Little Princess Ii escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 19
Adeus, Forks




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Capítulo 19 – Adeus, Forks

Pov's Bella:

         O tempo passou mais rápido do que eu gostaria.

         As últimas duas semanas foram como um sopro do vento – delicioso, mas veloz demais. Ninguém voltou à escola, pois todos queriam aproveitar ao máximo a Terra, de forma que Ang manteve o feitiço ilusório sobre os Mortais, fazendo-os pensar que íamos.

         Os Denali eram como os Cullen: vampiros bons, sociáveis, amigáveis. Não foi difícil fazer com que eu pensasse que as irmãs Denali – Kate, Irina e Tanya – eram minhas primas, e Carmen e Eleazar meus tios.

         Carmen era como Esme, ou Chelsea. Eu não entendia como, diabos, aquelas três conseguiam ser tão doces comigo e nunca – nunca – ficarem bravas. Elas pareciam muito amigas e fiquei feliz por isso. De certa forma, elas lembravam minha mãe – doce e amável.

         Eleazar tinha uma presença muito calma, o que fez com que sua amizade com Carlisle parecesse apropriada. De acordo com Jazz, o dom de Eleazar era ver dons – e a sua óbvia curiosidade em mim, fez-me ter um pouco de medo (e se ele reparasse que eu tinha o dom vampiresco de Bella, digo, da minha vida passada?).

         Irina era a mais velha das irmãs Denali – apesar de Tanya também vinte anos (como Rosalie) e Kate dezenove (como Alice e Lucy). Ela era divertida, feliz, paciente. Kate era uma boa amiga, tagarela e engraçada. E havia Tanya.

         No início, admito, havia ficado brava com ela – ora, o modo como olhava Eddie! Era como se quisesse despi-lo ali. Mas, depois que viu que estávamos juntos, foi madura. Não fez nada para nos separar, o que foi legal da sua parte. E aparentemente valeu a pena. A primeira vez que os lobos foram a casa dos Cullen – quero dizer, primeira vez desde que os Denali chegaram – Paul, "o nervosinho que odeia vamps, teve um imprinting com Tanya.

         O universo tinha um jeito estranho de agir.

         Enfim. Aproveitei essas semanas para fazer tudo que eu sempre quis fazer e tudo que eu de repente queria. Conheci mais meus amigos. Os Cullen me contaram suas histórias e até hoje abraço Jazz e Rose por causa disso – sempre sussurrando (por mais que todos ouçam) que os finais de suas histórias são felizes.

         Os Lobos de La Push, aliás, iam muito bem. Todos, de acordo com Sam, estavam treinando, fortalecendo-se – queriam "fazer bonito" lá no Sol. Jacob todo dia ia lá a casa ver sua "Lulyndinha" – irc! Um dia sim, um dia não, eu ia até a reserva, na casa Emily. Contar as novidades, conversar com minha amiga e, claro, ver os Lobos que ali estavam.

         Alice me levou para fazer compras em Seattle quatro vezes, ou seja: se antes, quando cheguei, já tinha um guarda-roupa enorme, agora era o dobro. E eu estava com pena de dizer para ela que não poderia usar nenhuma dessas roupas, já que, no Sol, nenhuma mulher usava jeans ou mini-saias.

         Mas, dois dias antes de partimos, todos estavam arrumando suas malas – ou no caso de Alice e Lucy, seus closets. Então, não houve jeito: tive que contar para Allie. Ela pareceu triste, e um pouco surpresa também, já que não consegue ver meu futuro muito bem. Exceto de noite, ela comentou certa vez, de noite meu futuro ficava mais claro.

         Eu somente sorria e desviava o assunto, afinal, era, justamente, à noite que minha parte vampiresca aflorava. Felizmente, não era muito – do contrário, Eddie teria percebido enquanto via-me dormir. Coisas leves. Minhas bochechas ficavam menos rosadas, minha pele mais fria. Eu estava até sentindo menos sono, de forma que passava duas horas a mais do dia com Edward. Eu sentia tudo mais aguçado, a garganta pinicava – e um dia antes de partirmos, tomei sangue, pois tinha acordado no meio da noite com uma dor insuportável. Meu coração batia mais rápido, porém Edward associava isso sendo da minha espécie – mas eu sabia que não era. Eu sabia que meu coração queria voar até parar, e virar vampiríco. Mas eu nem tinha veneno correndo em minhas veias... Ou tinha?

