunares têm consciência de que se os humanos descobrissem sobre o sobrenatural, seria uma catástrofe – respondi – além do mais, quando os Lunares foram à Terra, nem mesmo humanos existiam.

"Somente seres mágicos andavam pelo planeta. Com o passar dos séculos, ninguém sabe por que, o sangue mágico foi se perdendo. Claro, ainda existiam muitos completamente mágicos por aí, e muito semi mágicos. Porém, houve uma óbvia diminuição – nessa época, Solares também habitam a Terra".

"Muitos cientistas estimam que a vida humana na Terra começou há setenta séculos. Não estão completamente errados. Veja bem, foi em torno disso que os humanos assumiram a consciência própria e não tinham sangue mágicos nas veias. Por isso, há humanos que digam que podem ver o futuro ou algo do tipo. Talvez não estejam completamente errado. Mas como o passar dos anos, principalmente atualmente, encontrar esse tipo de humano por aí é meio que impossível. As chances são baixas. Mas ainda podem existir os que tem uma impressão sobre o futuro próximo forte, ou algo do tipo. Como vocês" – olhei para os vampiros.

         Edward me olhou surpreso: - Nós?

- Sim – falei – quando foram transformados em vampiros, adquiriram dons, não é? Não foi mera coincidência. Quando humanos vocês tinham uma característica que os marcava mais. Então, ao serem completos seres da Lua, a magia em seu sangue aflorou. Isso comprova que todo ser humano ainda é, mesmo que minimamente, mágico.

- Ok, ok – Jacob respirou dramaticamente fundo – agora que já confundiu tanto minha cabeça com essa filosofia e história toda, que tal continuarmos a falar das cidades? Embry está dormindo e quase babando em cima do mapa.

         Para dar ênfase, deu uma tapa na nuca do amigo, que despertou zonzo.

- Certo, como eu estava dizendo – falei revirando os olhos – Millennium é uma cidade antiga. Lá o índice de habitantes com mais anos de vida é maior. Agora, próxima cidade: Marysol. As principais línguas são o espanhol e o português.

"Em comparação as outras, Marysol é recente. Aliás, lá está localizado o Palácio do Verão, o último lugar que eu estava antes de vir para cá. Bom, em Marysol vocês podem achar, mais do que em qualquer outro lugar, Fadas".

         Lucy bateu palminhas. Antes que alguém indagasse, prossegui: - As Fadas têm contato com a natureza e lá é onde você mais vai achar isso. Fadas do Bosque, do Lago, do Calor e do Frio. São únicas subespécies.

- Eu nasci lá! – Lucy riu alegremente e todos a olhamos – Que foi? Foi isso mesmo. Eu só me mudei para a Terra quando tinha três anos.

- Pensando bem, eu nunca ouvi sobre sua vida, amor – Jacob percebeu.

- Hm. Nada demais. Nasci no século vinte, então sou jovem. Quando tinha três anos, meus pais... – ela foi interrompida por um Quil risonho.

- Seu pai também é uma Fada do Bosque? – os Lobos, Emmett e Corin explodiram em risadas.

         Lucy fechou a cara.

- Não, meu pai era um humano que foi ao Sol com minha mãe. Fadas são uma espécie unicamente feminina.

- Humano? Mas isso quer dizer que...

- Sim, ele morreu – Lucy estava irritada. Realmente irritada.

         Os Lobos se calaram. Eles tinham, de fato, pisado na bola dessa vez. Jake beijou o topo da cabeça da namorada, e isso pareceu a acalmar um pouco.

- De qualquer forma, mudei para a Terra. Cresci normalmente aqui. Não sabia de meus poderes até completar treze anos. Sabia fazer algumas coisas estranhas, mas nunca dei bola – ela deu de ombros – Até o dia em que Agourentos...

- O que são Agourentos? – Seth não conseguiu se controlar e corou, mas Lucy sorriu.

- São como os Espíritos, só que originários da Lua. São seres aparentemente normais, mas que, à noite – ou no caso dos Espíritos, de dia -, tomam a forma de um fantasma. Bem, como estava dizendo, até quando, uma noite, Agourentos invadiram meu quarto e me atacaram.

         Ela parou para respirar.