         E o principal: de noite eu sentia meus poderes do Sol se esvaindo. Não completamente, mas ocultados pelo dom de Bel, quer dizer, meu dom de copiar. Eu não controlava completamente, mas treinava escondido em meu quarto nos meus poucos momentos sozinha.

         Eu conseguia criar aquele escudo físico de quando lutei com James, e também o mental – Eddie ficava frustrado em não conseguir ler minha mente, mas agora eu entendia que era porque o escudo de vampira era inconsciente (ele não lê a de meus amigos, pois Ang colocou um feitiço há décadas atrás, contra habilidades indesejáveis de inimigos).

         Bom, eu também conseguia usar um dom de controlar a mente, algo como hipnose – pelos meus sonhos e minhas memórias da outra vida (que aos poucos eu recuperava) vi que era de Heidi Volturi. Isso me dava arrepios. Parecia que todos os meus dons que envolviam mais a mente eram mais fáceis. Por exemplo, e infelizmente, eu conseguia usar razoavelmente bem o dom de Jane e Alec Volturi – que ainda traziam pesadelos com as memórias de Bella Cullen.

         Entretanto, controlar um dom como o de Jazz ou Alice, coisas mais físicas, era mais complicadinho. Então, estava num ponto inicial. Falaria com meus pais assim que chegasse no Sol, precisava contar a eles, eu sempre contava tudo. Não existia segredos entre nós.

         Quero dizer. Exceto o fato de que eu era Bella Cullen e Ever, porque meus pais pareciam saber disso.

         Eu estava em uma grande clareira. O céu estava escurecendo lentamente. O vento fazia com que as folhas das árvores balançassem umas contas as outras. Ele não me afetou, nem mesmo bagunçou meus cabelos – de forma que eu soube que era somente uma memória. Se fosse real, tudo iria interagir comigo.

         Estava prestes a me perguntar se era uma memória de Bella ou Ever quando olhei em volta. Havia quatro pessoas ali. Aproximei-me, pois, à distância, era difícil ver. A primeira silhueta que vi foi uma miúda, e soube que era Bella. Ela usava um vestido preto de veludo leve e pequenos saltinhos. Seu pescoço ostentava um medalhão com um V – um medalhão que eu já visto em outras memórias.

         Volturi.

         As duas outras que reconheci me causaram espanto. Chelsea e Corin! Eles estavam iguaizinhos. Os mesmos cabelos, feições, altura... Exceto os olhos vermelhos. Eles claramente bebiam sangue humano.

         Observei. Bella não tinha os olhos vermelhos, eram dourado derretido.

         E a última eu não reconheci, apesar de me trazer uma sensação familiar. Alto, magro, músculos definidos. Seus cabelos pretos misturavam-se à noite e tinham certo topete charmoso, com alguns fios caindo sobre o olho. Seus olhos vermelhos combinavam com a pele pálida.

- Gente – saí de meus pensamentos ao ouvir o murmúrio da Bella.

         Todos prestaram atenção.

- O quê, Bells? – Corin chamou. Eu fiz uma careta junto com Bella. Assim como na minha vida passada, eu não gostava desses apelidos estranhos. Só Bella, ponto.

- Eu vou confrontar Aro, vou deixar os Volturi hoje – ela disse com firmeza, convicção. Por alguns instantes, acreditei, até ver o medo em seus olhos.

         Os três, como se tivessem combinado, arregalaram os olhos.

- Eu treine por anos, e foi só isso que eu fiz: treinar, treinar, treinar – minha "eu" passada suspirou. – E agora está a hora que eu esperei: de voltar para minha família, finalmente.

- Mas, B-Bella – o vampiro de cabelos pretos gaguejou. Santiago. Esse era seu nome – e se algo acontecer a você? Não vou me perdoar por ter deixado você cometer essa loucura!

         Os outros logo acenaram em concordância, fazendo Bella suspirar novamente: - Até o crepúsculo de amanhã terei partido, por isso... Por isso quero saber se vocês vêm comigo... Eu não agüentaria partir e deixá-los aqui, sob as garras Volturescas – ri internamente da palavra – eu me sentiria tão... Culpada se assim o fizesse, não consigo, nem quero deixá-los aqui. Mas entenderei se não quiserem ir comigo.

         Concordei comigo mesma, literalmente. Eu não deixaria meus amigos, mesmo Santiago que eu "não" conhecia, para trás. Nunca.

- Tá brincando? – Corin logo se animou – Tudo bem que faço parte dos Volturi há uns vinte anos, mas eu nunca deixaria minha maninha na mão, hã, hã, nem fudendo!

- Olha o palavreado! – Chelsea xingou.

Corin sorriu amarelo: - Nem morrendo?

- Melhor – Chelsea aprovou e virou-se para mim, digo, Bella, digo... ah! – E, querida, é claro que eu e Corin – o citado sorriu alegremente – iremos com você, se assim o deseja. Sabe que gostamos demais de sua pessoa.

         Sorri para minha amiga. Naquela e nessa vida.

- Obrigada, Chel – sussurrei junto com Bella Cullen. Mas completei sozinha: - Obrigada por tudo.

         Bella a abraçou e Corin chiou: - Ei, eu também quero um abraço! – ambas riram e o abraçaram também.

         Nesse curto espaço de tempo, olhei para Santiago. Este olhava a cena com felicidade e tristeza, solidão e companheirismo. Repentinamente, eu já sabia sua decisão – e me entristeci.

- Sant? – Isabella também notou o silêncio vindo dele.

- Ah, Bella – ele murmurou tristemente, olhando o sol que mostrava seus últimos raios. – Gostaria tanto de poder sorrir e me animar como Chelsea e Corin estão fazendo... Mas não posso. Não posso ir embora.

- Entendo – a voz dela quebrou um pouco. Triste também.

- Não é que não a ame o suficiente, doce amiguinha, nunca pense isto. Amo você um irmão para com a irmã. Porém não posso segui-la. Sabe aquela sensação estranha de que ainda não terminou, de que está... Faltando algo?

Sim, eu quase respondi, tenho-a com freqüência. Até me lembrar que ninguém ouviria, mesmo que gritasse.

- Ainda nos encontraremos novamente, Isabella, nunca duvide disso. É uma promessa, e eu cumpro o que prometo – ele sussurro agachado em "minha" frente, um joelho apoiado no chão.

- Eu entendo irmão – Bella falou, antes de abraçá-lo.

         Eu conhecia Corin o suficiente para saber que ele ia interromper animado – ou tentando deixar todos animados.

- Vamos, vamos, animo pessoal! Não é o fim do mundo, somos o quarteto fantástico, iremos nos reunir novamente, todos nós.

         Olhei para Bella, ela sorriu minimamente, mas uma lágrima inconsciente escorreu. Ela não mostrou ter percebido, porém eu percebi.

         Eu também tinha derramado uma.

         Acordei cedo, como sempre. O Sol ainda nem tinha nascido. Suspirei. Esse vampirismo todo está me deixando louca. A parte Solar puxa-me para o dia, a parte Lunar, para a noite. E eu, no meio disso, sem sono.

         Saco!

         Eddie não estava ali. Não fiquei surpresa, ele provavelmente estava se arrumando para viajar, como todos. Confirmei minha teoria ao ver um bilhete seu ao lado da cama, com sua caligrafia antiga e bonita.

         Encarei as malas no canto do meu quarto. Cinco malas. Isso era o mínimo que tinha conseguido convencer Lucy. Sorrindo maliciosamente, estalei os dedos e as malas rosa choque sumiram. Eu gostaria de ver a cara de meus pais ao acordarem e verem-nas no seu quarto. Com certeza era uma lembrança de que eu estava chegando.