- Minha mãe foi incrível. Lutou contra eles e teve de me contar o que era. Comecei a treinar naquele dia. Quando tinha dezenove anos, eu já tinha controle de meus poderes e parei de envelhecer. Alguns meses depois, meus pais e eu demos de cara com três Caçadores da Lua, um Vampiro e dois Anjos Caídos – Lucy pausou novamente. Não para respirar, mas para tomar coragem – meus morreram naquele dia.

- Ah, Lucy – Jake disse, abraçando – sinto muito.

         Mas minha amiga sorriu fracamente: - Eu não. Claro que sinto falta deles, mas, foi nesse dia que encontrei Ang e Ben. Eu estava na beira de um precipício em Oregon quando eles me acharam chorando e gritando impropérios para a Lua.

         Ang riu, lembrando-se.

- Achei que tinha pensado que eu era louca, mas estava tão fula da vida que nem liguei. Contaram-me o que eram e, desde então, estou com eles. Meu destino me levou aos meus amigos, então, não fico tão triste assim.

         Percebi, quietamente, que ela não tinha comentado ter morado em Forks e ter conhecido Bella, quando criança. Não comentaria isso, não na frente deles. Suspirei. Se ela percebesse... E se tivesse semelhanças entre mim e minha vida passada? Poderia ser óbvias a ponto de minha melhor amiga perceber?

         Suspirei mentalmente e continuei a falar das cidades. Uma delas brilhou no nordeste do mapa.

- Everhope é também antiga. Foi fundada em homenagem e para comemoração do aniversário da Princesa Ever. Seu nome é esse porque, em inglês, significa "Eterna esperança", e, como quando minha irmã nasceu, trouxe esperança ao fim da guerra, bem, vocês podem entender. De qualquer maneira, essa é única cidade em que o inglês é o mais falado e latim é algo secundário.

- Qual a principal espécie? – Eleazar perguntou.

- Não há – Ben respondeu por mim – nem todas as cidades têm uma espécie em abundancia. São coisas bem divididas.

- Exato. E, por fim, mas não menos importante: Solaire. Seu nome, derivado do francês – que também é a principal língua da cidade -, significa solar, pois é onde a noite é mais iluminada. Lá é o local onde a primavera sempre está presente, então, lá está localizada, obviamente, o Palácio da Primavera.

"E lá é a cidade mais próxima de Solari e onde nós vamos pousar".

- Achei que pararíamos diretamente no Castelo – Lucy comentou, coçando o queixo – pelo menos dessa vez.

- Como assim "dessa vez" – Tanya fez aspas no ar.

- É que um portal mágico não é exatamente controlável. Você pode dar um destino: Sol, Lua ou Terra. Mas não pode precisar o lugar. No meio de uma floresta? No meio da guarda do planeta? Por isso Lunares não simplesmente invadem o Sol, e vice-versa. Não tem como prever onde você vai cair.  

- E como você sabe que vamos cair em Solaire? – Kate indagou.

- Bem – respondi rapidamente – a magia de minha mãe é poderosa. Ela criou o portal e não o controlou onde cairia, mas soube que era em Solaire. É como uma roleta onde você espera para ver onde o ponteiro aponta.

         Simplesmente dei de ombros, começando a dobrar cuidadosamente o mapa de meu Reino.

- Não há mais cidades? – Jasper perguntou completamente surpreso.

- Há – Ang respondeu já que eu estava ocupada -, mas menores. E, como a história do Sol é muito longa e complicada, imagino que devamos facilitar, pelo menos por enquanto.

         Olhei o relógio no meu pulso. Três horas da tarde. Ainda tínhamos muitas horas de vôo, sem contar com a parada no aeroporto internacional de Nova York para reabastecimento.

         Muitas horas até chegar em casa.

Poucas horas para ficar com Edward.

Bom, pensei falsamente animada enquanto olhava para meus amigos, pelo menos Edward entende mais sobre seu Reino. Quem sabe não compreenda?

         Pisquei os olhos algumas vezes. Sentia preguiça de acordar, mas meu corpo começava a rejeitar o sono. Eu sabia o que isso significava: estava amanhecendo. Quando o sol começa a nascer, fico no que odeio chamar de "estado Solar". Quando o sol se põe, fico no "estado Lunar".

         Eu tenho que parar de ser tão bizarra.