         E o pior era que essas malas nem tinham um quarto do meu guarda roupa terrestre. De qualquer forma, estava "frio" lá fora, então, como iríamos ao aeroporto para pegar o jatinho, tive de colocar alguma roupa que pudesse fingir.

         No fim das contas, tive que arrumar uma malinha – menor e menos chamativa – para leva algumas roupas para trocar na viagem. Eu sabia que não podia chegar do modo como estava vestida no Sol. Tinha que ser, pelo menos, um vestido.

         Estava a caminho da cozinha quando uma onda de felicidade gigantesca me atingiu, fazendo-me curvar para frente, enquanto segurava a barriga. Ai! Tossi uma vez, a alegria excessiva que me atingira diminuía minimamente.

         No instante eu soube o que era: Beeves. Meu gato aparentemente tinha acabado de descobrir que eu estava voltando, pois eu sabia – através de nossa conexão – que ele quicava em felicidade. Bee é simplesmente meu companheiro. Sendo da raça Nullam, ele é imortal – assim como seus pais, que são os gatos dos meus pais – e temos uma conexão.

         Durante o tempo que eu permanecera na Terra, eu tinha sentido suas emoções: felicidades, solidão, cansaço, etc. Mas, agora, mais do que nunca, elas tinham me atingido com força total. É uma pena Bee ter ficado no Sol.

- Bella! – ouvi Ang dizer atrás de mim, vendo-me curvada – Está tudo bem, querida? Não está se sentindo bem? Quer que eu chame Carlisle?

         Eu ri fraquinho, tentando me esticar novamente e ignorando aquela bola de felicidade – vinda de Beeves, meu Deus! – que se agitava na minha barriga.

- Não é nada, Ang. Somente Bee, nada a se preocupar.

- Aconteceu algo com ele? – Angela perguntou delicadamente.

- Não, só está... Feliz – feliz? Acho que isso era o mínimo que ele estava, eu tinha que me esforçar para ficar de pé.

         Angela sorriu obviamente aliviada. Eu admito: essa viagem à Terra teve muitos altos e baixos, ainda mais levando que toda hora eu desmaiava pela colisão de poderes. Não que ela saiba disso.

         Lucy e Bem desceram alguns minutos depois, com o último descendo todas as malas (e o closet da Lucy. Credo parece até que ela não tem roupas no Sol!).

- Olá, raios de sol! – Lucy cantarolou, entrando na cozinha e se se sentando à mesa, onde Ang e eu tomávamos um café da manhã reforçado.

- Bom dia, Lucy – Angela sorriu com a animação dela. Todos nós nos víamos ansiosos para voltar para casa. Nossa verdadeira casa.

- Bom dia, Lucyellow – falei risonha. Eu não podia estar mais contente. Eu me sentia como fogos de artifício, podendo explodir a qualquer minuto no céu.

         O resto da manhã passou lerdamente lerda. Eu queria chegar logo em casa, mas sabia que o horário que tínhamos combinado de nos encontrar na casa dos Cullen fora pouco antes do almoço – levando em conta que a maioria almoça comida. Mas todos estavam arrumando suas malas.

         Eu quase podia imaginar Allie desesperada e um Jazz tentando acalmá-la. Kate e Irina conversando freneticamente sobre como será que o Sol era. Tanya e Rose sobre roupas Solares. Chel, Esme e Carmen arrumando os últimos detalhes e bravas porque ninguém ajudava. E todos os homens vampiros tentando sobreviver no meio disso.

         Podia praticamente visualizar os Lobos pirando contando com a ajuda somente de Emily e Leah – que de uns dias para cá tem me ignorado cada vez mais. Eu ainda não entendia porque ela me odeia, mas parecia animada em ir para o lugar em que os Transformos se originaram.

         E eu tinha certeza que todos amariam lá.

         A viagem para o aeroporto de Seattle também foi lenta, por mais que cada um dirigisse a mais de duzentos por hora. A questão dos carros foi complicada, pois ninguém queria abandonar o próprio "possante". Decidimos por enfeitiçar o homem que cuidava do estacionamento para deixar nossos carros lá.

         A divisão dos carros foi mais simples. Em meu carro foram Lucy, Jake, Ang e Ben, que dirigia. Fui ao Volvo de Edward, no banco do carona e segurando sua mão, pois queria ficar com ele o máximo possível. Ainda não tinha contado que eu era Bella Cullen, nem que no Sol não poderíamos namorar publicamente.

         Esme, Carlisle, Carmen e Eleazar foram na Mercedes – o segundo dirigindo. Sam, Emily, Seth, Jared e Brady foram em outro carro, assim como Seth, Leah, Quil, Embry foram em outro. Tanya e Paul – que não se largavam desde o imprinting – dirigiam um C3, com Irina e Kate atrás. E, por fim, Rose – em sua BMW vermelha -, Emm, Allie e Jazz.

         Fomos eu e Eddie em silêncio no carro, simplesmente desfrutando da presença um do outro. Aproveitando os breves momentos que tínhamos a sós.

         Quando avistei o aeroporto não passava de meio dia. Fiquei triste e feliz. Isso significava que voltar para casa estava próximo, mas também significava que ficar sem Edward estava mais próximo ainda. Antes de descer do Volvo mais uma bola de felicidade de Beeves me atingiu, mas com menos intensidade, de forma que continuei a agir normalmente.

         Nosso grande grupo chamava atenção de todos, ainda mais pela beleza sobrenatural. Eu ignorei os olhares. Eu sabia que tinha um pingo dessa beleza sobrenatural por causa de minhas espécies, aposto que se fosse uma humana normal não seria bonita.

         Edward tinha um braço em volta de minha cintura e carregava a minha mala e a sua com uma mão – não tenho idéia de como ele fazia isso. Assim como não tinha idéia de como ele convencera Alice a levar somente uma, apesar de ser grande.

- O jatinho para Annabella Summer, por favor – eu pedi a atendente do aeroporto para assuntos gerais. Confirmei a teoria de que meus pais tinham colocado o jatinho no meu pseudônimo quando a atendente nos fez seguir um homem até a pista de decolagem.

         Ouvi os sussurros animados dos meus amigos atrás de mim, porém simplesmente continuei andando. Quem seria o motorista? Pensando bem, mamãe não tinha dito quem seria, somente que era um amigo confiável. Quem? Quem eu conhecia que estava na Terra? Kath, Mário, Tom? Não, não, eles estavam no Sol quando saí. Cameron, uma Fada do Lago e velha amiga de meus pais? Mikaela, uma Bruxa que também fora aprendiz de minha mãe junto com Ang? Ou até mesmo Rômulo, um Transformo que virava um leão, aprendiz de Joe? Tantas possibilidades. Eu conhecia muitas pessoas através de outras, muitos que trabalhavam no Castelo, outros que foram aprendizes de quem trabalhava no Castelo. Urgh, minha cabeça deu um nó!

         Tive que me esforçar para não travar quando vi o "piloto" que minha mãe "contratara" – com certeza alguém com poderes sobrenaturais e que sabia do Sol, pois nos levaria até o portal mágico.

         Cabelos pretos. Alguns fiapos caiam desleixadamente sobre os olhos dourados. Eles eram divertidos e ao mesmo tempo sérios. Sobrancelhas retas, levemente arqueadas como se ele sorrisse demais. Mas sua boca só trazia um leve sorriso sem mostrar os dentes. Pele branca, dura, eu podia imaginar um mármore. Corpo musculoso, alto, jovem.

         Aquele era Santiago.

         O mesmo Santiago amigo de Bella. O mesmo que eu vira na minha última memória. O mesmo que prometera que iria se reencontrar com Isabella. O mesmo Santiago amigo de Chel e Corin – que também se mostravam surpresos.

         Só que ele estava diferente. Mais maduro. Seus olhos, antes vermelhos, agora ostentavam um dourado bonito – um dourado vegetariano. Seu colete de piloto (com certeza para disfarçar entre os humanos) trazia o nome Santiago Lopez. Não era Volturi. Era Lopez.