         Minha cabeça estava encostada em algo gelado e duro, porém extremamente confortável. Edward. Sorri inconscientemente, até eu me lembrar do que teria de fazer – aí o sorriso sumiu.

         Ele beijou os meus cabelos: - Dormiu bem?

- Como um bebê – eu ri levemente, tentando não parecer falsa.

         Esfreguei um dos olhos e olhei em volta. Carlisle, Esme, Carmen, Eleazar, Chelsea e Corin estavam em uma mesa. Todos conversavam tranquilamente e com felicidade. Peguei uma parte da conversa, algo sobre autocontrole e Sol.

         Paul, Tanya, Irina, Kate, Quil, Jared, Embry e Brady estavam em outra mesinha. O abajur ligado numa intensidade baixa, concentrados em cartas de baralho e seu jogo. Vi a mão de Tanya escorregando e colocando, por baixo da mesa, uma carta no baralho do namorado. Trapaceiros, sorri.

         Emily, Sam, Seth, Collin, Angela e Ben pareciam ter uma conversa animada em uma mesa. Vi Seth rir alto e jogar a cabeça para trás, gargalhando de alguma piada de Ben. Meus lábios formaram um semi-sorriso com a cena.

         Emmett, Rosalie, Alice e Jasper estavam em outra mesa. Não entendi exatamente, mas parecia que faziam um torneio de xadrez. Ouvi com minha audição mais aguçada que a de um humano, Emm praguejando sobre Allie estar trapaceando. Era um bando de trapaceiros nesse avião.

         Pude ouvir a voz de Leah um pouco distante... Na cabine do piloto, conversando com Santiago. Hm.

         Mas isso não importava agora.

         Somente Eddie e eu. E essa mesa com sofás confortáveis. E uma longa conversa.

         Eu afastei-me do peito de Edward, onde estava deitada, e levantei. Dei a volta na mesinha onde o abajur ligado parecia deprimente. Sentei no sofá de couro claro do outro lado, na sua frente. Séria, mas sentindo que seria capaz de chorar.

         E acho que minhas emoções gritavam tanto, que Jazz me olhou fixamente. Ele não fez nada para manipulá-las. Eu também não queria, ou perderia a coragem.

- Edward, eu preciso te dizer que... – parei. O que eu precisava dizer? Que no Sol não poderíamos ficar juntos em público, e até mesmo em particular? Que eu seria outra Bella, mais formal? Que eu o amava, mas não podia ficar com ele?

         Uma longa conversa.

- Edward – respirei fundo. Ele me olhou, preocupado. – Eu... Eu...

         Fala, Bella, fala!

- Eu não posso ficar com você.

         Silêncio. O mundo pareceu desacelerar. As conversas pararam tão rápido que era como se prestassem atenção em mim desde o início. Senti meu coração partindo em caquinhos de cristal frágil. Por que não me lançavam em um caldeirão com ácido? Provavelmente doeria menos.

- O qu... – ele se interrompeu, aturdido – Por quê?

         Os olhos de todos sobre nós. Eu me sentia quebrada, culpada, magoada, triste, irritada. Eu estava tudo; menos feliz.

- Não é que eu não te ame, Edward – baixei os olhos para as mãos em meu colo, até me lembrar que eu deveria falar tudo olhando para a pessoa com quem conversava – muito pelo contrário, eu te amo tanto... Tanto que dói.

- Mas, Bella, eu...

- Eu não posso ficar com você por ser quem eu sou – o interrompi, ignorando o que iria dizer. Não queria ouvir lamentos, faria eu me sentir pior do que já estava.

- E quem você é? – sua voz soou dura. Não irritada, somente, magoada.

         Ever Solace, Isabella Cullen, Bella Kathleen... Dim, dim, dim, escolha sua carta!

- Sou a Princesa Bella Kathleen do Reino do Sol. Sinto muito – senti necessidade de completar. Era minha culpa. Completamente minha.

- Não sinta – Edward murmurou cabisbaixo. – Bem, então, vou lhe deixar sozinha, Princesa.

         Apertei minhas pequenas mãos em punhos.

- Não me chame assim! – ser chamada assim por Edward não era estranho. Era doloroso, surreal, irritante – Não me trate como se não se importasse! Já falei, Edward... Sei, sei que dói. Muito. Mas não há que eu possa fazer. Eu não dito as leis.