         Eu estava na frente do grupo, de forma que fui a primeira a parar na frente de Santiago. Este olhou curioso para o braço de Eddie – provavelmente se perguntava algo sobre princesa e namorado -, mas nada comentou, somente abriu um sorriso e fez uma leve reverência.

- Principessa (Princesa)– ele disse em italiano e eu corei. Não gostava nem um pouco quando me chamavam de Princesa, mas na Terra era mais estranho.

         Nenhum humano estava próximo o suficiente para ouvir nossa conversa, que mesmo assim foi em voz baixa.

- Buongiorno. Molto contento, io sono la principessa Bella Kathleen, però, penso che sappiate a causa del loro trattamento. (Bom dia. Muito prazer sou a Princesa Bella Kathleen, todavia, penso que já sabe disso devido ao seu tratamento) – eu respondi calmamente.

         Ouvi alguns bufos atrás de mim. Alguns não falavam italiano, definitivamente.

- Chi non sa, Vostra Altezza? – ele educadamente respondeu e eu lhe lancei um breve sorriso.

         Edward tinha o braço estreito a minha volta e parecia levemente ciumento. Sorri internamente. Eu conseguia ver, Santiago não queria nada comigo e, além do mais, conseguia sentir fracamente – com o dom de Jazz – as emoções de Leah. Parecia que imprintings Transformos x Vampiros estavam cada vez mais comuns.

- Signor Lopez, sai parlare inglese? Credo che la maggior parte dei miei amici non capiscono ciò che diciamo e questo può fare a disagio. (Sr. Lopez, o senhor saberia falar em inglês? Creio eu que a maior parte de meus amigos não entende o que dizemos e isso pode deixá-los desconfortáveis).

- Perfeitamente – Santiago respondeu em inglês e quase pude ouvir um "Aleluia, irmãos" vindo de Quil. – Aliás, principessa, não é necessário chamar-me de senhor. Meus amigos chamam-me de Santiago. Claro, se eu puder ter ousadia de ser chamado de seu amigo.

- Ousadia? Dificilmente. Todos são meus amigos, Santiago – eu respondi tranqüila.

         Ouvi Emmett cochichar para Jasper: - Quanta formalidade. Será que vai ser sempre assim? – e o outro dar de ombros, em dúvida.

- Santiago – escutei Chel dizer, dando um passo para frente junto com Corin.

         Agora sim Santiago se mostrava surpreso: - Chelsea? Corin? Mas... Como? Achei que tinham fugido com Bella naquele dia, achei que tinham ido achar os Cullen, não?

- E fugimos. Esses são os Cullen – Corin indicou a família Cullen.

- Hm. A Rainha Renée somente comentou que eu teria de levar a Princesa e seus amigos. Nunca imaginaria que um dia estaria de frente com os famosos Cullen – ele esboçou um sorriso – mas, digam-me, cadê a baixinha e sua presença de espírito?

         Silêncio.

         Aqui!, eu quis gritar, quis que meus olhos transmitissem essa mensagem, Sou Bella Cullen, Sant! Sou eu, não morri!

- Você não sabia?

- Sabia do quê?

- Bella morreu.

         Se antes tudo estava quieto, agora era fúnebre. Eddie apertou com mais força o braço em minha cintura, doía um pouco, mas não reclamei. Eu podia me distrair com essa dor ao invés do que com a que se apossava de meu peito. Bella... Eu sou Bella, por favor, escutem!, berrei mentalmente.

         Nenhuma palavra saiu de meus lábios.

- O... O quê? – a expressão de Santiago desmoronou. Seu sorriso sumiu, seus olhos sérios e contentes perderam o brilho.

- Achei que ainda estivesse com os Volturi – Chel balançou a cabeça de um lado para o outro, desoladamente – claro que não esperava de encontrar, mas esperava que soubesse.

- Os... Volturi? Eu sabia que eles queriam-na, mas... Matá-la? – Santiago pensou um pouco e depois riu amargo – Aro, não é?

- Sim – Corin respondeu silenciosamente. Ninguém parecia conseguir responder.

         Santiago baixou a cabeça e suspirou.

- Quando vocês foram embora... Quando vocês foram embora, eu permaneci mais dois anos. Aro estava obviamente planejando algo, eu não queria ficar ali para saber o que era. Saí da guarda Volturi depois de dois anos – ele contou -, alguns meses depois, encontrei-me com três vampiros. Tomas, Katherine e Mário eram seus nomes. Iam atacar, imagino, mas Kath os fez parar. Eu estava abatido, perdido.

"Passei uma semana com eles, até finalmente me contarem a história do Sol e da Lua. Minha origem. Perguntaram se eu estava com eles e contra eles. Não foi difícil responder, não depois de ouvir a história. O Sol lutava pelo bem."

"Pensei nos três. Vampiros que tinham me ajudado. De acordo com Mário, espiões do Reino" – ele riu sombriamente – "De certa forma, lembrava-me Bella. Ela era boa com todos, sentia sua falta. Aceitei. No mês seguinte, o trio tinha que voltar ao Sol através de um portal mágico para falar com Rei Charlie. Eu fui junto".

"E estou servindo ao Reino desde então".

- Mas... – eu falei, tentando entender – quando parti do Sol, Kath, Tom e Mário estavam lá. Por que você está aqui se sempre os acompanha?

         Eu já sentia como se ele fosse meu amigo. Não precisava de tanta formalidade.

- Não sou um espião como eles, Princesa. Sua mãe deu-me outra função – ele sorriu tristemente.

- Explicar as pessoas sobre a história dos Astros, não é? E levar para o Sol os que forem bons – adivinhei. Simplesmente deduzi.

- Sim.

         Por alguns segundos, ficamos todos quietos absorvendo a história. Como eu queria que soubesse que era Bella! Mas não tinha idéia de como contar a todos... Frustrante.

         Eu era uma covarde. Fato.

- O pior... – Santiago quebrou o silêncio que se instalara – o pior era que prometera que reencontraria Bella. Mesmo que ela tivesse ido atrás de família e eu tenha ficado com os Volturi – ele cuspiu o nome – por mais dois anos... Eu tinha prometido reencontrá-la.

          Seu rosto era desolado.

- Eu falhei – ele murmurou solitário, triste, quebrado.

- "Nunca desista de ninguém. Milagres acontecem todos os dias" – citei H. Jackson Brown Jr. A frase era perfeita. Perfeitamente dentro do contexto.

         O jatinho era confortável. Grande, chique. As poltronas beges e estofadas de couro eram viradas umas para as outras. Era um conjunto de quatro x quatro com uma mesinha no centro. Havia dezesseis mesinhas com abajures e poltronas espalhadas pelo jatinho. Dois banheiros maiores que o de um avião normal. E um pequeno quarto, além da cabine do piloto.

         Sentei na janela, encostando minha cabeça no ombro de Eddie. Ao lado do mesmo encontrava-se Emmett e Rose. Na minha frente Alice e Jasper, Lucy e Jake.

         Suspirei. Poderia simplesmente passar a impressão de que tinha sono, estava cansada. Ou estava ansiosa para voltar e estava demorando muito. Talvez, em partes, seja tudo isso.

         Mas eu tinha suspirado pelo fato que eu nunca quisera tanto que soubessem que eu era Bella.

         Não só Kathleen, mas também Cullen.


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Notas finais do capítulo

Oiiii, povo! Como estão?
Então, bem, vim aqui explicar umas coisinhas... Primeiro, a partir de agora vai haver muito disso de uma língua (tradução). Abençoado seja o Google tradutor. Mas a questão é que no Sol as pessoas falam, em sua maioria, língua derivadas do latim: espanhol, português, francês e italiano. E o próprio latim é o mais falado.
Inglês também é muito usado, só que geralmente como segunda opção. Então... Já sabem.
A segunda é: SINTO MUITO PELA DEMORA A POSTAR! *implora de joelhos* Eu queria que esse capítulo ficasse perfeito, mas também não queria simplesmente fazer tudo de uma vez, então, ficou assim.
E, para quem não recomendou: esse cap. merece recomendação? *olhinhos de Alice*
Espero que tenham gostado.
Beijos, Emm



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