- Leis? Leis? Você está me deixando, mesmo dizendo que me ama, por causa de leis?!

         Funguei, tentando impedir as lágrimas de saírem. Não era o melhor momento para chorar.

- Se... Se você entendesse ou soubesse. Não sabe como eu gostaria de ser uma humana tola na Terra, desfrutando de momentos com você como uma namorada normal! Mas eu não sou isso. Sou a Princesa do Sol. Eu não quis. Eu nasci assim.

- Eu entendo, Princesa. Entendo que, sendo o monstro que sou, não valho a pena. Não precisa fingir que ainda me ama. Simplesmente diga da próxima vez – ele virou as costas, caminhando em direção a mini cozinha que o jatinho tinha.

         Eu levantei-me rapidamente. Estiquei a mão para tocar seu ombro e forçá-lo a olhar para mim, a recobrar a razão. Mas meus dedos pararam no ar, fracos.

         Pensei em mim mesma. Correndo atrás de um cara. O amor da sua existência!, uma voz gritou acusadora na minha cabeça. Mesmo assim era um cara. O problema era que Edward era o cara. Ou pelo menos, achava que era. Se ele fosse, ele entenderia.

         Daniel não tinha entendido Ever? Dan e Eve não podiam ficar juntos, mas ficaram. Então o quê? Eu deveria me esforçar mais, a culpa era especificamente minha? Mas Dan compreenderia... E Edward era Daniel.

         Mas eu não era Ever. Não agora. Assim como Edward era Edward, neste momento. Nesta vida.

         Meus braços caíram flacidamente do lado de meu corpo. Eu não tinha vontade de levantá-los. Respirei fundo e recitei as palavras – as palavras que o perseguiriam – de minha memória:

- Espero que goste disso, Edward – levantei meu rosto e olhei-o desafiadoramente – Meu coração está partido, acho que era isso que você queria, não é? Pois ouça: eu não dou a mínima se você se explodir agora. Vá fazer algo mais interessante do que pisar nos sentimentos dos outros.

         Era uma mentira. Uma mentira tão grande que eu sentia vontade de me jogar desse avião, e torceria que a queda me matasse.

         Ele não virou. Seus ombros tremeram como se tentasse conter algo – a raiva? O choro seco? Edward era indecifrável, sempre foi. Agora, mais ainda. Entretanto, ele somente continuou caminhando e fechou a porta da pequena cozinha.

         Fiquei em silêncio por alguns minutos. Os Lobos me olhavam como se estivessem prontos para bater em Edward. Meus padrinhos, Lucy e Jake pareciam os mais sensatos a vir me consolar. Os Denali, desconfortáveis com a situação. E os Cullen... Por alguns segundos, senti-me mais culpada ainda.

         Quando eu tinha dito aquelas palavras, as mesmas que Isabella usara antes de partir da casa dos Cullen após brigar com Edward – e ser morta pelos Volturi logo depois -, eu tinha a intenção de machucar Edward. Eu queria fazer com que ele visse a razão: eu o amava, só não podia permanecer com ele. Não daquele jeito.

         Queria fazê-lo entender o que suas palavras proporcionavam a mim. Dor.        

         Porém, tinha esquecido completamente dos outros Cullen. Eles obviamente se lembravam das palavras também, estavam em estado de choque.

         Abaixei a cabeça e deixei meu cabelo cobrir meu rosto como um capuz espesso e impenetrável. Caminhei em direção ao pequeno e único quarto que havia ali. Eu não achei que ia usá-lo, mas agora ele parecia útil.

         Quando entrei, era uma Bella quebrada.

         Quando saísse, seria a Princesa Bella.

         Estava indo para casa. Bom. Quase.

         Antes, éramos somente eu e Edward. E uma longa conversa.

         De repente, era somente eu e uma grande mentira.


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Notas finais do capítulo

E então? Merece uma recomendação de quem ainda não o fez?
Bom. Sei que está demorando a ir para o Sol, mas sinto que partir para lá sem essas informações é inútil. Vocês precisavam entender mais um pouco.
De qualquer maneira, proximo capítluo: SOL!
Beijos, Emm